quarta-feira, 30 de abril de 2014

DESEMBARCANDO O ALZHEIMER

Desembarcando o Alzheimer

SINOPSE:

Este guia pretende ajudar de forma prática familiares e cuidadores de pacientes com Alzheimer. O livro foi escrito a quatro mãos pela dra. Ana Hartmann, psicóloga especializada em cuidados com Alzheimer, e pelo dr. Fernando Lucchese, cirurgião cardiovascular, um médico afeito a doenças complexas e com larga experiência em transmitir ao público leigo informações úteis sobre saúde. O resultado é um guia sobre esta terrível doença e a forma de minimizar o sofrimento de todos os envolvidos.


Este livro pretende contribuir com familiares e cuidadores nas três fases, de maneira franca e honesta. Nossos objetivos serão atingidos se compaixão e respeito se tornarem a base do tratamento de pacientes com Alzheimer. 

DEPRESSÃO NO IDOSO NECESSITA DE RECONHECIMENTTO

 

As pessoas costumam ficar tristes. É um sentimento colado à vida. Entretanto, no momento em que essa tristeza se torna persistente e passa a interferir na vida do ser humano, poderemos estar diante de um quadro de depressão, uma condição médica tratável.

Ao contrário do que se pensa na nossa cultura brasileira, a depressão não é parte integrante do envelhecimento normal. A depressão iniciada tardiamente (após os 60 anos) pode representar a recorrência de uma depressão prévia. Outras vezes, quando ocorre pela primeira vez após os 60 anos, pode estar associada a uma outra condição médica.

O reconhecimento da depressão no idoso nem sempre é fácil, porque amiúde é penoso para o idoso deprimido descrever como ele está se sentindo. Além disso, a atual população de pessoas mais antigas em nosso meio são de uma geração onde não se considerava a depressão como um transtorno biológico ou uma condição médica (além, é claro, de ser uma condição psicológica, emocional e social). Alguns idosos receiam o estigma dos transtornos mentais e de que sua condição seja vista como um sinal de fraqueza.

Pacientes deprimidos e seus familiares podem pensar que uma mudança no humor ou comportamento é apenas um estado passageiro, postergando o tratamento. Se não tratada, a depressão pode durar meses ou anos, podendo levar à incapacidade para as atividades da vida diária, piora dos sintomas de outras doenças, à morte prematura e, nos casos mais graves, ao suicídio. Quando tratados e diagnosticados adequadamente, mais de 80% dos pacientes com depressão se recuperam e retornam a uma vida normal.

Os sintomas mais comuns de depressão tardia incluem: tristeza persistente (duração maior do que duas semanas), choro frequente, inquietação, desânimo, sentimento de inutilidade ou desamparo, dificuldade de concentração, alteração de apetite, insônia, sintomas físicos (tais como dores ou sintomas gastrintestinais).

Um sinal de depressão que deve ser vigiado é quando o sujeito começa a se afastar das atividades sociais, fornecendo desculpas como “eu não tenho energia”, “eu não me sinto muito bem” ou “é muito problema”. Existem diferentes graus de depressão de acordo com a sua intensidade, classificando-as em leve, moderada ou grave. Uma pessoa pode não estar classicamente triste, e ainda assim estar deprimida, revelando-se através da dificuldade em dormir, se alimentar e queixas físicas (corporais) sem razão aparente.

Depressão pode acontecer com qualquer indivíduo e, muitas vezes, sem nenhuma causa verificável. Em outras palavras, nenhum evento estressor precisa obrigatoriamente acontecer para que a pessoa desenvolva uma depressão. Ela pode acontecer devido a simples alterações biológicas no cérebro (embora, na maioria dos casos, existam razões compreensíveis para a depressão). Conforme o cérebro e corpo avançam no tempo, várias mudanças bioquímicas começam a ocupar a cena. Mudanças resultantes do envelhecimento, doenças médicas ou predisposição genética podem colocar o idoso em um risco maior para o desenvolvimento da depressão.

Devemos ficar muito atentos aos nossos parentes, lembrando que “esta vilã mora nos detalhes” e se disfarça de múltiplas maneiras. A depressão é uma inimiga tão silenciosa que chega devagar e se instala na nossa volta, que corremos o risco de achar natural. Olhos alertados e busca de informação é um bom começo para enfrentar essa ambulante discreta que incomoda. (dr. Ziyad Hadi).


ALZHEIMER - COMO AGIR

A VIDA ...

DONA CACILDA



Dona Cacilda é uma senhorinha de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo o dia às 8 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e perfeitamente maquiada apesar de sua pouca visão. E hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido com quem ela viveu 70 anos morreu recentemente, e não havia outra solução.

Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, recebeu uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive as cortinas de chintz florido que enfeitavam a janela - "Ah, eu adoro essas cortinas..." ela interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho.

"Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... espera mais um pouco..."

"Isso não tem nada a ver", ela respondeu "Felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto não depende de como a mobília está arrumada... é como eu preparo minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo. Sabe, eu tenho duas escolhas":

Posso passar o dia inteiro na cama contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem... Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.

Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar no novo dia, mas também nas lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: Você só retira daquilo que você guardou. Então meu conselho para você é depositar um monte, de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de Lembranças. "Como você vê, eu ainda continuo depositando".

 Receita da Dona Cacilda para se manter jovem:
 1. Jogue fora todos os números não essenciais para sua sobrevivência. Isso inclui idade, peso e altura. Deixe a vida se preocupar com eles; lembre-se que ela foi feita para ser gasta. Gaste-a, mas gaste-a bem.

