sábado, 31 de maio de 2014

AMOR E CARINHO


"Dedicação de familiares é essencial para o tratamento do paciente, que deve ter à disposição a melhor qualidade de vida possível."

ALZHEIMER - REPERCUSSÕES NA VIDA DO FAMILIAR CUIDADOR


A necessidade de assistência permanente ao doente leva o cuidador familiar a dedicar um número de horas ao cuidado, que pode levá-lo à exaustão e a dispender esforço físico além de suas possibilidades.

É um trabalho de 24 horas contínuo. E vai ser assim até no dia em que ela chegar a ficar de cama, até um dia falecer. Porque daqui pra frente ainda vai ser pior. Porque assim, como o Alzheimer vai... é uma doença que não tem cura, ela é degenerativa, vai chegar um ponto que ela vai ficar de cama. O médico já explicou isso, dela voltar à posição fetal, como uma criança dentro do útero."

Não é mole você pegar (diz o nome do marido) e dar banho nele, segurando ele."

Minha filha, estou com a saúde em pandarecos. (...) Quando eu fiquei com essa perna assim (mostra a perna inchada), eu chorava muito porque dizia: Meu Deus não me deixe ficar paralítica; depois que ele morrer, eu posso morrer até sem andar, sem nada, mas eu tenho que ter força agora para ficar com ele o tempo todo."

Diante desse contexto, percebe-se que o cuidado desempenhado por uma pessoa idosa, que já está com sua própria saúde fragilizada, compromete também o tipo de assistência prestada ao familiar doente, uma vez que quanto mais dependente for o paciente, maior será sua demanda de cuidado. Ademais, devido à sua saúde ficar em segundo plano, o cuidador pode tornar-se uma pessoa dependente,  e passível de também adoecer.

Outro aspecto relevante diz respeito a fatores que dificultam o sono do familiar cuidador, uma vez que os portadores de DA podem apresentar insônia ou agitação durante a noite. Neste sentido, a pesquisa corrobora investigação sobre os fatores que prejudicam o sono dos familiares cuidadores, pois além da interrupção do sono para prestar o cuidado, existe também a preocupação de que algo de ruim aconteça com o paciente durante a noite.

“(Risos) Eu durmo com o olho assim (mostra um olho fechado e outro aberto) (...) Porque não tenho coragem de pegar no sono e encontrar (diz o nome do marido) fazendo besteira, porque ele ainda se levanta sozinho”

Agora ela está mais calma. Porque quando ela não tomava a medicação ela ficava agitada: agredia, mordia ,arranhava, ela não dormia à noite. Eu moro em uma casa que tem escada. Eu ficava sentado na escada, a noite todinha, para ela não subir a escada, porque ela ficava da cozinha para a sala, da sala para o terraço, até dar sono. Quando dava sono, ela ia pra sala se deitava no sofá, já eram cinco, seis horas da manhã.”

Eu já não durmo mais na minha cama por causa dela. Por quê? Se ela se levantar eu vou perceber pela cama, né? Se eu estiver no meu quarto fecho a porta e não vejo, aí justamente estou dormindo com ela.”

Uma das características do paciente com DA são as alterações do ciclo sono-vigília, sendo comuns padrões irregulares de sono, como a deambulação noturna, conforme relatou o entrevistado . Alguns pacientes dormem mais durante o dia e começam a se agitar ao anoitecer, fato conhecido como síndrome do pôr do sol ou do entardecer , que se caracteriza por alterações no comportamento do idoso e momentos de confusão mental. Ao entardecer, o paciente pode não reconhecer a sua própria casa e tenta sair, ficando agressivo quando é impedido. São esses episódios de agitação noturna que trazem mudanças no ciclo sono-vigília e fazem com que se desregule o ritmo circadiano, aumentando assim o tempo em que o paciente permanece acordado durante a noite. 

(Risos) Aí mudou tudo, porque passei a não, não ter mais tempo pra mim, sabe? Eu esqueci de (diz o
próprio nome) e agora só lembro de (diz os nomes dos pais), entendeu?."

Afetou em tudo. Até em relacionamento, porque até em conhecer uma pessoa, em ter um relacionamento com alguém, eu não tenho nem como ter. Afetou em tudo. “

Rapaz, mudou muita coisa... Até quando eu vou para o trabalho eu fico preocupado. Não sei o que ela tá fazendo em casa, não sei se ela já comeu, se já se banhou... Tem que tá sempre acompanhando ela. E realmente mudou muita coisa. Eu era uma pessoa que gostava muito de sair. Não estou podendo mais sair, tenho que estar sempre com ela no final de semana, porque agora ela tá realmente dependendo da gente, né?".

