
A doença de Alzheimer provoca
várias alterações no comportamento e personalidade da pessoa, pois com o
progredir da doença aumenta o número de morte neuronal e com isto diminuem as
capacidades cerebrais. Tais alterações afetarão o comportamento do doente.
Poderá, assim, notar que a pessoa a seu cuidado terá dias bons e dias maus.
 É
comum estes doentes:
    • Ficarem facilmente
irritados, preocupados ou zangados;
    • Permanecerem
deprimidos ou perderem o interesse nas coisas;
    • Esconderem
coisas ou acreditarem que outros lhe escondem coisas;
    • Imaginarem
coisas que não existem;
    • Vaguearem;
    • Ficarem mais
agitados;
    • Desenvolverem comportamentos
sexuais anormais;
    • Agredirem
pessoas com que se relacionam;
    • Incapacidade de compreender
o que vêm ou ouvem.
Também é possível que o doente
deixe de se preocupar com a sua aparência, de querer tomar banho, ou querer
vestir a mesma roupa todos os dias. É no entanto importante
distinguir se estas alterações são provocadas pela própria doença ou problemas
associados (diminuição da acuidade auditiva ou visual, medicamentos, fadiga).
Se for incapaz de identificar a causa de uma alteração consulte o seu médico.
Adicionalmente às alterações cerebrais, certas situações
também podem influenciar a maneira como o doente se comporta :
Alterações de sentimentos:
- Tristeza, medo, ou sentimento de opressão;
- Stress, causado por alguma coisa ou por alguém;
- Confusão perante alterações das rotinas, nomeadamente
viagens;
- ansiedade em deslocações.
Problemas de saúde:
- Doenças ou dores;
- Novas medicações;
- Falta de sono;
- Infecções, obstipação, fome, ou sede;
- Redução de visão e audição;
- Abuso de álcool;
- Excesso de cafeína.
Problemas no ambiente que o rodeia:
- Estar num local desconhecido;
- Ruídos e sons perturbadores;
- Alterações nas texturas de pavimentos;
- Má interpretação de sinais;
- Espelhos, uma vez que levam por vezes a que o doente pense
que o seu reflexo é uma pessoa estranha.
Como pode lidar com estas alterações…
    • Simplificar!
Perguntar ou dizer uma coisa de cada vez;
    • Criar uma rotina
diária;
    • Relembrar o
doente que está sempre presente para ajudar;
   • Focar nos sentimentos que o doente
demonstra, dizendo, por exemplo, “Pareces preocupado”;
   • Não discutir com o doente nem mostrar
raiva; se necessário sair da divisão durante alguns minutos e respirar fundo;
    • Usar humor
sempre que possível;
    • Usar distrações,
como música ou televisão;
    • Partilhar atividades,
como caminhar e pequenos trabalhos domésticos 
Alterações do sono
Muitos dos doentes de Alzheimer
tornam-se facilmente irritáveis e inquietos à noite. Tornando-se assim
complicado convencer a pessoa a deitar-se e a ficar na cama.
O que pode ajudar…
    • Exercício
diário;
    • Limitar as
sestas;
    • Limitar a quantidade
de luzes acesas à noite;
    • Limitar a
ingestão de cafeína;
    • Criar um
ambiente noturno calmo e relaxante;
    • Criar uma
rotina: ir para a cama sempre à mesma hora e, por exemplo, ler um capítulo de
um livro antes de dormir. 
Alucinações e ilusões
Com a progressão da doença a
pessoa pode desenvolver alucinações. Durante uma alucinação, a pessoa pode ver,
ouvir, cheirar, saborear ou sentir algo que não está presente nem é real. Por
exemplo, o doente pode experienciar a visita de um ente já falecido.
Adicionalmente podem experienciar ilusões que consistem em falsas crenças e que
o doente pensa serem reais. Por exemplo, o doente pode pensar que a sua
esposa/marido está apaixonada(o) por outra pessoa.
O que pode ser feito...
    • Alertar o médico
da ocorrência de alucinações e/ou ilusões, uma vez que estes eventos podem ser
provocados por certos medicamentos;
    • Evitar discutir
com o doente acerca do que é real ou não;
    • Confortar o
doente sempre que demonstre medo do que vê ou sente;
    • Usar distrações,
como mudar de divisão ou sair para uma caminhada;
    • Mudar de canal
quando surgirem cenas de violência na televisão, já que a pessoa pode pensar
que tais acontecimentos estão mesmo a ocorrer na sua casa. 
