quarta-feira, 19 de abril de 2017

REFLEXÃO SOBRE O VERDADEIRO SIGNIFICADO DA PÁSCOA

Fazer Páscoa em si mesmo é cultivar a subjetividade. sugerem os místicos. Desnudar-se de ilusões egocêntricas, jejuar os sentidos, orar e meditar para poder contemplar

Fazer Páscoa em si mesmo é cultivar a subjetividade. sugerem os místicos. Desnudar-se de ilusões egocêntricas, jejuar os sentidos, orar e meditar para poder contemplar (Frei Betto).

Uma das características da pós-modernidade é a redução da cultura a mero entretenimento e a exacerbação dos sentidos em detrimento da razão e do espírito. Para estimular o consumismo, utilizam-se como isca recursos capazes de nos fazer sentir mais e pensar menos. Isso vale para a publicidade, certos programas televisivos e até rituais religiosos.

Dissemina-se uma cultura centrada no epidérmico, na qual há mais estética que ética, nádegas que cabeças, urros que melodias, ambições que princípios, devaneios que utopias. Tudo é aqui e agora, a ser devorado por olhos e ouvidos, o corpo entregue a um frenesi de sensações que faz do prazer e do sexo simulacros da felicidade e do amor.

Seres relacionais e racionais, como acentuam os filósofos desde Sócrates, somos agora reduzidos a seres extrofiados, revirados para fora, estranhos a nós próprios, como lamentava Kierkegaard, pois nossa autoestima passa a depender do que vem de fora – da gula e da antropofagia visual aos arremedos de fama, fortuna e poder.

Páscoa significa travessia, passagem. Talvez uma das mais difíceis é a que nos faz percorrer o caminho entre a epiderme e a vida interior, não para dualizar polaridades, mas para resgatar a unidade. O budismo tibetano tem razão ao afirmar que, malgrado todo avanço científico e tecnológico, cada pessoa é ontologicamente a mesma desde que o símio tomou consciência de que o galho de árvore em sua mão poderia servir-lhe de arma de ataque e de defesa.

Aristóteles sintetizou-nos em esferas sensitiva, racional e espiritual, como unidade que exige equilíbrio. A exacerbação de uma resulta na atrofia das outras. Só a predominância do espiritual é capaz de imprimir sensatez “às loucas da casa”,como diria o poeta, evitando o sabor de náusea dos sentidos, descritos por Sartre, bem como o racionalismo que, ao contrário de Tomás de Aquino, julga equivocadamente que a razão é a suprema expressão da inteligência.

Fazer Páscoa em si mesmo é cultivar a subjetividade. “Beber do próprio poço” sugerem os místicos. Desnudar-se de ilusões egocêntricas, jejuar os sentidos, adequar a razão a seus limites, orar e meditar para poder contemplar.

Somos seres vocacionados à transcendência. Como dizia Hélio Pellegrino, uma samambaia desfruta de sua plenitude vegetal. Nós, não; escravos do desejo, temos buracos no corpo e na alma. É a “gula de Deus”, da qual falava Rimbaud.

Ao deixar de trilhar as veredas que conduzem ao Absoluto, corremos o risco de nos perder no acidentado terreno que cotidianiza o absurdo: iras e mágoas, inveja e competição, medo e, sobretudo, uma incômoda sensação de não saber exatamente o que fazer desse breve período de existência.

A Páscoa é precedida de morte que, emblematicamente, a tradição cristã qualifica de paixão, um ato de amor, de entrega, que faz refluir tudo aquilo que dispersa, aliena e ilude. Jesus no túmulo simboliza o silêncio, a volta ao mais íntimo de si mesmo, abraçar a solidão sem se sentir solitário. Ressuscitar, renascer na ousadia de assumir valores altruístas e empenhar-se para que a justiça seja o fundamento da paz.

Tudo que existe preexiste, subsiste e coexiste. É Universo, e não pluriverso. Comunhão e luz. Não é em vão que os orientais chamam o centro energético do nosso ser, lá onde se situa o coração, de plexo solar. O silêncio das galáxias no infinito é um convite para que se saiba fechar os olhos para ver melhor. E descobrir, no âmago de si, a presença amorosa de Deus, que impregna o lado avesso da pele e anseia fluir por todo o corpo, palavras e atos, de modo a fazer de nós seres vitalmente pascais, cuja existência coincida com a sua essência. (Fonte: Folha de São Paulo)
  http://www.50emais.com.br/

terça-feira, 4 de abril de 2017

VERDADEIRA ORIGEM DO ALZHEIMER

Pesquisadores italianos acham verdadeira origem do Alzheimer. Doença não surge na área do hipocampo, como se acreditava.Pesquisadores italianos descobriram a verdadeira origem do Mal de Alzheimer. Diferentemente do que se acreditava até então, a doença não surge na área do cérebro associada à memória, mas sim da morte de neurônios da região vinculada às mudanças de humor.

Coordenado pelo professor associado de Fisiologia Humana e Neurofisiologia da Universidade Campus Bio-Médico de Roma, Marcello D'Amelio, o estudo, que revoluciona a maneira como entendemos e tratamos a patologia, foi publicada na revista científica Nature Communications
Até agora, o Alzheimer era considerado uma doença que surgia devido à degeneração das células do hipocampo, área cerebral da qual dependem os mecanismos da memória. O novo estudo, conduzido em colaboração com a Fundação IRCCS Santa Lucia e do CNR de Roma, no entanto, aponta que a doença surge na área tegmental ventral, onde é produzida a dopamina, neurotransmissor vinculado às mudanças de humor. 
Segundo os pesquisadores, como um efeito dominó, a morte dos neurônios responsáveis pela produção de dopamina desacelera a chegada desta substância ao hipocampo, causando assim uma falha que gera a perda das lembranças, principal sintoma da doença. 

A hipótese foi confirmada em laboratório, onde várias terapias destinadas a restaurar os níveis de dopamina foram administradas em animais. Nos testes, foi observado que tanto as memórias quanto a motivação de viver, cuja falta causa depressão, foram recuperadas.

"A área tegmental ventral relança a dopamina também na área que controla a gratificação. Na qual, com a degeneração dos neurônios dopaminérgicos, também aumenta o risco de perda de iniciativa", explicou D'Amelio. 
Isso explica porque o Alzheimer é acompanhado, grande parte das vezes, pelo desânimo e pela depressão. Contudo, os estudiosos ressaltam que as mudanças de humor associados ao Alzheimer não são uma consequência do surgimento da doença, mas sim um "alarme" sobre o início da patologia. "Perda de memória e depressão são duas faces da mesma moeda", concluiu o italiano.
ANSA.
(http://eexponews.com/)