quinta-feira, 24 de outubro de 2013

"AFIEM SEUS MACHADOS"


Era uma vez, um lenhador que começou a trabalhar numa madeireira. No primeiro dia de trabalho foi apresentado ao gerente, que lhe deu um machado e mostrou-lhe uma área de mata de reflorestamento (a estória é ecologicamente correta) para cortar. O homem, contente, começou seu trabalho. No primeiro dia, conseguiu cortar 18 árvores.
“Parabéns! Continue assim.” – disse o gerente.

Encorajado pelas palavras do gerente, o lenhador estava determinado a melhorar seu próprio desempenho, nos próximos dias. Então, foi dormir bem cedo naquela noite. Na manhã seguinte, levantou antes de todo mundo e foi para floresta. Apesar de seu melhor esforço, não conseguiu cortar mais que 15 árvores.

“Eu devo estar cansado.” – ele pensou. E decidiu dormir com o pôr do sol.
Ao amanhecer, levantou-se determinado a vencer a sua marca de 18 árvores. No entanto, naquele dia não cortou nem a metade. Nos dias seguintes, foi piorando sua marca: sete, depois cinco e, no último dia, passou a tarde inteira tentando cortar sua segunda árvore.

Preocupado com o que ele diria ao gerente, o lenhador foi procurá-lo para dizer que tinha trabalhado nos limites da exaustão. Disse que, por mais que fizesse, não conseguia mais trabalhar como no primeiro dia. Também estava pronto para ouvir raios e trovões de seu gerente.
Sabiamente, o gerente ouviu o lenhador e suas explicações. Depois fez somente uma pergunta:

“Quando foi que você afiou seu machado pela última vez?”
Num piscar de olhos, o lenhador percebeu seu erro e respondeu: “Eu não tive tempo para afiar meu machado. Eu estava muito ocupado cortando árvores!”
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Esta pequena história cairá muito bem para milhares de cuidadoras de idosos, sejam cuidadoras familiares, sejam profissionais. A missão é nobre, o trabalho é nobre, cuidar de nossos idosos dependentes é uma necessidade e uma grande experiência, mas pode causar um grande vazio e ser uma enorme fonte de desgaste, falta de produtividade e de estresse para quem cuida.

Como diz o lenhador e seu gerente: temos que afiar nosso machado! E o que isso quer dizer? No caso do trabalho com idosos, duas coisas são muito importantes para os cuidadores: ter sua própria vida, sua própria individualidade e buscar fontes de orientação e de capacitação no trabalho que faz.

A vida do cuidador não é a vida do idoso dependente. As mulheres cuidadoras, principalmente, têm que compreender que elas merecem descanso, férias, noites de bom sono e condições de terem seus próprios passatempos e interesses. A família tem que ajudar. A comunidade tem que ajudar. E cobrando de nossos governantes: o poder público tem que criar mecanismos para dar apoio aos cuidadores familiares.

Cuidador que não aprende como cuidar de idosos dependentes ou que não se recicla, é como o nosso lenhador que não afia seu machado. No início, tudo é mais fácil, dá conta de cuidar sozinho, não precisa de ninguém para ajudar. E o idoso dependente está muito bem cuidado, asseado, limpo, cheiroso e bonito.

Passado alguns meses e anos, o machado perde o fio. E o que observamos? Um cuidador cansado, desesperado, mal-humorado, rendendo muito menos que o esperado e desesperançado com seu trabalho. E a pessoa idosa dependente? Garanto que poderia estar em melhores condições de atenção e cuidado.

Fica a lição e a moral da história: “Cuidadores e cuidadoras, afiem seus machados!”

 https://www.facebook.com/cuidardeidosos

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