Cuidar de um doente de Alzheimer
é uma tarefa difícil, que requer tempo e energia, e que muitas vezes recai
sobre o familiar mais próximo. É assim uma responsabilidade que pode ter um
enorme desgaste emocional e físico, especialmente se adicionado à angústia de
ver alguém muito querido a perder as suas capacidades.
Enquanto que por um lado pode ser
uma experiência muito recompensadora, por outro pode ser muito stressante e
exigente. Novos desafios surgem à medida que o cuidador vai lidando com as
alterações nas capacidades do doente e com novos padrões de comportamentos. Por
exemplo, atividades básicas do dia-a-dia, como vestir, tomar banho e comer,
tornam-se difíceis de gerir tanto para o doente como para o seu cuidador.
Organizar e planear o dia-a-dia pode ajudar os cuidadores a lidarem com a
situação.
O grande desafio do cuidador é
desenvolver um ambiente capacitador, que suporte as rotinas de cuidados
primários e minimize as perturbações do comportamento. Assim, é preciso
reconhecer a importância e influência do cuidador na evolução da doença,
particularmente na frequência e gravidade dos problemas comportamentais e
deterioração das capacidades funcionais.
Os cuidadores podem então sentir
uma diversidade enorme de emoções em resposta à doença, que são normais, mas
podem conduzir a elevados níveis de stress. Estes têm assim um risco acrescido
para desenvolver depressões e outras doenças, principalmente se não receberem
apoio adequado por parte da família, amigos e até da própria comunidade. Por
este fato, muitas vezes os cuidadores são referidos como sendo doentes secundários
da doença de Alzheimer.
Conhecer e reconhecer os sinais
de stress no cuidador tanto por parte deste, como de familiares e amigos é o primeiro
passo para começar a tomar medidas, uma vez que um cuidador que está a
atravessar por estes sintomas não consegue prestar os cuidados adequados ao
doente. Ou seja, se o cuidador estiver a sentir alguns dos seguintes sintomas
de stress deve procurar o bem estar tanto para seu próprio benefício como para
o do doente ao seu cuidado.
Sinais de stress no cuidador:
Negação no que diz respeito à
doença e aos seus efeitos no doente;
Raiva para com o doente, de si
mesmo e até dos outros;
Isolamento - não quer mais
estar com os amigos ou participar em atividades que antes apreciava;
Ansiedade em encarar cada dia e
no que diz respeito ao futuro;
Depressão - sentir-se triste e
sem esperança a maioria do tempo;
Exaustão - sentir-se sempre
cansado e sem energias para enfrentar as tarefas do dia-a-dia.
Insonia - acordar a meio da
noite, ter pesadelos, etc.
Reações emocionais, como por
exemplo, chorar por questões mínimas ou estar sempre irritado;
Falta de concentração e
dificuldade em acabar tarefas mais complexas;
Problemas de saúde como perder
ou ganhar peso, ficar mais sujeito a gripes, etc.
Tomar algumas atitudes e levar a
cabo algumas ações podem aliviar um pouco o cuidador de forma a prevenir estas
situações frequentes de stress. Cuidar de si próprio é um dos aspectos mais
importantes para conseguir desempenhar eficientemente o seu papel!
É normal que o cuidador se sinta
culpado por não poder fazer mais pelo doente, mas deve ter sempre em mente que
os cuidados que presta ao doente fazem a diferença e que acima de tudo está a
dar o seu melhor.
Quando já não conseguir mesmo lidar com a situação é
provavelmente altura de ponderar a hipótese de recorrer a serviços de apoio ao
domicílio, a centros de dia ou até mesmo à institucionalização do doente, tanto
para o bem-estar do cuidador como do doente.
Atitudes a tomar que podem ajudar
a reduzir o stress do cuidador:
- Apreender mais sobre a Doença
de Alzheimer e tornar-se num cuidador informado:quanto mais souber sobre a doença, como esta afeta o
doente, e estratégias para cuidar destes, mais preparado vai estar para compreender
o doente e para enfrentar o seu dia-a-dia. Assim também vai conseguir ser mais
realista quanto à doença de forma a ajustar as suas expectativas relativamente
à evolução do doente.
- Ser realista: quanto a si próprio e reconhecer as suas
limitações como cuidador;
- Aceitar os seus sentimentos: o
cuidador pode sofrer um misto de sentimentos no seu dia-a-dia e que podem ser
confusos, mas é importante não esquecer que são reacções normais e que está a
dar o seu melhor nos cuidados ao doente.
- Partilhar informações e sentimentos
com familiares e amigos : se partilhar as informações acerca da doença bem como
os seus sentimentos com familiares e amigos, contribuirá para uma maior
compreensão por partes destes o que lhes permitirá prestar o apoio que tanto
precisa.
- Ser positivo e manter o humor
sempre que possível : pensar no que pode
fazer para ajudar o doente em vez de pensar no que não pode fazer, vai alterar
a sua atitude no dia-a-dia.
- Cuidar de si próprio : a saúde
do cuidador é um aspecto importante! Assim é essencial fazer uma alimentação
saudável, praticar exercício físico regularmente, relaxar, tirar algum tempo
para si todos os dias, estar com os amigos, manter os seus interesses e hobbies
e visitar regularmente o seu médico.
Procurar ajuda : por vezes pode
ser difícil pedir e aceitar ajuda, por pensarem que devem ser capazes de fazer
tudo sozinhos. Contudo é importante saber que não precisa de fazer tudo e que
pedir apoio não é um sinal de não ser um cuidador dedicado. Pode pedir apoio
aos familiares e amigos, procurar apoio junto de profissionais ou até juntar-se
a um grupo de apoio a cuidadores de doentes de Alzheimer (ver “Grupos de Apoio
a Cuidadores de Doentes de Alzheimer”) onde pode partilhar os seus pensamentos
e sentimentos. http://cuidadores-alzheimer.web.ua.pt/
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