 2. Freqüente de preferência seus amigos alegres. Os "baixo astrais" puxam você para baixo.

 3. Continue aprendendo. Aprenda mais sobre artesanato, jardinagem, principalmente sobre as pessoas. Não deixe seu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é a oficina do diabo. E o nome do diabo é Alzheimer.

 4. Curtas coisas simples e ganhe tempo para gastar, não dinheiro.

 5. Ria sempre, muito e alto. Ria até perder o fôlego.

 6. Lágrimas acontecem. Agüente, sofra e siga em frente. A única pessoa que acompanha você a vida toda é VOCÊ mesmo. Esteja VIVO, enquanto você viver.

 7. Esteja sempre rodeado daquilo que você gosta: pode ser família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, o que for. Seu lar é o seu refúgio.

 8. Aproveite sua saúde. Se for boa, preserve-a. Se está instável, melhore-a. Se está abaixo desse nível , peça ajuda .

 9. Não faça viagens de remorsos. Viaje pelo tempo, para a cidade vizinha, para um país estrangeiro, mas não faça viagens ao "tempo onde tudo era melhor". Faça do passado o ensinamento para viver melhor o presente e o futuro.

 10. Diga a quem você ama, que você realmente os ama, em todas as oportunidades.

 E LEMBRE-SE SEMPRE QUE:
 A vida não é medida pelo número de vezes que você respirou, mas pelos momentos em que você perdeu o fôlego... De tanto rir. ... De surpresa, de êxtase, de felicidade...   

terça-feira, 29 de abril de 2014

NO MUNDO, SEM MEMÓRIA RECENTE ... ALZHEIMER


Alzheimer_Maturidade         

  O Mal de Alzheimer ou Doença de Alzheimer é assim denominado em função de ter sido pela primeira vez descrito em pesquisas do psiquiatra alemão Alois Alzheimer, que citou este tipo de doença em 1906. Ainda há aspectos para desvendar sobre este mal que afeta cerca de 25 milhões de idosos no mundo inteiro.

O Alzheimer é uma doença tratável, apesar de ser degenerativa e incurável. É também a principal causa de demência em idosos, distúrbio caracterizado pela perda progressiva das capacidades cognitivas. Estima-se que, no Brasil, há por volta de um milhão de portadores de Alzheimer, que buscam por tratamento por meio de medicação e acompanhamento diferenciado.

Viver num mundo sem memória para acontecimentos recentes pode causar alterações de comportamento como: depressão, agitação, confusão e desorientação,ações repetitivas, perda da capacidade de executar tarefas rotineiras, delírios, alucinações, caminhar sem rumo, agressividade.

Nem toda demência é Alzheimer. Há muitas formas de demências. Não há um diagnóstico preciso, mas existem alguns “sintomas-chave”que ajudam a elucidar essa demência. O que pretendo realçar, no momento, é o impacto sobre a família quando recebe essa notícia. Para quem sofre a doença é difícil, mas para a família é muito mais. Há revolta, negação, até compreender que o ente querido afetado precisa de muita ajuda, o quanto antes, para ser tratado clínica e emocionalmente. Geralmente, a pessoa com perda anormal de memória não percebeu sua condição atual. Se a família fizer de conta que não vê, não irá reverter o problema, apenas agravá-lo.

Por isso, é importante conhecer tudo o que puder sobre a doença, para lidar melhor com os sintomas e cuidar bem do ente querido acometido por ela. Desenvolver empatia é fundamental para entender a pessoa. Colocar-se no seu lugar, entrar na sua fantasia, e, em determinados períodos, vivenciar essa fantasia como uma ponte de comunicação amorosa com a pessoa que já está ausente da realidade. Fase dificílima para a família que percebe que seu ente querido não se reconhece mais como mãe, ou pai, e que essa perda de identidade significa uma perda irreparável. Quem é essa pessoa agora?
          
É um período de luto da família sem que o ente querido tenha falecido. Morreu o personagem! Mas a pessoa está ali, viva, diferente, confusa… O que fazer?Acolhê-la de todas as maneiras é o caminho saudável para todos. Fazê-la sentir que há amor à sua volta, há aliados para sua atual comunicação, que, na maioria das vezes, regride ao passado. Compreendê-la como criança, ou outro personagem de que esse ente querido se apropria.

Conversar, cantar com ela, ler histórias, distraí-la, brincar, acalmar, suscitar emoções positivas e, mais do que tudo, compreender seus sentimentos, pois quando essa pessoa agredir, lembre-se de que não é ela que o está fazendo, mas a doença.
          
Não há soluções mágicas. Aprende-se com choros, tristezas, como também com alegria ao ver nosso ente querido sorrir, dormir calmamente, brincar com você, pelo tempo que puder haver participação. O caminho é o amor! Doe, doe, doe e seu ente querido, apesar de não poder expressar, terá uma gratidão eterna por você.
http://portaldamaturidade.com

segunda-feira, 28 de abril de 2014

MINHA ESPOSA É MUITO ESPECIAL

Hoje, passados 11 anos, ela está muito confusa, não anda, não come sozinha, não fala direito e tem delírios, usa fraldas a noite, entre outras dificuldades. Ela é incrível, com todo esta doença está sempre sorrindo e feliz. Pergunto a ela você está feliz? Ela responde: “Claro, eu sempre estou contente e feliz, tenho você e meus filhos, quero apenas que cuide de mim e me ame.”
Quando vejo os filmes e fotos de quando ela era saudável, sinto uma falta imensa dos cuidados e carinhos que ela nos dava. Ela (45 anos) ainda está muito bonita de corpo e rosto, mas já está com demência. Cuidamos dela com muito carinho e atenção, levamos ela aonde é possível respeitando as limitações. A dor de saber que ela ainda vai piorar é muito grande. Às vezes, acho que vou infartar de tanta dor no peito.
Hoje sei que mudei muito e que preciso me preparar para todas a situações da vida. Gosto de jogar futebol, nadar, correr, ver filmes e passear. Este último já não faço a muito tempo, não consigo sair, me sinto mal por não poder levá-la. Peço a Deus todos os dias para que não  a deixe piorar mais. Não sou religioso. Muitas vezes, dá vontade de ir para bem longe, para não ver ela sofrer tanto. Um dia este sofrimento vai passar, espero conseguir sobreviver. Que Deus cuide muito bem dela, pois ela é mais que especial. Eu nunca vou abandonar o amor de toda minha vida. Aos que passam por situação semelhante, peço força, paz e disposição.(Judivaldo Rodrigues )

