domingo, 7 de dezembro de 2014

REALIDADE - doi, como dói ...

   



“...é pau é pedra é o fim do caminho”. “...é o fundo do poço, é o fim do caminho”.
(música: Águas de Março)

É assim que me sinto, com a evolução da DA em minha amada mãe, com o surgimento de novos sintomas, com as limitações impostas por eles. É mergulhar nas ondas de um mar revolto. É um estado de melancolia, desamparo, cansaço físico e estresse constante. É o fim do caminho .

Sinto-me sozinha em um turbilhão de sentimentos.

A tristeza, solidão e o desespero passou a configurar o meu cotidiano. A quem recorrer? A quem gritar por socorro? Minha amada mãe está perdendo a força física, os movimentos, o sorriso, o silêncio cada vez mais frequente, como que desligada da realidade, mergulhada em seu mundo.

Problemas de linguagem, devido a diminuição no vocabulário por conta do esquecimento e lentidão na comunicação. Esquece que já comeu, desorientação temporal,  insistindo muitas vezes para comer em intervalos curtos, alterando consequentemente, os horários estabelecidos para as refeições.

Quanta dor no coração. Percebo que nenhuma forma de conhecimento e expertise será suficiente quando vivencio a cada dia a minha amada mãe, tão próxima fisicamente e tão longe de mim …, vencida pelo Alzheimer.

A doença de minha amada mãe avança dia a dia. É doloroso ver o familiar paciente amado passando por metamorfose física e espiritualmente se desligando do seu aparelhamento desgastado pela doença e pela idade.

Apesar da evoluçao da DA, a nossa cumplicidade é cada vez maior. Quando estou com ela, a nossa aurea de amor é muito grande. O seu sorriso, O seu abraço, o seu amor permanece vivo. Sempre digo “mãe eu te amo”, ao que ela responde de imediato “o meu amor por você é do tamanho do mundo”.

Tenho tido momentos de alternancia entre tristeza e depressão. Poucas pessoas para compartilhar a minha dor. Conflitos familiares cada vez mais latente. As “palavras agressivas”, foram substituidas pelas “intrigas” , pelos “sarcasmos”, pelas “ironias”, pela “desconfiança”.

Sei que preciso de força, calma, saúde, serenidade e discernimento para o estágio que minha amada mãe se encaminha. Muitos sofrimentos ainda serão vivenciados, mais com a certeza que o nosso Deus maior irá me conduzir para o cumprimento de minha missão com muito amor junto a minha amada mãe.

Só quem passa por esta provação do final do túnel sabe, por mais que queria restituir a saúde, de todas as maneiras do ser amado, é um caminho sem volta.

Dói... como dói .
Como te amo minha amada mãe.

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