quarta-feira, 28 de setembro de 2016

VALE A PENA VIVER A VIDA!

Resultado de imagem para pessoa idosa vivendo a vida 

"Penso ser  preferível para uma pessoa idosa continuar vivendo como se a vida não fosse acabar, aguardar o dia seguinte como se tivesse ainda muitos séculos pela frente. Então viverá de maneira adequada. Mas quando a pessoa tem medo, quando deixa de olhar em frente e passa a olhar apenas para o passado, ela petrifica-se, torna-se hirta, e morre antes do tempo. Se ela continua vivendo na expectativa da grande aventura que tem pela frente, então viverá - e isso é o que o inconsciente pretende fazer"
(Carl Gustav JUNG)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

 Resultado de imagem para idosos na sociedade - foto engraçadas
 
 
 
"O que a sociedade espera de vocês? Que ajam como jovens, que pratiquem esportes, que consumam coisas novas, que estejam bem informados? Parecer jovens, agir como jovens ... Mas isto é pouco, muito pouco, pois o idoso tem algo bem mais precioso a oferecer. Ele não é como os jovens, nem deve ser. Seu horizonte é mais amplo, sua biografia é mais densa, sua memória mais valiosa. Todas as civilizações esperam dele mensagem mais profunda: 
 o ensinamento que vem de uma visão do mundo iluminada pela experiência".
(Ecléa Bosi)

21 DE SETEMBRO : DIA MUNDIAL DO ALZHEIMER



terça-feira, 20 de setembro de 2016

O QUE TORNA UMA VIDA BOA ?




No final do ano passado o psiquiatra e psicanalista Robert Waldinger, professor da área de psiquiatria na Universidade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, e diretor do estudo sobre felicidade mais longo da história, apresentou uma palestra no TED contando o que foi descoberto ao longo desses 75 anos de pesquisas (isso mesmo, 75 anos de estudos), realizadas pela Universidade Harvard. O trabalho acompanhou, ano após ano, a vida de 724 homens de diferentes idades, classes sociais e interesses. A pergunta que o doutor Robert levanta na palestra é: “O que realmente mantém as pessoas saudáveis e felizes?”.

Opa, quem nunca quis saber sobre essa ‘pílula mágica’?
Robert Waldinger cita uma entrevista recente com alguns jovens da geração millenium (nascidos entre os anos 1980 e 1990), em que foram questionados sobre quais eram seus principais objetivos de vida. Oitenta por cento responderam que era enriquecer, sendo que cerca de 50% deles disseram que desejavam ser famosos.

No decorrer do estudo de Harvard, entretanto, o que se descobriu foi bem diferente: as boas relações que temos na vida é que nos mantêm mais felizes e saudáveis. Abaixo, um pouco mais do que ele explica na palestra:

“Aprendemos 3 grandes lições sobre as relações:
1) Relações sociais são muito importantes e a solidão mata.Pessoas que têm mais ligações sociais com família, amigos e comunidade são mais felizes, fisicamente mais saudáveis e vivem mais tempo do que quem possui menos relações. A experiência da solidão pode ser tóxica. As pessoas mais isoladas descobrem que são menos felizes, a saúde piora mais depressa quando atinge a meia-idade, o funcionamento cerebral decai e elas acabam vivendo menos tempo do que aquelas que não se sentem sozinhas. Um fato sério: mais de 20% dos norte-americanos dizem se sentir sós.

2) Não se trata do número de amigos que temos nem de estar ou não em um relacionamento amoroso. O que conta é a qualidade das nossas relações. Viver no meio de desavenças é muito prejudicial para a saúde. Casamentos conflituosos, por exemplo, sem afeto, revelam-se nocivos, pior talvez do que um divórcio. Viver entre relacionamentos calorosos é protetor, acolhedor. O que determina se as pessoas se sentem saudáveis aos 80 anos não é o nível de colesterol no sangue, mas a qualidade dos seus relacionamentos, se elas estão satisfeitas com eles.

3) Boas relações não protegem apenas o corpo, mas também o cérebro. Estar em um relacionamento seguro e bem estabelecido, sabendo que pode contar com o parceiro, preserva a memória. Quem não tem esse tipo de conexão experimenta o declínio de memória mais precocemente”.

Robert menciona, ainda, que nem todas as relações são fáceis, como um mar de rosas. Mas é importante saber que se pode contar com a pessoa ao seu lado nos momentos difíceis. Casais podem brigar dia após dia, mas ter a certeza e a segurança de que podem contar um com o outro os mantém saudáveis. Aqueles que se sentem inseguros em relação ao parceiro, por outro lado, têm a saúde prejudicada.

