Era uma vez, um lenhador que
começou a trabalhar numa madeireira. No primeiro dia de trabalho foi
apresentado ao gerente, que lhe deu um machado e mostrou-lhe uma área de mata
de reflorestamento (a estória é ecologicamente correta) para cortar. O homem,
contente, começou seu trabalho. No primeiro dia, conseguiu cortar 18 árvores.
“Parabéns! Continue assim.” –
disse o gerente.
Encorajado pelas palavras do
gerente, o lenhador estava determinado a melhorar seu próprio desempenho, nos
próximos dias. Então, foi dormir bem cedo naquela noite. Na manhã seguinte,
levantou antes de todo mundo e foi para floresta. Apesar de seu melhor esforço,
não conseguiu cortar mais que 15 árvores.
“Eu devo estar cansado.” – ele
pensou. E decidiu dormir com o pôr do sol.
Ao amanhecer, levantou-se
determinado a vencer a sua marca de 18 árvores. No entanto, naquele dia não
cortou nem a metade. Nos dias seguintes, foi piorando sua marca: sete, depois
cinco e, no último dia, passou a tarde inteira tentando cortar sua segunda
árvore.
Preocupado com o que ele diria ao
gerente, o lenhador foi procurá-lo para dizer que tinha trabalhado nos limites
da exaustão. Disse que, por mais que fizesse, não conseguia mais trabalhar como
no primeiro dia. Também estava pronto para ouvir raios e trovões de seu
gerente.
Sabiamente, o gerente ouviu o
lenhador e suas explicações. Depois fez somente uma pergunta:
“Quando foi que você afiou seu
machado pela última vez?”
Num piscar de olhos, o lenhador
percebeu seu erro e respondeu: “Eu não tive tempo para afiar meu machado. Eu
estava muito ocupado cortando árvores!”
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Esta pequena história cairá muito
bem para milhares de cuidadoras de idosos, sejam cuidadoras familiares, sejam
profissionais. A missão é nobre, o trabalho é nobre, cuidar de nossos idosos
dependentes é uma necessidade e uma grande experiência, mas pode causar um
grande vazio e ser uma enorme fonte de desgaste, falta de produtividade e de
estresse para quem cuida.
Como diz o lenhador e seu
gerente: temos que afiar nosso machado! E o que isso quer dizer? No caso do
trabalho com idosos, duas coisas são muito importantes para os cuidadores: ter
sua própria vida, sua própria individualidade e buscar fontes de orientação e
de capacitação no trabalho que faz.
A vida do cuidador não é a vida
do idoso dependente. As mulheres cuidadoras, principalmente, têm que
compreender que elas merecem descanso, férias, noites de bom sono e condições
de terem seus próprios passatempos e interesses. A família tem que ajudar. A comunidade
tem que ajudar. E cobrando de nossos governantes: o poder público tem que criar
mecanismos para dar apoio aos cuidadores familiares.
Cuidador que não aprende como
cuidar de idosos dependentes ou que não se recicla, é como o nosso lenhador que
não afia seu machado. No início, tudo é mais fácil, dá conta de cuidar sozinho,
não precisa de ninguém para ajudar. E o idoso dependente está muito bem
cuidado, asseado, limpo, cheiroso e bonito.
Passado alguns meses e anos, o
machado perde o fio. E o que observamos? Um cuidador cansado, desesperado,
mal-humorado, rendendo muito menos que o esperado e desesperançado com seu
trabalho. E a pessoa idosa dependente? Garanto que poderia estar em melhores condições
de atenção e cuidado.
Fica a lição e a moral da
história: “Cuidadores e cuidadoras, afiem seus machados!”
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