Os benefícios do cuidar envolvem investimento em autoestima,
melhora na habilidade de prover cuidados e ganho de experiência, aumento de
satisfação pessoal, descoberta ou construção de sentido para a vida por meio do
cuidado, aumento da valorização pessoal, fortalecimento do vínculo entre
cônjuges e tornar-se mais cuidadoso com as demais pessoas. Esses benefícios são
especialmente identificados nos casos de relacionamentos prévios de qualidade
de afeto entre pacientes e familiares. Quanto maiores os vínculos, melhor
costuma ser a adaptação ao papel de cuidador e melhor são percebidos os
benefícios e administrados os prejuízos.
Entretanto, a sobrecarga diante do conjunto dos aspectos
negativos decorrentes da tarefa de cuidar é frequente e relativa a múltiplos
fatores. Os cuidadores são exigidos a oferecer cuidados intensos e têm sua vida
pessoal modificada, pois, além de se dedicarem ao paciente, precisam substituir
as tarefas por ele desempenhadas previamente e reorganizar tarefas de sua
responsabilidade e vida pessoal.
Assumir o papel de cuidador faz com que o familiar passe a
experienciar um exacerbado senso de responsabilidade em contraposição com o
reduzido senso de liberdade, envolvendo perdas na vida pessoal como diminuição
de independência, restrição de tempo para atividades pessoais, problemas
sexuais, privação de sono, possibilidade de viver exclusivamente para a pessoa
doente, tendência ao isolamento e diminuição de rede de apoio social,
sacrifício do presente e do futuro, além de alterações na vida familiar como
ruptura e mudanças na dinâmica e carga financeira. O estresse age no estado
emocional do cuidador interferindo na vida pessoal, familiar ou até na
qualidade de cuidado oferecido.
Alguns fatores podem dificultar o enfrentamento da situação:
pouco suporte social e insatisfação com a ajuda recebida, dificuldade do
paciente executar tarefas de rotina, muitas horas de cuidado, baixo nível de
adaptabilidade do cuidador e dificuldades de relacionamento anteriores à doença
entre paciente e cuidador.
É importante ressaltar que o grau de sobrecarga percebido
pelo cuidador pode estar relacionado com o tempo de cuidado dispensado,
velocidade de progressão da perda cognitiva do paciente e problemas
comportamentais associados ao quadro de demência, como no caso da depressão ou
de alucinações e delírios.
Algumas reações emocionais do familiar-cuidador também podem
intensificar o estresse como amplo sentimento de responsabilidade com
exacerbação de culpa por problemas, reações emocionais envolvendo vergonha,
culpa, preocupação, depressão e ansiedade e situações sociais embaraçosas
resultantes de estigma e discriminação.
A redução do estresse pode ser encontrada no apoio
emocional, social e familiar. O cuidador precisa ser cuidado, para suportar
perdas, construir alternativas e aproveitar possibilidades.
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