Ele terminou a palestra com a seguinte frase de Mark Twain: “Não há tempo, tão breve é a vida, para discussões, desculpas, amarguras, prestação de contas. Só há tempo para amar e mesmo para isso é só um instante”.

A conclusão: uma vida boa se constrói com bons relacionamentos. Por isso, valorizem seus parentes, amigos e outras relações pessoais, mesmo que, às vezes, elas saiam do compasso e possam dar um certo trabalho. São elas que nos mantêm vivos, felizes e saudáveis. Para mim, cada vez mais, a ideia de comunidade e relações interpessoais é extremamente importante para a saúde, a sociedade e o mundo. Afinal, estamos todos conectados, somos todos um. Então, se joguem nos beijos e abraços.

ALZHEIMER

21 DE SETEMBRO - DIA MUNDIAL DA DOENÇA DE ALZHEIMER


sexta-feira, 16 de setembro de 2016

RECOMEÇAR - POESIA




RECOMEÇAR



Não importa onde você parou…

em que momento da vida você cansou…

o que importa é que sempre é possível e

necessário “Recomeçar”.



Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…

é renovar as esperanças na vida e o mais importante…

acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?

foi aprendizado…

Chorou muito?

foi limpeza da alma…



Ficou com raiva das pessoas?

foi para perdoá-las um dia…



Sentiu-se só por diversas vezes?

é porque fechaste a porta até para os anjos…

Acreditou que tudo estava perdido?

era o início da tua melhora…

Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…

de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal Um corte de cabelo arrojado…diferente?

Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a

pintar…desenhar…dominar o computador…

ou qualquer outra coisa…



Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te

esperando.



Tá se sentindo sozinho?

besteira…tem tanta gente que você afastou com o

seu “período de isolamento”…

tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu

para “chegar” perto de você.



Quando nos trancamos na tristeza…

nem nós mesmos nos suportamos…

ficamos horríveis…

o mal humor vai comendo nosso fígado…

até a boca fica amarga.

Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos

desafios.

Onde você quer chegar? ir alto…sonhe alto… queira o

melhor do melhor… queira coisas boas para a vida… pensando assim

trazemos para nós aquilo que desejamos… se pensamos pequeno…

coisas pequenas teremos…

já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente

lutarmos pelo melhor…

o melhor vai se instalar na nossa vida.

E é hoje o dia da faxina mental…

joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho

de coisas tristes…

fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de

cinema, bilhetes de viagens… e toda aquela tranqueira que guardamos

quando nos julgamos apaixonados… jogue tudo fora… mas principalmente… esvazie seu coração… fique pronto para a vida… para um novo amor… 

Lembre-se somos apaixonáveis… somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes… afinal de contas… Nós somos o “Amor”…

” Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do

tamanho da minha altura.”

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

FRASES DESTAQUE LIVRO "PARA SEMPRE ALICE"

Verdade

"Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade."

Memórias

"Sou uma pessoa vivendo no estágio inicial de Alzheimer. E assim sendo, estou aprendendo a arte de perder todos os dias. Perdendo meus modos, perdendo objetos, perdendo sono e acima de tudo, perdendo memórias. Toda a minha vida eu acumulei lembranças. Elas se tornaram meus bens mais preciosos. 

Intensifique

"Nunca sabemos o dia de amanhã. Deveríamos viver o hoje de uma forma bonita e com muita intensidade."

Algo errado

"Enunciada precisamente nas palavras que ela havia temido, e que só recentemente se atrevera a considerar, essa simples opinião profissional destroçou sua explicação bem-arrumada e segura. Havia algo errado com ela."


Vida breve 
"Quando eu era bem nova, na segunda série, minha professora falou que borboletas não vivem muito, algo em torno de um mês, e fiquei tão chateada. Fui para casa e contei para a mamãe. E ela disse: ‘É verdade. Mas elas tem uma linda vida’. E isso me faz pensar na vida da minha mãe, na da minha irmã. E, de certa forma, na minha vida."

Perdas

"Porque nada se perde para sempre. Nesse mundo há um avanço doloroso, sentindo falta daquilo que deixamos, e sonhando com o futuro. Ao menos eu penso assim."

Viver

"E, por favor, não pense que eu estou sofrendo. Eu não estou sofrendo, eu estou lutando. Lutando para fazer parte das coisas, para ficar ligada a quem eu já fui. Então “vive o momento”: é isso que eu digo para mim mesma.o que eu posso fazer, viver o momento."
 

