De repente um sonho, ao
entardecer sentado em um parque, sentia os braços fracos, pernas largadas sob o
banco, escutava vez o outra o barulho do
pisar em folhas secas, lembro do meu estado temporal, estou velho, as cãs
embranquecidas, rugas, um olhar experiente e saudosista, mesmo cansado um
brilho e uma expectação de alegria nos olhos, de quem aprendeu a viver; fico
olhando os círculos que faziam-se quando
as crianças jogavam pedras no lago, começo a lembrar dos dias da mocidade, do
vigor de outrora, dos amigos, das garotas, das juras de amor eterno, dos
flertes temporãos, das noites de esbórnia ininterruptas, dos discos, das
músicas e dos livros, tento me recordar de todos que li, vi, de coisas notáveis
e outras nem tão… Começo a lembrar de datas, noites, dias, pessoas,
caralho,caralho! … as entranhas começam a fervilhar e estremecer, de maneira
tal como o abrir de uma caixa de pandora, vejo flashs de memórias e sensações.
Alguns amigos se foram, alguns parentes, outros sumiram, os tempos mudaram,
outras gerações, outros costumes. Uma inquietude toma conta, mas de certa forma
me sinto em paz, plena; quanto tempo se passou desde a primeira vez que cai da
bicicleta. Subtamente choro, trata-se do filme real de uma vida …
Sinto uma paz, olho para os
lados, não vejo ninguém por perto, só um pessoal andando de longe, e um barco
vazio no meio do lago … e então, sinto uma mão em meu ombro, olho e vejo minha
filha sorrindo com a sua filha nos braços, toda sorridente, suja de areia… é
uma tarde de verão!
- Vovô o que você estava fazendo
ai sentado? Eu estava com a mamãe no parquinho!!
- Estava descansando docinho.
Levantamos e vamos indo embora.
Está anoitecendo, olho no relógio
e são 17:55 da tarde do ano 2079.
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