domingo, 28 de dezembro de 2014

A SEPARAÇÃO - FILME



Nader e Simin divergem sobre a possibilidade de deixar o Irã. Simin quer deixar o país para dar melhores oportunidades a sua filha, Termeh. Nader, no entanto, quer continuar no Irã para cuidar de seu pai, que sofre do Mal de Alzheimer. Chegam a conclusão de que devem se separar, mesmo ainda estando apaixonados. Sem uma esposa para cuidar da casa, Nader contrata uma empregada para ser responsável pelos afaseres domésticos e por tratar da rotina de seu pai. A empregada, que está grávida, aceita o trabalho sem avisar o seu marido.   Quando o filme começa, a câmera focaliza Simin e Nader tendo a discussão acima perante o que julgamos ser um juiz. O resultado é que a separação não é concedida mas Simin resolve ir para a casa dos pais. Termeh fica com Nader ajudando-o a cuidar do pai. No entanto, claro, a ausência de Simin é sentida e, a partir daí, o filme realmente começa.   Sem Simin, Nader tem que contratar alguém para cuidar da casa e, no mínimo, olhar por seu pai que piora a cada dia. Entra, então, Razieh (Sareh Bayat), mulher mais humilde e altamente religiosa que passa a cuidar da casa e, por consequência, do senhor idoso (apesar de sua enorme relutância nesse sentido, ligando até para um serviço telefônico de "disque-pecado" para saber se trocar as calças de um idoso com Alzheimer e que se urinou todo é ou não um ato pecaminoso).


Contar mais é estragar o filme mas basta dizer que, a partir daí, as coisas pioram muito para o casal Simin e Nader, especialmente para Nader. Grande parte do filme se passa em um tribunal mas não como estamos acostumados a ver em filmes hollywoodianos. No Irã, conforme mostra o filme (não saberia dizer se é assim mesmo ou se o diretor exagerou mas tenho para mim que é assim mesmo) a informalidade impera, com Juízes dando opiniões o tempo todo e pedindo depoimentos que poderiam ser facilmente alterados por alguém de má fé. Advogados basicamente não existem. O diretor e roteirista, Asghar Farhadi, navega por águas turbulentas e apresenta um filme brilhante, com caracterizações e atuações inesquecíveis. Tudo é muito intimista mas funciona para mostrar a sociedade iraniana com um todo, sem tomar partido. O grande ponto que, para mim, o diretor quis mostrar, porém, é o quanto a verdade é relativa. Há um acontecimento no filme que catalisa o julgamento que mencionei e que serve para mostrar a natureza humana (pouco importa se é um humano do Irã ou de um outro país) e as várias versões da verdade. Talvez seja o melhor trabalho nesse sentido depois de Rashomon, de Kurosawa. Quando Farhadi entra no aspecto religioso (novamente, sem julgar), ele o faz de maneira natural, sem chamar atenção para o fato e isso, de certa maneira, é que capaz de assombrar a nós, membros de sociedades em que a separação entre religião e estado é a norma (apesar de não haver a separação absoluta na prática). Eu, particularmente, fiquei de queixo caído com o quanto o "juramento sobre o Corão" é levado à sério. Tente contrastar isso com "juramentos sobre a Bíblia" para vocês perceberem o que estou falando.

Apesar de um roteiro incrível, bem amarrado e que não tem cenas irrelevantes, o que chama atenção mais ainda são as atuações. Peyman Maadi, Sareh Bayat e Shahab Hosseini (que faz Hadjat, o marido de Razieh) estão perfeitos em seus respectivos papéis. Leila Hatami está apenas correta, porém, sem comprometer o filme. Mas o grande destaque é mesmo Sarina Farhadi (no papel de Termeh, a filha do casal principal). Que coisa incrível. A garota passa o sentimento de angústia diretamente para nós, espectadores. Ela assiste a tudo o que está acontecendo quase sem poder fazer nada mas, ao mesmo tempo, suas ações demonstram uma monstruosa compreensão do que está ocorrendo. Seu mundo está desmoronando e ela sabe que talvez dependa dela a saída de tudo. Fico pensando se a atriz (filha do diretor, aliás) não tem uma maturidade que vai além de sua tenra idade. Se ela tem toda essa maturidade, fico por um lado feliz pois ela consegue nos brindar com uma atuação inesquecível mas, por outro, fico triste pois esse grau de sapiência me parece incompatível com uma infância que tenha sido realmente aproveitada. Mas quem sou eu para julgar? Fato é que Sarina Farhadi arrasa. Muitos reclamarão do final do filme e não vou dizer o porquê pois qualquer pista estragaria o prazer de ver o filme. Mas vão por mim: esse era o único final possível. Se o diretor tivesse ido além, o final não seria compatível com o resto do filme. Assistam e impressionem-se.
http://metidoacritico.blogspot.com.br