PRINCIPAIS SINTOMAS DE ALZHEIMER



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AS RUGAS

Foto: Noite feliz!!! Boa noite

A VIDA É UM CICLO

domingo, 27 de abril de 2014

REALIDADE (06)


Só quem convive diretamente com a Doença de Alzheimer e assiste à transformação daqueles que nos são queridos é que consegue ter a percepção do quão devastadora e destruidora ela é. O reservatório de lembranças, bem maior da vida do ser humano, vai sendo roubado gradativamente, até perder-se por completo. Desaparece tudo ou são deixadas para trás, o que a pessoa guarda em seu cofre mental, todos os sentimentos vivenciados, a sua própria trajetória de vida.

Alzheimer, um ladrão que age sorrateiramente, chega de mansinho e ninguém percebe. É impiedoso, frio, insensível. Um inimigo cruel e calculista. Vidas vão se quebrando,tornam-se cacos, rouba a alma, o coração e a dignidade da pessoa. Tudo acaba em vida.

O seu curso é marcado por uma deterioração gradual da função intelectual, declínio na capacidade de realizar atividades de rotina da vida cotidiana e de lidar com as alterações na personalidade e também no comportamento. O Alzheimer é uma despedida vagarosa, que pode durar meses ou anos, é uma forma que os anjos nos dão para acostumarmos com aquela ausência que um dia será eterna. Você nunca saberá se aquele abraço ou o desejo de uma boa noite será repetido ou entendido no dia seguinte, é tudo imprevisível, é como se estivéssemos em um campo minado, sem saber como andar.

Quem de nós já não experimentou a súbita ausência de um ente querido? Mas mesmo com esse preparo de despedida que o Alzheimer nos proporciona, no dia da real despedida, daquela sem volta, entramos em choque, ficamos paralisados, alguns não se conformam, outros se revoltam, uns momentaneamente perdem a fé de que tanto tinham, nosso chão é tirado, ficamos sem rumo, sem lugar...

Conviver com parentes que sofrem do mal de Alzheimer requer um verdadeiro amor e um grande malabarismo, pois temos que, muitas das vezes, concordar com fatos e datas que ocorreram apenas na mente do portador de Alzheimer, precisamos ouvir com alegria as mesmas histórias repetidas vezes e dizendo que é a primeira vez que a ouvimos; concordar que aquela cadeira ou aquele móvel não estava ali minutos atrás ou que aquela mesa não cabe mais naquela sala e que deve sair dali o mais rápido possível, devemos aceitar com alegria termos nossos nomes trocados pelos nomes de outros irmãos...

Fecho os olhos, sigo o redemoinho das mais variadas sensações e começo a mergulhar no mar revolto das emoções… uma correnteza de sentimentos contraditórios me empurra para baixo, para cima, para os lados… pensamentos, imagens, lembranças, são como gigantescos icebergs, onde meus medos se chocam ou meus desejos ansiosos querem aportar… escuridão e luz – asfixia e ar – silêncio e intensos sons confusos – vazio…” (sentimentos de um cuidador).

Quem convive ou já conviveu com alguém portador de Alzheimer, com certeza concordará com este “redemoinho das mais variadas sensações...”. Facilmente entenderá que muitas vezes sentimos navegando à deriva num oceano desconhecido e misterioso. Só uma observação minuciosa, dedicada e intuitiva, pode nos servir de bússola cujo ponteiro se devidamente norteado pelo campo magnético do nosso grau de sensibilidade, apontará indícios de uma rota a ser seguida.

Sabemos que Alzheimer possui tratamento, um paliativo que permite melhorar a saúde do paciente, retarda o declínio cognitivo, trata os sintomas, controla alterações de comportamento. Com isto, proporciona algum conforto e melhora as condições de vida do idoso acometido pela doença.

Mas, e para as dores da alma? Qual a medicação recomendada? Acredito que o companheirismo aliado aos recursos da terapia do amor é um grande aliado ao tratamento das dores da alma. Os ingredientes indispensáveis: carinho e amor , dedicação e paciência, bom humor, respeito, tolerância e prudência , todos em dosagens máximas, com uso contínuo e permanente. 

Como cuidadora de minha amada mãe, procuro a cada dia aplicar os recursos da terapia do amor.

Como o amor se reveste de muitas facetas ou subtítulos, acaba deixando dúvidas em quem está cuidando. O amor que muitos dizem não conhecer, já o praticam nas mais variadas formas, porque amar, não é apenas dizer “Eu te amo” de forma automatizada, sem sentimento e de maneira irrefletida. É transparecer na expressão de uma emoção ou de um ato como um olhar, um abraço, um beijo, um aperto de mão, que representa muito mais que mil palavras. Logo, o amor é ação, é  atitude, é a alegria de viver, não só para o cuidador, mas para o doente também

E, ao estarmos cuidando, amparando, sendo os ”interpretadores” das suas necessidades, estamos praticando, sem esforço, o amor verdadeiro e, melhor, sem nos darmos conta que estamos nos deixando amar pelo nosso próximo e por Deus.

