quarta-feira, 2 de abril de 2014

ALZHEIMER E O IMPACTO NA VIDA DO CUIDADOR

O desenvolvimento de distúrbios de comportamento é um dos problemas que emergem durante a evolução da doença. Assim, a vida do cuidador passa a ser influenciada tanto pelos aspectos cognitivos como comportamentais da demência.

Existem ainda os aspectos objetivos e subjetivos que provocam interferência. O primeiro refere-se às dificuldades sociais advindas do ato de cuidar do paciente, quais sejam, rotina do lar, relações familiares, relações sociais, lazer, finanças; o segundo diz respeito ao stress físico e mental sofrido pelo cuidador e demais familiares. Sent imentos de raiva, fadiga, falta de esperança, solidão, são comuns.

O desenvolvimento de quadros depressivos e ansiosos bem como a deterioração das condições físicas estão em relação direta com a presença dos transtornos psiquiátricos apresentados pelos pacientes. A insatisfação do cuidador com a assistência recebida de parentes ou amigos, as muitas horas de cuidado diário devido a dificuldade do paciente em realizar tarefas rotineiras, resultam numa situação sentida como um fardo pelo cuidador.

Em contrapartida, apesar da sobrecarga, muitos cuidadores se sentem gratificados com os aspectos do cuidar. Pode-se inferir que uma das razões que determinam essa disposição seja a firme convicção de que há doenças incuráveis, mas não há “doentes intratáveis”.

É o pleno exercício da compaixão, o sair de seu mundo particular para ir ao encontro do Outro, com ele sofrendo, alegrando-se, responsabilizando-se, numa vivência de “fraternura” (Boff, 1999, p. 86).

Outro motivo seria o sentimento de solidariedade, característica humana que leva a atitudes de altruísmo, exaltada pela cultura cristã, independente de racionalizações que muitas vezes levam à indiferença e à paralisação frente a situações que urgem providências.

Pode-se, ainda, aventar a hipótese de que o cuidado amoroso para com seu semelhante ajuda a superar a tristeza provocada pela constatação de seu declínio gradativo, bem como ao aprendizado de vê-lo como é hoje e não como era no passado.

Essa capacidade de atualização do sentimento é inerente ao ser humano e conforme nos ensina Boff (1999) “quando vivenciamos o fascínio do amor... fazemos da pessoa amada uma divindade, transformamos a dureza do trabalho numa prazerosa ocupação”.

Nem todas as pessoas são talhadas para serem cuidadoras e aqueles que se vêem compelidos a assumir tal missão muitas vezes estão à procura de si no espelho do Outro, para além dos valores interiorizados, ou mesmo, encontram nessa atitude uma maneira de ganhar atenção e consideração por parte de pessoas que por eles são supervalorizadas (Romero, 1994) . 
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