“Cuidar é dar espaço ao outro em si mesmo”
(Winnicot)
O que entendemos nós quando falamos de cuidar .
Atribuímo-lhe sentidos diferentes conforme o que cada um entende,
conforme aquilo a que cada um presta atenção na situação em que
está, e também de acordo com a orientação que cada um quer dar à
sua existência. Cada pessoa dá ao cuidar um sentido que estrutra a
partir das significações usuais da palavra.
Assim como eu que cuido de minha amada mãe,
portadora da Doença de Alzheimer, tenho certeza que existem milhões
de filhas e filhos cuidadores que são amorosos, centrados,
dedicados, enfermeiros (quando necessário), enfim, seres humanos
preocupados com o bem estar e dignidade de seus entes queridos.
Segundo Boff, cuidado se opõe ao descuido e ao
descaso. Assim, cuidar abrange mais que um momento de atenção, de
zelo e de desvelo e, mais que um ato, é uma atitude. Representa uma
atitude de ocupação, de preocupação, de responsabilidade e de
envolvimento afetivo com o outro. Esse cuidado surge somente quando a
existência de outra pessoa tem importância para o indivíduo que
cuida, o qual passa a dedicar-se a essa pessoa e a participar de sua
vida, buscando estar junto nos sucessos e sofrimentos.
Dessa maneira, priorizar o cuidado do outro é como
cuidar de si mesmo, implica sentir-se cuidado enquanto cuida,
ententendo e compreendendo o outro com empatia; afinal, priorizar o
outro é um ato de dedicação efetiva. Assim, o cuidar não é apenas como se fosse uma
tarefa a ser executada, no sentido de tratar uma ferida ou auxiliar
na cura de uma doença; tem um sentido mais amplo, como um cuidado
por meio do relacionamento com o outro, com uma expressão de
interesse e carinho. É na realidade uma atitudde de preocupação,
ocupação, responsabilização e envolvimento afetivo com o ser
cuidado.
O cuidado apenas aparece quando a existência de
alguém adquire significado para nós. Nesse sentido, passamos a
cuidar, participar do destino do outro, das suas procuras,
sofrimentos e sucessos. O ato de zelar por alguém só existe quando
é sentido, vivivo, experenciado. Isto envolve respeitar o outro e
respeitar-se a si mesmo. Cuidar implica sentir as pessoas, é acolhe-las e
respeitá-las. Para cuidar é necessário uma preparação emocional,
é fundamental a disponibilidade para entender e lidar com a pessoa
como um todo.
O processo de cuidar não deve se pautar somente
pele identificação de sinais e sintomas, mas nas modificações que
ocorrem nas estruturas dos seres humanos as quais abalam a sua
totalidade.Quando se fala em modificações, estamos nos reportando
ao processo de envelhecimento, que muitas vezes vem acompanhado de
determinados graus de dependência, requerendo por conseguinte, a
figura do cuidador.
Cuidar é um ato inerente à condição humana, uma
vez que à medida que ultrapassamos as várias etapas do ciclo vital
vamos sendo alvos de cuidados ou prestadores dos mesmos. Para a compreensão destes aspectos é fundamental
reconhecer o cuidar como um ato, uma tarefa e um dever do ser humano.
Cuidamos porque queremos ser mais felizes, plenos e para alcançarmos
a felicidade é fundamental que cuidemos bem de nós e dos outros. A condição humna é tão frágil que requer
cuidados, sejam pessoais, sociais e ambientais, desta forma poderá
manter o equilibrio.
O que é o viver, senão um incessante desdobrar do
nosso ser, que produz transformações e é transformado. VIVER É
ENVELHECER.
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