sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

ABRAÇAR É ACOLHER A HISTÓRIA DO OUTRO

Quanto vale um abraço?

O CUIDADO NO ACOLHER HISTÓRIAS!
Apesar de toda a cultura que permeia as relações no século XXI, falta muito acolhimento. Acolher significa hospedar, agasalhar, receber, atender, aceitar, dar ouvidos a, abrigar. Quando você abraça alguém, divide com este alguém o seu espaço pessoal e abraça toda a sua história.  Talvez seja por isso que tantas pessoas não conseguem se entregar ao contato físico do abraço, pois é preciso ter lugar dentro de si para ceder ao outro.

Todo corpo é repleto de memórias. Cuidar do Ser é cuidar do outro que tem uma face – um corpo que tem um semblante único. Ao mobilizar seus conteúdos, é preciso delicadeza. Há corpos que não permitem aproximações devido a traumas de maus cuidados. Tais aproximações só existirão se ele conseguir compartilhar sua história e para isto será preciso o acolhimento de alguém.

Como exercer o cuidado se quem precisa não quer saber de cuidados? O movimento em direção ao outro não é fácil. O cuidador que não sabe dos próprios registros que carrega no seu corpo-memória, que segurança terá para ceder espaço interno ao outro?

Um cuidador necessita conhecer para compreender, auxiliar, proteger. Medo, raiva, mágoas ou outro sentimento negativo guardado por alguém, que deveria ter sido cuidado algum dia, poderão aflorar em hora imprópria. O cuidador está o tempo todo dando e recebendo informações. Seja na troca de olhares, seja na troca de uma roupa da pessoa que cuida. Ela percebe o cuidador pelo olhar, pelo movimento, pelo tom de voz. Por isto, há pessoas que rejeitam certos cuidadores, porque eles não lhe passam o que precisam sentir: segurança e afeto, alívio para suas dores através de alimento, remédios, higiene, atenção.

O ato de acolher é demonstrado em toda expressão corporal. No abraço, partilha-se a energia capaz de sanar dores psíquicas e/ou aliviar enfermidades. E, ao acolher a história do outro, também se recebe vida e energia do outro, transfere-se energias, faz-se uma “transfusão de almas, quando se pode transmitir uma mensagem de reconhecimento do valor e excelência daquele indivíduo. 

Além disto, o abraço reafirma a confiança nos próprios sentimentos. O cuidador precisa ser abraçado antes de abraçar, ser cuidado antes de cuidar, ser acolhido antes de acolher, ser alimentado antes de alimentar. Ter seu continente conhecido e estimado antes de penetrar no continente do outro. 

Quem abraça, também é abraçado. O colo. Tão necessário para que nos energizemos para continuar a enfrentar o nosso cotidiano. Ouvir o simples: venha... estou aqui, palavras sem rebuscamento algum, que são ditas por qualquer pessoa. Acolher não depende de classe social e nem de cultura. Abraçar é dar de si. Mas mais ganha quem dá. Reconhecer a simplicidade desse ato reside em vida e sabedoria.

Quando nos faltam as palavras, resta o corpo a abraçar. O corpo pode falar muito mais do que muitas frases. Até porque nem sempre a palavra dita é a adequada àquele momento, mas o abraço é universal, possui linguagem própria, provoca alterações fisiológicas positivas em quem toca e em quem é tocado, reduz a sensação de isolamento, de depressão e de ansiedade.

O abraço pode dar segurança, importante para todos as pessoas, e muito mais para as crianças e idosos, que são quem mais depende de quem os rodeia. Quando o medo se sobrepõe ao desejo de participar de algum desafio da vida com entusiasmo, é importante receber do cuidador a confiança necessária para avançar. Essa dependência é o que pensamos real.

No caso do cuidador esgotado no ato de cuidar, não há idade. Quem assume filhos especiais cuidará a vida inteira. Daí que é preciso compreender para poder cuidar dessas pessoas que se dedicam intermitentemente. Então podemos citar o mito de Sísifo (2009). Uma mãe nunca descansa, não pára de gastar sapatos, carrega o filho para todo o sempre.

Como estimular o cuidado a um cuidador? Se ele direciona toda a sua energia para cuidar do outro e não cuida de si mesmo, como auxiliá-lo? É preciso valorizar e cuidar dos cuidadores, pois cada vez a sociedade dependerá mais deles. São muitas as variáveis. Afirma SCLIAR (2008, p.5) que, além de vocação, o ato de “cuidar não é apenas questão de generosidade, é questão de técnica, de conhecimento. E exige dedicação.” Conhecer como os outros funcionam é importante se este conhecimento trouxer o autoconhecimento.

A palavra cuidador não está em qualquer dicionário. Mas ser cuidador é novidade? Seu significado está lá nas escrituras: os pastores que cuidavam de seu rebanho. A metáfora do cuidador: o papel dos familiares, dos professores, dos religiosos, dos avós, dos amigos, de todos os profissionais que cuidam de alguém e de tantos outros. 

