No final do ano passado o psiquiatra e psicanalista Robert Waldinger,
professor da área de psiquiatria na Universidade de Medicina de
Harvard, nos Estados Unidos, e diretor do estudo sobre felicidade mais
longo da história, apresentou uma palestra no TED contando o que foi
descoberto ao longo desses 75 anos de pesquisas (isso mesmo, 75 anos de
estudos), realizadas pela Universidade Harvard. O trabalho acompanhou,
ano após ano, a vida de 724 homens de diferentes idades, classes sociais
e interesses. A pergunta que o doutor Robert levanta na palestra é: “O
que realmente mantém as pessoas saudáveis e felizes?”.
Opa, quem nunca quis saber sobre essa ‘pílula mágica’?
Robert Waldinger cita uma entrevista recente com alguns jovens da
geração millenium (nascidos entre os anos 1980 e 1990), em que foram
questionados sobre quais eram seus principais objetivos de vida. Oitenta
por cento responderam que era enriquecer, sendo que cerca de 50% deles
disseram que desejavam ser famosos.
No decorrer do estudo de Harvard, entretanto, o que se descobriu foi
bem diferente: as boas relações que temos na vida é que nos mantêm mais
felizes e saudáveis. Abaixo, um pouco mais do que ele explica na
palestra:
“Aprendemos 3 grandes lições sobre as relações:
1) Relações sociais são muito importantes e a solidão mata.Pessoas
que têm mais ligações sociais com família, amigos e comunidade são mais
felizes, fisicamente mais saudáveis e vivem mais tempo do que quem
possui menos relações. A experiência da solidão pode ser tóxica. As
pessoas mais isoladas descobrem que são menos felizes, a saúde piora
mais depressa quando atinge a meia-idade, o funcionamento cerebral decai
e elas acabam vivendo menos tempo do que aquelas que não se sentem
sozinhas. Um fato sério: mais de 20% dos norte-americanos dizem se
sentir sós.
2) Não se trata do número de amigos que temos nem de
estar ou não em um relacionamento amoroso. O que conta é a qualidade das
nossas relações. Viver no meio de desavenças é muito prejudicial para a
saúde. Casamentos conflituosos, por exemplo, sem afeto, revelam-se
nocivos, pior talvez do que um divórcio. Viver entre relacionamentos
calorosos é protetor, acolhedor. O que determina se as pessoas se sentem
saudáveis aos 80 anos não é o nível de colesterol no sangue, mas a
qualidade dos seus relacionamentos, se elas estão satisfeitas com eles.
3) Boas relações não protegem apenas o corpo, mas também
o cérebro. Estar em um relacionamento seguro e bem estabelecido,
sabendo que pode contar com o parceiro, preserva a memória. Quem não tem
esse tipo de conexão experimenta o declínio de memória mais
precocemente”.
Robert menciona, ainda, que nem todas as relações são fáceis, como um
mar de rosas. Mas é importante saber que se pode contar com a pessoa ao
seu lado nos momentos difíceis. Casais podem brigar dia após dia, mas
ter a certeza e a segurança de que podem contar um com o outro os mantém
saudáveis. Aqueles que se sentem inseguros em relação ao parceiro, por
outro lado, têm a saúde prejudicada.
Ele terminou a palestra com a seguinte frase de Mark Twain: “Não há
tempo, tão breve é a vida, para discussões, desculpas, amarguras,
prestação de contas. Só há tempo para amar e mesmo para isso é só um
instante”.
A conclusão: uma vida boa se constrói com bons relacionamentos. Por
isso, valorizem seus parentes, amigos e outras relações pessoais, mesmo
que, às vezes, elas saiam do compasso e possam dar um certo trabalho.
São elas que nos mantêm vivos, felizes e saudáveis. Para mim, cada vez
mais, a ideia de comunidade e relações interpessoais é extremamente
importante para a saúde, a sociedade e o mundo. Afinal, estamos todos
conectados, somos todos um. Então, se joguem nos beijos e abraços.
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