Viva

"Eu sei que estou viva. Tenho pessoas que amo profundamente, tenho coisa que quero fazer com a minha vida. Eu fui dura comigo mesma por não ser capaz de lembrar das coisas. Mas ainda tenho momentos de pura felicidade."

Alzheimer

"O simples fato de ela ter o mal de Alzheimer não significava que ela já não fosse capaz de pensar analiticamente. O fato de ter Alzheimer não significava que não merecesse sentar-se naquela sala, entre eles. O fato de ter Alzheimer não significava que já não merecesse ser ouvida."

lusão

"As coisas que acontecem estão ficando maiores. Por isso, mesmo quando me sinto completamente normal, sei que não estou. Não acabou, é só um descanso. Não confio em mim mesma."

Quem é você?

"Não suporto a ideia de um dia olhar para você, para esse rosto que eu amo, e não saber quem você é."

Esquecerei

"Nós, nos primeiros estágios da doença de Alzheimer, ainda não somos completamente incompetentes. Não somos desprovidos de linguagem nem de opiniões importantes, nem de períodos extensos de lucidez. Mas já não temos competência suficiente para que nos sejam confiadas muitas demandas e responsabilidades de nossa vida anterior. Temos a sensação de não estar nem cá nem lá, como um personagem numa terra bizarra. É um lugar muito solitário e frustrante para se estar (...) E não tenho nenhum controle sobre os ontens que conservo e os que são apagados. Não há como negociar com esta doença. Não posso oferecer a ela os nomes dos presidentes dos Estados Unidos em troca dos nomes dos meus filhos. Não posso lhe dar os nomes das capitais dos estados e conservar as lembranças de meu marido (...) Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente. Num amanhã próximo, esquecerei que estive aqui diante de vocês e que fiz este discurso. Mas o simples fato de eu vir a esquecê-lo num amanhã qualquer não significa que hoje eu não tenha vivido cada segundo dele. Esquecerei o hoje, mas isso não significa que o hoje não tem importância."

( Lisa Genova)

terça-feira, 13 de setembro de 2016

SENTIMENTOS DO CUIDADOR

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 Ideias podem ser úteis para lidar com sentimentos de perda, culpa e raiva:
  •  Sinta a dor: Permita-se a sentir realmente aquilo que está a sentir, seja o que for. Negar os sentimentos só intensifica e prolonga o sofrimento;
  •  Chore: Chorar pode ser terapêutico. Deixe as lágrimas limparem e aliviarem o seu sofrimento interno;
  •  Fale: Compartilhe a sua dor. É importante falar sobre os seus sentimentos, mesmo nas alturas mais difíceis. Partilhar a tristeza vai ajudar a diminui-la. Poderá ser útil falar com uma pessoa exterior à família, como por exemplo um psicólogo;
  •  Escreva um diário: Um diário é um lugar privado onde tudo pode ser escrito, incluindo os desejos insatisfeitos, culpas, raivas e todos os outros pensamentos e sentimentos;
  •  Liberte-se da amargura: Não se deixe consumir pela amargura. O ressentimento é uma carga pesada que mantém a mágoa. Se existir uma fonte de zanga, tente resolvê-la;
  •  Procure conforto: Pessoas diferentes têm maneiras diferentes de encontrar conforto. Para muitos existe conforto em rituais tais como orar, meditar ou realizar outras atividades;
  •  Mantenha a calma: Por vezes poderá ser vulnerável, por isso reflita cuidadosamente antes de tomar decisões. Deve explorar completamente todas as opções;
  •  Seja gentil consigo próprio: Seja paciente com os seus sentimentos. Tente encontrar um equilíbrio entre estar feliz e triste, zangado e calmo e culpado e satisfeito. Seja paciente consigo próprio;
  •  Aprenda a rir-se novamente: Redescubra o seu sentido de humor. Encontrar alegria na vida pode ser uma forma de honrar os momentos felizes que anteriormente partilhava com a pessoa com Demência
Lembre-se
Tente certificar-se de que faz pausas na prestação de cuidados, para não ficar desgastado. Peça ajuda aos familiares e amigos.
 
