quarta-feira, 30 de abril de 2014

DEPRESSÃO NO IDOSO NECESSITA DE RECONHECIMENTTO

 

As pessoas costumam ficar tristes. É um sentimento colado à vida. Entretanto, no momento em que essa tristeza se torna persistente e passa a interferir na vida do ser humano, poderemos estar diante de um quadro de depressão, uma condição médica tratável.

Ao contrário do que se pensa na nossa cultura brasileira, a depressão não é parte integrante do envelhecimento normal. A depressão iniciada tardiamente (após os 60 anos) pode representar a recorrência de uma depressão prévia. Outras vezes, quando ocorre pela primeira vez após os 60 anos, pode estar associada a uma outra condição médica.

O reconhecimento da depressão no idoso nem sempre é fácil, porque amiúde é penoso para o idoso deprimido descrever como ele está se sentindo. Além disso, a atual população de pessoas mais antigas em nosso meio são de uma geração onde não se considerava a depressão como um transtorno biológico ou uma condição médica (além, é claro, de ser uma condição psicológica, emocional e social). Alguns idosos receiam o estigma dos transtornos mentais e de que sua condição seja vista como um sinal de fraqueza.

Pacientes deprimidos e seus familiares podem pensar que uma mudança no humor ou comportamento é apenas um estado passageiro, postergando o tratamento. Se não tratada, a depressão pode durar meses ou anos, podendo levar à incapacidade para as atividades da vida diária, piora dos sintomas de outras doenças, à morte prematura e, nos casos mais graves, ao suicídio. Quando tratados e diagnosticados adequadamente, mais de 80% dos pacientes com depressão se recuperam e retornam a uma vida normal.

Os sintomas mais comuns de depressão tardia incluem: tristeza persistente (duração maior do que duas semanas), choro frequente, inquietação, desânimo, sentimento de inutilidade ou desamparo, dificuldade de concentração, alteração de apetite, insônia, sintomas físicos (tais como dores ou sintomas gastrintestinais).

Um sinal de depressão que deve ser vigiado é quando o sujeito começa a se afastar das atividades sociais, fornecendo desculpas como “eu não tenho energia”, “eu não me sinto muito bem” ou “é muito problema”. Existem diferentes graus de depressão de acordo com a sua intensidade, classificando-as em leve, moderada ou grave. Uma pessoa pode não estar classicamente triste, e ainda assim estar deprimida, revelando-se através da dificuldade em dormir, se alimentar e queixas físicas (corporais) sem razão aparente.

Depressão pode acontecer com qualquer indivíduo e, muitas vezes, sem nenhuma causa verificável. Em outras palavras, nenhum evento estressor precisa obrigatoriamente acontecer para que a pessoa desenvolva uma depressão. Ela pode acontecer devido a simples alterações biológicas no cérebro (embora, na maioria dos casos, existam razões compreensíveis para a depressão). Conforme o cérebro e corpo avançam no tempo, várias mudanças bioquímicas começam a ocupar a cena. Mudanças resultantes do envelhecimento, doenças médicas ou predisposição genética podem colocar o idoso em um risco maior para o desenvolvimento da depressão.

Devemos ficar muito atentos aos nossos parentes, lembrando que “esta vilã mora nos detalhes” e se disfarça de múltiplas maneiras. A depressão é uma inimiga tão silenciosa que chega devagar e se instala na nossa volta, que corremos o risco de achar natural. Olhos alertados e busca de informação é um bom começo para enfrentar essa ambulante discreta que incomoda. (dr. Ziyad Hadi).


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