Quando temos que preservar as nossas memórias,
podemos ser os nossos piores inimigos. Os tipos de vida que levamos
muitas vezes sabotam o processo complexo de criar e recuperar
memórias. E podem aumentar as hipóteses de desenvolvermos doenças
- incluindo a de Alzheimer - que destroem ainda mais os mecanismos de
memória do cérebro. Aqui estão os fatores que, afirma a ciência,
colocam os maiores riscos para as nossas memórias. Conhecê-los,
afirma o doutor Gary Small, neurologista da Universidade da
Califórnia em Los Angeles, poderá permitir-nos "agir bem cedo,
e assim prevenir".
Medicamentos
Muitos medicamentos largamente receitados nos Estados Unidos podem provocar problemas de memória. Entre os que mais provavelmente influirão na memória incluem-se as benzodiazepinas (incluindo o Ativan, o Valium e o Xanax). Qualquer substância que cause sonolência pode perturbar a concentração e a absorção de novos fatos - e existem muitas substâncias destas, incluindo os anti-histamínicos que são vendidos em qualquer balcão.
Descobriu-se acidentalmente que algumas substâncias possuem características destruidoras de memória, e têm sido consideradas como passíveis de serem utilizadas em pessoas com sintomas de "stress" pós-traumático. Os beta-bloqueadores, largamente receitados, têm demonstrado que reduzem o poder emocional de determinadas memórias e estão a ser investigados pelas Forças Armadas dos Estados Unidos. O Propofol, um sedativo usualmente conhecido como "leite de amnésia", consegue também apagar alguns minutos de memória.
Doenças cardíacas não tratadas
A pressão arterial elevada, o colesterol alto,
a diabetes de tipo 2 e a obesidade aumentam o risco de ataque
cardíaco, que pode afetar profundamente a nossa memória. Alguns
estudos também descobriram que os doentes com diabetes de tipo 2
correm três vezes mais riscos de contrair a doença de Alzheimer do
que a população em geral. Os que apresentam colesterol alto e
pressão arterial elevada na meia-idade estão também em maior
risco. E a obesidade (nomeadamente a gordura à volta da cintura) tem
sido relacionada com níveis de demência mais elevados 30 anos mais
tarde.
Stress
Os investigadores já sabem que as grandes emoções que rodeiam um acontecimento asseguram que este ficará marcado na memória. À medida que o cérebro é inundado com adrenalina e norepinefrina, os mecanismos de memória ficam mais ativos. Episódios de elevado "stress", intensa felicidade, amor ou tristeza podem preservar uma boa memória. Mas quando o "stress" é constante e o cérebro é cronicamente invadido por hormonas stressantes como o cortisol, a atenção fica mais fraca e os acontecimentos são intermitentemente armazenados na memória de curto prazo e registados, da mesma forma, na memória longínqua. As memórias consolidadas são dificilmente recuperáveis.
Um excesso de cortisol causará um abaixamento de potência de muitas dos neurónios que possuem funções de memória. E com o passar do tempo, o "stress" crónico degradará as comunicações entre células em regiões cerebrais importantes para a aprendizagem e a memória. Bastam algumas horas de contínuo "stress" para inundar o cérebro com hormonas que afetam a memória, segundo um relatório publicado em Março por investigadores da Universidade da Califórnia em Irvine no "Journal of Neuroscience".
Álcool
O alcoolismo provoca um progressivo encolhimento cerebral e afeta as comunicações entre regiões envolvidas no armazenamento e recuperação de memórias. No limite, um alcoólico pode exibir uma total perda de memórias a longo prazo. Mas os investigadores descobriram que "blackouts" de memória e lembranças fragmentadas são comuns mesmo em pessoas que bebem apenas de maneira regular. O consumo excessivo de álcool pode também causar deficiências de vitamina B1, o que, juntamente com a falta a vitamina B12, pode afectar negativamente a memória.
O alcoolismo provoca um progressivo encolhimento cerebral e afeta as comunicações entre regiões envolvidas no armazenamento e recuperação de memórias. No limite, um alcoólico pode exibir uma total perda de memórias a longo prazo. Mas os investigadores descobriram que "blackouts" de memória e lembranças fragmentadas são comuns mesmo em pessoas que bebem apenas de maneira regular. O consumo excessivo de álcool pode também causar deficiências de vitamina B1, o que, juntamente com a falta a vitamina B12, pode afectar negativamente a memória.
Depressão
Sabota a concentração e, assim, também a memória. Imagens computorizadas do cérebro revelam que a depressão diminui a actividade nos lobos frontais do cérebro, fundamentais para a criação de memórias.
Um estudo publicado em 2006 por Mark Mapstone,
investigador da Universidade de Rochester, concluiu que as mulheres
de meia-idade com sintomas depressivos apresentavam mais queixas de
lapsos de memória e pior "performance" no registo de novas
informações do que aquelas que não mostravam alterações de
humor. Mapstone descobriu que estas mulheres não tinham mostrado
problemas cognitivos em testes neuropsicológicos. Com a sua
capacidade de atenção diminuída por exigências contraditórias e
com as alterações de humor a afectar a concentração, muitas
receiam ter a doença de Alzheimer quando surgem dificuldades em
colocar informação na corrente da memória, mais do que em a
armazenar ou recuperar. Pensa-se que os distúrbios de falta de
atenção e de falta de sono podem ter efeitos semelhantes.
Vida sedentária
O exercício físico e o exercício mental são
essenciais para manter a memória a funcionar - a falta de qualquer
deles está associada a problemas de memória, especialmente à
medida que vamos envelhecendo. O cérebro, tal como qualquer outro
órgão do nosso corpo, beneficia do aumento de fluxo sanguíneo que
provém de atividade aeróbica. E os seus tecidos ficam mais fortes
quanto mais são usados. Para além disso, estudos mostram que as
pessoas com níveis de escolaridade mais avançados e hábitos de
estímulos mentais constroem uma "reserva cognitiva" que
reduz o rigor dos sintomas quando os seus cérebros estão a ser
atacados pela doença de Alzheimer. "É uma expressão do senso
comum, mas parece ser verdade: uma grande quantidade de dados tem que
ser usada ou então perde-se", afirma o neurologista James
McGaugh, da Universidade da Califórnia em Irvine.
Minutos depois já não me lembro do seu nome. Será que tenho a doença de Alzheimer?
Esquecer coisas que aprendemos recentemente é
um sinal de aviso do início da doença de Alzheimer, afirmam os
nossos três especialistas. "A capacidade de consolidar e
armazenar novas memórias é a primeira coisa que desaparece",
diz McGaugh. "As memórias mais antigas mantêm-se durante muito
tempo." Os doentes com Alzheimer podem continuar a ter
recordações muito ricas das memórias de infância, de canções
que adoram e de atividades complexas, como jogar ténis, mas não se
lembram do nome do seu neto. Mas a importância destes lapsos de memória
depende de quão esquecido você sempre tenha sido, e se
concentrava e prestava atenção quando aprendia o nome de alguém ou
se preparava para ir buscar alguma coisa à sala ao lado. A
distração muitas vezes causa lapsos em pessoas .
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