 http://alzheimerportugal.org/

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

BEM-ESTAR: PASSE A LIMPO A SUA VIDA

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Ao longo da vida fazemos balanços de tudo que vivemos, dos ganhos e das perdas, mas na maturidade e na velhice é a fase que exercitamos mais o autoconhecimento e a autoaceitação, realizamos a atividade reflexiva de rever experiências significativas, dos propósitos de vida, das metas alcançadas, o que dificultou ou facilitou o alcance de uma meta, etc.
Fazer revisão de vida é uma atividade reflexiva bastante importante que ajuda o ser humano a discernir seu interior, a se autoconhecer, a avaliar suas estratégias de enfrentamento diante dos eventos vividos. A revisão de vida é diferente de reminiscência, é uma forma de lembrança intencional e estruturada em torno dos eventos de vida.
A pessoa tem plena consciência e intenção de lembrar suas vivências significativas, trata-se de um verdadeiro mergulho interior para avaliar o sentido de vida. É a busca da compreensão do sentido pessoal, do senso de significado, da consciência da autorrealização e crescimento pessoal e da autoaceitação.
O que é reviver a vida?
Rever a vida é entrar em contato com sua historia, é “rebobinar a fita do seu filme”, é retrospecção com introspecção. É analisar como o ator desse filme atuou na história e foram feitas as cenas ao longo de toda a vida. É uma viagem através do tempo que permite o indivíduo rever seus propósitos, seus engajamentos, suas oportunidades significativas, projetos que lhe deram valor, relações profundas com pessoas, entusiasmos e interesses. Quando você revê o filme de sua vida, que são os seus quadros mentais, você vê aqueles agentes culturais comuns aos humanos: a família, os amigos, a escola, a faculdade, a religião, a espiritualidade, os grupos sociais, o trabalho... Enfim, tudo que envolve transmissão de valores, idéias e ideais. Toda essa avaliação contribui para o alcance do bem-estar psicológico na velhice. É assim que construímos nosso senso de significado e crescimento pessoal que dão dignidade e significado à existência diária do ser humano.

A revisão de vida inclui muita riqueza, muito valor, muitos estados afetivos positivos, frutos de muitos anos dedicados às metas de vida. Por meio dela descobrimos sentimentos de alegria, gratidão, justiça, conquistas, tensões, aborrecimentos, ansiedades, angústias, mas que ajudam o indivíduo a buscar o equilíbrio interno. Quando uma pessoa passou a vida exposta a fatores de risco, tais como álcool, drogas, doenças transmissíveis, dificuldades financeiras, problemas de saúde, a revisão de vida, leva o indivíduo a se perguntar por que foi assim e por que se expôs a tais riscos. Quando a pessoa se dá conta do caminho percorrido, dos marcos em suas vidas, das conquistas, esse processo de reconhecimento contribui para a busca da verdade, do sentido de vida, e estimula a criação de novas metas.

Esse trabalho reflexivo não é fácil, é muitas vezes árduo, mas é importante para negar as angústias e saber mesclar as alegrias e tristezas, fazer as boas colheitas dos resultados conquistados. É igual a fazer balanço de um ano que acabou e rever metas de ano novo. Mas aqui se trata de toda a extensão de uma vida.
Nesse processo de conscientização das experiências acumuladas, “passar a limpo” seus quadros mentais é vital para o bem-estar psicológico e alcançar saúde mental positiva, uma vez que os recortes das experiências vividas, as compensações, as seleções das escolhas, ajudam o indivíduo a tomar fôlego e sair mais fortalecido delas.
"Na revisão de vida é preciso aceitar suas características, saber lidar com os acidentes, reconhecer os momentos de imprevistos, considerar os limites impostos, se os limites não forem respeitados, você pode se machucar, tentar achar novos caminhos, criar novas metas, encontrar novos propósitos, seguir o fluxo que a experiência lhe impôs e por fim se transformar. A revisão e a recriação é uma transformação."
Metáfora da lagarta e da borboleta
A relação do indivíduo com seu próprio desenvolvimento pode ser comparado à metáfora da lagarta e da borboleta, você pode escolher ser lagarta a vida toda e não passar pela transformação de lagarta para borboleta. A borboleta possui quatro fases de seu desenvolvimento e carregam consigo a ousadia de voar e pousar em vários jardins. O corpo é leve e mesmo assim ela consegue pousar na flor aberta de onde suga o néctar adocicado e na fase adulta elas preferem os lugares abertos com flores, bosques, prados, jardins e florestas pouco densas, sem muito frio e sem muito calor, o ambiente perfeito para sua sobrevivência. (por Elisandra Vilella G. Sé)

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

ENCONTRO DAS ÁGUAS - JORGE VERCILLO




"Sem querer te perdi tentando te encontrar
Por te amar demais sofri, amor
Me senti traído e traidor

Fui cruel sem saber que entre o bem e o mal
Deus criou um laço forte, um nó
E quem viverá um lado só?

