quarta-feira, 9 de novembro de 2016

REALIDADE - MEMÓRIA

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Guardar o passado, decifrar o presente e esboçar o futuro: é graças a uma função cognitiva denominada MEMÓRIA que construímos nossa história. Sem ela, não conseguiríamos ler, escrever, conversar. Nossa memória é valiosa a cada minuto de nossa existência e ainda é um segredo a ser desvendado pela ciência a melhor forma de conservá-la para que tenhamos uma existência saudável. 
 
Memória é nosso senso histórico e nosso senso de identidade pessoal (sou quem sou porque me lembro quem sou). Há algo em comum entre todas essas memórias: a conservação do passado através de imagens ou representações que podem ser evocadas. 
 
No entanto, uma ameaça, trazida pelo envelhecimento, é capaz de corroer nossa capacidade de memorizar coisas e lembrar-nos de todos os momentos vividos, chama-se doença de Alzheimer. Sem memória, a intenção socialmente imposta de se proceder e pensar em determinado sentido, é dizimada. A pessoa deixa de o ser para se “transferir para outro”. A “desmemória” não só o isola da realidade objetiva como o destitui de sentimentos, “tornando-se frio, terrivelmente frio”. “(…) Como um animal a planar dentro duma redoma de vidro (…) e onde as palavras chegam cegas”.


A DA tem sido chamada de doença da morte, epidemia silenciosa, e é descrita como perda da função intelectual, conhecida como uma doença cruel, porque vai destruindo a mente do indivíduo e com isso também sua memória e raciocínio. Constitui-se em uma patologia neurológica degenerativa progressiva e irreversível, que tem início insidioso e é marcada por perdas graduais da função cognitiva e distúrbios do comportamento e afeto. 

 
É muito difícil para qualquer pessoa conviver com a evolução da doença degenerativa de uma pessoa querida, pois a impressão que se tem é de que ela está gradativamente deixando de existir.

Ao falar da realidade vivenciada com a minha amada mãe, tenho me deparado com a evolução da doença em ritmo acelerado. O nosso diálogo cada vez mais dificultado, devido não lembrar das palavras. As habilidades da fala se deterioram para sílabas sem sentido. A capacidade de formular conceitos e de pensar abstratamente desaparece, havendo também o comprometimento da habilidade de tomar decisões. A progressão da doença intensifica os sintomas. 

Em sua última consulta com o neurologista, foi constatada uma evolução acelerada do Alzheimer, conforme os resultados obtidos dos exames solicitados. Não há medicamentos capazes de conter o seu avanço e evitar o comprometimento progressivo de funções neuro cognitivas. Os fármacos disponíveis para tratamento da DA , possuem efeito limitado e apenas aliviam os sintomas clínicos, retardando o declínio cognitivo por um curto período de tempo, que varia de 6 a 12 meses, aproximadamente.

O progresso da doença de minha amada mãe, segundo o neuro, está seguindo para uma fase mais crítica, a conhecida “fase do desaprender”. Significa a involução de toda uma história de vida. 

É o tempo passando com uma rapidez incrível…

O tempo flui, como um rio. Existem duas maneiras de conceber o fluxo do tempo: “desde o passado em direção ao futuro, ou desde o futuro em direção ao passado” (BORGES, 1960). Em qualquer um dos casos, o fluxo nos atravessa num ponto, que denominamos presente. Um ponto não tem superfície nem volume; é intangível e fugaz. É curioso que, em ambas concepções do tempo, o futuro (ou o passado) sejam consequências de algo quase imaterial como é o presente; de um simples ponto. Esse ponto,porém, é nossa única posse real: o futuro não existe ainda (e a palavra ainda é uma petição de princípio) e o passado não mais existe, salvo sob a forma de memórias. Não há tempo sem um conceito de memória; não há presente sem um conceito do tempo; não há realidade sem memória e sem uma noção de presente, passado e futuro. 
 
O tempo tem sido meu fiel parceiro e algoz. Parceiro porque sinaliza para a relação da vida na vida possível, mas sempre vida! Algoz, porque impõe limitações e, dentre elas, sinaliza as muitas mudanças que acontecem.
Como te amo, minha mãe.

2 comentários:

  1. Nossa muito emocionante e triste ao mesmo tempo eu cuido de uma idosa que tem essa doenca alzeimer e percebo como e o comportamento dela no decorrer do tempo ate me emocionei varias vezes com as atitudes dela.

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  2. Muito difícil ver alguém que amos em declínio a emoção é muito grande mesmo.

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