Muitas vezes, ela nem se dá conta do quanto é sublime e solidário as pequenas ações do dia a dia, um bom dia, um olhar que enxerga aquele que está na sua frente, uma escuta sensível, que é capaz de ouvir o que está por traz de um lamento. São vivências de luz, se em cada um de nós existe uma partícula divina, talvez por isso tenhamos que valorizar tanto as nossas relações, principalmente as cuidativas. Não basta cuidar pensando o outro, enquanto corpos enfermos. 

Precisamos cuidar pensando o outro, enquanto uma alma enferma. Somos, sim, um feixe de luz. Cuidar é iluminar a escuridão do outro. O verdadeiro Amor que você agregar às suas tarefas do seu dia a dia, realmente será a única saída para você suportar o que eu tenho enfrentado.

A cada sorriso que eu tiro dos lábios da minha amada mãe; a cada feridinha que eu ajudo a curar no corpo dela; a cada resultado positivo dos exames de rotina que recebo; a cada noite que a vejo cheirosinha, a dormir mais uma noite de sono tranquilo, o meu Ser se enche de Paz, por mais um dia de dever cumprido em minha vida.

Enfim, a cada dia que a minha amada mãe vive ao meu lado é um grande “troféu” que recebo por estar conseguindo combater esse Mal com todo o Bem.

Apesar dos conflitos familiares cada vez mais dolorosos, o grande amor que tenho pela minha amada mãe, me leva a transpor todas as barreiras, e uma certeza maior, sinto a presença do grande mestre Jesus em minha vida. A ele, somente a ele a minha gratidão!.

sábado, 26 de abril de 2014

CUIDA DE MIM?



Escrito por Rodrigo (Aisvelaus), um amigo poeta do You tube. Versa sobre o pedido de um doente, a sua família por sofrer com a doença de Alzheimer, e precisa de cuidados especiais, principalmente de amor. Pois somente o amor é capaz de cuidar com carinho, com paciência. A pessoa vai se afastando do convívio social ficando retraída, apática, distante e isolada, perde a noção de tempo e de espaço, passando a viver num mundo silencioso, isolada e muitas vezes é abandonado pela própria família a quem dedicou a sua vida e o seu trabalho. Jussara (Alzheimer... )

" O mal...É não cuidar Bem! " By, Aisvelaus Não sei o que se passa... Esqueço-me do hoje... Do agora... Acabei de fazer... Mas o que fiz?... Já não me lembro mais... Em minha mente... Lembranças antigas e distantes... Estranho... Porque me lembro?... Faz tanto tempo... Sonhos de uma vida errante... Cenas emocionantes... Confusa está minha mente... Realidade ou ficção... Vive agora meu coração... Mas... de repente!... Lá estou... Tão jovem bonito esperando ela!... Ela quem? O Meu Grande Amor... Depois estou aqui!... Onde estou?... Não me reconheço... Estava jovem até agora... 

Agressivo eu fico... Inseguro estou... Já não compreendo... Já não sei quem sou... Agora sou criança... Ah como sou!... Quanta infância eu perdi... De meus amigos eu esqueci... E de mim... eles se esqueceram... Sou assim... pergunto por pessoas... que dizem não existirem mais... Mas como não!? ... Se eu conversei com ele ontem... Ou talvez não... Ah! quanta confusão... Meu passado está presente... Meu presente solidão... Tenha paciência comigo... Não me abandone não... Eu já não sei quem sou... 

Pouco sei quem são... Mas... mesmo estando assim... ainda sou pra ti... quem eu sempre fui... Lembra de mim!... De quando "sã"... estava minha mente... Cuida de mim!... Não me abandone não... Sendo eu seu Pai... Amigo... Mãe ou Irmão... Não me deixe esquecido... em um canto qualquer... Não me prive de seu carinho... amor e atenção... Não me condenes... Por minha confusão... Lembre-se de Mim!... Ajude-me a lembrar de você... Por que em minha solidão... e estranha mente confusa... Ainda vejo flash de luz difusa... Que traz a mim... sua vaga lembrança... E ai.. quanta emoção!... Em meu velho coração... Nunca!!!... Se esqueça de mim... Não me abandone Não... Não me deixe preso... Em minha própria solidão... ( Dedicatória do autor) , Texto Dedicado a todas as famílias... que possuem... Pessoas com Alzheimer... Reflita! Reflita... " O mal...É não cuidar Bem! " Atenciosamente! Rodrigo. Jussara.
http://mensagensdesarath.spaceblog.com.br

sexta-feira, 18 de abril de 2014

FILME " IRIS"



A TRÁGICA IRONIA FINAL DE UMA EXISTÊNCIA BRILHANTE 
(Comentário)

Torna-se tarefa emocionalmente árdua constatarmos o quão irônico pode tornar-se o decurso de determinadas vidas. «Iris», filme intensamente dramático e comovente com realização do inglês Richard Eyre, cuja obra está muito mais ligada à televisão que propriamente ao cinema, prova-nos isso mesmo. Prova-nos que a dimensão única da vida obtida através de admiráveis recursos mentais pode, lamentavelmente, desembocar num beco sem possibilidade de retorno onde impera a solidão. Onde nada mais subsiste que a profunda escuridão daqueles para quem a palavra existência se reflete quase unicamente num inconsciente deambular físico. Ou, pelo menos, a medicina não conseguiu ainda perscrutar uma outra explicação para os doentes de Alzheimer para além daquela que nos é dada pelo senso comum: a de que onde antes tudo era permitido, tudo era possível e nos dava um sentido da vida, nada mais ficou que um aterrador vazio. 