A paixão veio assim afluente sem fim
Rio que não deságua
Aprendi com a dor nada mais é o amor
Que o encontro das águas

Esse amor hoje vai pra nunca mais voltar
Como faz o velho pescador quando sabe que é a vez do mar
Qual de nós foi buscar o que já viu partir,
Quis gritar, mas segurou a voz,
Quis chorar, mas conseguiu sorrir

A paixão veio assim afluente sem fim
Rio que não deságua
Aprendi com a dor nada mais é o amor
Que o encontro das águas

Quem eu sou?
Pra querer
Entender
O amor.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

SER MÃE DE SEUS PAIS: FILHA CONTA COMO É TER FAMÍLIA COM ALZHEIMER


Em 2010, Elizabeth Wolf, então com 30 anos, morava em Vermont (EUA), trabalhava para uma organização sem fins lucrativos e alegremente explorava novas conquistas, desde criar galinhas até aulas de dança. Mas, depois de vários telefonemas perturbadores de seus pais, Louis e Nancy Brood, Elizabeth voltou para o sobrado em Mount Laurel, em Nova Jersey, onde ela e as irmãs cresceram, com o então novo marido, Casey Wolf. Esperava encontrar cuidadores para ajudar com os pais e logo retornar a Vermont.

Cinco anos mais tarde, ainda está tomando conta do pai de 81 anos e da mãe de 65, os dois com demência. Elizabeth, que é voluntária na Associação de Alzheimer, escreve sobre a experiência no site upsidedowndaughter.com. Sua entrevista foi editada e condensada por questões de espaço e clareza:

"Meus pais me ligaram um dia em março e começaram a cantar Feliz Aniversário. Foi inquietante. Meu aniversário é em maio. Meu tio também me ligou. Ele e meu pai haviam sido donos de uma loja de estofados na Filadélfia por 50 anos, e ele estava muito preocupado porque meu pai não conseguia mais fazer contas simples de matemática. Não me lembro de todas as consultas médicas que levaram meu pai a ver um neurologista, mas me recordo daquela em que passou por um mini-exame de estado mental. Ele saiu do consultório com um diagnóstico de Alzheimer.

 

Ficamos tão focados no pai que não percebemos a mãe

Ficamos muito preocupados com minha mãe também. Ela estava perguntando as mesmas coisas várias vezes. Eu disse que iria conversar com o professor com quem ela trabalhava como assessora. O professor confirmou: "Basicamente, sua mãe não está mais funcionando. Ela só senta no fundo da sala e olha pela janela". Isso estava acontecendo há muito tempo, e havíamos ficado tão focados em meu pai que não tínhamos percebido. Acabamos levando minha mãe ao mesmo neurologista, e ela também saiu de lá com um diagnóstico de Alzheimer. Falei para o Casey: "Vamos passar dois meses aqui, de outubro a dezembro". Mas rapidamente percebemos que teríamos que ficar mais tempo.
 
Os médicos disseram que pessoas com Alzheimer têm uma expectativa de vida média, entre o diagnóstico e a morte, de cinco a sete anos. Então, eu sabia que estaríamos nisso por um período longo, qualquer que fosse ele.
Agora, acordo entre seis, seis e meia da manhã todos os dias e dou remédio para meu pai.

Levo minha mãe para o banheiro. Tenho que levá-la a cada duas horas, senão é o que aconteceu hoje de manhã, não apenas um acidente grave, mas há sujeira por toda parte e tenho que lhe dar um banho.

 

Batalhas diárias

Faço o café da manhã deles. Ela toma remédios para diabetes, hipotireoidismo, pressão alta, convulsões e dois antipsicóticos, porque tem alucinações. Ela parou de engolir as pílulas de bom grado alguns anos atrás; então temos batalhas diárias. Agora nós as escondemos em pedaços de banana. Meu pai frequenta um programa para adultos com Alzheimer e demência. Cinco dias por semana, eles o pegam às 8h40 e ele volta entre uma e uma e meia da tarde.

Estou sempre procurando mais atividades para fazer com ele. Encontrei uma professora de voz e, uma vez por semana, ela toca piano e os dois cantam juntos velhas canções que ele guarda em sua memória profunda, como "All The Way" e "Some Enchanted Evening". Minha mãe não tem mais concentração para atividades. A maior parte do tempo ela consome caminhando, ou sentada olhando pela janela.

