quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

LADRÃO DE ALMAS

velhice 300x264 10 Dicas para lidar com um idoso com perda de memória

O ladrão de almas é uma expressão usada por cientistas e leigos para nomear uma das doenças mais conhecidas que acomete pessoas em idade avançada, a doença de Alzheimer (DA). 

Esta expressão retrata uma doença que se apodera da mente humana e tira sua sanidade como se estivesse roubando o que se tem de mais precioso na vida: a consciência de si próprio, a identidade e a memória.

Na perspectiva da DA, ser um ladrão significa que ele rouba de suas vitimas a possibilidade de se articularem com uma realidade interna e externa; rouba-lhes aos poucos uma vida construída; afana-lhes o direito de permanecer entre os entes queridos, que aos poucos não lhes reconhecem mais e vice-versa. Como credor, a DA cobra de suas vitimas débitos que eles próprios desconhecem. Esse credor invisível se apropria de sua mente e corpo e leva para um labirinto sem volta.

Este credor escuro e invisível desfila suas preferências por pessoas de idade avançada; ele reconhece que, com o acúmulo de anos, mais rico de experiências e sabedoria fica seu devedor, justamente quando este tem suas forças físicas dissipadas pelo tempo.

A luta parece injusta, mas a teia em que é envolvido o sujeito demenciado, parece fazer parte de uma trama que ele fez e refez e perdeu o ponto. Agora, numa tentativa de tecer novamente, ele não reconhece o tear de sua vida, e os que estão próximos também não o reconhecem. Ele só, num funil sem volta, parece ser em outro tempo, o único conhecedor da chave do enigma.

"E eu tenho tentado me enfurecer contra a morte da luz, amigos. Mas agora, já faz tempo que minha fúria se esgotou. Não foi dissipada ou derrubada orgulhosamente pela justiça.Mas abatida relutantemente por um credor escuro e invisível. Que me arrasta para a escuridão para pagar débitos... de que não me lembro. Dia após dia sinto-me descendo lentamente pelo funil de um ciclone silencioso que sempre gira quando tento sair dele. Assim por mais que eu tente, não consigo sair dele. Nem gritar, ou me imaginar fora dele. Receio que vocês tenham me perdido, já que eu perdi a mim mesma. Mesmo assim, eu tenho sorte. Pois não conhecerei o final mesmo quando este chegar. Assim, vocês sofrerão por mim, ninguém jamais disse que a vida era justa.” (Dylan Thomas)

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