O
desenvolvimento de distúrbios de comportamento é um dos problemas
que emergem durante a evolução da doença. Assim, a vida do
cuidador passa a ser influenciada tanto pelos aspectos cognitivos
como comportamentais da demência.
Existem
ainda os aspectos objetivos e subjetivos que provocam interferência.
O primeiro refere-se às dificuldades sociais advindas do ato de
cuidar do paciente, quais sejam, rotina do lar, relações
familiares, relações sociais, lazer, finanças; o segundo diz
respeito ao stress físico e mental sofrido pelo cuidador e demais
familiares. Sent imentos de raiva, fadiga, falta de esperança,
solidão, são comuns.
O
desenvolvimento de quadros depressivos e ansiosos bem como a
deterioração das condições físicas estão em relação direta
com a presença dos transtornos psiquiátricos apresentados pelos
pacientes. A insatisfação do cuidador com a assistência recebida
de parentes ou amigos, as muitas horas de cuidado diário devido a
dificuldade do paciente em realizar tarefas rotineiras, resultam numa
situação sentida como um fardo pelo cuidador.
Em
contrapartida, apesar da sobrecarga, muitos cuidadores se sentem
gratificados com os aspectos do cuidar. Pode-se inferir que uma das
razões que determinam
essa disposição seja a firme convicção de que há doenças
incuráveis, mas não há “doentes intratáveis”.
É
o pleno exercício da compaixão, o sair de seu mundo particular
para ir ao encontro do Outro, com ele sofrendo, alegrando-se,
responsabilizando-se, numa vivência de “fraternura” (Boff,
1999, p. 86).
Outro
motivo seria o sentimento de solidariedade, característica humana
que leva a atitudes de altruísmo, exaltada pela cultura cristã,
independente de racionalizações que muitas vezes levam à
indiferença e à paralisação frente a situações que urgem
providências.
Pode-se,
ainda, aventar a hipótese de que o cuidado amoroso para com seu
semelhante ajuda a superar a tristeza provocada pela constatação
de seu declínio gradativo, bem como ao aprendizado de vê-lo como é
hoje e não como era no passado.
Essa
capacidade de atualização do sentimento é inerente ao ser humano
e conforme nos ensina Boff (1999) “quando
vivenciamos o fascínio do amor... fazemos da pessoa amada uma
divindade, transformamos a dureza do trabalho numa prazerosa
ocupação”.
Nem
todas as pessoas são talhadas para serem cuidadoras e aqueles que
se vêem compelidos a assumir tal missão muitas vezes estão à
procura de si no espelho do Outro, para além dos valores
interiorizados, ou mesmo, encontram nessa atitude uma maneira de
ganhar atenção e consideração por parte de pessoas que por eles
são supervalorizadas (Romero,
1994) .
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