domingo, 7 de julho de 2013

COMO FALAR COM ALGUÉM QUE SOFRA DA DOENÇA DE ALZHEIMER

Lidar com um uma pessoa que sofra da doença de Alzheimer não é fácil e por vezes até se torna constrangedor – afinal de contas, como falar com uma pessoa que parece viver exclusivamente no passado e que pode vir a ter cada vez mais problemas de comunicação?

    Sempre que falar com uma pessoa que sofra da doença de Alzheimer deve fazê-lo de forma calma e tranquila – evite pressas. Por outro lado, as frases devem ser curtas, claras e diretas para facilitar a compreensão por parte do doente. Evite utilizar a palavra “não”, principalmente no início de uma frase, uma vez que os doentes com Alzheimer muitas vezes não registam as primeiras palavras de uma frase, ou seja, “não te sentes aí” pode ser entendido como “senta-te aí”.

    Sempre que falar com um doente com Alzheimer, evite forçá-lo a reconhecê-lo a si ou às outras pessoas que possam estar presentes – o mesmo aplica-se a eventos ou incidências recentes. Por outro lado, também não se deve deixar levar pelas questões incessantes e repetitivas que a pessoa pode fazer-lhe, opte antes por mudar o tema de conversa para um assunto sobre o qual sabe que o doente goste de falar.

    Quando fala com um doente com Alzheimer deve ter cuidado com a sua própria linguagem corporal, ou seja, a posição dos braços e mãos, sorrir exageradamente ou não o suficiente. Evite falar muito alto ou gritar com a pessoa – nem todos os idosos ouvem mal! Gestos e tons de voz excessivos podem assustar uma pessoa com Alzheimer.

    A doença de Alzheimer é irreversível e quem dela sofre irá perder, progressivamente, a sua memória de curto prazo, prevalecendo a memória de longo prazo. Por isso, e para assegurar a comunicação com a pessoa, quem fala com ela deve adaptar-se a esta nova realidade – apesar de isso implicar conversas sobre coisas que aconteceram há 30 anos atrás (e sobre as quais pode ou não ter conhecimento), terá a vantagem de manter o doente alerto e comunicativo.

    No que toca aos doentes com Alzheimer, o mais importante é mesmo conversar – o assunto é completamente secundário. Para manter uma conversa com uma pessoa que sofra de Alzheimer busque inspiração naquilo que vos rodeia: comentem o que está a dar na televisão, as pessoas que estão a passar na rua ou assuntos em que a pessoa sempre teve grande interesse. Por vezes, a pessoa com Alzheimer quer apenas ouvir uma voz amiga – leia para ela um livro, revista ou jornal em voz alta.

    Para além de falar, existem inúmeras outras maneiras de comunicar com um doente com Alzheimer, principalmente se este já apresenta dificuldades em formular frases completas ou se já deixou mesmo de falar. Um abraço forte, segurar-lhe a mão, um carinho nas costas, um sorriso ou piscar de olhos podem valer mais de mil palavras.

    Comunicar com um doente com Alzheimer é também estar atento à sua linguagem corporal e expressões faciais: gostam de ser tocados? Apreciam ouvir música? Estão contentes sentados no sofá a folhear revistas? Gostam de passar horas à janela a ver quem passa ou precisam de companhia física?

    Tão importante como a forma com que se fala com um doente com Alzheimer, é a forma como se aborda a pessoa. A confusão e a agitação são outros sintomas desta doença e, por isso mesmo, deve abordar um doente com Alzheimer sempre de forma tranquila e gentil. No entanto, evite aparecer-lhe de lado, ou seja, a abordagem deve ser feita de frente, para que a pessoa não se assuste.  

    A doença de Alzheimer também é caracterizada por comportamentos agressivos e até violentos – algo que pode ser despoletado pela forma como fala com a pessoa ou se a assustou de alguma maneira. Por vezes, o doente pode gritar, chorar, tentar bater ou até fugir e estas são reações que podem tornar-se normais. Não leve estes comportamentos a peito (afinal é a doença a falar e não o doente), nem tente falar (ou pior, gritar) para tentar acalmar a pessoa – o mais certo é inflamar ainda mais a situação. Deixe que a pessoa se acalme por si só antes de voltar a falar com ela.

    Uma das maiores tristezas relacionadas com a convivência com um doente com Alzheimer é o facto de a pessoa deixar de reconhecer quem os rodeia, mesmo que seja um marido, filho ou neto. É triste, mas é assim mesmo e não há volta a dar. Por isso mesmo, sempre que falar com uma pessoa com Alzheimer identifique-se, ou seja, diga o seu nome e quem é. Infelizmente, muitos doentes com Alzheimer deixam mesmo de perceber o que significa “irmã”, “tia” ou “vizinha”, e nesses casos é melhor limitar-se ao nome apenas.

    Se não desejar falar com ele, não obrigue nenhum familiar que não se sinta confortável na presença do doente com Alzheimer a fazê-lo, porque a própria pessoa pode pressentir tudo isso. Da mesma maneira que não deve falar sobre o doente a terceiros, na presença do próprio – podem sofrer de perda de memória, ter dificuldade em comunicar, mas não em compreender.

    Aproveite bem cada momento que passa com o doente com Alzheimer, seja a conversar ou em silêncio, esteja presente e mostre isso à outra pessoa. Vão surgir momentos em que o doente vai lembrar-se realmente de alguma coisa especial e são essas as recordações que deve guardar para sempre.
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