Hoje, a quebra de paradigma está em olhar não para quem precisa de cuidados, mas “para quem cuida” e adoece no processo de cuidar. Acolher, abraçar e compreender, aceitar também suas dores, seus sentimentos de impotência, de raiva e de angústia, pois como todo ser humano, um cuidador também sente dores e tem suas mazelas. É preciso estimulá-lo a cuidar de si para que possa cuidar dos demais, pois um cuidador bem cuidado saberá cuidar melhor! (COSTI, 2008)

Os cuidadores, quando acolhem, autopreservam-se da dor? Esvaziados devido ao ato de doar-se continuamente, tornam-se uma árvore oca, frágil, pronta a tombar. Os cuidadores têm o direito ao autocuidado, tem direito de perseguir seus desejos e de seguir seus sonhos. Ir atrás dos desejos mais íntimos traz saúde mental, afirma Leloup (2007).

Um dos princípios do acolhimento é qualificar a relação trabalhador-usuário, que deve dar-se por parâmetros humanitários, de solidariedade e cidadania. O cuidador precisa receber, alimentar-se de humanidade, desenvolver a sensibilidade, qualificar-se, conhecer seus sentimentos de empatia e saber lidar com eles, antes de se doar. Quem não tem condições de se colocar no lugar do outro, não pode trabalhar na área da saúde. Mas empatia demais pode gerar sofrimento.  Mas como ter empatia e compaixão sem sofrer? Para cuidar, é preciso respeitar a si mesmo, reconhecendo os próprios limites. (Marilice Costi). 
 http://www.ocuidador.com.br

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O CUIDADOR DE IDOSOS

“Aquele que envelhece e que segue atentamente esse processo poderá observar como, apesar de as forças falharem e as potencialidades deixarem de ser as que eram, a vida pode, até bastante tarde, ano após ano e até ao fim, ainda ser capaz de aumentar e multiplicar a interminável rede das suas relações e interdependências e como, desde que a memória se mantenha desperta, nada daquilo que é transitório e já se passou se perde.” (Hermann Hesse).


A população brasileira envelhece e com isso aumenta a demanda por pessoas capacitadas para exercer a função de cuidador de idosos, por esse motivo vamos falar um pouco do papel deste profissional em instituições asilares e nas famílias. Cuidar é um termo que logo nos remete a dedicação, cautela, atenção, carinho e responsabilidade para com o outro, portanto é um ato de amor.

De acordo com a classificação brasileira de ocupações, o cuidador é alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida” (Guia Prático do Cuidador, 2008). Deste modo, não é apenas cuidar da saúde física e das necessidades básicas, ser cuidador implica estar atento às necessidades, inclusive emocionais, daqueles que, em muitos casos, mal podem se comunicar. É estar disponível e atento a falas e gestos, é aceitar o outro como ele é com suas dores e limitações.

Não são todas as pessoas aptas para desempenhar o papel de cuidador. Um bom cuidador não faz para o idoso, faz com o idoso, e está sempre pronto para identificar o que ele consegue realizar sozinho em matéria de autocuidado, isso é importante para não atropelar o idoso e para estimular a sua autonomia e autoestima. Ser carinhoso é desejável, pessoas idosas se beneficiam de afeto em forma de contato físico, mas não se deve esquecer que estamos diante de uma pessoa idosa e não de uma criança, a “infantilização” provoca dependência, regressão e desqualifica o idoso, preconceitos como: “depois de velho voltamos a ser crianças” devem ser desfeitos, os idosos são pessoas adultas como nós, porém um pouco mais envelhecidas. É importante também incluir a pessoa idosa nas conversas, não é porque ele possui limitações físicas ou mentais que não possua nenhuma compreensão.

Algumas das funções dos cuidadores de idosos de acordo com o Guia Práttico do Cuidador distribuído pelo Ministério da Saúde são: atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde; escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada; ajudar nos cuidados de higiene; estimular e ajudar na alimentação; ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e exercícios físicos; estimular atividades de lazer e ocupacionais; realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de conforto; administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de saúde; comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da pessoa cuidada; além de outras situações que se fizerem necessárias para a melhoria da qualidade de vida e recuperação da saúde dessa pessoa.

Exercer a função de cuidador pode fazer emergir sentimentos contraditórios decorrentes da relação do cuidador com a pessoa cuidada como, por exemplo: raiva, culpa, cansaço, estresse, irritação, tristeza, medo da morte e da invalidez. È importante que o cuidador procure aceitar e entender seus sentimentos para que então possa se automonitorar, no sentido de não deixar que interfiram negativamente no serviço prestado.

Algumas situações podem surgir e dificultar o trabalho do cuidador, quando um idoso se recusa a comer ou a tomar banho, por exemplo, neste caso é importante saber lidar com frustrações e procurar entender o que leva o idoso a este comportamento, também é preciso estar disposto à negociação como mesmo.

“O “não”, “não quero” ou “não posso”, pode indicar várias coisas, como por exemplo: não quero ou não gosto de como isso é feito, ou agora não quero, vamos deixar para depois? O cuidador precisa ir aprendendo a entender o que essas respostas significam e quando se sentir impotente ou desanimado, diante de uma resposta negativa, é bom conversar com a pessoa, com a família, com a equipe de saúde. Também é importante conversar com outros cuidadores para trocar experiências e buscar alternativas para resolver essas questões.” 

Geralmente, nas famílias, a responsabilidade para com o idoso que necessita de cuidado recai sobre um dos membros, ocorrem mudanças na dinâmica familiar que podem provocar desentendimentos, para evitar o estresse e cansaço é importante que outras pessoas da família participem deste processo. O cuidador sobrecarregado pode sofrer com o cansaço físico, com a depressão, o abandono do trabalho e com alterações de sua vida conjugal e familiar, ele necessita de tempo para se cuidar e por esse motivo precisa contar com a ajuda de outras pessoas.