(adicionar legenda que fica na parte abaixo)

A TIGELA DE MADEIRA




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Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade. As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes. A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão falha do avô o atrapalhavam na hora de comer. Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa. O filho e a nora irritaram-se com a bagunça.
- Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai – disse o filho.
- Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão.
Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha.
Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação. Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era servida numa tigela de madeira.
Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram recriminações ásperas quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão.

O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio. Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente à criança:
- O que você está fazendo?
O menino respondeu docemente:
- Oh, estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem, quando eu crescer. O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho. Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos. Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava ser feito. Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família. Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as refeições com a família. E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava. 

Esta história nos lembra que pai e mãe idosos não têm mais as forças que os jovens têm. Mas eles possuem a experiência de vida e nós, filhos e netos, podemos aprender muito com eles. Demonstrações de amor e respeito para com eles são sinais de nossa gratidão e admiração por tudo o que fizeram e fazem por nós ainda hoje. 

Esses sentimentos bons, não tem prazo de validade e também não saem de moda. O amor, o respeito, a gratidão valem a vida inteira e agindo dessa maneira, estamos fazendo valer o propósito de Deus que nos foi dado no quarto mandamento que diz que devemos honrar e respeitar pai e mãe. Isto significa não somente obedecer, mas sobretudo, cuidar deles e manter sempre harmoniosa a relação entre pais, mães e filhos. 
https://www.facebook.com/IdosoUmaLicaoDeVida 

 Não esqueça, as pessoas sempre vão esquecer do que você disse, mas nunca vão esquecer de como você as tratou.

É CERTO QUE TODOS VÃO ENVELHECER ...





"É certo que todos vão envelhecer, menos ele para ela e ela para ele. Guardarão a imagem intocável da primeira vez que se observaram. Não vão envelheccer, porque o amor perdoa o tempo. As rugas, os vincos, os cabelos grisalhos, nada disso virá para quem ama. Não virá porque um dia ele olhou para ela e se convenceu: nunca mais vou esquecê-la. Ela olhor para ele e se bastou: nunca mais vou esquecê-lo. E aquele rosto apanhado em segredo - como uma água-forte - é uma espécie de resistência. Vocês podem esquecer que existiram, mas nunca poderão esquecer que se amaram".
(Fabrício Carpinejar).

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

"MINHA MÃE NÃO SABE MAIS BEIJAR"



Se escrevo com os olhos marejados é de saudade de quem ela foi

"Minha mãe, soube no meio desta semana, não sabe mais beijar. Ela morde quando lhe pedem um beijo, embora desconheça, também, o que significa morder.

Maria José, a Zezé, que sempre foi alegre e amorosa, tem Alzheimer. E se escrevo isso com os olhos marejados é de saudade de quem ela foi e gratidão pelo bem que nos faz. Minha mãe não sabe mais beijar – e este fato por si só traduz todo contraste que pode haver na vida –, mas o amor sobrevive nela sem necessidade de gestos. 

Palavras, pelo menos as que se articulam para fazer sentido, não existem mais em sua boca, mas não há quem se aproxime de Zezé e não sinta a ternura que vem dela e está em torno dela. Se a memória pudesse ser transformada em fotografias que não foram feitas, certamente haveria uma em que ela está sentada em uma pedra descascando laranjas para um bando de crianças – os filhos e os sobrinhos. Em outra, divide a mesa com os filhos, os sobrinhos e nossos amigos, tomando uma caipirinha para acompanhar nossa cerveja, rindo seu riso solto. Em uma terceira, está triste, digladiando com os fantasmas do seu passado, do seu jeito franco e aberto de lidar com as dificuldades, o que mataria de fome os terapeutas se dela dependesse seu sustento. 

Minha mãe não trancava segredos em gavetas, não ruminava mágoas nos cantos da casa. Sempre rebelde, falava deles abertamente, dispensava as cerimônias. São fotografias, claro, tiradas por mim. Outros poderiam enquadrá-la de outra forma. A memória é apenas um jeito de dobrar e guardar a realidade para que não se perca no tempo. É desta forma que a trago comigo.