De noite, temos um sensor de movimento que, sempre que a porta do quarto deles abre – quando minha mãe precisa ir ao banheiro, ela vai para o corredor –, uma campainha toca em nosso quarto. Isso acontece umas seis vezes por noite, em média. Algumas noites parece que é a cada meia hora. Uma noite recente, meu pai estava muito confuso, acordou várias vezes e fiquei cansada e frustrada, com raiva e uma tristeza esmagadora. Fui lá e chorei abraçada a ele, implorando: "Por favor, volte a dormir". Ele não entendeu, mas me abraçou e chorou também, dizendo: "Desculpa. Vou melhorar. Vou melhorar".

Não sei como descrever esse sentimento, quando você sente que não conseguirá seguir adiante. E sei que, em comparação com outras pessoas nessa situação, tenho várias vantagens. O apoio do meu marido. Ajuda de cuidadores. Acabamos de receber uma espécie de bolsa da organização Hilarity for Clarity. Eles nos deram 25 horas de cuidados por semana por um ano. Também temos uma cuidadora de um programa do estado. Então, agora temos ajuda às segundas, quintas, sextas e nas manhãs de domingo. Mas a maioria dos cuidadores não consegue ligar com a minha mãe no banheiro ou dar banho nela, então frequentemente eles me ajudam. E quando tenho ajuda, corro de um lado para o outro tentando resolver as milhares de coisas necessárias para manter a casa. E também trabalho em casa meio-período.

 

Solidão

A maior parte do tempo que tenho para mim é gasta na academia. Também vou à terapia e à acupuntura duas vezes por mês. Essas são as coisas que faço para sobreviver. Mais do que qualquer coisa, a dor ou a perda que sinto vêm na forma de solidão. O isolamento. Eu não sei mais como me relacionar com pessoas da minha idade.

De vez em quanto, penso sobre o que deixei de lado. Eu e Casey decidimos não ter filhos, mas me sinto uma mãe para meus pais. Valorizo a incrível intimidade que compartilho com eles. Quando era adolescente, minha mãe era muito crítica; ela me ignorava por dias. Acho que se sentiu sobrecarregada com a maternidade.

Agora, esse papel que compartilhamos, mudou a dinâmica, a história de nosso relacionamento. Daqui a muitos anos, olhando para trás, vou me lembrar dos momentos de ternura que tive com ela, todos os dias. Houve um momento em maio de 2013 – estávamos aqui há dois anos e meio – quando pensamos em levar meus pais para uma casa de repouso. Iríamos começar com uma estadia curta e, se eles se adaptassem, se desse certo, venderíamos a casa.

Fizemos tudo o que foi possível – levamos sofás e móveis do quarto deles – para deixar o lugar mais parecido com uma casa. Mas não era a casa deles. Para meu pai, durou três dias. Ele começou a ter ataques de pânico, chegou a vomitar. Ele ainda estava bem o suficiente para nos ligar. Lembro-me de receber uma mensagem dele, chorando: "É o papai. Por favor, eu e a mamãe queremos voltar para casa". Todo mundo, inclusive seu médico, disse: "Você tem que deixá-lo lá; ele precisa se acostumar". Mas não consegui. Não julgo as pessoas que fazem isso, mas não consegui. Eles estão aqui há 40 anos. Tudo o que meu pai sempre quis foi sua casa. Quem eu seria, se o tirasse daqui?
(Paula Span - New York Times)

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

UM TAL DE ALZHEIMER

Resultado de imagem para declaração de amor - casal de idosos

"Foi quando já estava me preparando para a chegada da velhice que ouvi pela primeira vez falar do tal de Alzheimer. Já foi um trabalho danado aceitar o fato de que um dia precisamos ficar velhos. Agora, alguém chegar e dizer que, além de tudo, podemos nos esquecer de tudo? O competente doutor, que deu o nome à doença, podia ter ficado quietinho e deixar os velhinhos tranquilos. Imagino que ele quis que seus sucessores conseguissem, talvez, uma cura para o mal. Até agora, infelizmente, nada.

Por isso, estou pensando em combinar algo com minha amada. Que tal fazermos pequenos bilhetes dizendo “Eu te amo”, “Você me ama”, “Nós nos amamos”? Pendurá-los em lugares estratégicos da casa, para incitar nosso cérebro, no caso da vil enfermidade nos atacar? Espalhar por todo canto, lindas fotos dos dias maravilhosos que passamos juntos? Fotos dos nossos amados, da família? Quem sabe “cutucar” os dorminhocos neurônios para que eles liberem as lindas memórias? O fato é que não suporto a ideia de olhar para uma pessoa que amo e não conhecê-la.