Com relação aos dispositivos sociais para o auxilio do cuidador de idosos, estes podem promover e participar de grupos com outros cuidadores para a troca de experiências. Os indivíduos ou as famílias que estão em situação de risco ou vulnerabilidade social devem contar com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), aqueles que tiveram seus direitos violados como: ocorrência de abandono, maus tratos físicos, e/ou psíquicos, abuso sexual, pessoas em situação de rua, dentre outras, devem contar com o CREAS ( Centro de Referência Especializado de Assistência Social) que auxilia na eliminação das infrações aos direitos humanos e busca ampliar a autonomia e a capacidade de enfrentamento das pessoas que procuram o serviço.

As pessoas idosas que não possuem rendimento mínimo para arcar com a sua sobrevivência possuem o direito a Proteção Social Básica, isto é, um salário mínimo por mês a ser requerido nas agências do INSS, possui esse direito às pessoas 65 anos ou mais e pessoas com deficiência, quem não tem direito à previdência social, pessoa com deficiência que não pode trabalhar e levar uma vida independente e renda familiar inferior a 1/4 do salário mínimo. Além disso, o idoso não necessita de intermediário para requerer e receber o benefício e é importante ressaltar que tanto as pessoas idosas quanto os cuidadores devem procurar conhecer o Estatuto do Idoso que foi instituído em 2003 e regula os direitos das pessoas com mais de 60 anos.

http://sociedaderacionalista.org/

O ESTRESSE DO CUIDADOR

 Cuidador familiar estresse sob controle Cuidador familiar: estresse sob controle

Os benefícios do cuidar envolvem investimento em autoestima, melhora na habilidade de prover cuidados e ganho de experiência, aumento de satisfação pessoal, descoberta ou construção de sentido para a vida por meio do cuidado, aumento da valorização pessoal, fortalecimento do vínculo entre cônjuges e tornar-se mais cuidadoso com as demais pessoas. Esses benefícios são especialmente identificados nos casos de relacionamentos prévios de qualidade de afeto entre pacientes e familiares. Quanto maiores os vínculos, melhor costuma ser a adaptação ao papel de cuidador e melhor são percebidos os benefícios e administrados os prejuízos.

Entretanto, a sobrecarga diante do conjunto dos aspectos negativos decorrentes da tarefa de cuidar é frequente e relativa a múltiplos fatores. Os cuidadores são exigidos a oferecer cuidados intensos e têm sua vida pessoal modificada, pois, além de se dedicarem ao paciente, precisam substituir as tarefas por ele desempenhadas previamente e reorganizar tarefas de sua responsabilidade e vida pessoal.

Assumir o papel de cuidador faz com que o familiar passe a experienciar um exacerbado senso de responsabilidade em contraposição com o reduzido senso de liberdade, envolvendo perdas na vida pessoal como diminuição de independência, restrição de tempo para atividades pessoais, problemas sexuais, privação de sono, possibilidade de viver exclusivamente para a pessoa doente, tendência ao isolamento e diminuição de rede de apoio social, sacrifício do presente e do futuro, além de alterações na vida familiar como ruptura e mudanças na dinâmica e carga financeira. O estresse age no estado emocional do cuidador interferindo na vida pessoal, familiar ou até na qualidade de cuidado oferecido.

Alguns fatores podem dificultar o enfrentamento da situação: pouco suporte social e insatisfação com a ajuda recebida, dificuldade do paciente executar tarefas de rotina, muitas horas de cuidado, baixo nível de adaptabilidade do cuidador e dificuldades de relacionamento anteriores à doença entre paciente e cuidador.

É importante ressaltar que o grau de sobrecarga percebido pelo cuidador pode estar relacionado com o tempo de cuidado dispensado, velocidade de progressão da perda cognitiva do paciente e problemas comportamentais associados ao quadro de demência, como no caso da depressão ou de alucinações e delírios.

Algumas reações emocionais do familiar-cuidador também podem intensificar o estresse como amplo sentimento de responsabilidade com exacerbação de culpa por problemas, reações emocionais envolvendo vergonha, culpa, preocupação, depressão e ansiedade e situações sociais embaraçosas resultantes de estigma e discriminação.

A redução do estresse pode ser encontrada no apoio emocional, social e familiar. O cuidador precisa ser cuidado, para suportar perdas, construir alternativas e aproveitar possibilidades.

http://abraz.org.br/

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

PERMITA-SE


É tudo tão simples, tudo tão fácil. Tudo dá certo quando está tudo certo. E não é difícil deixar as coisas certas, como devem ser.
Se existe algo no mundo mais fácil do que deleitar-se num banho frio, e vestir aquela roupa perfumada, até hoje ainda não aprendi a fazê-lo. É tudo de uma simplicidade palpável, e infelizmente muitas pessoas não percebem que a felicidade está nas mínimas coisas.

Ser equilibrado, não é ter uma vida perfeita. Ser equilibrado é, justamente, permitir-se. Comer sem medo de engordar; emagrecer sem ter que se privar daquilo que gostamos; rir de coisas sem graça; sorrir sem motivo. Tudo é tão intrínseco, principalmente os motivos que nos levam a sorrir, não precisamos dar satisfações a respeito de nossas expressões faciais.