Aterrador para aqueles que de fora observam, porque, para os outros, para os que sofrem da doença, fica uma espécie de morte em vida pois sequer lhes é permitido o sofrimento trazido pela consciência própria do seu drama. E, em último estágio, e bem entendido, sofrem da doença, não sofrem com a doença. 

O filme situa-se em duas fases distintas da vida da romancista e filósofa inglesa (nascida em Dublin, 1919), Iris Murdoch. Assente nas memórias escritas pelo seu marido – o professor universitário, autor e crítico literário John Bayley – somos confrontados com uma Iris Murdoch jovial, rebelde e brilhante vivendo uma intensa paixão pela vida, e, em paralelismo de imagens, com a escritora e pensadora famosa – 26 obras literárias editadas – então já a enfrentar o drama da doença de Alzheimer, primeiramente, até à degradação que a enfermidade lhe acarreta, culminando com a sua morte, em Fevereiro de 1999. 

Deve em primeiro lugar saudar-se a extrema honestidade dos autores do argumento para o filme (John Bayley, viúvo de Iris, e Dreyer, realizador, incluídos) ao não deixarem de incluir no filme pormenores sobre a vida de Iris Murdoch capazes de levarem à incompreensão alheia. Efetivamente, e como nem sempre se verifica, não houve tentativa de branqueamento de questões mais polêmicas como hipoteticamente poderiam tornar-se fatos como a bissexualidade da escritora ou mesmo alguma promiscuidade no seu comportamento sexual. 

Por outro lado, e noutra latitude de profundidade racional, o filme relança as dificuldades de uma definição do verdadeiro sentido do amor. Ou, em derradeira análise, remete-nos para a forte possibilidade de inexplicabilidade do mesmo. Porque razão uma mulher que fazia da liberdade de pensamento e arrojo de comportamento o seu lema de vida, se apaixonaria por um homem que parecia representar todo o oposto disso mesmo? E esse homem, porque passaria ele por tantas e tão grandes provações e, mesmo quando era ele mesmo que no fim dela lhe valia, ainda se roía e atormentava com ciúmes do passado? Mas, é importante que se ressalve, eram ciúmes resultantes desse mesmo amor e não daqueles ciúmes que sabemos nascidos do simples amor-próprio. 

Uma palavra para o elenco deste filme onde o difícil é conseguirmos manter-nos alheados do drama que se vive. Quer Kate Winslet (personalizando Iris quando jovem), quer Judi Dench (Iris no crepúsculo da sua vida) e mesmo Hugh Bonneville (John Bayley jovem) estão a um elevado nível de interpretação com destaque, ainda assim, para Kate Winslet que consegue uma das suas melhores interpretações de sempre. Mas, que dizer de Jim Broadbent (John Bayley já idoso)? No mínimo, uma excelente corporização que permitiu espelhar uma extremada afectuosidade. E retratar alguém em sofrimento e vivendo uma espécie de confusa inquietação, mas alguém que conseguia amar outra pessoa muito mais que provavelmente alguma vez terá amado a si mesmo. E talvez encontremos neste aspecto particular, ligado à interpretação de Jim Broadbent da personagem de John Bayley, as fundações para que construamos então uma definição para o verdadeiro amor.  (Joaquim Lucas)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

DOENÇA DE ALZHEIMER : CUIDADOS A TER COM O DOENTE

idoso

A maior parte dos doentes com Alzheimer passa a viver no passado, uma vez que já não se conseguem lembrar do que fizeram ontem, dos nomes das pessoas com quem habitualmente lidam, números de telefone ou conversas recentes. Por norma, a memória de longa duração não é afetada, ou só o é já em fases adiantadas da doença, o que significa que o passado do doente passa a ser o seu presente, sendo que os eventos recentes são pura e simplesmente esquecidos. Será mais fácil, para todos, adaptar-se ao doente e não ao contrário, ou seja, fazer um esforço para viver a realidade atual da pessoa, mesmo que seja uma época da sua vida de há 20 anos atrás. Pelo menos assim há a possibilidade de recordar e conversar, aproveitando o fato do doente continuar atento e comunicativo.

Sem querer tornar a sua casa numa prisão e o doente num prisioneiro, promova um ambiente seguro: retire da casa de banho pequenos electrodomésticos como secadores ou máquinas de barbear; feche à chave armários com produtos perigosos ou quartos onde o doente corre algum risco de se magoar; coloque barreiras de segurança nas escadas; muitos doentes já não reconhecem o seu próprio reflexo e, por isso, os espelhos ou vidros podem confundir ou assustar uma pessoa com Alzheimer – se isso acontecer, opte por arruma-los ou cobri-los. Disponibilize um espaço amplo, limpo e tranquilo onde ele possa estar à vontade; rodei-o de objectos familiares, como fotografias ou outras lembranças pessoais.

O que deve evitar? Ambientes muito barulhentos ou com muita gente (podem agitar o doente, levando-o à “fuga”); apressá-lo com seja o que for (as rotinas diárias como tomar banho, vestir e comer tornam-se difíceis e até perigosas para executarem sozinhos, por isso, ajude-o a manter a sua dignidade); não fale sobre a pessoa e as dificuldades da doença à sua frente (se possível, é fundamental continuar a promover a independência do doente e as suas relações sociais).

Pelo menos 60% de todos os doentes com Alzheimer acabam por vaguear e não conseguem voltar ao seu ponto de partida. Não deixe portas e/ou janelas abertas; evite pedidos para ir levar o lixo ou levantar o correio sozinho; retire-lhe as chaves do carro se achar que a sua condução possa representar um perigo para ele ou para os outros.

