Mais
um Natal com a minha amada mãe. Celebração realizada na casa da
filha mais nova, contando com a presença do filho com
a esposa, os netos e demais amigos. (a irmã mais velha,
decidiu viajar 01 dia antes do Natal). Tudo
simples, no entanto, com uma harmonia e uma áurea de amor reinando
no ambiente. Troca de presentes e um sorriso constante em seu rosto.
Como
sempre, preservando o seu lado “vaidoso”, estava linda com um
semblante sereno e sempre a perguntar: “já é natal? Para onde
iremos?, comprou os presentes? ...
Neste
final de ano, estou passando por muitas tormentas emocionais.
O Alzheimer em processo acelerado, destruindo impiedosamente
as células, os neurônios, causando implicações cognitivas
significativas, levando a uma total dependência em todos os aspectos
, física e principalmente psíquica em minha amada
mãe.
Como
consequência, fez-se necessário a contratação de um advogado,
para tratarmos do processo de interdição, uma vez que a procuração
atual não mais atende os seus objetivos, devido o seu “efeito
limitante e temporário”. Era algo que considerava
“longínquo”, impossível até de acontecer! Lerdo engano!
É a constatação da “Alienação Mental”.
Como
era representante legal, e com a anuência dos outros filhos,
habilitei-me para ser curadora/tutora, dando
prosseguimento ao pedido. Neste espaço de tempo, a minha irmã mais
velha, foi bastante resistente, assinando o documento
após a constatação da concordância dos outros irmãos. As
palavras dela: “não confio nela”, “vou ficar a mercê dela”,
“ela é traiçoeira”, e tantos predicativos maldosos.
Uma
outra tormenta que passei foi quando tiramos 01 dia para passearmos
no shopping acompanhado dos netos. Pediu para entrar em uma loja de
brinquedos e simplesmente falou: “eu quero esta boneca”, que estava exposta na vitrine.
Senti no momento uma tristeza profunda e pedi forças para aceitar
tal situação.
Comprei a boneca desejada e hoje fica na cama com
ela, juntamente com uma outra. Batizou a boneca de “Lere”, que
para ela era o seu nome em francês. A outra nominei
de Anita, que ela aceitou. São suas netas em seu
“imaginário”.
Vejo
a minha amada mãe alegre ao falar das “netinhas”, é uma
sensação de sentir-se útil por cuidar de alguém. Sinto docilidade
em suas palavras. Não
estou “infantilizando”, apenas atendendo o seu desejo, pois se
existe alguma possibilidade terapêutica a mais para oferecer alívio
e conforto, para a minha amada mãe, o preconceito deve ser deixado
de lado.
Hoje
estou a “mergulhar em seu novo mundo” para compreender seus
sentimentos e interagir melhor com ela.
Como
te amo minha mãe!