A imagem da velhice sempre foi
estigmatizada, considerada como algo ruim, de prognósticos tristes e
pessimistas, pois seu destino só poderia ser a morte, o fim, a velhice assusta
porque ela representa a negação de valores até então cultuados, como a beleza,
a austeridade, produtividade, força, poder, valores esses considerados próprios
da juventude.
No entanto, se fizermos uma
revisão histórica, vamos encontrar figuras proeminentes já em idade avançada
que se constituíram em faróis de iluminação e sabedoria para as gerações
vindouras. Na área da fraternidade e do exemplo cristão, tivemos Madre Tereza
de Calcutá e, mais próxima a nós, Irmã Dulce, embora alquebradas fisicamente
pelo tempo, eram portadoras de lucidez, dinamismo, sabedoria e, sobretudo amor,
que se transformaram em exemplos vivos de trabalho e dedicação às populações
mais carentes.
Um ser humano pleno
Há que se considerar que estamos
vivendo numa sociedade capitalista de contornos neoliberais, a qual se
caracteriza pela decrescente responsabilização do Estado em relação à melhoria
da qualidade de vida da população; pela privatização de empresas estatais; a
não intervenção do Estado nos aspectos econômicos que devem se desenvolver no
livre jogo do mercado; alterações na esfera produtiva e a redução de gasto
público centrado na diminuição de recursos destinados principalmente à área
social, essa marginalização do idoso decorrente de ideologias, de preconceitos
internalizados e expressos em nossa sociedade e do conjunto de fatores sociais
e econômicos produzem sentimentos de revolta e impotência, relegando os idosos
a um plano secundário na família e na sociedade.
A velhice não pode ser vista como
término, mas como um recomeçar com características e valores próprios. E com
uma nova forma de olhar o mundo, a prática política e social reivindicatória se
tornará mais rica quando o idoso, consciente de seu potencial, dessa sabedoria,
se respeitar e se fizer respeitar. Não pelo poder, pelo autoritarismo, ou sujeito
só de direitos, mas pelo reconhecimento do seu valor intrínseco, como ser
humano pleno.
(Rodolpho Raphael de Oliveira Santos)
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