A busca por qualidade de vida
transformou-se em uma grande meta, independentemente de idade ou nível social
das pessoas. A expectativa de viver mais e melhor está despertando a
necessidade de preparar-se bem para a longevidade. A terceira idade não precisa
representar o declínio de uma existência e a maturidade não é sinal de velhice
e sim o preparo para se entrar bem nesta fase.
Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1991, a população vivia
aproximadamente até os 63 anos. Hoje, a média de vida aumentou para 72 e a
previsão é de que em 2050 a população viva em média até os 81 anos.
Não adianta tentar se enganar. Um
dia a velhice chega e todos precisamos estar preparados para encarar mais uma
etapa natural da vida, aproveitando cada ano intensamente e percebendo que
sempre vão existir aspectos positivos e negativos. Redefinir metas a cada fase
da vida é essencial.
A mudança no perfil dos
brasileiros vem sendo gradativa e especialistas percebem alterações no
comportamento da sociedade. A busca de uma velhice saudável aos poucos ganha a
preocupação não só de quem está bem próximo dessa realidade, esta consciência é
cada vez mais precoce.
A partir dos 30 anos já é
recomendável se preparar para as mudanças necessárias para enfrentar a nova
etapa da vida de bem consigo mesmo, entrar na terceira idade mostrando
potencial. "Se as pessoas conhecerem esse processo de transformação, as
doenças irão diminuir, porque a partir deste conhecimento é possível começar a
aceitar que estão entrando em outro período da vida", analisa a assistente
social Marina Capilé, sócia do Seivas Centro de Maturidade, um espaço criado
para ajudar as pessoas a chegar bem na terceira idade.
Marina ainda procura fazer com
que as pessoas entendam que conceito de maturidade não é velhice, é uma fase
quem tem inicio aos 35 anos e vai até 60 anos. O que ajuda a pessoa a se
preparar para entrar bem na terceira idade, buscando qualidade de vida.
Segundo a psicóloga Gizelda
Capilé, quando se tem uma vida ativa e não sedentária, mais benefícios irão
trazer para a saúde. Ela aponta, que o sedentarismo é um dos fatores de risco
que, quando alterado, tem influência positiva direta sobre todos. "A
qualidade de vida está diretamente ligada à manutenção da saúde",
acrescenta. O bem-estar físico e mental na
segunda e terceira idade depende de vários fatores. Quanto mais cedo começarem
a ser levados em conta, melhor.
De acordo com Gizelda, a
alimentação adequada, com verduras, frutas, grãos, produtos de origem animal e
cada vez menos gorduras é também fundamental. A Ingestão de líquidos e pequenas
mudanças na rotina, sempre que possível, podem amenizar a tendência ao sedentarismo,
à automedicação, ajudam a dormir bem, esquecer mágoas e ressentimentos e ter
fé. Esses são alguns pontos que uma pessoa madura precisa levar em conta ao se
preparar para entrar saudável na velhice.
Os médicos alertam para o uso
abusivo de vitaminas e antioxidantes, bem como de calmantes e indutores do sono
que "envelhecem o cérebro e levam à perda de memória".
A aposentada e dona de casa,
Orcelina Gomes da Silva, 63, está tomando várias atitudes para ter uma velhice
ativa e saudável. Ela caminha diariamente, tem uma alimentação balanceada, usa
protetor solar e procura sempre se divertir. "Eu não me acomodo. Busco
qualidade de vida, pego ônibus, viajo, vou onde quero. Aproveito as
oportunidades e isso já está refletindo positivamente na minha vida",
afirma.
Entre os bons hábitos a serem
cultivados estão a busca constante de informação e a manutenção de
relacionamentos familiares e sociais. Parar de trabalhar também não é
aconselhável porque faz com que o indivíduo se sinta incapaz e improdutivo.
Trabalhar, neste caso, não significa necessariamente ter um emprego, mas a
manutenção de atividades dentro de casa. Muitos indicam a prática das oficinas
de pinturas, músicas, teatros. O que importa é chegar a velhice bem e feliz.
"Com este incentivo acabamos despertando talentos. Na maioria das vezes,
as pessoas têm um dom para alguma coisa e não sabem", ressalta Marina.
A professora de yoga Ana Angélica
Nazário Dias, 30, afirma que esta é a fase da vida em que algumas pessoas,
assim como ela, procuram se auto conhecer para colher elementos que a façam
conseguir conquistar a maturidade e ter um discernimento necessário para
enfrentar de frente a velhice. "A maioria das pessoas que chegaram na
terceira idade, não encaram este momento da vida e algumas chegam a pensar que
ainda são jovens e se comportam de uma forma imatura. Quando nos preparamos
para encarar essa nova fase da vida, com certeza vivemos bem e mais a terceira
idade.", finaliza.
O jornalista Rubens Pinto Fiuza,
63, acredita que esta fase da vida é uma idade produtiva, mas as pessoas acabam
não sabendo aproveitar, por acreditarem que não são mais capazes de fazer nada.
"E isso é extremamente errado, se elas começarem a se conscientizar que
esta é uma fase igual às demais, com certeza não existiria tanto idoso sem
vontade de viver" constata.
(Julia Milhomem / Especial para A Gazeta)
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