Permitir-se é dizer “eu te amo” a um amigo, ou a uma amiga, sem medo de que aquilo possa transpassar outra espécie de sentimento. Permitir-se é viver intensamente cada minuto. Ser ébrio, e saber ter sobriedade nos momentos que a requerem. Permitir-se não é ter uma vida estreme de problemas, mas sim saber que eles fazem parte da vida, e que nada nem ninguém têm o poder de resolvê-los, além, claro, de nós mesmos.

Permitir-se não é uma atitude, é uma religião que, acima de tudo, nos valoriza e valoriza os meios que usamos para viver. Sem cobranças, permita-se... Permita-se ser amigo. Permita-se amar. Permita-se perdoar, mesmo aquelas coisas que parecem não ter perdão. Enfim, permita-se se permitir. A vida é muito maior do que qualquer coisa, é nosso bem mais precioso. A vida passa rápido demais, é como um frasco de perfume... Quando menos esperamos, acaba. A diferença é que não podemos comprar outra vida como compramos um frasco de perfume. Então, por isso tudo, permita-se. (Paulo Roberto Genro Filho)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

ME DEIXA EM PAZ - SEU JORGE E TERESA CRISTINA



Se você não me queria
Não devia me procurar
Não devia me iludir
Nem deixar
Eu me apaixonar...(2x)

Evitar essa dor
É impossível
Evitar esse amor
É muito mais
Você arruinou
A minha vida
Me deixa em paz...

Se você não me queria
Não devia me procurar
Não devia me iludir
Nem deixar
Eu me apaixonar...(2x)

Evitar esta dor
É impossível
Evitar esse amor
É muito mais
Você arruinou
A minha vida
Me deixa em paz
Você arruinou
A minha vida
Me deixa em paz...
Me deixa em paz!
Me deixa em paz!
Me deixa em paz!

SONHE - CLARICE LISPECTOR

( Para os cuidadores)

Sonhe com aquilo que você quiser.

Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.


Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.


As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.


A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância
das pessoas que passam por suas vidas.


Clarice Lispector

domingo, 26 de janeiro de 2014

REVISTA TERCEIRA IDADE

CURATELA DO IDOSO INCAPAZ


A curatela é um instituto jurídico pelo qual o curador tem o encargo imposto pelo juiz de cuidar dos interesses de outrem que se encontra incapaz de fazê-lo. A nomeação do curador é feita pelo juiz, que estabelece, conforme previsão legal, as atribuições desse curador.

É comum a curatela do idoso, quando este começa apresentar deficiência para exercer a vida civil ou mesmo cuidar de si próprio na administraçao de seu dia-a-dia que possa comprometer sua saúde e subsistência. A instituição do curador responsavel é feita por um juíz, através de advogado ou justiça gratuita. Atualmente existem as "Curadorias do Idoso", orgãos da justiça especializadas no pronto atendimento a estaa questões, que funcionam de forma muito eficiente, correta e gratuita quando for o caso.

A curatela se dá por meio do processo de interdição do incapaz. No caso do idoso é comum pela idade avançada ou antes, por diversos problemas de sáude que afetem sua plena capacidade de cuidar de si mesmo como nos casos da doença de Alzeimer, sempre avaliadas através de laudos médicos com a supervisão de um juiz.

Vale lembrar que a nomeação de um curador será sempre supervisionada por um juiz ao qual deverá ser prestada contas de tudo a respeito da administraçao da vida do interditado, especialmente na questão financeira, com fornecimento de recibos de tudo que for gasto com despesas sobre o patrimonio ou renda do idoso.

Por esta razão a curatela ou interdição é o remédio juridico mais apropriado que a simples procuração de amplos poderes que nao é fiscalizada, o que muitas vezes pode gerar divergências quando o interditado tem mais de um filho, além do fato de não proteger o curador bem intencionado. O simples procurador, mesmo bem intencionado, poderá acarretar sobre si, riscos civis e penais desnecessários por não usar o remédio jurídico apropriado.

Tutela e Curatela

O que é tutela?

É o encargo atribuído pela Justiça a um adulto capaz, para que proteja, zele, guarde, oriente, responsabilize-se e administre os bens de crianças e adolescentes cujos pais são falecidos ou estejam ausentes até que completem 18 anos de idade.

O que é curatela?

É o encargo atribuído pelo Juiz a um adulto capaz, para que proteja, zele, guarde, oriente, responsabilize-se e administre os bens de pessoas judicialmente declaradas incapazes, que em virtude de má formação congênita, transtornos mentais, dependência química ou doenças neurológicas estejam incapacitadas para reger os atos da vida civil, ou seja, compreender a amplitude e as conseqüências de suas ações e decisões (impossibilitadas de assinar contratos, casar, vender e comprar, movimentar conta bancária, etc).

Quem é o tutor e o que dele se espera?

O tutor é um cuidador. Os cuidadores podem ser primários ou secundários. Os cuidadores primários são o pai e a mãe. Os tutores são cuidadores secundários, ante a impossibilidade dos pais, seja em função de óbito (morte), ausência ou destituição do poder familiar, de fazê-lo. São eles designados pelo Juiz, assumindo o compromisso legal de zelar pelos direitos e garantias do menor tutelado, promovendo-lhe a educação, saúde, moradia, lazer, convívio familiar, etc.

