A idade avançada e doenças como o
Alzheimer podem levar à perda de memória por parte de muitos idosos –
algo que pode acontecer de um dia para o outro e que pode deixar quem
cuida ou lida com esses idosos, sem saber o que fazer.
O passado no presente.
A maior parte dos doentes com Alzheimer passa a viver no passado, ou
seja, a sua memória de longa duração substitui a memória de curto prazo.
Isto significa que, embora possam lembrar-se nitidamente do que
aconteceu há 30 anos atrás, não se conseguem recordar daquilo que
almoçaram há 2 horas atrás. Como contornar esta situação? Não
contornando, ou seja, deve-se aproveitar para conversar com o idoso
sempre que ele quiser, sobre aquilo que ele quiser.
Curto e simples.
Quando comunicar com um idoso que sofre de perda de memória, faça-o com
frases curtas e simples, ou seja, de muito fácil compreensão. Utilize
um vocabulário direto, evitando expressões e eufemismos que podem apenas
confundir o idoso. Para além disso, faça apenas uma pergunta ou
solicitação de cada vez.
Tempo de resposta.
Mesmo com uma comunicação simples, direta e curta, quem vive com a
perda de memória necessita de tempo para responder àquilo que lhe foi
perguntado ou pedido. Dê ao idoso todo o tempo que precisar para pensar
no que lhe foi dito e formular a sua resposta, sem o apressar ou
interromper o seu raciocínio. Se vir que pode ser útil, repita o pedido
ou a questão.
Repetições, repetições, repetições.
A comunicação com um idoso com perda de memória vai certamente estar
recheada de frases e perguntas repetidas. Embora possa ser frustrante
para quem está a ouvir, em vez de dizer “ainda agora acabei de te
dizer”, tenha paciência e volte a repetir a resposta ou a pergunta, de
preferência igual ou muito parecido com a resposta anterior, para evitar
confundir o idoso.
Outras formas de comunicação.
Infelizmente, a perda de memória pode afetar a comunicação verbal de um
idoso, que pode ter dificuldade em expressar os seus pensamentos ou
formular frases completas e coerentes – algumas pessoas até deixam de
falar. Se a fala representa um obstáculo na comunicação com um idoso com
perda de memória, mune-se de outras formas de comunicar: esteja atento à
linguagem corporal e às expressões faciais, tanto do idoso como as suas
– evite movimentos bruscos e revirar os olhos, por exemplo. Por vezes,
apontar para algum objeto pode facilitar a comunicação, por isso, peça
ao idoso para fazer o mesmo quando estiver com dificuldades em
transmitir alguma ideia.
Erros e desentendimentos.
Quem sofre de perda de memória nem sempre encontra as palavras certas
para comunicar o que pretende, podendo substitui-las por outras que nada
têm a ver com o assunto em questão. Esteja sempre muito atento ao
desenrolar de qualquer conversa, procurando entender, mesmo por meias
palavras, aquilo que o idoso está a tentar comunicar.
Recorra a outras
formas de comunicação – caso da gestual – se for necessário, mas evite
chamar a atenção do idoso ou rir-se dele porque utilizou a palavra
errada ou trocou o sentido a uma frase. Fazer isso pode levar a
sentimentos de frustração, raiva, tristeza, falta de confiança e
dignidade. O que importa é o significado daquilo que está a ser dito e
não a forma como é dito: focalize-se nisso.
Mimos e carinhos.
A perda de memória não significa a perda de emoção, por isso, mime o
idoso com carinhos especiais. O esquecimento e a dificuldade em
comunicar pode frustrar o idoso, levando-o à depressão e ao isolamento, o
que significa que precisa, mais do que nunca, do sentimento de pertença
e de segurança. Faça-lhe companhia numa das suas atividades preferidas,
segure-lhe na mão, faça-lhe uma carícia no rosto ou dê-lhe um abraço
forte – são gestos tão ou mais poderosos do que as palavras.
Vigilância atenta.
Cerca de 60% dos doentes com Alzheimer acabam por se perder, vagueando
sem sentido e sem conseguir voltar ao seu ponto de partida, devido à
perda de memória. Para evitar situações como esta, assegure que não
deixa as portas e/ou janelas da casa abertas; se tem receio que o idoso
possa vaguear, não lhe peça para ir buscar o correio ou levar o lixo
sozinho; não deixe o idoso conduzir ou andar de transportes públicos
sozinho.
Personalidade própria.
Apesar da perda de memória, o idoso continua, no fundo, a ser a mesma
pessoa, com os mesmos gostos. Só porque a sua memória já não é o que
era, não significa que não possa desfrutar de atividades e momentos de
lazer que sempre apreciou. Você, melhor do que ninguém, conhece essa
pessoa, por isso, faça por honrar a sua personalidade: se o idoso gosta
de passear, acompanhe-o; se gosta particularmente de determinado
programa televisivo, faça questão de ligar a TV na hora da sua emissão.
Paciência e disponibilidade.
Se cuidar de um idoso já é exigente, lidar de perto com um idoso que
sofre de perda de memória pode ser um desafio ainda maior. Depois de uma
vida longa e preenchida, a terceira idade, com todos os seus
obstáculos, pode ser fonte de depressão e desânimo para muitos idosos,
os quais contam com os seus familiares e amigos diretos para os
acompanhar nos últimos anos de vida. Esse acompanhamento requer, acima
de tudo, disponibilidade e paciência, duas preciosidades para quem luta
contra a velhice e as suas vicissitudes.
Nunca é demais lembrar que,
para conseguir isso com sucesso e saúde, quem cuida de alguém também tem
de cuidar de si.
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