sábado, 16 de novembro de 2013

CUIDADORES


Cuidar de um doente de Alzheimer é uma tarefa difícil, que requer tempo e energia, e que muitas vezes recai sobre o familiar mais próximo. É assim uma responsabilidade que pode ter um enorme desgaste emocional e físico, especialmente se adicionado à angústia de ver alguém muito querido a perder as suas capacidades.

Enquanto que por um lado pode ser uma experiência muito recompensadora, por outro pode ser muito stressante e exigente. Novos desafios surgem à medida que o cuidador vai lidando com as alterações nas capacidades do doente e com novos padrões de comportamentos. Por exemplo, atividades básicas do dia-a-dia, como vestir, tomar banho e comer, tornam-se difíceis de gerir tanto para o doente como para o seu cuidador. Organizar e planear o dia-a-dia pode ajudar os cuidadores a lidarem com a situação.

O grande desafio do cuidador é desenvolver um ambiente capacitador, que suporte as rotinas de cuidados primários e minimize as perturbações do comportamento. Assim, é preciso reconhecer a importância e influência do cuidador na evolução da doença, particularmente na frequência e gravidade dos problemas comportamentais e deterioração das capacidades funcionais.

Os cuidadores podem então sentir uma diversidade enorme de emoções em resposta à doença, que são normais, mas podem conduzir a elevados níveis de stress. Estes têm assim um risco acrescido para desenvolver depressões e outras doenças, principalmente se não receberem apoio adequado por parte da família, amigos e até da própria comunidade. Por este fato, muitas vezes os cuidadores são referidos como sendo doentes secundários da doença de Alzheimer.

Conhecer e reconhecer os sinais de stress no cuidador tanto por parte deste, como de familiares e amigos é o primeiro passo para começar a tomar medidas, uma vez que um cuidador que está a atravessar por estes sintomas não consegue prestar os cuidados adequados ao doente. Ou seja, se o cuidador estiver a sentir alguns dos seguintes sintomas de stress deve procurar o bem estar tanto para seu próprio benefício como para o do doente ao seu cuidado.

Sinais de stress no cuidador:
Negação no que diz respeito à doença e aos seus efeitos no doente;
Raiva para com o doente, de si mesmo e até dos outros;
Isolamento - não quer mais estar com os amigos ou participar em atividades que antes apreciava;
Ansiedade em encarar cada dia e no que diz respeito ao futuro;
Depressão - sentir-se triste e sem esperança a maioria do tempo;
Exaustão - sentir-se sempre cansado e sem energias para enfrentar as tarefas do dia-a-dia.
Insonia - acordar a meio da noite, ter pesadelos, etc.
Reações emocionais, como por exemplo, chorar por questões mínimas ou estar sempre irritado;
Falta de concentração e dificuldade em acabar tarefas mais complexas;
Problemas de saúde como perder ou ganhar peso, ficar mais sujeito a gripes, etc.

Tomar algumas atitudes e levar a cabo algumas ações podem aliviar um pouco o cuidador de forma a prevenir estas situações frequentes de stress. Cuidar de si próprio é um dos aspectos mais importantes para conseguir desempenhar eficientemente o seu papel!

É normal que o cuidador se sinta culpado por não poder fazer mais pelo doente, mas deve ter sempre em mente que os cuidados que presta ao doente fazem a diferença e que acima de tudo está a dar o seu melhor. 

Quando já não conseguir mesmo lidar com a situação é provavelmente altura de ponderar a hipótese de recorrer a serviços de apoio ao domicílio, a centros de dia ou até mesmo à institucionalização do doente, tanto para o bem-estar do cuidador como do doente.

Atitudes a tomar que podem ajudar a reduzir o stress do cuidador:
- Apreender mais sobre a Doença de Alzheimer e tornar-se num cuidador informado:quanto mais souber sobre a doença, como esta afeta o doente, e estratégias para cuidar destes, mais preparado vai estar para compreender o doente e para enfrentar o seu dia-a-dia. Assim também vai conseguir ser mais realista quanto à doença de forma a ajustar as suas expectativas relativamente à evolução do doente.
- Ser realista:  quanto a si próprio e reconhecer as suas limitações como cuidador;
- Aceitar os seus sentimentos: o cuidador pode sofrer um misto de sentimentos no seu dia-a-dia e que podem ser confusos, mas é importante não esquecer que são reacções normais e que está a dar o seu melhor nos cuidados ao doente.
- Partilhar informações e sentimentos com familiares e amigos : se partilhar as informações acerca da doença bem como os seus sentimentos com familiares e amigos, contribuirá para uma maior compreensão por partes destes o que lhes permitirá prestar o apoio que tanto precisa.
- Ser positivo e manter o humor sempre que possível :  pensar no que pode fazer para ajudar o doente em vez de pensar no que não pode fazer, vai alterar a sua atitude no dia-a-dia.
- Cuidar de si próprio : a saúde do cuidador é um aspecto importante! Assim é essencial fazer uma alimentação saudável, praticar exercício físico regularmente, relaxar, tirar algum tempo para si todos os dias, estar com os amigos, manter os seus interesses e hobbies e visitar regularmente o seu médico.
Procurar ajuda : por vezes pode ser difícil pedir e aceitar ajuda, por pensarem que devem ser capazes de fazer tudo sozinhos. Contudo é importante saber que não precisa de fazer tudo e que pedir apoio não é um sinal de não ser um cuidador dedicado. Pode pedir apoio aos familiares e amigos, procurar apoio junto de profissionais ou até juntar-se a um grupo de apoio a cuidadores de doentes de Alzheimer (ver “Grupos de Apoio a Cuidadores de Doentes de Alzheimer”) onde pode partilhar os seus pensamentos e sentimentos. http://cuidadores-alzheimer.web.ua.pt/

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