O Alzheimer é assim: a pessoa que era não existe mais. Morre, insepulta. No lugar dela, chega a surpresa, outra pessoa muito diferente, trazendo uma mala de dificuldades. Minha irmã Lúcia, que mora com ela, mais de uma vez me ligou pedindo socorro para ajudar a contê-la em suas crises de terror e ira. Outras vezes, teve que lidar com os delírios sozinha, ao lado da filha Sarah, madrugadas adentro. Tradutora de francês, perdeu trabalhos importantes porque não conseguia conciliar as funções. Antes dela, outra irmã, Paula, viveu dificuldades ao cuidar de nossa mãe. Derramaram, todas elas, muitas lágrimas, a vida transformada em uma prova de resistência, das mais difíceis, sem pausa para descanso. Uma infinidade de remédios testados e substituídos, uns após os outros, incapazes de eliminar o medo e os delírios e trazer a vida de volta ao padrão das dificuldades rotineiras.

O tempo – sempre ele – nos ensinou, porém, que o Alzheimer, além de uma doença, é um processo de cura. Ao cortar os laços com a realidade e perder a memória, minha mãe encontrou o tempo e a necessária ausência das velhas referências para encontrar-se em essência. É o que está fazendo agora, embora dias de angústia ainda amanheçam em sua vida. Acalmou-se. 

Nós aprendemos desde o início que só há um jeito de lidar com a demência: o amor. Todas as vezes que a impaciência venceu e o perdemos como referência, a situação ficou incontrolável e perturbadora. Lidar com nossa mãe, desde que a doença começou a se manifestar, exigiu que entrássemos em contato com o que temos de melhor.

E, cuidando dela, curávamos a nós mesmos. Tudo o que amor toca, transforma, e isso vale, claro, para tudo na vida. Hoje, para nós não existe mais Zezé, mas Zezinha ou “meu bebê”, como prefere Lúcia. Minha irmã me contou, do alto da pessoa em que vem se transformando, que Zezinha, na verdade, não desaprendeu a beijar. A alma dela é que não precisa mais da boca ou de gestos para manifestar o que é. "
( Chico Mendonça é Editor-Chefe do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte.)

MATURIDADE AFETIVA E ALZHEIMER


  É impressionante a capacidade humana de amar, perdoar, mesmo na demência. Então, uma pergunta se faz: será que é preciso “perder” seu ente querido para descobrir o quanto o ama?

Desenvolver empatia é fundamental para entender a pessoa. Colocar-se no seu lugar, entrar na sua fantasia, e, em determinados períodos, vivenciar essa fantasia como uma ponte de comunicação amorosa com a pessoa que já está ausente da realidade.

 Fase dificílima para a família que percebe que seu ente querido não se reconhece mais como mãe, ou pai, e que essa perda de identidade significa uma perda irreparável. Quem é essa pessoa agora? É um período de luto da família sem que o ente querido tenha falecido. Morreu o personagem! Mas a pessoa está ali, viva, diferente, confusa… 

O que fazer? Acolhê-la de todas as maneiras é o caminho saudável para todos. Fazê-la sentir que há amor à sua volta, há aliados para sua atual comunicação, que, na maioria das vezes, regride ao passado. Compreendê-la como criança, ou outro personagem de que esse ente querido se apropria. 

Conversar, cantar com ela, ler histórias, distraí-la, brincar, acalmar, suscitar emoções positivas e, mais do que tudo, compreender seus sentimentos, pois quando essa pessoa agredir, lembre-se de que não é ela que o está fazendo, mas a doença. 

Não há soluções mágicas. Aprende-se com choros, tristezas, como também com alegria ao ver nosso ente querido sorrir, dormir calmamente, brincar com você, pelo tempo que puder haver participação. O caminho é o amor! Doe, doe, doe e seu ente querido, apesar de não poder expressar, terá uma gratidão eterna por você.

FELIZ NATAL ABENÇOADO



Feliz Natal abençoado




terça-feira, 16 de dezembro de 2014

VAGALUMES – IVO MOZART




Vou caçar mais de um milhão de vagalumes por aí,
Pra te ver sorrir eu posso colorir o céu de outra cor,
Eu só quero amar você,
E quando amanhecer eu quero acordar...
Do seu lado.

