quinta-feira, 30 de abril de 2015

DIÁRIO DA NOSSA PAIXÃO - LIVRO

Ladrão de corações e almas e memórias

"Olhando para trás, suponho que parece óbvio, mas no princípio achei que a confusão dela era compreensível e normal. Começava por esquecer onde pusera as chaves, mas quem não o esquece? Esquecia-se do nome de um vizinho, mas não de alguém que conhecíamos bem ou com quem socializávamos. Às vezes ela escrevia o ano errado quando passava os cheques, mas de novo o punha de parte como um simples erro que se faz quando se está a pensar noutras coisas.

Não foi senão quando os acontecimentos mais óbvios começaram a ocorrer que comecei a suspeitar do pior. Um ferro de engomar no frigorífico, roupas na máquina da louça, livros no forno. Outras coisas também. Mas no dia em que a descobri no carro três quarteirões mais abaixo a chorar sobre o volante porque não conseguia encontrar o caminho para casa, foi o primeiro dia em que fiquei verdadeiramente assustado. E ela também estava assustada, porque quando bati na janela, virou-se para mim e disse, "Meu Deus, o que é que me está a acontecer? Por favor ajuda-me." Senti um nó no estômago, mas não ousei pensar o pior.

Seis dias mais tarde o médico viu-a e começou uma série de exames. Não os entendia então e não os compreendo agora, mas suponho que seja porque tenho medo de perceber. Demorou quase uma hora com o Dr. Barnwell, e voltou lá no dia seguinte. Esse dia foi o mais longo que alguma vez passei. Folheei revistas que não conseguia ler e joguei jogos em que não pensava. Por fim ele chamou-nos aos dois ao consultório e mandou-nos sentar. Ela dava-me o braço com confiança, mas recordo claramente que as minhas próprias mãos estavam a tremer.

- Lamento muito ter que vos dizer isto - começou o Dr. Barnwell -, mas parece que está nos primeiros estágios da doença de Alzheimer...
A minha mente ficou em branco, e tudo o que podia pensar era na luz que brilhava por cima das nossas cabeças. As palavras ecoavam-me na cabeça: os primeiros estágios da doença de Alzheimer..
O mundo rodava em círculos, e sentia o braço dela tenso a apertar o meu. Ela sussurrou quase para si própria: "Oh, Noah... Noah ... "
E quando as lágrimas começaram a cair, a palavra veio até mim outra vez: ... Alzheimer...
É uma doença estéril, tão vazia e sem vida como um deserto. É um ladrão de corações e almas e memórias. Não sabia o que lhe dizer enquanto ela me soluçava sobre o peito, por isso apenas a abracei e embalei para trás e para diante."

O Diário da Nossa Paixão - Nicholas Spark

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Diário de uma Paixão (The Notebook) é um filme baseado nesse livro. 

sábado, 25 de abril de 2015

AMAR ALGUEM PORTADOR DA DOENÇA DE ALZHEIMER

Conhecemos alguém e descobrimos um amigo, um companheiro, o amor, um amante… Aprendemos a caminhar juntos, de mão dada, numa cumplicidade impar, apoiando-nos mutuamente e basta um olhar, um abraço, para que tudo fique mais fácil. A vida a dois ganha novos elementos e o conceito de família ganha novo sentido. Essa caminhada vai tendo altos e baixos, nem tudo é cor-de-rosa, mas juntos continuamos mais fortes, reconhecemo-nos e damos sentido um ao outro. E ali continuamos… de mãos dadas, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.
Aos poucos e poucos pareces deixar de reconhecer o que te rodeia, de me reconhecer a mim, de te reconhecer a ti… onde está a pessoa por quem me apaixonei? Onde estão as memórias, sorrisos e lágrimas partilhadas? Onde estás tu meu amor?
Dou-te a mão e tu retribuis… sabes que sou eu? Lembras-te de mim?
Aproximo-me para te abraçar e olhas como se estivesses a ver um estranho… onde estás tu?
Como sei que estás aí? Posso continuar a amar-te? Posso guardar-te na minha memória? Posso abraçar-te? Tocar-te? Beijar-te? Continuamos juntos meu amor?
 http://no-regaco.blogspot.com.br/

I WILL REMEMBER FOR YOU - A TRIBUTE TO FAMILIES FACING ALZHEIMER'S





A memória musical é talvez a última e derradeira memória que a pessoa idosa com Alzheimer irá perder. O idoso poderá esquecer-se de tudo, mas lembrará das músicas que fizeram parte de sua vida, mesmo numa fase mais avançada de Alzheimer. Este post é uma homenagem a todos que lutam bravamente para amenizar o peso da doença de Alzheimer no seio familiar.