Não sei não se isso vai funcionar. Parece que as sinapses de nossa cabeça entram numa espécie de “curto” e tudo se apaga. Eu nunca fui bom em eletricidade, isto vai ser um problema. Se for mesmo, como dizem, um “branco” memorável (que ironia: memorável), um enorme vazio, que poderemos fazer?

Talvez eu possa, dentro dessa bolha de esquecimento, criar novas memórias. A partir de um sorriso de minha amada. Quem sabe, ela também se lembre de meu primeiro beijo? Ou se mesmo isso não for possível, talvez comecemos do zero. Quem impedirá nossos espíritos de, novamente, se apaixonarem? Eles certamente não têm sinapses ou eletricidade. Funcionam à base de um plasma divino, metafísico, que o grande médico ainda não conhecia. É isso que eu espero, antes de não mais poder nem mesmo esperar..."
http://cronicasamericanas-englishlinks.blogspot.com.br/

ALZHEIMER NÃO É UMA PIADA, MAS PODE SER POESIA DE VIDA

Foto da primeira mulher diagnosticada pelo médico que deu o nome à doença, Alzheimer. É uma foto cuja descrição não atingirá a força de sua gravidade e sofrimento, feita há mais de um século, da Sra. August D.; onde uma mulher de aparência depressiva e decadente, com olhar esvaziado como a sua mente e memória, vestindo uma provável roupa uniforme do Sanatório Municipal para Dementes e Epilépticos de Frankfurt, na Alemanha. É uma foto em cores  com uma mulher olhando para baixo, com as mãos entrelaçadas próximas do corpo, que se curva como as rugas que se pronunciam em sua fronte, anunciando um envelhecimento precoce e intensivo que lhe rouba toda vitalidade.



Maravilha-te, memória! (Fernando Pessoa)

"Maravilha-te, memória!
Lembras o que nunca foi,
E a perda daquela história
Mais que uma perda me dói"

Os tempos anunciam a permanência/crença dos preconceitos. Começamos, recentemente, com a Casa dos Autistas que a mídia televisada grotescamente nos obriga ainda protestar, culminando com as piadas homofóbicas ou racistas.

A hora da demolição dos preconceitos e das intolerâncias já foi anunciada. Não bastará o que chamam de politicamente correto. É o tempo de uma nova e construtiva seriedade ética, com respeito às diferenças e aos diferentes modos de ser, estar, viver, adoecer e morrer.

Por esse tempo é que me incomoda quando me dizem a frase: olha o Alemão está chegando?!, uma triste piada, já banalizada, nos diferentes meios para falar sobre Alzheimer. A vox populi já a naturalizou como uma ameaça da perda de memória. Uma perda a que, todos e todas, estamos submetidos, tanto as memórias coletivas como as individuais. Uma perda que é só um dos sintomas que anunciam uma doença devastadora.

Esta é uma referência a Alois Alzheimer (1864-1915) o médico que apresentou o primeiro caso desta demência. Ele descreveu o caso de uma paciente: a Sra August D.. No Congresso de 1906 Alzheimer apresentou sua conferência onde o definiu como “uma patologia neurológica, não reconhecida, que cursa com demência, destacando os sintomas de déficit de memória, de alterações de comportamento e de incapacidade para as atividades rotineiras".

E, apesar do século já vivenciado, esta continua sendo a descrição do ''Mal de Alzheimer''. Esta tão temida doença neurológica que ainda intriga e desafia todos os pesquisadores e neurocientistas.

O que então nos faz fazer piada de uma doença com tão devastadores sintomas e degradação de um ser humano? Não sei a melhor resposta. Mas há uma possível implicação de nossas posturas psíquicas e históricas diante do sofrimento do Outro. Na maioria das vezes, por mecanismos de defesa, a moda de Freud, projetamos nos nossos semelhantes as nossas mais temidas fragilidades.

A memória perdida é um dos nossos mais temidos fantasmas. Eu pessoalmente os conheço desde a década de 80 quando confirmei o diagnóstico de minha própria mãe. Como muitos familiares e cuidadores conheci sua dura realidade.

Quem já vivenciou ou vivencia o convívio com as perdas que a doença produz pode avaliar por que digo que me incomodam, epidérmica e profundamente, as piadas que temos de ouvir. Não sei da dor ou dos temores de outrem. Sei apenas que me causam um mal-estar e uma sensação de revolta, mas, principalmente, me refazem o temor dos que reconhecem na doença seu potencial de hereditariedade.