O tutor é o representante legal da criança ou adolescente tutelado. É o tutor que administra o patrimônio (pensão, aluguéis, contratos...) do tutelado, suas despesas e dívidas e o representa nos atos da vida civil, tais como: matricula na escola ou cursos, autoriza viagens, autoriza internamentos hospitalares e cirurgias, etc; responsável também pela função afetiva, anteriormente desempenhada pelos pais

Quem é o curador e o que dele se espera?

O curador também é um cuidador secundário. É o adulto capaz que se responsabiliza perante o Juiz pela pessoa do interditado, o representando e zelando por seus direitos e garantias fundamentais. Assim como o tutor, é ele quem administra os bens, pensão ou aposentadoria (caso o interditado possua), protege e vela pelo bem-estar físico, psiquico, social e emocional do interditado.

Quem pode ser tutor?

Pode assumir a Tutela qualquer parente da criança ou adolescente. Em caso de não haver parentes ou destes serem desconhecidos, poderá ser tutor uma pessoa próxima, desde que seja idônea, não tenha causas que venham contra os interesses do tutelado, e que esteja disposta a zelar pelo mesmo.
Se o tutelado possuir bens imóveis, o tutor, antes de assumir a Tutela, deve comprovar que também possui renda ou bens compatíveis com o patrimônio que irá administrar pelo tutelado; procedimento denominado de especialização da hipoteca legal.

Quem pode ser curador?

Seus pais; o cônjuge ou algum parente próximo, ou ainda, na ausência destes, o Ministério Público podem pedir a Curatela de um adulto com mais de 18 anos de idade considerado juridicamente incapaz

Quem pode ser tutelado?

Crianças e adolescentes com menos de 18 anos de idade, cujos pais faleceram, sejam desconhecidos ou que tenham perdido legalmente o poder parental de seus filhos; em função de maus tratos, negligência ou falta de condições para prover o sustento destes, ou por algum motivo estejam ausentes.

Quem pode ser curatelado?

Pessoa maior de 18 anos de idade que devido a alguma enfermidade, doença mental ou dependência química a impeça temporaria ou permanentemente de reger e discernir os atos da vida civil, bem como exprimir sua vontade, ou ainda, os pródigos (pessoas esbanjadoras ou compulsivas que colacam em risco seus bens e/ou patrimônio, bem como a sobrevivência de seus dependentes e da família).

Quais os deveres do tutor?

Cabe ao tutor reger a vida da criança ou adolescente, protegê-lo quando necessário, velar por ele e administrar-lhe os bens. Deve defendê-lo, prover alimentação, saúde e educação de acordo com seus recursos e condições.

Quais os deveres do curador?

Cabe ao curador reger a pessoa do interditado, protegê-lo, velar por ele e administrar-lhe os bens.
Deve defendê-lo, prover alimentação, saúde e educação de acordo com suas condições.

E se o tutor e/ou curador falecer?

Em caso de falecimento do tutor e/ou curador, o fato deve ser informado imediatamente e solicitada a substituição do falecido por outra pessoa, junto ao Juiz onde foi feito o processo.
Tal comunicação e substituição é necessária para dar continuidade a administração dos bens, recebimento de pensão ou rendas, etc. A demora na substituição poderá causar prejuízos materais ao tutelado e interditado.

O tutor e/ou curador pode ser substituído?

Sim, o tutor e/ou curador pode ser substituído se não cumprir com as atribuições legais e judicialmente determinadas decorrentes do compromisso assumido na Justiça para com o tutelado e/ou curatelado, seja por incapacidade, ineficiência ou por negligência.
Além disso, pode-se e deve-se pedir a substituição do tutor e/ou curador se, porventura, este tenha que se ausentar, faleça, seja acometido por doença ou sofra acidente que o impossibilite de exercer suas funções.

O que é pecúlio previdenciário e por que o tutelado ou o curatelado o recebe?

O pecúlio previdenciário é um direito, estabelecido pela lei sob a forma de pensão, aposentadoria ou benefício, visando suprir materialmente as despesas do beneficiário, contribuindo para sua manutenção. Se o tutelado ou curatelado a ele tiver direito, cumpre ao tutor ou curador pleiteá-lo ou requerer junto ao orgão previdenciário.
Este pagamento se encerra quando o tutelado atinge a maioridade civil (completar 18 anos), ou for emancipado, ou se estiver cursando o ensino superior até 24 anos de idade. No caso do curatelado, o benefício previdenciário é encerrado quando este falece.

O que são e para que servem as sindicâncias?

Sindicâncias são atividades de natureza psicossocial realizadas periodicamente pela Equipe Técnica do Ministério Público mediante autorização do Promotor de Justiça.
Psicólogos e/ou Assistentes Sociais realizam visitas domiciliares e institucionais, além de entrevistas com as pessoas envolvidas e familiares com a finalidade de realizar o estudo psicossocial do caso, mediante emissão de relatórios.

Neste estudo é abordado o cotidiano dos tutelados e curatelados, bem como a qualidade de vida e seu convívio com a nova realidade familiar e a comunidade. São abordados temas como: composição da estrutura e renda familiar, saúde, educação, etc.

Os relatórios emitidos subsidiam as decisões dos Promotores de Justiça, pois retratam com imparcialidade a situação em que se encontra o tutelado/curatelado e sua realidade familiar.

O que é a perícia?

Nos casos de interdição, antes de se pronunciar sobre a curatela, o juiz encaminha o curatelando para ser examinado por um médico especialista de sua confiança, nomeando-o como perito.