Constata-se que ao assumir esse papel, o familiar cuidador também alterou o seu estilo de vida, consistindo, entre outras coisas, numa diminuição das atividades de lazer ou mesmo numa ruptura em seu convívio social. 

(...) Eu tava até pensando nisso um dia desses... Eu esqueci de mim, sabe? Esqueci mesmo. Eu não marco nada pra mim, eu não vou na casa de ninguém, eu não visito ninguém. Minha vida social acabou, acabou."

Hoje em dia não sou mais nada, eu só vivo pra ele. Eu não saio pra canto nenhum minha filha."

(...) Mexe em tudo, mexe em tudo como um todo. Por exemplo, no lazer, num fim de semana, num feriado, eu ia pra outro lugar, agora não vou, fico com ela."

Não tenho tempo de ler, de fazer um curso, de... De viver só de meu beneficio hoje, entendeu? Que a gente não pode parar, né? Ás vezes eu quero fazer um curso, quero fazer alguma coisa e não tenho condições de fazer... Porque você sabe, o cansaço bate, né? Tem horas que você quer fazer as coisas e não aguenta, porque é muita preocupação, não é? Muita preocupação”

Apesar das queixas e preocupações, esse familiar mostrou certa resignação porque está prestando cuidado a uma pessoa querida e significativa em sua vida:

Então veja só, eu já perdi... Não é que perdi seis anos da minha vida, na verdade eu não perdi, eu ganhei. Eu ganhei porque eu aprendi a tomar conta de uma pessoa que estava morando comigo e que está doente. Mas assim, eu também tenho que fazer a minha vida. Então, é difícil, é uma coisa muito difícil assim de lhe explicar o sentimento que a gente tem assim de... de... de... Por ela, por a gente mesmo. É uma coisa que eu não sei daqui pra frente como vai ser."

Quando ela está muito agitada eu também perco as sensações, sabe? É como se eu estivesse vivendo o
que ela tá vivendo, sabe? "

Quando eu vou pro trabalho fica aquele estresse porque eu não sei o que ela está fazendo lá (na casa deles), aí eu fico assim com uma tensão muito maior."

Muito estresse na minha vida, muito estresse, muito estresse mesmo. Tem hora que eu não agüento, tenho vontade de ir embora, de sumir."

Essa sobrecarga contínua de tarefas e de pressão emocional predispõe a que essas pessoas apresentem um elevado risco de também adoecerem, pois não contam, em sua maioria, com o apoio necessário que facilite o cuidado com o familiar doente.

Tá interferindo na minha saúde. Eu emagreci, eu era mais forte, eu perdi peso (...) Eu estou notando que eu estou precisando de um acompanhamento médico. Minha necessidade maior agora é um acompanhamento médico sabe, pra mim. “

Segundo Diogo e Duarte (2002), nos países desenvolvidos, os familiares cuidadores de idosos possuem preparo para a função que desempenham, contando inclusive com a ajuda de uma equipe em situações de crises. Além disso, estimulam situações que promovem uma maior participação dos familiares no cuidado aos idosos como, por exemplo, a identificação dos pontos frágeis e fortes encontrados no sistema familiar, além de encorajá- los a expressar seus sentimentos.

No Brasil os familiares carecem de um maior preparo e ainda há poucos recursos sociais de apoio, em que pese a criação de grupos para familiares, que tem a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ) como incentivadora. Observa-se também que existe uma carência para atendimentos voltados especificamente para cuidadores na rede pública e não há como as pessoas de baixa renda recorrerem aos profissionais da rede privada , porque os tratamentos são muito caros (Felgar, 2004).

Diante dessa realidade, percebe-se que os familiares cuidadores que participaram deste estudo, são confrontados com diversas situações que prejudicam sua qualidade de vida, pois seu cotidiano foi totalmente alterado pela existência da doença. Além disso, sabe-se que, com o tempo, as demandas se tornarão maiores, uma vez que o paciente se tornará mais dependente, precisando cada vez mais de ajuda nas suas atividades de vida diária. Desta forma, é imprescindível que essas pessoas recebam mais apoio e que haja uma divisão de tarefas de forma que elas se dediquem a outras atividades, além do cuidado ao paciente. Assim, elas poderão renovar suas energias e ter mais condições de propiciar a atenção que o mesmo necessita. (FONTE: Revista Psicologia)

DOENÇA DE ALZHEIMER: O QUE MUDA NA VIDA DO FAMILIAR CUIDADOR?

