O Mal de Alzheimer atinge aproximadamente 36 milhões de pessoas no
mundo, sendo que muitas das pessoas que sofrem com o Alzheimer ainda não
receberam o diagnóstico. É uma doença que se agrava progressivamente
até levar à morte, pois o corpo perde funções essenciais. Após o
diagnóstico, o tempo médio de vida é cerca de 7 anos. Em média, apenas
3% das pessoas diagnosticadas sobrevivem mais do que 14 anos.
A família da pessoa com o Mal de Alzheimer sofre socialmente e
psicologicamente, assistindo de mãos atadas a degradação diária de uma
pessoa tão importante e fundamental. Quantas dessas famílias não fariam
qualquer coisa para voltar no tempo e doar mais amor, carinho e palavras
a quem hoje se esqueceu até de sua própria identidade? É uma realidade real e possível para qualquer pessoa.
Ninguém está imune ao Alzheimer. Não há vacina, não há
comportamento de risco a ser evitado, não há prevenção. A única
prevenção possível para o Alzheimer, e para tantas outras doenças e
perdas na vida, é o cuidado e a dedicação às pessoas no presente.
O Mal de Alzheimer faz com que até nossos mais
profundos sentimentos por alguém sejam esquecidos e deletados de nossa
lembrança. Porém, o que nossa mente – mesmo saudável - está ‘esquecendo
de lembrar’? Pare e pense por 5 minutos nas palavras que deixamos de
dizer às pessoas que amamos e o quanto calamos sobre as sensações boas
que algumas presenças nos causam.
Imagine-se vivendo uma vida plena e se deparando – de um momento
para outro, com rostos desconhecidos e locais estranhos aos olhos.
Imagine-se do outro lado também, sendo o rosto desconhecido diante de
sua mãe, pai, irmão, tia ou amigo. O Alzheimer apavora, não?
É dilacerante a dor de quem tem a doença e a dor da
família que vive a impotência diante do inevitável: o esquecimento, a
dependência, o vazio e – por fim, o nada! E diante do nada, cada um tem
que seguir a sua vida. É uma dor latejante na alma, se é que isto é possível ...
Devemos repensar e analisar nossas próprias ações, falas e movimentos. Pedir menos e orarmos mais por saúde. Pouca coisa importa mais do que
isso: saúde, cuidado, dedicação, respeito e carinho. Saudáveis, não damos importância à saúde. Assim, praticamos o nosso
dia-a-dia com as pessoas que: não damos importância, não damos atenção.
Não o suficiente. Não faz parte de nossos pensamentos a possibilidade de
acordar em um dia qualquer e não mais reconhecermos os rostos que nos
rodeiam, tão pouco a possibilidade de não sermos reconhecidos.
O ser humano vive como se houvesse sempre o outro dia. Vivemos como
se houvesse tempo suficiente para tudo o que é fundamental e, nesta
utopia do “tempo suficiente”, vamos adiando o que é importante. Partimos pela manhã, retornamos à noite, enfrentamos o trânsito
dentro de ônibus, metrôs ou automóveis, almoçamos em meio ao caos,
trabalhamos oito horas ou mais, assistimos à novela, vamos ao cinema,
compramos roupas, vamos ao supermercado, pagamos contas e impostos, nos
exercitamos, buscamos uma alimentação cada vez mais saudável, bebemos
suco verde, meditamos e tentamos ter um contato maior com a natureza em
meio à selva de pedra. Mas, de fato, o que é importante?
Será que cuidamos o suficiente do outro e damos atenção aos
detalhes? Amamos o suficiente e nos deixamos ser amados? O quanto
dizemos que nos orgulhamos de alguém ou salientamos a importância de
nossos amigos, irmãos, pais e tantos outros amores em nossas vidas? O
quanto contamos sobre o nosso bem-querer por alguém?
Estamos esquecendo muita coisa importante neste mundo moderno. Passamos
mais tempo acariciando tablets e smartphones do que as
pessoas que amamos. Vivemos em um estado de ‘Alzheimer’ permanente.
Estamos ignorando o fato de que amar não é somente sentir.
Demonstrar
carinho faz parte de absolutamente todas as relações humanas. Mas não,
não nos doamos além do limite do que achamos seguro. Não temos como prever quem brevemente vai partir para sempre ou quem
vai se ausentar mesmo estando presente, mas podemos ser mais humanos
com todos – principalmente com os nossos. No final – somente os bons
instantes permanecem no peito e o momento de amar é agora – nunca é
depois. Sentimentos são prioridades. Quem garante a vida amanhã? Quem
garante a sanidade amanhã?
Dedicar-se é uma das maiores urgências da vida. Poucos praticam a
dedicação, mas quem pratica nunca terá do que se arrepender diante do
final da existência. Nunca estaremos preparados para perdas ou doenças que tiram o nosso
melhor e o melhor das pessoas. Que comecemos hoje a doar mais tempo e
atenção aos que carregamos no peito. Façamos as pessoas mais leves.
Sejamos mais leves também.
Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade.“ (Do livro “Para Sempre Alice” - de Liza Genova)”
(http://obviousmag.org/cotidiano)