Diariamente, deparamo-nos com
discursos acerca da velhice e do comportamento dos idosos que nos fazem
refletir sobre a mentalidade da sociedade ocidental. Geralmente, os meios de
comunicação, que muitas vezes, ditam as novas formas de se viver, ridicularizam
o papel do idoso na família, colocando-o como alguém ultrapassado, fazendo com
que haja um inversão de valores. Piadas como: “quem gosta de velho é fundo de
rede” e “quem vive de passado é museu” são manifestações simbólicas de repúdio
à velhice. A representação da velhice como um processo contínuo de perdas,
usualmente, é percebida no fato de que os idosos se tornam relegados a uma
situação de abandono, de rejeição, de ausência de papéis sociais, etc. Assim,
muitas pessoas não se sentem mais livres, por viverem sua condição de idosos,
sentem-se incapazes.
Algumas pessoas, ao chegarem à
terceira idade, sofrem mudanças radicais em sua rotina, no âmbito familiar,
social, trabalhista, entre outras áreas. Após o idoso refletir sobre sua nova
rotina, principalmente depois da aposentadoria, muitas vezes, não encontra
sentido para a sua existência, pois vive em uma sociedade marcada pelo
pragmatismo. Porém, pode superar esse vazio e esse estigma social por meio de
suas atitudes e ações que possibilitem um valor vivencial libertador, uma
experiência auto-distanciadora. De acordo com a antropologia proposta por
Viktor Frankl, pai da Logoterapia (abordagem da Psicologia centrada na busca do
sentido da vida), o ser humano preenche o seu sentido da vida ao ajudar,
cuidar, sentir amor e ser amado. Assim, as suas vivências e experiências
colaboram para alcançar a liberdade. Liberdade esta que não é só o direito de
“fazer o que quiser”, mas de ser responsável pelas próprias escolhas, senão
pode tornar-se mera arbitrariedade.
A noção de pessoa compreende o
pleno uso da reflexão, a maturidade e o poder de escolha. Então, se dizemos que
o idoso não tem liberdade e escolhemos por ele, estamos destituindo-lhe da
condição de ser humano. Deste modo, a existência só pode ser plenamente
vivenciada quando há escolhas e responsabilidades.
Assim, Frankl afirma a capacidade
do homem de resistir ao pan-determinismo, quando diz: “O ser humano não é
completamente condicionado e determinado; ele mesmo determina se cede aos
condicionantes ou se lhes resiste”. A Logoterapia entende que todos têm liberdade,
mas podem desistir voluntariamente por não terem consciência dessa liberdade.
Portanto, a pessoa idosa também
vive essa dimensão de liberdade e precisamos conhecê-las melhor, pois o que os
idosos já fizeram em toda sua plenitude de vida passada, ninguém pode roubar.
Os idosos contemplam melhor o que o tempo eterniza.
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