Este médico, além de avaliar clinicamente o curatelando, responderá aos quesitos formulados pelo Juiz, pelo Promotor de Justiça e pelo Advogado ou Defensor Público que o representa no processo, sobre a gravidade da doença e se ela afeta a capacidade do curatelando de se determinar na vida e reger os atos da vida civil.

O laudo emitido pelo médico será encaminhado para o Juiz que o anexará no processo.

O que é prestação de contas? (tutela)

A prestação de contas é um relatório apresentado na forma contábil e encaminhado para o juízo periodicamente pelo advogado ou defensor público que representa o tutor e o tutelado, contendo a descrição dos ganhos financeiros e despesas administradas pelo tutor em prol do tutelado.

Na sentença de nomeação do tutor também está indicada a periodicidade de apresentação deste procedimento, que via de regra é anual, porém pode ser semestral, trimestral, etc, conforme a necessidade e a critério do juízo.

A prestação de contas também é obrigatória quando houver a substituição do tutor ou quando o tutelado completar a maioridade civil, ocasião em que a tutela será extinta.

O que é prestação de contas (curatela) ?

A prestação de contas é um relatório apresentado na forma contábil e encaminhado para o juízo periodicamente pelo advogado ou defensor público que representa o curador e o curatelado, contendo a descrição dos ganhos financeiros e despesas administradas pelo curador em prol do curatelado.
Na sentença de nomeação do curador também está indicada a periodicidade de apresentação deste relatório, que via de regra é anual, porém pode ser semestral, trimestral, etc, conforme a necessidade e a critério do juízo.

A prestação de contas também é obrigatória quando houver a substituição do curador, levantamento da interdição ou quando o curatelado falecer, ocasião em que a curatela será extinta.

Como fazer prestação de contas?

No relatório de prestação de contas devem ser anexados os respectivos comprovantes de pagamento das despesas citadas, notas fiscais ou recibos.

As despesas geralmente incluem os gastos realizados com alimentação, material escolar, roupas, lazer, cursos, remédios, dentista, médico, psicólogo, despesas com água, energia elétrica e/ou outros.

Todos os gastos devem ser comprovados mediante a apresentação dos recibos e notas fiscais, os quais podem estar separados mês a mês (janeiro, fevereiro, março...).

E se o tutor ou curador não administrar corretamente os bens ou o pecúlio previdenciário do tutelado ou interditado?

Caso haja irregularidades na prestação de contas ou suspeita de que o dinheiro ou recursos esteja sendo usado para outros fins que não o bem estar e os cuidados com o tutelado ou curatelado, o tutor ou curador poderá responder a processo judicial nas Varas Cíveis ou, em caso de negligência e/ou maus tratos, responder a processo criminal.

Qualquer pessoa pode realizar uma denúncia ao Ministério Público em caso de suspeita de irregularidades.

Qual é a responsabilidade do Tutor/Curador em relação aos atos praticados pelo tutelado/curatelado?

Caso o tutelado ou curatelado cometa algum ato que cause dano a terceiro o tutor ou o curador será responsabilizado financeiramente pelo prejuízo.
Porém, se o tutor ou o curador não tiver patrimônio algum, poderá ser responsabilizado o patrimônio do tutelado ou curatelado, desde que existente.
Destaca-se a possibilidade do tutor ou curador reaver do tutelado ou curatelado, juridicamente, o valor pago em indenização perante terceiro.
A imputação de eventuais indenizações poderá ser mitigada ou até mesmo excluída se elas vierem a privar o tutelado ou curatelado e os que dele dependerem, dos meios necessários à sua subsistência.

Em caso do cometimento de ato infracional pelo tutelado ou de crime pelo curatelado, apenas estes responderão perante a Justiça; cabendo ao tutor ou ao curador providenciar advogado ou defensor público.

Colaboração:
Graça Veiga Advogados Associados
www.graçaveiga.com.br

ENVELHECIMENTO CEREBRAL - CUIDE DE SEU CÉREBRO!

SUPERAÇÃO NA TERCEIRA IDADE

SUPERAÇÃO NA TERCEIRA IDADE


Somos imensos diante de nossas limitações e ao mesmo tempo pequenos diante de nossa grandiosidade. Há pessoas que justificam seu desinteresse, criando uma incapacidade física, mental e profissional. Usam argumentos para justificar que não conseguiram algo(que nem tentaram fazer). E justamente por isso, porque não tentaram fazer, é que não o conseguiram, ou estão distantes de o conseguirem.

Algumas pessoas fazem comparações, tais como: “bom, pelo menos fui melhor que fulano” ou ainda, “mas beltrano é pior que eu”. Essas pessoas jamais argumentam algo como “não consegui o resultado desejado porque não tive coragem de seguir” ou “eu tenho certeza de que não consegui porque não tive interesse em testar meus limites”.

A superação não depende de classe social, cor ou educação. Sua superação depende de ter um objetivo em sua vida e acreditar em algo. Superar uma dificuldade não quer dizer que terá todo o sucesso no dia seguinte. Significa alcançar um pequeno sucesso diariamente, uma vitória a cada momento. Precisamos vencer várias dificuldades, e de repente poderemos até ter medo. Devemos ter medo de desistir e não de continuar.

Precisamos ir de encontro ao que acreditamos. É o que fará a grande diferença para sua realização e superação.

