Meu amigo, você acha que vai, um
dia, ficar velho?
Primeiro precisamos entender que
velho é um ser humano com idade avançada que já não sonha mais, não planeja
mais, não se interessa por leitura alguma, por programa algum, seja de
televisão ou outro qualquer, prefere o reduto e o silêncio de sua casa a
encontros com pessoas, que espera apenas a morte chegar porque já está velho
demais para visitar amigos e parentes, para fazer mudanças em sua vida, pensar
em coisas diferentes.
Temos tratado o tempo com um
certo desprezo, uma porção de descaso, e um incontável número de negligência. O
tempo passa paulatinamente e, às vezes, chegamos a nos sentir donos do tempo.
Só nos damos conta da velhice quando esta bate à nossa porta, entra sem ser
convidada e ainda exige de nós coisas que nunca arranjamos tempo para pensar e
fazer.
Há, sem dúvida, jovens que são
velhos e velhos que são jovens. A questão que queremos levantar é a do tempo
que passa e das coisas que deixamos de fazer porque acreditamos que nunca
iremos envelhecer. A velhice chega, nos empurra para o sofá da debilidade
física ou para a cama das dores, doenças e amarguras, e ainda vem pedir contas
do que fizemos da vida.
Então começamos a pensar e
questionar: temos nos preparado para envelhecer com tranquilidade? O que temos
feito de nossas forças físicas enquanto ainda as temos? O que temos modificado
em nós que precisa ser modificado a fim de facilitar a vida e a convivência com
aqueles que estão ao nosso redor?
Tenho ouvido algumas pessoas que
já chegaram à senectude da vida e podem dizer com conhecimento de causa o que é
preciso fazer para envelhecer com tranquilidade.
Desapego. Desapegar-se das
coisas, das roupas, dos sapatos. Lembro-me de uma senhora que mencionou o item
desapego quando disse: “Tenho tantas roupas e sapatos e uma dificuldade imensa
em doar algum deles... Creio sempre que irá me ser útil em algum momento. Mesmo
não usando, uma hora o será. Preciso trabalhar a minha vaidade”.
Existe também o apego emocional.
Tão nocivo quanto o material. É quando nos sentimos proprietários de tal pessoa
ou de tal coisa. Isto é terrível porque tudo o que pensamos que é nosso hoje,
deixará de ser a qualquer momento e isso nos trará grandes sofrimentos, porque
o apego que temos hoje continuará existindo depois que cerrarmos os nossos
olhos para o colorido da vida.
Precisamos fazer mudanças
enquanto estamos envelhecendo dia a dia para que, quando a velhice chegar e nos
empurrar para o sofá ou para a cama, seja apenas para que descansemos um pouco
a fim de nos prepararmos para a grande viagem de volta.
(Denize do Nascimento Gonçalves)
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