Vou escrever mais de um milhão de canções para você ouvir
Que meu amor é teu, teu sorriso me faz sorrir,
Vou de Marte até a Lua, cê sabe já tou na tua,
Não cabe tanta saudade essa verdade nua e crua,
Eu sei o que eu faço, nosso caminho eu traço,
Um casal fora da lei ocupando o mesmo espaço,
Se eu to contigo não ligo se o sol não aparecer,
É que não faz sentido caminhar sem dar a mão pra você,
Teu sonho impossível vai ser realidade,
Sei que o mundo tá terrível mas não vai ser a maldade que
Vai me tirar de você, eu faço você ver,
Para tu sorrir eu faço o mundo inteiro saber que eu...

Vou caçar mais de um milhão de vagalumes por aí
E para te ver sorrir eu posso colorir o céu de outra cor
Eu só quero amar você
E quando amanhecer eu quero acordar...
Do seu lado

Para ter o teu sorriso descubro o paraíso
É só eu ver sua boca que eu perco o juízo por inteiro,
Sentimento verdadeiro eu e você ao som de Janelle Monáe,
Vem, deixa acontecer
Me abraça que o tempo não passa quando cê está perto,
Dá a mão e vem comigo que eu vejo como eu estou certo,
Eu digo que te amo cê pede algo impossível,
Levanta da sua cama hoje o céu está incrível.

Vou caçar mais de um milhão de vagalumes por aí
E para te ver sorrir eu posso colorir o céu de outra cor
Eu só quero amar você
E quando amanhecer eu quero acordar...
Do seu lado.

Faço dos teus braços um lugar mais seguro,
Procurei paz em outro abraço não achei eu juro,
Saio do compasso, passo apuros que vier,
Abro a janela para que você possa ver...

Vou caçar mais de um milhão de vagalumes por aí,
E para te ver sorrir eu posso colorir o céu de outra cor,
Eu só quero amar você,
E quando amanhecer eu quero acordar...

Do seu lado.

domingo, 14 de dezembro de 2014

ALZHEIMER - NÃO SEI JÁ QUEM SOU ...


 


Ruiu a ponte gasta
que me levava à outra margem
e nenhum barco avisto
deste lado do silêncio.
O dia fecha-se num ocaso salino
e a luz desvanece-se
num voo de sombras perdidas
sobre o leito seco da memória.
Como uma estrela decadente
atraída pelo buraco negro do vazio
tombo no fundo cego
de um alçapão de névoas.


Não sei já quem sou
ou aquilo que algum dia fui.
Tudo se desvanece dentro de mim
numa maré de poeira e esquecimento.
Não reconheço nenhum destes vultos
que murmuram nos véus da penumbra
nem o brilho anónimo e distante
dos olhares que se confundem
numa metamorfose de rostos sem feições.
Confuso, vacilo na retina enferrujada
de um labirinto de fantasmas
mendigando o sol exilado
de velhas lembranças que me pertenceram.


Órfão de um passado sem retorno
persigo o cortejo de sombras
nas paredes caiadas de escuridão
por entre a luz que me resta
e ecos que o vento, ocasionalmente,
traz do outro lado da margem
onde completamente me perdi
à procura de mim.
( http://seguindooescoardotempo.blogspot.com.br)

" ALEMÃO" - (ALZHEIMER)

 

"É difícil acordar e descobrir que existe outra pessoa em seu lugar e que essa pessoa não vai te dar nenhum espaço ou chance de retorno. Muitas vezes tive medo de perder meus relacionamentos para outra pessoa, e, esse medo foi me consumindo aos poucos, que cheguei a duvidar de minha existência.

Você passa anos lutando por algo que te fará feliz, e após anos de luta perder tudo em apenas uma noite de sono. Como posso explicar minha perda para esse mundo, que nada muda ao redor, mas que o redor muda seu interior. Sempre ouvia falar de um “alemão” que poderia tomar minhas lembranças e minhas conquistas sem deixar chance de lutar contra essa pessoa. Você perde o chão de tal forma que nem sabe mesmo se um dia houve chão para pisar, nada passa de uma ilusão que outrora era a sua vida.