Há pessoas da terceira idade fazendo acrobacias com enorme grau de dificuldade e mais perfeitas que muitos adolescentes. Há outras sem os membros inferiores e superiores, que vivem sem depender de ajuda, que trabalham, cozinham, nadam, enfim, têm qualidade de vida melhor do que uma pessoa com o corpo perfeito. Essas pessoas não esperam tudo prontinho em suas mãos.

O ser humano somente comprova sua capacidade quando realmente precisa dela. A maioria das pessoas buscam problemas onde eles não existem. Há aqueles que somente controlam suas finanças depois de terem perdido tudo, outros valorizam os entes queridos quando passaram por momentos traumáticos, outros organizam melhor seu tempo quando a falta de tempo foi responsável por prejudicá-los em algo. Quaisquer que sejam as necessidades de superações, as limitações, na maioria das vezes, são muito mais psíquicas do que reais.

Exija mais de você!

Exija mais tempo para aproveitar a convivência com os familiares, exija mais tempo para realizar sua tão desejada viagem, mais esforço para aprender o idioma que está estudando, mais dedicação no esporte, mais interesse em seu aprendizado.

Exija mais disposição para ser feliz!

Exija, exija e exija!

Seja mais disposto a evoluir e se superar.

Seja mais disposto a entender e acreditar.

Acredite que suas aptidões podem se revelar muito além do que você conhece e teste os limites de sua capacidade física e mental.

Mas teste principalmente os limites de sua capacidade de perseverar!

Seu poder de superação está muito além de seus músculos, bens e recursos financeiros!

Sua maior superação dar-se-á quando acreditar que você realmente é capaz!
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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A ARTE DE ENVELHECER


É preciso assumir com tranquilidade a sua velhice, pois quer que queiramos ou não, estamos envelhecendo dia a dia, desde aquele momento muito especial da fecundação, sendo que não há como mudar isso.

A valorização da pessoa idosa faz com que olhemos de forma positiva também o nosso próprio envelhecimento, pois toda pessoa fica mais velha a cada dia. Por isso, a reflexão sobre a velhice não é importante só para as pessoas idosas, mas para cada pessoa. Sua vida só tem sentido quando se posiciona diante do processo do envelhecimento gradual. Envelhecer é uma experiência básica do ser humano. Refletir sobre a velhice é por isso também um refletir sobre o ministério da condição humana em si.

É preciso assumir com tranquilidade a sua velhice, pois quer que queiramos ou não, estamos envelhecendo dia a dia, desde aquele momento muito especial da fecundação, sendo que não há como mudar isso. A velhice é apenas uma nova fase da existência humana, a continuação da vida e não o início do fim de tudo. Envelhecer não penetrar num túnel sem fim, aonde as trevas vão chegando e a luz do sol não retorna.

A melhor receita para diminuir os problemas trazidos pela velhice, ou mesmo eliminar alguns deles, ainda é a do sábio Salomão, em Eclesiastes: “Lembra-te do teu criador nos dias da tua mocidade” (Ecl 12.1). []. O ideal é livrar-se do mal, obedecer aos mandamentos de Deus, cuidar-se, preparar-se, desde a mocidade, se assim não o fez, não se lamente, ainda é tempo…

Envelhecer não significa redução da capacidade de trabalho, diminuição das atividades de rotina e outras coisas, sim pode significar enriquecimento espiritual e uma vida melhor. Lembre-se envelhecer é uma coisa ser velho é outra, pois envelhecimento é o caminho para a velhice, assim como a Juventude também constitui marcha irreversível para o envelhecimento. Entretanto, de acordo com estudiosos de gerontologia, envelhecer não é ruir, mas evoluir.

A arte de envelhecer não é bem-sucedida por si mesma; temos de aceitar que o sabor daquilo que até agora cantamos, falamos e fizemos vai se perdendo. Mas precisamente nisso está uma chance. Na velhice não podemos descansar sobre fizemos. Precisamos trabalhar-nos sempre de novo.

(Postado por Apóstolo Ronilto William)

O QUE PRECISAMOS FAZER PARA ENVELHECER COM TRANQUILIDADE?


Meu amigo, você acha que vai, um dia, ficar velho?
Primeiro precisamos entender que velho é um ser humano com idade avançada que já não sonha mais, não planeja mais, não se interessa por leitura alguma, por programa algum, seja de televisão ou outro qualquer, prefere o reduto e o silêncio de sua casa a encontros com pessoas, que espera apenas a morte chegar porque já está velho demais para visitar amigos e parentes, para fazer mudanças em sua vida, pensar em coisas diferentes.

Temos tratado o tempo com um certo desprezo, uma porção de descaso, e um incontável número de negligência. O tempo passa paulatinamente e, às vezes, chegamos a nos sentir donos do tempo. Só nos damos conta da velhice quando esta bate à nossa porta, entra sem ser convidada e ainda exige de nós coisas que nunca arranjamos tempo para pensar e fazer.

Há, sem dúvida, jovens que são velhos e velhos que são jovens. A questão que queremos levantar é a do tempo que passa e das coisas que deixamos de fazer porque acreditamos que nunca iremos envelhecer. A velhice chega, nos empurra para o sofá da debilidade física ou para a cama das dores, doenças e amarguras, e ainda vem pedir contas do que fizemos da vida.

Então começamos a pensar e questionar: temos nos preparado para envelhecer com tranquilidade? O que temos feito de nossas forças físicas enquanto ainda as temos? O que temos modificado em nós que precisa ser modificado a fim de facilitar a vida e a convivência com aqueles que estão ao nosso redor?