A comunicação ou falta dela pode ser um grande desafio. Muitos doentes têm dificuldade em formular frases completas, outros deixam de falar por completo. Fique atento à linguagem corporal e às suas expressões faciais e não se esqueça que conhece bem esta pessoa. Se sempre gostou de música clássica, ponha um CD a tocar; se é um apaixonado por futebol, ligue a televisão na altura de um jogo; mime o doente com carinhos e afectos, um forte abraço ou apenas a sua companhia podem fazer maravilhas.

Não é o Alzheimer em si que provoca a morte, mas sim as infecções e doenças que podem surgir em sequência desta. Há que ser rigoroso: estabeleça e cumpra os horários da toma da medicação e de ir à casa de banho; certifique-se que o doente beba muita água; se verificar alterações nos hábitos alimentares ou de sono vá ao médico; as mudanças de comportamento e de estado de espírito – como ansiedade, querer estar sozinho ou tristeza – também devem ser vigiadas.

Manter a mente e o corpo activos é fundamental. Tarefas de reduzida dificuldade, como apanhar ou dobrar a roupa, mantêm as pessoas ocupadas, sem as frustrar ou aborrecer. Existem muitas actividades que podem e devem realizar-se com um doente de Alzheimer, até para estimular os sentidos: dançar, cantar, jardinar, pintar, caminhar, conviver com crianças, cozinhar, fazer a manicure ou tratar do seu cabelo, são apenas alguns exemplos.

Pode surgir a altura em que os cuidados que o doente necessita já não possam ser administrados em casa. Quando assim for, procure um lar ou casa de repouso com experiência no tratamento de doentes com Alzheimer.
http://cuidamos.com/

quarta-feira, 16 de abril de 2014

ANTES QUE ME ESQUEÇA


Antes que me esqueça, quando vires o brilho das minhas lágrimas, não fiques inquieta – são pura emoção. Não deixes que os ventos da solidão as sequem no meu rosto. Beija-as com ternura, e olha-me como se fosse a primeira vez.

Antes que me esqueça, quando te sentares à mesa do jardim onde tantas vezes conversamos sobre o que julgamos ser a nossa vida, completa os poemas que nunca acabei – faltou-me sempre o complemento. Agora, falta-me o predicado. E o sujeito.

Antes que me esqueça, quando a cabeça te cair sobre a lareira, num misto de dormência afetiva e cansaço, lembra-te das noites em que dançamos a Sad Waltz e me pedias: “só mais uma vez”.

Antes que me esqueça, não deixes prolongar os silêncios, para nem tu nem eu ficarmos com dúvidas que poderão transformar-se em mágoas ou angústia. Acredita, não merecemos esses silêncios – não temos certezas a dividir-nos.

Antes que me esqueça, ajuda-me a afastar o cálice da tristeza. Quando descemos o rio ,iniciamos um poema ainda não concluído. A noite pertenceu-nos, desvendamos mistérios que não o eram, e acendemos uma vela para iluminar o firmamento. Desenhaste um poema com as estrelas, e vi os teus olhos cruzarem o céu. Guardo esse relance para quando voltarmos ao rio, e eternizarmos no mar toda a luz que nos iluminou.

Antes que me esqueça, quando fores velhinha, e os ventos da saudade assolarem as nossas memórias, lê, baixinho, a “Ode to the West Wind”, de Shelley, como se me tivesses ao lado: Make me thy lyre, even as the forest is: What if my leaves are falling like its own! The tumult of thy mighty harmonies Will take from both a deep, autumnal tone, Sweet though in sadness. Be thou, Spirit fierce, My spirit! Be thou me, impetuous one! Drive my dead thoughts over the universe Like withered leaves to quicken a new birth! And, by the incantation of this verse, Scatter, as from an unextinguished hearth Ashes and sparks, my words among mankind! Be through my lips to unawakened Earth The trumpet of a prophecy! O Wind, If Winter comes, can Spring be far behind?. (*). Depois, adormece, docemente – a manta de caxemira por baixo, as estrelas por cima.

Antes que me esqueça, afastemos de nós a tristeza. Deixa-me ouvir “Blowin’ in the wind” e a minha sonata preferida, de Nicolo Paganini, para violino e guitarra. Tu sabes qual é. No fim, voltamos a dançar a Sad Waltz, na varanda, com vista para o vale. Veste o vestido da primeira vez. Ficavas tão linda. Sabes, continuo a amar-te, como no tempo em que te amava.

Antes que me esqueça, meus amores, não é um adeus. É só um aceno de saudade de um coração à espera da Primavera.

Antes que me esqueça do passado, bendigo todas as luzes que me alumiaram o caminho que me trouxe até aqui, especialmente tu, que continuas a ser a luz que nunca se apagará no lugar onde guardo o que nunca pertenceu a mais ninguém. Estiveste no princípio, estarás para além de mim. Para além da Eternidade.

Antes que me esqueça, e apesar de a vida, por vezes, ser traiçoeira, lembra, até chegarem as horas tardias, todos os sorrisos que trocamos, todos os olhares que registaram a luz de cada momento, porque o nosso amor foi e será sempre o único porto de abrigo seguro das horas negras que a vida nos ofereceu.

Antes que me esqueça, pronuncio a palavra “amor” como uma espécie de santo-e-senha para descodificar tudo o que interiorizamos e alertar os distraídos ou desconfiados que o nosso segredo nunca teve outro sentido ou outro destinatário.

 Antes que me esqueça, lembra-te sempre que te guardo desde quando comecei a sonhar. Não tinha o tempo a perseguir-me. A saudade era um pensamento futuro, agora um sentimento enevoado atravessado pela luz ténue das memórias.

