“A
vida vai deixando através do corpo suas marcas, vai desenhando
traços firmes que contornam os rostos abrindo sulcos, como marcas
indeléveis que se multiplicam e se acentuam ao longo dos anos.
Vai
embranquecendo e rarefazendo os cabelos, vai fazendo o corpo sentir
os anos passarem inexoravelmente. A vida vai escrevendo nossa
história em nosso próprio corpo, em nossos gestos, em nosso olhar.
Os
caminhos percorridos, os anos vividos, as alegrias e sofrimentos, as
esperanças, os desejos escondidos parecem confluir todos para o
mesmo corpo, agora capaz de revelar uma história, capaz de deixar as
rugas falarem, porque elas têm de fato uma história.
O
rosto envelhecido é história, permite uma interpretação,
provoca interpretações, faz pensar … Envelhecer
é perceber esse passar da vida, constante e intenso, como se a gente
pudesse se olhar no espelho e, em um minuto, ver a metamorfose do
mesmo rosto desfilando sucessivamente diante dos próprios olhos,
transformando-se gradativamente de jovem para velho.”
(Ivone
Gebara)
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