Paranóia
A paranóia é um tipo específico de ilusão na qual o doente,
sem razão aparente, acredita que todas as pessoas à sua volta são más e
injustas para com ele.
Como lidar com a paranóia...
    • Tentar não
reagir quando o doente o acusa de algo;
    • Não discutir com
o doente;
    • Convencer o
doente de que está seguro;
   • Demonstrar
afeto para com o doente de forma a mostrar que se preocupa;
    • Se necessário,
explicar a quem o rodeia que o doente está a agir dessa forma porque tem doença
de Alzheimer;
    • Ter sempre
duplicados de chaves ou óculos no caso de se perderem. 
Agitação e agressividade
Se um doente de Alzheimer estiver agitado é possível que se
torne agressivo para aqueles que o rodeiam, tanto verbal como fisicamente. Na
maioria das vezes, estes comportamentos ocorrem por uma razão:
    • Dor;
    • Depressão;
    • Stress;
    • Falta de
descanso;
    • Obstipação;
    • Fralda (ou roupa
interior) suja;
    • Alteração brusca
de uma rotina;
    • Sentimentos de
perda, como a inaptidão para conduzir;
    • Sentimentos de
solidão;
    • Barulho
excessivo ou muitas pessoas no mesmo espaço;
    • Ser forçado a
fazer algo;
    • Interação entre
medicamentos.
Como proceder de forma a controlar a agitação ou
agressividade…
    • Estar atento a
sinais precoces de agitação ou agressividade para poder resolver a situação
antes dos problemas começarem;
    • Não ignorar o
problema, uma vez que pode piorar o comportamento;
    • Tentar acalmar-se
se julgar que as suas preocupações estão a afectar a pessoa;
    • Permitir que o
doente tenha tanto controle quanto possível da sua própria vida;
    • Tentar distrair
a pessoa com a sua atividade ou objeto preferido;
   • Demonstrar
empatia com o doente, assegurando-se que ele se sente compreendido;
    • Limitar o
barulho, a desarrumação ou o número de pessoas na casa;
    • Limitar a ingestão
de cafeína, açúcar e doces;
    • Se a pessoa
gostar, pôr música calma;
    • Sugerir uma
caminhada ou leitura. 
Deambulação
Vários doentes de Alzheimer afastam-se de casa e do seu
cuidador. Assim é importante limitar a deambulação e prevenir que o doente se
perca. Isto irá manter o doente seguro e a sua consciência tranquila.
O que pode fazer…
    • Assegurar-se que
o doente possui identificação ou uma pulseira médica que indique que este tem
doença de Alzheimer e a respectiva morada;
    • Alertar os
vizinhos e autoridades para o facto de o doente ter tendência para deambular;
    • Ter sempre uma
foto ou vídeo atualizado do doente para ajudar a polícia caso este se perca;
    • Manter as portas trancadas;
    • Instalar um
sinal sonoro que toque sempre que as portas exteriores de casa forem abertas. 
Remexer e ocultar objetos
Os doentes de Alzheimer podem desenvolver a necessidade de
vasculhar armários, gavetas, cômodas e outros locais onde são guardados
objetos. A este comportamento é normal encontrar-se associado um outro, o de
esconder objetos. Em alguns casos pode haver explicação para estes
comportamentos. Por exemplo, o doente pode estar à procura de algo específico
mas não conseguir expressar o quê, pode estar com fome, ou aborrecido. O ideal
é tentar perceber o que provocou o comportamento, para adequar a resposta à
causa.
Como evitar ou resolver estas situações…
    • Remover do
frigorífico ou da dispensa todos os alimentos fora do prazo;
    • Guardar fora do
alcance do doente, objetos importantes ou valiosos;
  • Instalar uma
caixa de correio com fechadura, para evitar que a correspondência desapareça;
    • Não permitir que
o doente arrume os quartos  sem supervisão;
    • Procurar os
esconderijos da pessoa e visitá-los frequentemente, mas não deixar que ele o
veja a fazê-lo;
    • Manter os baldes
do lixo fora do alcance do doente, uma vez que elas podem esquecer o seu
propósito e vasculhá-los;
    • Verificar todo o
lixo antes de ser esvaziado, já que pode ter sido utilizado como esconderijo;
    • Criar um espaço
dedicado para o doente vasculhar, como por exemplo, uma cômoda com várias
gavetas. 
 
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