Antes que me esqueça, projeta sobre mim um raio de luz, para que as sombras da minha vaga existência não me impeçam de ver-te sem medo de perder-te.
(Arnaldo A. da Fonte)

(*) Faça-me tua lira, assim como a floresta é: E se as minhas folhas estão caindo, como o seu próprio! O tumulto das tuas poderosas harmonias Terá tanto um tom profundo, outonal, Doce embora em tristeza. Sê tu, Espírito feroz, O meu espírito! Ser-me tu, um impetuoso! Dirija meus pensamentos mortos sobre o universo Como secou as folhas para acelerar um novo nascimento! E, pelo encantamento deste versículo, Espalhe, a partir de uma lareira unextinguished Cinzas e faíscas, as minhas palavras entre a humanidade! Seja através dos meus lábios para não desperta Terra A trombeta de uma profecia! O vento, Se trata de Inverno, Primavera pode ser muito para trás? 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

DOENÇA DE ALZHEIMER E DISFAGIA



Não é segredo que a comida pode ser reconfortante. Comer é uma atividade importante porque além de questões essenciais necessárias para nossa sobrevivência, envolve questões sociais e culturais. 

No entanto, esta atividade nem sempre é fácil e segura, principalmente para indivíduos que cursam com algum tipo de doença que afeta de forma importante a dinâmica da deglutição. Algumas vezes o próprio indivíduo ou seus familiares percebem que há algo de errado neste processo, mas consideram essas alterações parte do envelhecimento. 

Qualquer problema no processo de deglutição que impeça ou dificulte uma alimentação normal chama-se disfagia. 

A disfagia pode levar à aspiração (entrada de alimentos / saliva / líquidos na via respiratória), que gera risco de pneumonias aspirativas, desnutrição e/ou desidratação. Em alguns casos, a disfagia pode levar a graves consequências. Portanto, é importante sua identificação de forma precoce e para isso, compreender a dinâmica da deglutição normal é essencial. 

COMO OCORRE A DEGLUTIÇÃO?
A deglutição é uma complexa ação neuromuscular que ocorre aproximadamente 1000 vezes ao dia e que tem como função transportar o conteúdo da cavidade bucal (saliva, alimentos, líquido ou medicamento) para o estômago. Os eventos orofaríngeos que ocorrem no processo da deglutição são correlacionados e a separação em fases é didática para facilitar a compreensão 

Fase antecipatória
A fase antecipatória caracteriza-se por um preparo para o início da deglutição, incluindo o estímulo sensorial visual que nos permite perceber a forma de apresentação, a cor do alimento e sua textura. O olfativo nos permite sentir o aroma da comida. 

Fase preparatória
A fase preparatória é voluntária, ou seja, depende da vontade de cada um. Compreende a preparação do alimento, envolvendo ações dos lábios, língua, mandíbula, palato, bochechas, dentre outras. 

Na fase preparatória ocorrem as seguintes subfases: captação, preparo, qualificação, organização. 

A captação consiste na preensão do alimento, na retirada do alimento do utensílio. Nesta fase, os lábios tem um papel importante. Após a entrada do alimento, os lábios permanecem fechados evitando que haja escape pela boca. 

No estágio do preparo, o alimento é manipulado, mastigado. A boca possui várias terminações nervosas que são fundamentais para percebermos o sabor do alimento, consistência, forma, tamanho e temperatura. 

No estágio de qualificação que se interpenetra com o de preparo, o bolo é percebido em seu volume, consistência, grau de umidificação, temperatura e sabor. Neste estágio definimos se ainda restam pedaços dentro da cavidade oral que precisam ser mastigados ou retirados, e se o alimento já está suficientemente umedecido pela saliva. Nesta fase também se programa a força de ejeção do bolo (empurrar o bolo para a faringe pela ação da língua). 

O estágio da organização é aquele no qual o bolo é posicionado normalmente sobre o dorso da língua, e as estruturas osteo-músculo-articulares organizam-se para a ejeção oral. 

Fase oral
A fase oral também é voluntária e compreende o transporte do bolo para a faringe. Para que a ejeção oral aconteça é necessário o ajuste da cavidade oral para mantê-la pressurizada, ou seja, a língua faz movimentos ondulatórios contra o céu da boca, comprimindo o bolo e levando-o em direção à garganta dando início à fase faríngea da deglutição. 


Fase faríngea
Na fase faríngea, que é involuntária, o bolo é transportado da faringe até o esôfago através da contração dos músculos da faringe. O alimento passa por uma região crítica (laringofaringe), por ser uma área coincidente tanto para a via respiratória quanto para a via digestiva. 

Para que a deglutição ocorra de forma segura não pode haver a entrada de alimento, saliva ou líquidos na via respiratória. 

A segurança desse processo está diretamente relacionada à coordenação entre as fases oral e faríngea da deglutição. 


Fase esofágica
Nesta fase, também involuntária, o bolo segue pelo esôfago até o estomago. O esôfago se contrai levando o bolo alimentar em direção ao esfíncter esofágico inferior que se abre permitindo a passagem do bolo para o estômago. Após a passagem do bolo, o esfíncter se fecha impedindo o retorno do alimento para o esôfago (refluxo gastro esofágico). 

Terminada a deglutição, a laringe retorna à posição normal e a respiração volta a ocorrer. 



Doença de Alzheimer (DA) e disfagia:
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência. É uma doença degenerativa do sistema nervoso central, de caráter lento e progressivo, que acomete inicialmente a memória e progride para outros domínios cognitivos. À medida que a DA evolui, os pacientes tornam-se cada vez mais dependentes. Iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação se torna inviabilizada e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral. 

As alterações na deglutição dos pacientes com DA iniciam-se com queixa de engasgos durante a ingestão de alimentos, principalmente líquidos. Com a progressão da doença o paciente pode ter dificuldades com outras consistências, o que leva ao comprometimento da condição nutricional. 

