Sinopse:
Aos 87 anos, o filósofo e jurista Norberto
Bobbio fala de si mesmo e de sua trajetória intelectual, em um ensaio
que consiste em reflexões sobre o significado da vida e testemunhos
autobiográficos. Representa um balanço definitivo de uma vida consagrada
ao estudo dos grandes temas do direito e da política e constitui também
um testemunho direto
de mais de meio século de história da Itália e da Europa. A primeira
parte é uma reflexão sobre o significado da velhice no mundo
contemporâneo, de pessoas que estão, como Bobbio, com mais de 80 anos e
se multiplicaram graças aos progressos da medicina e da saúde pública. A
segunda parte é um conjunto de ensaios que representam um balanço e
avaliação de sua vida, onde sua produção intelectual revela um
intelectual inquieto, voltado para a análise e a reflexão, de enorme
curiosidade e variados temas, que buscou com rigor conhecer e
compreender o mundo através do diálogo com os conceitos e os homens.
Destaques:
"Os pensamentos de um ancião tendem ao
enrijecimento. Depois de certa idade, desistimos de mudar de opinião.
Tornamo-nos cada vez mais obstinados em nossas convicções e mais
indiferentes às dos outros. Os inovadores são vistos com
desconfiança. Ficamos cada vez mais apegados às velhas idéias e,
ao mesmo tempo, cada vez mais desconfiados das novas. O excessivo
apego às próprias idéias nos torna mais facciosos. Eu mesmo
percebo que preciso ficar alerta.
Sobre o pessimismo:... Que abismo de ignorância e
de baixo egoísmo se esconde em quem pensa que o homem é o deus de
si mesmo e que o seu futuro não pode deixar de ser triunfal. Concluo
com este pensamento de Nicola Chiaromonte: “(...) acredito que,
hoje mais do que nunca, o pior inimigo da humanidade é o otimismo,
qualquer que seja sua forma. Ele, de fato, equivale pura e
simplesmente à recusa de pensar, por medo das conclusões a que
poderíamos chegar.”
Citando versos de Dario Bellezza: “Fugaz é a
juventude, um suspiro a maturidade, avança terrível a velhice e
dura uma eternidade”.
A velhice passa a ser então o momento em que
temos plena consciência de que o caminho não apenas não está
cumprido, mas também não há mais tempo para cumpri-lo, e devemos
renunciar à realização da última etapa.
Pareto, iconoclasta, céptico apaixonado,
ajudou-me a compreender os limites da razão e ao mesmo tempo o
infinito da insensatez humana.
Em que é que o senhor deposita suas esperanças,
professor? Eu lhe respondi: Não tenho esperança alguma. Como leigo
vivo em um mundo onde a dimensão da esperança é desconhecida.
Explico: a esperança é uma virtude teológica. As virtudes do leigo
são outras: o rigor crítico, a dúvida metódica, a moderação, o
não prevaricar, a tolerância, o respeito pelas idéias alheias;
virtudes mundanas e civis.
A velhice é uma fortuna, não é uma virtude,
ainda que possa ser uma virtude tentar tirar o melhor proveito da
fortuna."
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