terça-feira, 27 de dezembro de 2016

REALIDADE - "TORMENTAS EMOCIONAIS"

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Mais um Natal com a minha amada mãe. Celebração realizada na casa da filha mais nova, contando com a presença do filho com a esposa, os netos e demais amigos. (a irmã mais velha, decidiu viajar 01 dia antes do Natal). Tudo simples, no entanto, com uma harmonia e uma áurea de amor reinando no ambiente. Troca de presentes e um sorriso constante em seu rosto.

Como sempre, preservando o seu lado “vaidoso”, estava linda com um semblante sereno e sempre a perguntar: “já é natal? Para onde iremos?, comprou os presentes? ...

Neste final de ano, estou passando por muitas tormentas emocionais. O Alzheimer em processo acelerado, destruindo impiedosamente as células, os neurônios, causando implicações cognitivas significativas, levando a uma total dependência em todos os aspectos , física e principalmente psíquica em minha amada mãe.

Como consequência, fez-se necessário a contratação de um advogado, para tratarmos do processo de interdição, uma vez que a procuração atual não mais atende os seus objetivos, devido o seu “efeito limitante e temporário”. Era algo que considerava “longínquo”, impossível até de acontecer! Lerdo engano! É a constatação da “Alienação Mental”.

Como era representante legal, e com a anuência dos outros filhos, habilitei-me para ser curadora/tutora, dando prosseguimento ao pedido. Neste espaço de tempo, a minha irmã mais velha, foi bastante resistente, assinando o documento após a constatação da concordância dos outros irmãos. As palavras dela: “não confio nela”, “vou ficar a mercê dela”, “ela é traiçoeira”, e tantos predicativos maldosos.

Uma outra tormenta que passei foi quando tiramos 01 dia para passearmos no shopping acompanhado dos netos. Pediu para entrar em uma loja de brinquedos e simplesmente falou: “eu quero esta boneca”, que estava exposta na vitrine. Senti no momento uma tristeza profunda e pedi forças para aceitar tal situação. 

Comprei a boneca desejada e hoje fica na cama com ela, juntamente com uma outra. Batizou a boneca de “Lere”, que para ela era o seu nome em francês. A outra nominei de Anita, que ela aceitou. São suas netas em seu “imaginário”.

Vejo a minha amada mãe alegre ao falar das “netinhas”, é uma sensação de sentir-se útil por cuidar de alguém. Sinto docilidade em suas palavras. Não estou “infantilizando”, apenas atendendo o seu desejo, pois se existe alguma possibilidade terapêutica a mais para oferecer alívio e conforto, para a minha amada mãe, o preconceito deve ser deixado de lado.

Hoje estou a “mergulhar em seu novo mundo” para compreender seus sentimentos e interagir melhor com ela.
Como te amo minha mãe!

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