sábado, 4 de janeiro de 2014

UM NOVO OLHAR PARA A VELHICE

amor na velhice

Você já reparou como o número de pessoas mais velhas está aumentando?
O Brasil, que até pouco tempo era identificado como um “país jovem”, atualmente encontra-se no rol dos países com um importante crescimento de sua população idosa.

O envelhecimento acelerado que estamos constatando é decorrência da queda brusca da fertilidade e do aumento da longevidade humana. A redução da taxa de mortalidade infantil, as novas tecnologias, o avanço da medicina e a melhoria da qualidade de vida contribuíram, entre outros fatores, para aumentar a expectativa de vida do brasileiro.

Segundo dados do IBGE, em 1991 a população brasileira com 65 anos ou mais atingiu 7 milhões de pessoas. Conforme projeções, atualmente uma em cada 13 pessoas faz parte da população idosa e prevê-se que até o ano 2025 o número de idosos com 60 anos ou mais chegará a 32 milhões. (Berquó, 1996)

Essa mudança na estrutura demográfica da sociedade precisa ser acompanhada por mudanças de atitudes, mentalidades e da organização de toda a sociedade para enfrentar os novos desafios gerados pela também nova demanda.

Infelizmente, para envelhecer numa sociedade que tem como modelo a juventude, é necessário enfrentar o preconceito e valores estigmatizados que evidenciam mais os aspectos negativos dessa etapa da vida.

Envelhecer é um processo natural que envolve perdas, mas também importantes aquisições. O conhecimento e a experiência acumulada ao longo do tempo traz para a pessoa idosa a capacidade para enfrentar situações do cotidiano com equilíbrio e ponderação.

Valorizar a sabedoria como um aspecto positivo do envelhecimento é uma atitude a ser adotada pelo próprio idoso e por toda a sociedade para alterar a imagem social da velhice.

O convívio em grupos de idosos ou terceira idade é um espaço importante para desencadear, tanto na pessoa idosa quanto na comunidade, a mudança de mentalidade que leve à inserção e ao fortalecimento do papel social do idoso.

A criação de programas e projetos que estimulem a participação do idoso em diferentes atividades, é tarefa do poder público que deve destinar recursos que atendam as necessidades e garantam a melhoria na sua qualidade de vida.

A Política Nacional do Idoso, criada pela lei no 8842 de 04/01/96 e regulamentada pelo decreto no 1948 de 03/07/96, está voltada para assegurar os direitos sociais do idoso e as condições para a promoção de sua autonomia, integração e participação na sociedade. O papel da assistência social nesta Política é a de efetivar ações de proteção e inclusão social.

No entanto, os direitos conquistados em lei pela população brasileira em geral, e pelos idosos em particular, não garantiram a implementação de políticas e ações que respondam às reais necessidades de proteção social. Os serviços de atenção à população idosa na cidade de São Paulo são insuficientes frente à grande demanda, especialmente para os mais pobres que utilizam e dependem totalmente dos recursos da rede pública.

É grande a queixa dos idosos sobre a falta de educação e de como são tratados, por exemplo, nos transportes coletivos por inúmeros motoristas e cobradores, demonstrando o desrespeito e a falta de preparo da população em geral para o convívio com os mais velhos.

O crescimento do número de velhos trouxe mais visibilidade ao segmento, mas a sociedade precisa reformular sua concepção de velhice. É necessário que se lance um novo olhar para o idoso e tratá-los com mais respeito e dignidade.

Simone de Beauvoir no livro “A Velhice”, diz:
…”para reencontrar uma visão de nós mesmos, somos obrigados a passar pelo outro: como esse outro me vê? Pergunto-o ao meu espelho. A resposta é incerta: as pessoas nos vêem ,cada uma à sua maneira e nossa própria percepção, certamente não coincide com nenhuma das outras”. (Beauvoir, 1990:363)
 (Fátima Teixeira é mestre em Serviço Social pela PUC/SP.)

http://www.partes.com.br/

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