Guardar
o passado, decifrar o presente e esboçar o futuro: é graças a uma
função cognitiva denominada MEMÓRIA que construímos nossa
história. Sem ela, não conseguiríamos ler, escrever, conversar.
Nossa
memória é valiosa a cada minuto de nossa existência e
ainda é um segredo a ser desvendado pela ciência a melhor forma de
conservá-la para que tenhamos uma existência saudável.
Memória
é nosso senso histórico e nosso senso de identidade pessoal (sou
quem sou porque me lembro quem sou). Há algo em comum entre todas
essas memórias: a conservação do passado através de imagens ou
representações que podem ser evocadas.
No
entanto, uma ameaça, trazida pelo envelhecimento, é capaz de
corroer nossa capacidade de memorizar coisas e lembrar-nos de todos
os momentos vividos, chama-se doença de Alzheimer. Sem
memória, a intenção socialmente imposta de se proceder e pensar em
determinado sentido, é dizimada. A pessoa deixa de o ser para se
“transferir para outro”. A “desmemória” não só o isola da
realidade objetiva como o destitui de sentimentos, “tornando-se
frio, terrivelmente frio”. “(…) Como um animal a planar dentro
duma redoma de vidro (…) e onde as palavras chegam cegas”.
A DA tem sido chamada de doença da morte, epidemia silenciosa, e é descrita como perda da função intelectual, conhecida como uma doença cruel, porque vai destruindo a mente do indivíduo e com isso também sua memória e raciocínio. Constitui-se em uma patologia neurológica degenerativa progressiva e irreversível, que tem início insidioso e é marcada por perdas graduais da função cognitiva e distúrbios do comportamento e afeto.
É
muito difícil para qualquer pessoa conviver com a evolução da
doença degenerativa de uma pessoa querida, pois a impressão que se
tem é de que ela está gradativamente deixando de existir.
Ao
falar da realidade vivenciada com a minha amada mãe, tenho me
deparado com a evolução da doença em ritmo acelerado. O
nosso diálogo cada vez mais dificultado, devido não lembrar das
palavras. As habilidades da fala se deterioram para sílabas sem
sentido. A capacidade de formular conceitos e de pensar abstratamente
desaparece, havendo também o comprometimento da habilidade de tomar
decisões. A progressão da doença intensifica os sintomas.
Em
sua última consulta com o neurologista, foi constatada uma evolução
acelerada do Alzheimer, conforme os
resultados obtidos dos exames solicitados. Não
há medicamentos capazes de conter o seu avanço e evitar o
comprometimento progressivo de funções neuro cognitivas.
Os fármacos disponíveis para tratamento da DA , possuem
efeito limitado e apenas aliviam os sintomas clínicos, retardando o
declínio cognitivo por um curto período de tempo, que varia de 6 a
12 meses, aproximadamente.
O
progresso da doença de minha amada mãe, segundo o neuro, está
seguindo para uma fase mais crítica, a conhecida “fase do
desaprender”. Significa a
involução de toda uma história de vida.
É
o tempo passando com uma rapidez incrível…
O
tempo flui, como um rio. Existem duas maneiras de conceber o fluxo do
tempo: “desde o passado em direção ao futuro, ou desde o futuro
em direção ao passado” (BORGES, 1960). Em qualquer um dos casos,
o fluxo nos atravessa num ponto, que denominamos presente. Um ponto
não tem superfície nem volume; é intangível e fugaz. É curioso
que, em ambas concepções do tempo, o futuro (ou o passado) sejam
consequências de algo quase imaterial como é o presente; de um
simples ponto. Esse ponto,porém, é nossa única posse
real: o futuro não existe ainda (e a palavra ainda é uma
petição de princípio) e o passado não mais existe, salvo sob a
forma de memórias. Não há tempo sem um conceito de memória;
não há presente sem um conceito do tempo; não há realidade sem
memória e sem uma noção de presente, passado e futuro.
O
tempo tem sido meu fiel parceiro e algoz. Parceiro porque sinaliza
para a relação da vida na vida possível, mas sempre vida! Algoz,
porque impõe limitações e, dentre elas, sinaliza as muitas
mudanças que acontecem.
Como
te amo, minha mãe.
Nossa muito emocionante e triste ao mesmo tempo eu cuido de uma idosa que tem essa doenca alzeimer e percebo como e o comportamento dela no decorrer do tempo ate me emocionei varias vezes com as atitudes dela.
ResponderExcluirMuito difícil ver alguém que amos em declínio a emoção é muito grande mesmo.
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