Aí me coloco na pele de quem não reconhece nem mesmo os que mais ama ou respeita. É quando alimento, como muitos, o desejo de uma possível solução ou cura, para além dos tratamentos atuais, que criem um horizonte, um futuro possível.

Uma matéria recente nos fala de uma região, em Medellin, Colômbia, onde os descendentes de um casal espanhol, emigrado no século XVIII, tem mais de cinco mil casos da doença. Segundo a reportagem: "Não se conhecem as identidades do homem e da mulher, mas o clã que fundaram apresenta uma peculiaridade genética: uma alteração no primeiro gene do cromossomo 14".

Aos que passam por temores por parentesco com a Doença de Alzheimer digo que esta é uma oportunidade de uma pesquisa sobre os fatores genéticos, hereditários, ambientais e sociais que podem ser desencadeadores ou as gêneses combinadas para o surgimento precoce de sintomas demenciais.

O que tem me feito bem ao meu coração "escrevinhador" é a possibilidade de que em um prazo de alguns anos as pesquisas trarão muitas descobertas no campo das demências. Digo no plural pois são muitas as situações de demências ou doenças neurológicas graves que as ocasionam. O que mais conhecemos e falamos ainda é o quadro que, preconceituosamente, ainda é tratado, em especial nas mídias, como um Mal. Um mal que confirma a visão preconceituosa de temerosa criada em seu histórico secular.

Nesse momento é que convido à reflexão sobre a banalização do termo ''Alzheimer". Quando um grupo de cidadãos colombianos pode vir a ser transformado, mesmo que voluntariamente, em objeto de pesquisa científica é hora de muita seriedade e pouquíssimas piadas.

É hora de reflexão sobre o que entendemos como consentimento livre e informado, e sobre o uso do corpo humano, dos Outros, em pesquisas científicas. Mesmo que estas possam significar um suposto avanço contra o que vem sendo chamado de ''mal dos séculos'', mesmo que isso alimente as minhas esperanças mais íntimas...

Piadas nos fazem rir, desde tempos imemoriais, mas também podem nos fazer chorar. E uma vez que você traga dentro de si uma chaga ou temor o riso de outros pode ser apenas estímulo para que sua ''memória'' ative alguma tristeza ou afeto. E, olhando para o futuro, o que sente um colombiano que poderá ter todas as suas memórias apagadas? Ele não sabe se tomou a medicação para preservá-las ou uma pílula placebo de açúcar que terá um gosto amargo de esquecimento depois.

Convido a quem gosta de falar no Dr. Alois Alzheimer, cuja alcunha hoje é o ''alemão'', que reflita sobre este ponto de vista ético antes de repetir, reproduzir e naturalizar a sua chegada a quem se queixa de esquecer as senhas do banco ou os compromissos e datas importantes. Convido para que assistam os filmes e documentários que estão sendo indicados, que possam se sensibilizar e reposicionar sobre o assunto.

Está na hora de revermos nossos preconceitos temerosos com o Dr. Alois. Um bom exercício é lembrar a universalidade da doença. Ela atinge desde uma sul-coreana, como no filme Poesia, até um homem catalão, Pasqual Maragall, que nos impressiona no documentário "Bicicleta, cuchara e manzana". Depois disso poderemos dizer que Alzheimer não é uma piada, mas pode vir a ser um redescoberta poética de nossas finitudes.

O meu apelo é na direção da sensibilidade. As mesmas sensibilidades que me inspiram os filmes de Chaplin. O sorrisos que me produziu, e ainda produzirá, são respeitosos com as denúncias que o ator-cineasta aponta nas tragicomédias que encantaram o mundo. O que sentiria Carlitos caso tivesse de representar, para além de um vagabundo, um homem que perdesse, progressivamente, todas suas preciosas memórias?

Talvez ele nos inspirasse a reconhecer o Grande Irmão (1984) ou o Grande Ditador como uma criação coletiva de todos nós. E nos faria sorrir ou chorar, sem ridicularizar, com o infindo, heterogêneo e múltiplo da condição mortal e frágil dessa "coisa" e Vida Nua chamada Ser Humano...

Vamos nos olhar/escutar/afetar, bio-eticamente, nos nossos próprios olhos/ouvidos/afetos? Como será nos encarar nos nossos espelhos antes de contarmos a próxima piada sobre negros, judeus, homossexuais, mulheres, estrangeiros, loucos, e, principalmente, sobre quem vivencia a doença de Alzheimer?
Não se esqueça(m) de lembrar!
(copyriht jorgemarciopereiradeandrade 2011-2012)