“Todos vamos envelhecer…
Querendo ou não, iremos todos envelhecer. As pernas irão pesar, a
coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar
gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos.
A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o
viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos. O segredo não é reformar
por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar
brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o
tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. E, quando ocorrer, o
alicerce precisa estar forte para suportar.
Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e
faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual,
que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos.
Erótica é a
alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor
apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos
lábios.
Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa
pela passagem do tempo.
Erótica é a alma que aceita suas dores,
atravessa seu deserto e ama sem pudores.
Aprenda: bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma negligenciada anos a fio.”
FABÍOLA SIMÕES:
Vivemos a era das emergências. De repente tudo tem conserto, tudo
se resolve num piscar de olhos, há varinha de condão e tarja preta
pra sanar dores do corpo, alma e coração. Como canta Nando Reis, “O
mundo está ao contrário e ninguém reparou…”
Desaprendemos a valorizar aquilo que é importante, o que é
eterno, o que tem vocação de eternidade. E de tanto lustrar a
carapaça, vivemos a “Síndrome da Maça do Amor”: Brilhantes por
fora e podres por dentro.
O tempo tornou-se escasso, acreditamos que “perdemos tempo” quando lemos um livro inteiro, quando passamos horas com nossos filhos, quando oramos ou viajamos com a família. E nos iludimos achando que poderemos “segurar o tempo” cuidando da flacidez, esticando a pele, preenchendo espaços.
Cuide do interior. Erotize a alma. Enriqueça seu tempo com uma
nova receita culinária, boas conversas, um curso de canto ou dança.
Leia, medite, cultive um jardim. Sinta o sol no rosto e por um
instante não se preocupe com o envelhecimento cutâneo.
Alongue-se,
experimente o prazer que seu corpo ainda pode lhe proporcionar. Não
se ressinta das novas dores, da pouca agilidade, dos novos vincos.
Descubra enfim que a alegria rejuvenesce mais que o botox.
E não se esqueça: em vez de se concentrar no lustre da maçã, trate de aproveitar o sabor que ela ainda é capaz de proporcionar…