Não sabemos ao certo quando essa outra pessoa vai retirar tudo o que nós conquistamos, mas sabemos que ela pode chegar, então faça sempre o melhor enquanto souber o que fazer, pois, nada vai durar para sempre, se for amar ame como se o outro dia jamais fosse chegar, lute por lutas sérias e até mesmo as bobas como se fosse o melhor de tudo que ainda pode fazer corra sem pensar na estrada apenas corra sentar-se na praça para dar milhos aos pombos parece besteira, mas e se essa besteira lhe faltar no futuro? Ou melhor, e se não houver futuro? Você esta disposto a deixar tudo para depois e descobrir que depois jamais existirá?

Tomar banho de chuva parece ser coisa de criança boba, mas e se essa criança boba estiver presa dentro de você? Não dará uma chance para ela ser feliz? Ao longo de nossas vidas descobrimos que somos nada mais do que outra pessoa, ou, que outra pessoa esta só esperando há sua hora para aparecer e tomar tudo o que você conquistou.

Sempre acreditei que essa outra pessoa fosse um filho que poderia tomar meu lugar no relacionamento entre eu e minha esposa, mas não era ele quem tomaria esse lugar. Meu filho foi até a liga que uniu nosso relacionamento deixando um laço forte que parecia inquebrável, mas só parecia. 

Muitas vezes meu filho queria brincar comigo no chão da sala, mas eu não brincava. Tinha domingos que ele queria jogar bola comigo na quadra da escola, mas por estar sempre cansado não brincava. Em reuniões escolares eu nunca aparecia, fui deixando de lado aos poucos o que me foi roubado numa só noite.

Essa noite em que me foi roubado tudo parecia uma daquelas noites em que nós arrumamos, tiramos a barba, cortamos o cabelo, e usamos um dos melhores perfumes que temos para ir ao baile mais lindo de nossas vidas. Chegamos à porta do baile e encontramos a mais bela moça que poderia estar para sempre em nossas vidas, e então no decorrer do baile um pouco acanhado tentamos nos aproximar e tirar essa pessoa para uma dança. E em meio a essa dança declaramos nosso amor e a reciprocidade é a mesma.

Saímos do baile, entramos no mesmo taxi e no meio do caminho decidimos descer e caminhar o restante que nos resta para termos um momento mais especial. Mas em meio a esse caminhar tudo parece mudar e quando olhamos para o lado a pessoa que estava com a gente simplesmente some sem deixar rastro para ser encontrada.

Assim foi minha noite quando o “alemão” chegou e tomou conta da minha vida, na verdade ele não tomou conta da minha vida ele simplesmente a roubou de mim e me jogou num abismo sem caminho de volta. Quando fui dar por mim, tinha acordado num labirinto que por mais que eu percorresse os corredores não encontraria a saída. Só pensava em como eu cheguei ali e por que eu estava ali? Essa era uma única pergunta que jamais teria uma única resposta.

Só passei a perceber que minha esposa desapareceu, mas por que logo aquela que ao longo de minha vida e conquistas dediquei tudo a ela sem pensar em mais ninguém. E meus filhos onde estão para poder brincar comigo nesse lugar?
Será que estão me devolvendo os dias que eu não pude brincar com eles?

E esse “alemão” que muitos falaram será que ele veio e seqüestrou minha família sem que eu percebesse? E se isso aconteceu mesmo será que ele vai pedir resgate? Daria tudo o que tenho para ter minha família de volta, mas como voltar se meu caminho não tem sentido?

Quero voltar, apenas voltar e abraçar meus filhos e minha esposa como se o agora não fosse durar mais do que vinte minutos ou menos, mas sinto que nem para isso tenho mais tempo.
 (Autor: Elvis da silva salgueiro)

domingo, 7 de dezembro de 2014

REALIDADE - doi, como dói ...

   



“...é pau é pedra é o fim do caminho”. “...é o fundo do poço, é o fim do caminho”.
(música: Águas de Março)

É assim que me sinto, com a evolução da DA em minha amada mãe, com o surgimento de novos sintomas, com as limitações impostas por eles. É mergulhar nas ondas de um mar revolto. É um estado de melancolia, desamparo, cansaço físico e estresse constante. É o fim do caminho .

Sinto-me sozinha em um turbilhão de sentimentos.

A tristeza, solidão e o desespero passou a configurar o meu cotidiano. A quem recorrer? A quem gritar por socorro? Minha amada mãe está perdendo a força física, os movimentos, o sorriso, o silêncio cada vez mais frequente, como que desligada da realidade, mergulhada em seu mundo.

