domingo, 20 de outubro de 2013

PARA CHEGAR A VELHICE BEM E FELIZ


A busca por qualidade de vida transformou-se em uma grande meta, independentemente de idade ou nível social das pessoas. A expectativa de viver mais e melhor está despertando a necessidade de preparar-se bem para a longevidade. A terceira idade não precisa representar o declínio de uma existência e a maturidade não é sinal de velhice e sim o preparo para se entrar bem nesta fase.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1991, a população vivia aproximadamente até os 63 anos. Hoje, a média de vida aumentou para 72 e a previsão é de que em 2050 a população viva em média até os 81 anos.

Não adianta tentar se enganar. Um dia a velhice chega e todos precisamos estar preparados para encarar mais uma etapa natural da vida, aproveitando cada ano intensamente e percebendo que sempre vão existir aspectos positivos e negativos. Redefinir metas a cada fase da vida é essencial.

A mudança no perfil dos brasileiros vem sendo gradativa e especialistas percebem alterações no comportamento da sociedade. A busca de uma velhice saudável aos poucos ganha a preocupação não só de quem está bem próximo dessa realidade, esta consciência é cada vez mais precoce.

A partir dos 30 anos já é recomendável se preparar para as mudanças necessárias para enfrentar a nova etapa da vida de bem consigo mesmo, entrar na terceira idade mostrando potencial. "Se as pessoas conhecerem esse processo de transformação, as doenças irão diminuir, porque a partir deste conhecimento é possível começar a aceitar que estão entrando em outro período da vida", analisa a assistente social Marina Capilé, sócia do Seivas Centro de Maturidade, um espaço criado para ajudar as pessoas a chegar bem na terceira idade.

Marina ainda procura fazer com que as pessoas entendam que conceito de maturidade não é velhice, é uma fase quem tem inicio aos 35 anos e vai até 60 anos. O que ajuda a pessoa a se preparar para entrar bem na terceira idade, buscando qualidade de vida.

Segundo a psicóloga Gizelda Capilé, quando se tem uma vida ativa e não sedentária, mais benefícios irão trazer para a saúde. Ela aponta, que o sedentarismo é um dos fatores de risco que, quando alterado, tem influência positiva direta sobre todos. "A qualidade de vida está diretamente ligada à manutenção da saúde", acrescenta. O bem-estar físico e mental na segunda e terceira idade depende de vários fatores. Quanto mais cedo começarem a ser levados em conta, melhor.

De acordo com Gizelda, a alimentação adequada, com verduras, frutas, grãos, produtos de origem animal e cada vez menos gorduras é também fundamental. A Ingestão de líquidos e pequenas mudanças na rotina, sempre que possível, podem amenizar a tendência ao sedentarismo, à automedicação, ajudam a dormir bem, esquecer mágoas e ressentimentos e ter fé. Esses são alguns pontos que uma pessoa madura precisa levar em conta ao se preparar para entrar saudável na velhice.

Os médicos alertam para o uso abusivo de vitaminas e antioxidantes, bem como de calmantes e indutores do sono que "envelhecem o cérebro e levam à perda de memória".

A aposentada e dona de casa, Orcelina Gomes da Silva, 63, está tomando várias atitudes para ter uma velhice ativa e saudável. Ela caminha diariamente, tem uma alimentação balanceada, usa protetor solar e procura sempre se divertir. "Eu não me acomodo. Busco qualidade de vida, pego ônibus, viajo, vou onde quero. Aproveito as oportunidades e isso já está refletindo positivamente na minha vida", afirma.

Entre os bons hábitos a serem cultivados estão a busca constante de informação e a manutenção de relacionamentos familiares e sociais. Parar de trabalhar também não é aconselhável porque faz com que o indivíduo se sinta incapaz e improdutivo. Trabalhar, neste caso, não significa necessariamente ter um emprego, mas a manutenção de atividades dentro de casa. Muitos indicam a prática das oficinas de pinturas, músicas, teatros. O que importa é chegar a velhice bem e feliz. "Com este incentivo acabamos despertando talentos. Na maioria das vezes, as pessoas têm um dom para alguma coisa e não sabem", ressalta Marina.

A professora de yoga Ana Angélica Nazário Dias, 30, afirma que esta é a fase da vida em que algumas pessoas, assim como ela, procuram se auto conhecer para colher elementos que a façam conseguir conquistar a maturidade e ter um discernimento necessário para enfrentar de frente a velhice. "A maioria das pessoas que chegaram na terceira idade, não encaram este momento da vida e algumas chegam a pensar que ainda são jovens e se comportam de uma forma imatura. Quando nos preparamos para encarar essa nova fase da vida, com certeza vivemos bem e mais a terceira idade.", finaliza.

O jornalista Rubens Pinto Fiuza, 63, acredita que esta fase da vida é uma idade produtiva, mas as pessoas acabam não sabendo aproveitar, por acreditarem que não são mais capazes de fazer nada. "E isso é extremamente errado, se elas começarem a se conscientizar que esta é uma fase igual às demais, com certeza não existiria tanto idoso sem vontade de viver" constata.
(Julia Milhomem  / Especial para A Gazeta)

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