"Cuidar de sua própria
saúde, tendo em especial mais tempo para si, requer um remanejamento pessoal e
familiar" “Não tenho mais tempo para
nada, desde que minha mãe ficou idosa e precisa de meus cuidados. Não tenho
mais me divertido, nem fim de semana. Às vezes meus filhos ajudam um pouco
quando podem. Minha vida tem sido muito difícil nos últimos tempos. Tenho tido
dificuldades para dormir, sinto dores no corpo devido à tensão e o esforço
físico que faço para ajudar a movimentá-la e dar banho. À noite, basta eu ouvir
um barulhinho (ou achar que ouvi) que já acordo e vou ver se ela está bem...”.
Esta fala pode ser atribuída a
vários cuidadores de idosos. Uma função geralmente atribuída a um membro da
família, que supostamente tem mais tempo que os demais ou que assume esse papel
devido ao afeto pela pessoa doente. O problema é que muitas vezes esse cuidador
não percebe que sua própria saúde física e mental requer cuidados. *Há estudos
que apontam que o risco de morte é 63% maior em pessoas que sofrem a tensão e
esforço de serem cuidadoras do que de não cuidadoras. É um índice bastante
significativo.
Pensando ainda que em nosso país,
está havendo um estreitamente da pirâmide etária, com previsões de um
estreitamento de sua base bastante significativo, por volta de 2050, teremos
muitos idosos comparados ao número de jovens, que representam o grupo que entra
no mercado de trabalho e que sustentará produtivamente nossa sociedade. Caso
não nos estruturemos de maneira diferente, a partir de agora, para um sistema
de cuidados eficiente para idosos nos próximos anos, viveremos um caos maior do
que já existe. Um caos financeiro, social e de afeto.
Falando em afeto, acompanhei de
perto alguns familiares que cuidam de pessoas com Alzheimer e uma delas, a
filha de um doente, disse que em dado momento, ela teve que se esforçar para
sentir até mesmo carinho pela própria mãe devido ao estresse e o caos em que
sua vida se tornara. Aliás, esta fase só passou quando ela percebeu que algumas
medidas precisavam ser imediatamente tomadas:
Medidas para quem cuida de uma
pessoa doente
1º) Contar com ajuda de
cuidadores profisssionais;
2º) Distribuir a responsabilidade
também para outros membros da família;
3º) Voltar a exercer ao menos
parcialmente as atividades profissionais;
4º) Dar tempo para si mesmo, ter
tempo para o lazer pessoal e familiar.
Mesmo assim é claro que o
estresse continua em algum nível, mas agora gerenciável. Aliás, isto está de
acordo com um estudo realizado por Losada e colaboradares na Espanha, citado
abaixo, que mostra a importância do tempo para o lazer para o bem-estar
psicológico do cuidador. Aqueles que tem mais tempo para si, apresentam menores
sintomas de distresse, ou seja o estresse prejudicial à saúde.
Cuidar de sua própria saúde,
tendo em especial mais tempo para si, requer um remanejamento pessoal e
familiar e atribuição de responsabilidades que muitas vezes são delicadas na
estrutura do interrelacionamento social, porém são necessárias. Afinal, se quem
cuida não se cuidar, a própria qualidade e compromisso ao cuidado do familiar
doente decairá. (por Elisa Kozasa)
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/cuidar_de_pessoa_doente.htm
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