Problemas de linguagem, devido a diminuição no vocabulário por conta do esquecimento e lentidão na comunicação. Esquece que já comeu, desorientação temporal,  insistindo muitas vezes para comer em intervalos curtos, alterando consequentemente, os horários estabelecidos para as refeições.

Quanta dor no coração. Percebo que nenhuma forma de conhecimento e expertise será suficiente quando vivencio a cada dia a minha amada mãe, tão próxima fisicamente e tão longe de mim …, vencida pelo Alzheimer.

A doença de minha amada mãe avança dia a dia. É doloroso ver o familiar paciente amado passando por metamorfose física e espiritualmente se desligando do seu aparelhamento desgastado pela doença e pela idade.

Apesar da evoluçao da DA, a nossa cumplicidade é cada vez maior. Quando estou com ela, a nossa aurea de amor é muito grande. O seu sorriso, O seu abraço, o seu amor permanece vivo. Sempre digo “mãe eu te amo”, ao que ela responde de imediato “o meu amor por você é do tamanho do mundo”.

Tenho tido momentos de alternancia entre tristeza e depressão. Poucas pessoas para compartilhar a minha dor. Conflitos familiares cada vez mais latente. As “palavras agressivas”, foram substituidas pelas “intrigas” , pelos “sarcasmos”, pelas “ironias”, pela “desconfiança”.

Sei que preciso de força, calma, saúde, serenidade e discernimento para o estágio que minha amada mãe se encaminha. Muitos sofrimentos ainda serão vivenciados, mais com a certeza que o nosso Deus maior irá me conduzir para o cumprimento de minha missão com muito amor junto a minha amada mãe.

Só quem passa por esta provação do final do túnel sabe, por mais que queria restituir a saúde, de todas as maneiras do ser amado, é um caminho sem volta.

Dói... como dói .
Como te amo minha amada mãe.

sábado, 6 de dezembro de 2014

A DOENÇA DE ALZHEIMER

A SÍNDROME APRAXICO - AFASICO - AGNOSICA




A demência é uma síndrome, ou seja, um grupo de sinais e sintomas que formam um conjunto e que podem ser causados por uma série de doenças subjacentes, relacionadas a perdas neuronais e danos à estrutura cerebral. Seu padrão central é o prejuízo de memória.

Além disso, a síndrome demencial inclui, pelo menos, um dos seguintes prejuízos cognitivos:

1.Apraxia: É o termo usado para descrever a incapacidade para efetuar movimentos voluntários e propositados, apesar do fato da força muscular, da sensibilidade e da coordenação estarem intactas. Em termos correntes, isto pode implicar a incapacidade abrir uma torneira, abotoar botões ou ligar o rádio.

2.Afasia: O termo utilizado para descrever a dificuldade ou perda de capacidade para falar, ou compreender a linguagem falada, escrita ou gestual, em resultado duma lesão do respectivo centro nervoso. Isto pode revelar-se de várias formas. Pode implicar a substituição de uma palavra que esteja associada pelo significado (por exemplo, tempo, em vez de relógio), empregando a palavra errada, mas que soe de modo familiar (por exemplo, barco em vez de marco), ou usar uma palavra completamente diferente, sem relação aparente. O resultado, quando acompanhado de ecolalia (a repetição involuntária de palavras ou frases ditas por outra pessoa), e pela repetição constante de uma palavra ou frase, pode ser uma forma de discurso que é difícil, aos outros, de compreender ou uma espécie de calão.

3.Agnosia: É o termo utilizado para descrever a perda de capacidade para reconhecer o que são os objetos,e para que servem. Por exemplo, uma pessoa com agnosia pode tentar usar um garfo em vez de uma colher, um sapato em vez de uma chávena, ou uma faca em vez de um lápis. No que diz respeito às pessoas, pode implicar não as reconhecer, sem que isso se deva à perda de memória, mas como resultado do cérebro que não funciona para identificar uma pessoa com base na informação veiculada pelos olhos.
 http://www.seer.ufu.br/index.php/revextensao/

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

CUIDAR COM AMOR


Paulo Carta aos Coríntios Paulo, Carta aos Coríntios
Paulo, Carta aos Coríntios:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse o dom de cuidar seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse o dom de cuidar, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,Mse não tivesse o dom de cuidar, nada disso me aproveitaria.

O cuidado é paciente, é benigno; o cuidado não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Cuidar nunca falha.

Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;
mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o cuidar com amor, estes três; mas o maior destes é  cuidar com amor!