terça-feira, 29 de dezembro de 2015

REALIDADE - NATAL




Wallpapers Azure rio que corre entre montanhas cobertas de florestas

As pessoas não se precisam, elas se completam…Não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida. (Mário Quitanda)


Mais uma noite de natal passado com a minha amada mãe. Tudo muito simples. Reunimos na casa da filha mais nova para troca de presentes e confraternização. Contamos com a presença do irmão que mora fora, acompanhado da esposa e enteado. 

Como ela estava linda, com a mesma elegância de sempre, roupa nova, cabelos penteados (brancos, lembrando "algodão"),  com fios acinzentados, batom cor da pele, perfume e um longo sorriso. Sempre a perguntar : “Estou bem? Esperando claro, por uma resposta: “Linda e elegante como sempre”. A velhice, com certeza tem a sua beleza.

De repente passo a contemplar a minha amada mãe e observo as marcas do tempo em seu rosto. O que é o viver senão sentir a transformação do encanto esplêndido da juventude na potente força da maturidade, e depois na beleza peculiar da velhice. 

Um turbilhão de sentimentos e emoções invadindo o meu ser.  Estou a debruçar na janela do tempo, rememorando os acontecimentos e fragmentos mais importantes de minha estrada da vida junto a minha amada mãe. “O tempo é um rio que corre”, segundo Lya Luft. Assim, a vida humana possui o mesmo processo do fluxo do rio. Um processo incessante, formado por ritmos singulares em que surgem obstáculos, correntezas, redemoinhos, destino incerto, beleza e força contínuas.

A vida é dinâmica e não cessa. Quando me refiro à vida, remeto-me diretamente ao processo do envelhecimento, porque envelhecer e viver são processos indissociáveis. Desenvolvemos uma infinita rede de relações por meio de várias histórias que colhemos e tecemos durante todo o percurso de nossas vidas. Estamos desde a concepção, envelhecendo e vivendo, vivendo e envelhecendo, nunca sendo os mesmos, porque envelhecer é um processo contínuo de transformação do ser humano como único em seu tempo vivido.

Somos proprietários de um tempo e queremos contar aos outros a respeito dele. Porventura, em nosso íntimo, desejamos deixar para os outros uma lembrança de nós mesmos, a fim de continuarmos a fazer parte da história deles como personagens de um tempo que já se foi. Queremos permanecer na memória daqueles que continuarão a trilhar a vida. O que é viver se não podemos deixar nossos rastros?

De volta a realidade: A noite foi bastante animada, com os netos, amigos e demais familiares, compartilhando momentos de alegria, risos e brincadeiras. Na hora da ceia, ela pouco comeu, sentindo-se cansada e pedindo para dormir. Fomos para casa e após muitos beijos e abraços carinhosos, ela logo pegou no sono.

Em se tratando do Alzheimer, cada dia mais invadindo sem escrúpulo, todo o seu ser. Frágil, dependente, dificuldade motora e de comunicação, dentre outros sintomas. Surgimento recente de movimentação das pernas incessantemente. Após consulta ao neurologista, foi solicitado um Eletroneuromiografia, com suspeita desindrome das pernas inquietas”. Um novo desafio a ser enfrentado. Marcado exame para Janeiro.

Em relação a passagem de ano novo, nada de comemoração. Todos os filhos viajando, como sempre, estarei com ela. Vamos passar a noite bem agarradinhas, agradecendo ao meu bom DEUS, o ano transcorrido e pedindo que em 2016  tenha forças para superação dos obstáculos advindos da evolução da DA.

Como te amo amada mãe.

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