Tente fazer as rotinas diárias diferentemente do normal, para que o
cérebro se acostume a trabalhar, pois alguns especialistas dizem que a
memória é um músculo e ele deve ser exercitado, então guarde suas chaves
em local diferente do que você guarda, passe por outro caminho para ir
ao trabalho e tente fazer sempre as atividades diárias de maneira
diferente.
Os cientistas dizem que as
atividades intelectuais ajudam a preservar a memória; que pensar faz bem para
ela. Estudos sugerem que as perdas da memória com a idade são menores em quem
exercita bastante o cérebro; a massa de neurônios seria maior.
O mal de Alzheimer é uma doença
irreversível; há uma correlação entre ela e a inatividade mencionada. Mas o
esquecimento não é privilégio dos que têm idade avançada. Há muitos jovens
esquecidos. Muitas vezes, as causas não são fisiológicas, senão psicológicas,
mentais.
Regras mnemônicas ajudam a
recordar o nome de uma pessoa, de uma rua. Não sobrecarregar a memória com
informações inúteis, também. A mnemônica é uma arte ou técnica de fortalecer a
memória através da associação daquilo que deve ser memorizado com dados já
conhecidos. A palavra vem de Mnemosine, a deusa grega da memória, irmã de
Cronos e Oceanos, a mãe das musas, a que saberia tudo o que foi, o que é, o que
será. Possuído pelas musas, o poeta inspira-se diretamente no conhecimento de
Mnemosine.
As instrutivas metáforas gregas
nos ilustram sobre a importância e beleza da memória, quando devidamente
cultivada e desenvolvida.
Uma forma e combater o
esquecimento ou falta de memória é interessar-se pelo que se faz, pois quando
existe o interesse, as experiências fixam-se fortemente nos arquivos mentais,
sendo dificilmente esquecidas. E há interesse quando há atenção. Ao agir
rotineira, mecânica e desatentamente, os fatos não se fixam, evaporam-se, são
esquecidos.
A palavra interesse tem sua
origem no latim e significa estar entre. Podemos dizer que é uma postura mental
ativa diante de algo que nos chama a atenção. Leva-nos a aprofundar no objeto
que estamos vendo ou analisando com os olhos mentais: a observação e o
entendimento. Quando existe o interesse, os fatos, as sensações e as
experiências fixam-se fortemente nos arquivos da vida, os da mente e da
sensibilidade, sendo jamais esquecidos. Podemos nos interessar por uma pessoa,
um animal, um objeto, uma paisagem, um conhecimento. Deveríamos, antes de tudo,
interessar-nos por nós mesmos; pelo que somos e poderemos ser. O interesse
implica sempre uma responsabilidade, uma profundidade, e nunca na
superficialidade, como no caso da curiosidade, que pôde ter sua utilidade nas
primeiras etapas da vida do homem na Terra, como o tem para as crianças que
reproduzem aquela fase da evolução da espécie, mas que quando adultas deverão
substituir a curiosidade pelo interesse, a superficialidade pela profundidade.
Existe um tempo para a
curiosidade e um para o interesse, como um para infância e outro para a
maturidade, embora devamos procurar manter em nossas mentes e corações a
criança que fomos um dia como um tributo de gratidão àquela fase iluminada e
feliz.
Em cartas a um jovem poeta,
Rainer Maria Rilke escreveu:” Mesmo que estivesse em uma prisão, cujos muros
não permitissem que nenhum ruído do mundo chegasse a seus ouvidos, o senhor não
teria sempre a sua infância, essa riqueza preciosa, régia, esse tesouro de
recordações? Volte a ela a atenção. Procure trazer à tona as sensações
submersas desse passado tão vasto; sua personalidade ganhará firmeza, sua
solidão se ampliará e se tornará uma habitação a meia-luz, da qual passa longe
o burburinho dos outros”.
Pensar é diferente de recordar.
Pensar é criar, resolver problemas; não é fácil e nem difícil, exige
constância, dedicação. Ninguém tem dificuldade de recordar o que pensou, o que
criou, como um filho, que está sempre presente na recordação.
A revivescência de fatos felizes é sempre
conveniente, traz a felicidade de volta, colore a vida, e pode ser um fator de
inestimável ajuda para quem esteja vivendo uma dificuldade, uma tristeza. Não
recordar aqueles momentos é sinal de ingratidão, sinônimo de esquecimento,
egoísmo e isolamento.
Pensar faz bem. Recordar também.
Pensar faz bem para a mente que reside no cérebro, para o corpo e para o
espírito que se renova com essa atividade criativa, pois pensar é criar,
respirar espiritualmente.
O exercício diário da função de
pensar, onde entrarão em jogo o interesse, a atenção e o entendimento,
fortalece a inteligência nas leituras e na criação pessoal que qualquer um pode
realizar. Será também necessário aprender a ler a própria realidade pessoal e
interior, e modificá-la caso seja necessário. A ninguém está vedado desenvolver
a própria capacidade mental e liberar-se da rotina monótona dos dias que se
sucedem sem nenhuma renovação; basta querer, pensar e realizar.
Não existe maior triunfo para o
homem que pensar com liberdade e criar um futuro feliz através da própria
inspiração. (Nagib Anderáos Neto)
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