quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O CUIDADOR DE IDOSOS

“Aquele que envelhece e que segue atentamente esse processo poderá observar como, apesar de as forças falharem e as potencialidades deixarem de ser as que eram, a vida pode, até bastante tarde, ano após ano e até ao fim, ainda ser capaz de aumentar e multiplicar a interminável rede das suas relações e interdependências e como, desde que a memória se mantenha desperta, nada daquilo que é transitório e já se passou se perde.” (Hermann Hesse).


A população brasileira envelhece e com isso aumenta a demanda por pessoas capacitadas para exercer a função de cuidador de idosos, por esse motivo vamos falar um pouco do papel deste profissional em instituições asilares e nas famílias. Cuidar é um termo que logo nos remete a dedicação, cautela, atenção, carinho e responsabilidade para com o outro, portanto é um ato de amor.

De acordo com a classificação brasileira de ocupações, o cuidador é alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida” (Guia Prático do Cuidador, 2008). Deste modo, não é apenas cuidar da saúde física e das necessidades básicas, ser cuidador implica estar atento às necessidades, inclusive emocionais, daqueles que, em muitos casos, mal podem se comunicar. É estar disponível e atento a falas e gestos, é aceitar o outro como ele é com suas dores e limitações.

Não são todas as pessoas aptas para desempenhar o papel de cuidador. Um bom cuidador não faz para o idoso, faz com o idoso, e está sempre pronto para identificar o que ele consegue realizar sozinho em matéria de autocuidado, isso é importante para não atropelar o idoso e para estimular a sua autonomia e autoestima. Ser carinhoso é desejável, pessoas idosas se beneficiam de afeto em forma de contato físico, mas não se deve esquecer que estamos diante de uma pessoa idosa e não de uma criança, a “infantilização” provoca dependência, regressão e desqualifica o idoso, preconceitos como: “depois de velho voltamos a ser crianças” devem ser desfeitos, os idosos são pessoas adultas como nós, porém um pouco mais envelhecidas. É importante também incluir a pessoa idosa nas conversas, não é porque ele possui limitações físicas ou mentais que não possua nenhuma compreensão.

Algumas das funções dos cuidadores de idosos de acordo com o Guia Práttico do Cuidador distribuído pelo Ministério da Saúde são: atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde; escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada; ajudar nos cuidados de higiene; estimular e ajudar na alimentação; ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e exercícios físicos; estimular atividades de lazer e ocupacionais; realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de conforto; administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de saúde; comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da pessoa cuidada; além de outras situações que se fizerem necessárias para a melhoria da qualidade de vida e recuperação da saúde dessa pessoa.

Exercer a função de cuidador pode fazer emergir sentimentos contraditórios decorrentes da relação do cuidador com a pessoa cuidada como, por exemplo: raiva, culpa, cansaço, estresse, irritação, tristeza, medo da morte e da invalidez. È importante que o cuidador procure aceitar e entender seus sentimentos para que então possa se automonitorar, no sentido de não deixar que interfiram negativamente no serviço prestado.

Algumas situações podem surgir e dificultar o trabalho do cuidador, quando um idoso se recusa a comer ou a tomar banho, por exemplo, neste caso é importante saber lidar com frustrações e procurar entender o que leva o idoso a este comportamento, também é preciso estar disposto à negociação como mesmo.

“O “não”, “não quero” ou “não posso”, pode indicar várias coisas, como por exemplo: não quero ou não gosto de como isso é feito, ou agora não quero, vamos deixar para depois? O cuidador precisa ir aprendendo a entender o que essas respostas significam e quando se sentir impotente ou desanimado, diante de uma resposta negativa, é bom conversar com a pessoa, com a família, com a equipe de saúde. Também é importante conversar com outros cuidadores para trocar experiências e buscar alternativas para resolver essas questões.” 

Geralmente, nas famílias, a responsabilidade para com o idoso que necessita de cuidado recai sobre um dos membros, ocorrem mudanças na dinâmica familiar que podem provocar desentendimentos, para evitar o estresse e cansaço é importante que outras pessoas da família participem deste processo. O cuidador sobrecarregado pode sofrer com o cansaço físico, com a depressão, o abandono do trabalho e com alterações de sua vida conjugal e familiar, ele necessita de tempo para se cuidar e por esse motivo precisa contar com a ajuda de outras pessoas.

Com relação aos dispositivos sociais para o auxilio do cuidador de idosos, estes podem promover e participar de grupos com outros cuidadores para a troca de experiências. Os indivíduos ou as famílias que estão em situação de risco ou vulnerabilidade social devem contar com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), aqueles que tiveram seus direitos violados como: ocorrência de abandono, maus tratos físicos, e/ou psíquicos, abuso sexual, pessoas em situação de rua, dentre outras, devem contar com o CREAS ( Centro de Referência Especializado de Assistência Social) que auxilia na eliminação das infrações aos direitos humanos e busca ampliar a autonomia e a capacidade de enfrentamento das pessoas que procuram o serviço.

As pessoas idosas que não possuem rendimento mínimo para arcar com a sua sobrevivência possuem o direito a Proteção Social Básica, isto é, um salário mínimo por mês a ser requerido nas agências do INSS, possui esse direito às pessoas 65 anos ou mais e pessoas com deficiência, quem não tem direito à previdência social, pessoa com deficiência que não pode trabalhar e levar uma vida independente e renda familiar inferior a 1/4 do salário mínimo. Além disso, o idoso não necessita de intermediário para requerer e receber o benefício e é importante ressaltar que tanto as pessoas idosas quanto os cuidadores devem procurar conhecer o Estatuto do Idoso que foi instituído em 2003 e regula os direitos das pessoas com mais de 60 anos.

http://sociedaderacionalista.org/

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