Com o aumento da proporção de
idosos e da expectativa de vida em nosso país, torna-se cada vez mais comum
referir-se ao cuidador de idosos. Mas quem é esta pessoa? Qual a sua função?
Por que sua atuação é tão importante? Este artigo objetiva responder a essas
perguntas e discorrer sobre o tema.
Cuidador de idosos é aquela
pessoa que cuida de uma pessoa idosa. Pode parecer redundante, mas é a
definição mais genérica do tema. A partir dela, outras considerações serão
feitas. Primeiramente faz-se necessário entender que nem todo idoso precisa de
cuidador, alguns são saudáveis, ativos e independentes, e oferecer a eles um
cuidador seria negativo, visto que reduziria seu nível de atividade e
independência. Por outro lado, idosos podem também apresentar diferentes tipos
de necessidade. Alguns, por exemplo, são independentes para se alimentar,
vestir, cuidar de sua higiene pessoal, porém necessitam de acompanhamento, por
exemplo, para fazer compras ou ir ao banco. Já outros são extremamente
dependentes do cuidador para sobreviver: não se alimentam sozinhos, não têm
condições de cuidar da própria higiene, precisam que alguém lhes dê sua
medicação.
O cuidador de idosos pode ser um
membro da família ou um profissional. Quando o idoso adoece e necessita dos
cuidados de terceiros, por uma série de questões, é mais comum que alguém da
família faça essa tarefa. A literatura na área mostra que normalmente o
cuidador é uma mulher (filha, esposa, nora, irmã, sobrinha ou com outro grau de
parentesco), a qual costuma assumir sozinha tarefa tão dispendiosa. Além do
ônus de assumir sozinha o cuidado de uma pessoa que requer atenção e vigilância
em tempo integral, se sozinha, a cuidadora anula sua própria vida, assumindo
uma função sem descanso semanal, sem remuneração, sem férias ou qualquer outro
benefício trabalhista.
A vida do cuidador familiar pode
ficar ainda mais difícil, pois o adoecimento do idoso pode desencadear uma
série de desavenças entre os familiares – os outros membros da família não
querem dividir o cuidado, questões passadas voltam à tona, começam a cogitar a
administração dos bens do idoso –, situações que podem aumentar mais o desgaste
do cuidador. Associado a isso, a sobrecarga do cuidador pode afastá-lo do
cônjuge e dos filhos, gerando desajustes conjugais, podendo culminar com o
divórcio ou a saída dos filhos de casa. Finalmente, um cuidador que se vê
obrigado a cuidar do idoso em tempo integral lida com um outro problema: da
ordem do financeiro. Muitos se veem obrigados a abandonar o mercado de
trabalho, pois não há mais tempo disponível para isso. Assim, há
disponibilidade de tempo para cuidar, mas há um grande impacto financeiro no
orçamento familiar. Esse problema pode ter maiores impactos futuros: enquanto
se cuida do idoso, há a possibilidade de utilizar a renda do mesmo para
auxiliar nas despesas do grupo familiar (inclusive do próprio idoso, que,
normalmente, tem muitos gastos, a maioria deles relacionados à saúde), porém,
na maioria das vezes, após o óbito do idoso, essa renda deixa de existir, e
pode ser tarde para o cuidador se reinserir no mercado de trabalho.
Com tudo isso em vista, fica
claro o quanto pode ser difícil e desgastante ser cuidador de idosos, porém,
felizmente, nem sempre acontece dessa forma. A principal preocupação é a de que
o cuidador não faça tudo sozinho, divida as tarefas com outros familiares para
não abrir mão de sua vida pessoal: sua própria saúde, suas relações familiares
e sociais, suas finanças, sua qualidade de vida. Em casos onde não há opções de
familiares para se dividir ou quando as relações encontram-se muito
estremecidas – o que é bastante comum –, uma alternativa viável é a contratação
de um cuidador de idosos profissional. Não é vergonha pedir a ajuda de outras
pessoas para cuidar de um idoso, assim como não se deve sentir-se culpado
quando a melhor opção é encaminhar um idoso para morar numa Instituição de
Longa Permanência Para Idosos (ILPI). Também é importante que o cuidador se
atente para a sua própria saúde e não hesite em buscar ajuda profissional
médica ou psicológica quando perceber que não está bem. Lembre-se que só é
possível cuidar bem de outra pessoa quando o cuidador também está bem.
No parágrafo anterior fiz
referência ao cuidador profissional, o qual será apresentado. É aquela pessoa
que se dedica profissionalmente a cuidar de idosos, ou seja, precisa ter feito
cursos que o capacitam para o desempenho de tal função; não tem vínculos
familiares com o idoso que assiste; precisa ser regulamentado, remunerado e ter
direitos trabalhistas; pode desempenhar sua função no domicílio do idoso, como
acompanhante em hospitais ou nas ILPIs. É um segmento do mercado de trabalho
que se encontra em ascensão. O cuidador profissional pode ser benéfico para o
idoso, que passa a contar com atendimento profissional e especializado; para o
cuidador familiar, que fica menos sobrecarregado; para ele mesmo, por ser uma
profissão regulamentada e com ampla possibilidade de inserção no mercado de
trabalho.
Tendo tudo isso em vista, fica
possível entender que o cuidador de idosos pode ser uma peça fundamental para a
sobrevivência ou o bem-estar de um idoso. Importante que o ato de cuidar seja
visto pelo cuidador (familiar ou profissional) como uma atividade prazerosa,
que forneça satisfação pessoal ou profissional e que o cuidador não seja o
único responsável pelo cuidado integral do idoso dependente. O cuidador não
pode abdicar de sua própria vida integralmente visando o bem-estar do outro. ( Luciene
Corrêa Miranda é psicóloga clínica, mestre em Psicologia e professora na Escola
de Enfermagem da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora) http://idmed.terra.com.br/
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