“Toda família tem uma história pessoal para contar, memórias de toda uma vida para preservar. Em especial, AS FAMÍLIAS QUE CONVIVEM COM ALZHEIMER!”

Emocionante clipe de David Michael Mainelli
I WILL REMEMBER FOR YOU
“Oh the places you used to go,
All the people you used to know,
The stories that you loved to tell
About a life that you lived so well.
It’s fine, you can rest if you want to.
I will remember for you,
I will remember too.”

Tradução:
EU VOU LEMBRAR PARA VOCÊ
“Todos os lugares que você visitou,
todas as pessoas que você conheceu,
as histórias que você gostava de contar,
sobre uma vida que você viveu tão bem!
Tudo bem, você pode descansar se quiser.
Eu vou lembrar para você
e me lembrarei também.”

quinta-feira, 16 de abril de 2015

REALIDADE - DESEJO...

DESEJO AMADA MÃE, QUE :

Pensamento

"Ah, Alzheimer,a cada dia que passa,  você acaba com o filme mais lindo e colorido da minha amada mãe.Sobram apenas restos de cenas em preto e branco. Vidas vão se quebrando, tornam-se cacos.
O simples esquecimento transformado numa perda existencial!"
COMO TE AMO AMADA MÃE

segunda-feira, 13 de abril de 2015

I'M NOT GONNA MISS YOU - GLEN CAMPBELL

Glen Campbell é um veterano da música country norte-americana que acumula cerca de 45 milhões de álbuns vendidos. Entre o público mais jovem não é um nome tão marcante, a não ser por seu cover da música “Good Riddance” do Green Day, no ano de 2008.
Cerca de três anos depois, em 2011, Campbell foi diagnosticado com Alzheimer e vem lutando contra a doença desde então, tendo sido transportado para um centro de tratamento no começo deste ano. Em 2013 ele compôs a sua última música, divulgada essa semana na rede.
A canção marca por sua extrema honestidade e doçura. A doença de Azlheimer reduz gradativamente as funções cerebrais até o óbito, sendo a perda da memória uma de suas características mais marcantes.
Confira o emocionante clipe, que alterna entre imagens da carreira de sucesso de Glen, momentos seus com a família e cenas de seu tratamento:

 

I'm Not Gonna Miss You
I'm still here, but yet I'm gone
I don't play guitar or sing my songs
They never defined who I am
The man that loves you 'til the end

You're the last person I will love
You're the last face I will recall
And best of all, I'm not gonna miss you
Not gonna miss you

I'm never gonna hold you like I did
Or say I love you to the kids
You're never gonna see it in my eyes
It's not gonna hurt me when you cry

I'm never gonna know what you go through
All the things I say or do
All the hurt and all the pain
One thing selfishly remains

I'm not gonna miss you
I'm not gonna miss you

Eu não vou sentir sua falta
Eu ainda estou aqui, e mesmo assim já fui embora
Eu não toco a guitarra ou canto minhas músicas
Eles nunca definiram quem eu sou
O homem que te amo até o fim

Você é a última pessoa que irei amar
Você é o último rosto do qual irei lembrar
E o melhor de tudo, eu não sentirei sua falta
Não sentirei sua falta

Eu nunca irei te segurar como já o fiz
Ou dizer eu te amo ás crianças
Você nunca verá nos meus olhos
Não irá doer quando você chorar

Eu nunca saberei o que você está passando
Todas as coisas que digo ou faço
Toda a mágoa e toda a dor
Uma coisa se mantém de forma egoísta

Eu não sentirei sua falta
Eu não sentirei sua falta