Já dizia um antigo provérbio
alemão: quando o ser humano é jovem, tem tempo e saúde, mas não tem dinheiro.
Quando é adulto, tem dinheiro e saúde, mas não tem tempo. Quando se torna
idoso, tem tempo e dinheiro, mas não tem saúde. No entanto, as mais recentes
pesquisas no campo da neurologia têm demonstrado que é possível envelhecer sem
perder saúde mental. Pelo contrário, hoje se sabe que uma pessoa pode ganhar
capacidade cognitiva à medida que a idade chega.
O psiquiatra George Vaillaint, da
Universidade de Harvard, descobriu, em 2002, que a lucidez em idade avançada
está diretamente relacionada ao tipo de personalidade que uma pessoa mantém ao
longo da vida. Quanto maior o nível de tranquilidade diante dos problemas do
dia-a-dia, maior a chance de se passar dos 80 com o raciocínio lógico e a
memória em plena forma. Segundo o neurologista e professor da Unifesp, Cícero
Galli, o segredo é não se deixar abalar diante das dificuldades e não se
angustiar ou sofrer por antecipação. Mas ele alerta que a tranquilidade a que
Vaillaint se refere não é apenas uma questão de aparência, trata-se de uma
atitude interna que algumas pessoas assumem, uma verdadeira paz de espírito.
Entre aqueles que mantêm essa
tranquilidade, há três características decisivas para que os idosos tenham um
desempenho mental ainda melhor do que tinham quando eram mais jovens. São elas:
altruísmo, capacidade de não guardar ressentimentos e capacidade de guardar
gratidão. “Essas pessoas conseguem acumular experiências de vida e são
consideradas sábias na comunidade onde vivem”, diz Cícero.
A tranquilidade também é
responsável pela produção de neurônios novos – sim, ao contrário do que se
imaginava até o final da década de 90, somos capazes de fazer nascer novas
células nervosas. E as áreas do cérebro que mais exercitamos são as que recebem
maior quantidade delas. Por outro lado, os pensamentos negativos liberam
toxinas no organismo e provocam a morte precoce de neurônio.
Por isso, o neurologista diz que
a chave para um envelhecimento saudável está na mudança da sintonia mental de
negativa para mais positiva e a percepção de que se aposentar e envelhecer não
devem ser sinônimo de inatividade. Cícero alerta que, para a maioria das
pessoas que se aposenta, a ilusão de que viveriam férias permanentes se perde
rapidamente e elas começam a se incomodar com o fato de quase ninguém lhes
pedir que solucionem problemas, como costumavam fazer enquanto tinham uma vida
profissional ativa.
Quando mantemos uma área do
cérebro inativa, ela começa a deletar neurônios não utilizados. É aí que muitos
idosos percebem que não conseguem desempenhar mais certas atividades com a
mesma desenvoltura de antes. Eles perdem o sentimento de utilidade e, com isso,
vêm sentimentos de baixa autoestima e depressão, que bloqueiam a produção de
novos neurônios e provoca a degeneração de antigos. Pronto, está formatado um
ciclo vicioso. “Pessoas que sofrem de Mal de Parkinson, por exemplo,
normalmente sustentaram muita preocupação e ansiedade a vida toda. São pessoas
que sofrem por tudo e por nada. Elas são muito responsáveis, mas não aprenderam
que podem fazer a coisa certa sem sofrimento, sem se cobrar demais”.
Para não entrar nessa bola de
neve, é bom começarmos o quanto antes a preservar os fatores detectados na
pesquisa de Harvard – tranquilidade, altruísmo, capacidade de não guardar
ressentimentos e capacidade de guardar gratidão. Fazem parte dessa receita
manter o bom humor, cultivar sonhos e novos objetivos e olhar mais para o que
desejamos do que para aquilo que não saiu como desejávamos. Cícero Galli
sintetiza: “é viver sintonizado com o lado luminoso da vida”. E claro, não se
esquecer de que uma mente sã só pode existir em um corpo são.
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