sábado, 21 de fevereiro de 2015

MEMÓRIA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE



  

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.


Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.


As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.


Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.


Esses são versos do poema Memória, de Carlos Drummond de Andrade. Com a devida licença poética, podem ser referência para a Doença de Alzheimer. Gente que gradativamente perde a memória. Com a destruição dos neurônios, apagam-se lembranças e referências. O perto fica longe. O próximo, distante. O que era caseiro, doméstico e familiar é esquecido, apagado, devastado. O paciente não sabe quem é, onde mora, desconhece aqueles que o rodeiam. Parece perder tudo. Menos o sentido do carinho que recebe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário