sábado, 29 de novembro de 2014

AS CORES DO CREPÚSCULO : A ESTÉTICA DO ENVELHECER - (LIVRO)

Capa 

Neste livro Rubem Alves fala da velhice comparando-a ao crepúsculo. Segundo ele, a velhice é bela como a tarde imóvel

“Por oposição aos gerontologistas, que analisam a velhice como um processo biológico, eu estou interessado na velhice como um acontecimento estético. A velhice tem a sua beleza, que é a beleza do crepúsculo. A juventude eterna, que é o padrão estético dominante em nossa sociedade, pertence à estética das manhãs. As manhãs tem uma beleza única, que lhes é própria.

Mas o crepúsculo tem um outro tipo de beleza, totalmente diferente da beleza das manhãs. A beleza do crepúsculo é tranquila, silenciosa – talvez solitária. No crepúsculo tomamos consciência do tempo. Nas manhãs o céu é como um mar azul, imóvel.

No crepúsculo as cores se põem em movimento: o azul vira verde, o verde vira amarelo, a amarelo vira abóbora, o abóbora vira vermelho, o vermelho vira roxo – tudo rapidamente.

Ao sentir a passagem do tempo nós percebemos que é preciso viver o momento intensamente.Tempus fugit – o tempo foge – portanto,carpe diem – colha o dia. No crepúsculo sabemos que a noite está chegando.

Na velhice sabemos que a morte está chegando. E isso nos torna mais sábios e nos faz degustar cada momento como uma alegria única. Quem sabe que está vivendo a despedida olha para a vida com olhos mais ternos...”
(Rubem Alves)

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