Tenho ouvido algumas pessoas que já chegaram à senectude da vida e podem dizer com conhecimento de causa o que é preciso fazer para envelhecer com tranquilidade.

Desapego. Desapegar-se das coisas, das roupas, dos sapatos. Lembro-me de uma senhora que mencionou o item desapego quando disse: “Tenho tantas roupas e sapatos e uma dificuldade imensa em doar algum deles... Creio sempre que irá me ser útil em algum momento. Mesmo não usando, uma hora o será. Preciso trabalhar a minha vaidade”.

Existe também o apego emocional. Tão nocivo quanto o material. É quando nos sentimos proprietários de tal pessoa ou de tal coisa. Isto é terrível porque tudo o que pensamos que é nosso hoje, deixará de ser a qualquer momento e isso nos trará grandes sofrimentos, porque o apego que temos hoje continuará existindo depois que cerrarmos os nossos olhos para o colorido da vida.

Precisamos fazer mudanças enquanto estamos envelhecendo dia a dia para que, quando a velhice chegar e nos empurrar para o sofá ou para a cama, seja apenas para que descansemos um pouco a fim de nos prepararmos para a grande viagem de volta.
(Denize do Nascimento Gonçalves)

O VELHO - CHICO BUARQUE DE HOLANDA


O velho sem conselhos
De joelhos
De partida
Carrega com certeza
Todo o peso
Da sua vida
Então eu lhe pergunto pelo amor
A vida iteira, diz que se guardou
Do carnaval, da brincadeira
Que ele não brincou
Me diga agora
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Nada
Só a caminhada
Longa, pra nenhum lugar

O velho de partida
Deixa a vida
Sem saudades
Sem dívida, sem saldo
Sem rival
Ou amizade
Então eu lhe pergunto pelo amor
Ele me diz que sempre se escondeu
Não se comprometeu
Nem nunca se entregou
E diga agora
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Nada
E eu vejo a triste estrada
Onde um dia eu vou parar

O velho vai-se agora
Vai-se embora
Sem bagagem
Não sabe pra que veio
Foi passeio
Foi passagem
Então eu lhe pergunto pelo amor
Ele me é franco
Mostra um verso manco
De um caderno em branco
Que já fechou
Me diga agora
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Não
Foi tudo escrito em vão
E eu lhe peço perdão
Mas não vou lastimar

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A VELHICE É UMA MÁSCARA


A velhice é uma máscara:
se a tiras, pões à mostra
o rosto infantil da alma.

A infância vai-te seguindo
durante a vida inteira.
Mas anda mais devagar
e tu caminhas sempre depressa.

Quando a velhice te atinge,
não quer dizer que tornes à infância,
apenas moderas o passo
e por fim a infância alcança-te.
(José Bergamín)

ENVELHECER SEM PERDER O VALOR



Diante da condição do envelhecimento humano acompanha o medo de ser inútil, de se tornar um peso, de viver abandonado, na solidão das ausências daqueles que amamos. Nada mais decepcionante do que chegar ao fim e ter a sensação de que não valeu a pena ter vivido. A vida é um jogo de amor e dor.

Ninguém vive sem amar. Amando fazemos da vida uma constante superação do humano, inclusive da dor, que amada e assumida como própria, se transforma em amor. Como se preparar para viver a complicada sensação de inutilidade? Não existe receita pronta e sim caminhos que durante o passar dos anos vamos aprendendo a percorrer. Nesta escola da vida nem sempre estamos preparados para aprender as lições que a inutilidade nos prepara.

É difícil aceitar o delicado tempo da inutilidade. É preciso viver com dignidade esse terreno perigoso, mas necessário de sentir-se inútil. Uma graça a pedir a Deus é que, quando chegar a velhice e perdermos a utilidade, que tenhamos alguém ao nosso lado que nos ame de verdade.

Só será capaz de amar aquele que depois da inutilidade descobrir o valor da velhice. Nunca seremos valorizados pelo que fazemos e sim pelos que somos. Ninguém, mesmo que tenha construído os mais belos edifícios, escrito as mais belas obras literárias, ter deixado o acervo cultural mais importante, vai ser amado pelo que fez e sim por aquilo que é. O valor não se conquista, ele existe, e por ele vale apena viver.

Quanto tempo perdido atrás de coisas, de superficialidades, de aparências e máscaras acobertando o que de mais belo possuímos: a capacidade de amar, mesmo na inutilidade da vida. “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca” (Carlos Drumond de Andrade).

De que adianta ganhar o mundo, quando perdemos a eternidade. O eterno só existirá se formos abertos em acolher no difícil terreno da vida, o valor e não utilidade. Será digno da eternidade aquele que for capaz de dizer: “Você não serve para nada, mas eu não sei viver sem você” (Padre Fábio de Melo).

O Mestre Jesus em tom de despedida entrega uma nova lei, resumo de todas as leis: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei a vocês, vocês devem amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13,34-35).


Queira Deus de que ao chegar ao fim, sem ser útil e completamente alheio do momento presente, tenha alguém que seja capaz de nos olhar e dizer: Eu te amo, conte comigo, não sei viver sem você. Envelhecer sim, mas nunca perder o valor.
(Dom Anuar Battisti - Arcebispo de Maringá (PR)