Há relatos de dificuldades de gerenciamento da deglutição nas fases iniciais, porém os problemas mais expressivos apresentam-se nas fases moderada e grave da DA.3 

Fase inicial:
Não se observa queixas específicas de alteração da deglutição. Há relatos de mudanças de hábitos alimentares. 

Fase moderada:
É caracterizada por mudanças significativas nas habilidades cognitivas, que impactam na autoalimentação e deglutição. Alterações da memória podem levar o indivíduo a esquecer o que comeu, quando comeu e qual o horário da próxima refeição. 

Dificuldades perceptuais e espaciais resultam em dificuldade para localizar louça e talheres e reconhecer comida e utensílios. 

Apraxia de membros e apraxia oral podem levar à dificuldades na utilização de talheres e realização de ações voluntárias como abrir a boca e manipular o alimento na cavidade oral. 

Alterações da linguagem podem levar à dificuldade em expressar as preferências alimentares e compreender instruções dadas durante as refeições. 

Nesta fase é importante identificar a segurança da deglutição e gerenciar a capacidade de manutenção da dieta via oral. A cognição é um fator importante para considerar se o paciente terá condições de aprender a estratégias que minimizem os riscos. 

Os familiares/cuidadores devem ser orientados e treinados quanto a melhor consistência de dieta a ser oferecida, o utensílio utilizado para oferta dos alimentos, o volume oferecido, manobras ou posturas utilizadas para a deglutição (a depender da condição cognitiva) e o ritmo de oferta dos alimentos. 

É importante que todos estejam familiarizados com o processo de evolução da doença para que futuramente tenham condições e oportunidade de participar das decisões. 

Fase grave:
Nesta fase, a quantidade de alimento ingerido pode ser insuficiente. O tempo de refeição aumenta de forma significativa. A indicação de uma via alternativa de alimentação pode ser necessária (quando a via oral ocorrer de forma insuficiente ou quando a mesma representar risco para aspiração). Esta indicação deve ser criteriosa e depende da decisão conjunta da equipe multiprofissional e familiares/cuidadores. 

Algumas orientações e condutas podem permitir ao paciente disfágico uma alimentação via oral mais segura. 

Estas orientações estão relacionadas à: 

1- Consistência dos alimentos:
A consistência dos alimentos é modificada, ao longo do curso da doença, se necessário. 

A umidificação dos alimentos é indicada para a maioria dos pacientes. Em geral, a dieta de menor risco é a consistência pastosa homogênea (consistência de creme). 


O importante é a garantia de um desempenho seguro (sem a entrada de saliva/ alimentos/líquidos no pulmão) durante todas as refeições. 

2-Uso de espessantes alimentares
São produtos industrializados que modificam instantaneamente a textura e consistência dos alimentos, não alterando o sabor. 

São bastante utilizados para espessamento de líquidos, pois tendem a ser a consistência mais difícil por exigir adequado controle oral, agilidade e coordenação da musculatura envolvida na deglutição. 

Figura I: Representação de diferentes viscosidades de alimentos/líquidos 


Na avaliação funcional da deglutição o fonoaudiólogo definirá a consistência mais segura de acordo com a dinâmica de deglutição do paciente. 

3- Posicionamento durante a alimentação
Uma posição correta durante a alimentação dificulta a entrada dos alimentos nos pulmões, deixando a alimentação mais segura. 

Durante as refeições é importante que o paciente permaneça sentado, com o tronco reto e a cabeça erguida. Caso não seja possível, tente manter o tronco o mais reto que puder ou pelo menos a 45º (figura abaixo). Use como apoio, travesseiros, almofadas, rolos de toalhas ou lençóis 


4- Ambiente
O ambiente onde o paciente será alimentado deverá ser calmo, oferecer o mínimo de distratores assim como televisores e rádios deverão ser desligados. Conversas paralelas deverão ser evitadas. 

5- Higiene oral
Pacientes com precário estado de conservação dentária estão mais propensos a broncopneumonias. 

Para manutenção adequada da higiene oral e para retirada da placa bacteriana é necessária a ação mecânica de escovação dos dentes. 

O uso de uma pasta que tenha boa ação bactericida é indicada quando ainda o paciente tem condições de fazer “bochecho”. 

Caso esteja em uma fase que já não consegue bochechar, sugere-se a utilização da própria escova e de um antisséptico a base de clorexidina a 0,12% sem álcool, não sendo necessário o enxágue. 

6- Via alternativa de alimentação
A nutrição enteral é indicada a pacientes que possuem risco para aspiração ou para aqueles com ingestão alimentar insuficiente por via oral. 

Cabe à equipe médica optar pela sonda naso-enteral (SNE) ou gastrostomia (GTT). A sonda naso enteral é um tubo flexível inserido no nariz. Recomenda-se que seja usada no máximo por um mês, mas na prática clínica isso não acontece. Para pacientes sem condições de manutenção de via oral exclusiva (se alimentar somente por boca), a gastrostomia é indicada. É um procedimento simples e realizado por via endoscópica. 

Figura 1 - Paciente com sonda naso enteral e gastrostomia 

Sinais de alerta 

1- Tosse ou engasgo com alimento ou saliva;
2- Pneumonias de repetição; 
3- Refluxo gastro-esofágico; 
4- Febre sem causa aparente;
5- Sensação de bolo na garganta;
6- Recusa alimentar;
7- Sonolência durante as refeições;
8- Presença de sinais clínicos de aspiração: dispnéia (falta de ar), voz molhada (som borbulhante) 

A constatação desses sinais de alerta, isoladamente ou em conjunto, são essenciais para definição da conduta em relação à manutenção da dieta VO (por boca). 
Em caso de dúvida, peça orientação para um profissional especializado.
http://www.doencadealzheimer.com.br/