Estudos apontam que geralmente a função de cuidador é assumida por uma única pessoa a quem cabe a tarefa de cuidar do idoso e, na maioria dos casos, esse papel cabe a uma mulher que é cônjuge ou filha. Isto reflete o padrão cultural de que prestar cuidados é uma função feminina. Outro fator importante é que o familiar cuidador pode chegar a dispender oito vezes mais horas por mês de dedicação aos cuidados, ou o equivalente há 60 horas semanais, quando comparado a um cuidador profissional.
Por sua vez, a sobrecarga faz com que os cuidadores desempenhem funções além de suas capacidades, resultando em uma forma de cuidado desequilibrada, sendo freqüentemente acompanhada de resultados insatisfatórios para o atendimento das necessidades do seu familiar.  Outro aspecto importante no processo de cuidar é que a qualidade de vida do paciente está relacionada ao bem-estar do cuidador.

O processo de cuidar
Dentre alguns motivos que levam a pessoa a se assumir como cuidador está a sua história de vida ou mesmo a composição familiar. Para ilustrar esta assertiva, destacam-se as seguintes falas:

Minhas irmãs têm um conceito sobre mim, que eu acho que é errado, é... (diz o próprio nome) tem mais tempo de ficar com minha mãe, por que (diz o próprio nome) não tem marido, entendeu? “

O processo se deu assim neste sentido, porque todo mundo se casou, foi fazer sua vida. Então no caso, eu também era bem mais novo, quando aconteceu isso. “

Pelos relatos acima, pode-se constatar que esse lugar de cuidador não foi uma escolha dessas pessoas, mas muitas vezes foi dado por outros membros da família ou por condições familiares que antecederam a própria doença. Segundo alguns autores, existem fatores que influenciam essa decisão como: ser mulher (esposa, filha ou nora), ser o cônjuge, mais raramente outros membros da família.

Com relação a esse tema, observa-se que essa escolha” geralmente não se faz sem conflito, pois com freqüência somente um dos familiares é eleito como o “dono do doente”, e, muitas vezes, não conta com a ajuda de outros membros da família . O relato a seguir sinaliza essa condição:

"Porque é o seguinte, como ela tomou conta de todo mundo, aí você para e analisa: Poxa, por que só eu que tenho obrigação? Todo mundo não tem obrigação? Ela não tomou conta dos outros? Por que é que os outros não quer? Aí ficava um pouco de revolta!”

"E eu gosto de cuidar, sabe? Eu sou um pouco mãe mesmo, eu sempre gostei de cuidar, sabe, de todo mundo de casa.”

Olhe, o cuidado que eu tenho é porque eu tenho consciência que a gente... Quem não vive para servir, não serve para viver. Você serve até um estranho, entendeu? Quanto mais a uma mãe, quer seja boa ou não, você tem obrigação. O cuidado é mais obrigação, a gente tem que dizer a verdade, é obrigação... Não é assim por amor.”

Sentimentos que permeiam o adoecer

O familiar cuidador pode experimentar diversos sentimentos diante das perdas que envolvem o adoecer, mas diante da DA também vive as inquietudes pelo fato do paciente não poder dar um feedback adequado. Entre outras consequências da doença, a perda da memória faz com que ela seja devastadora para a família. 

"É muito triste, eu acho, né? Você está convivendo com uma pessoa, é filho daquela pessoa, está convivendo com ela e chegar ao ponto dela não conhecer você e perguntar: Quem é você? Aí você vai responder o quê? Sou seu filho? Ela pode se lembrar no momento, mas depois ela esquece. Aí fica aquela coisa triste, uma angústia de ver que sua mãe esqueceu você."

Os familiares de pacientes com doenças degenerativas freqüentemente utilizam a expressão “morte em vida”,  uma vez que elas comprometem tanto psíquica como funcionalmente o indivíduo. Dessa maneira, as famílias, ao enfrentarem o processo de demência, experimentam muito desconforto uma vez que a dor que os familiares vivenciam é por se tratar da “morte antes da própria morte”.  Sentimentos de perda, como se o doente morresse um pouco a cada dia, vivendo assim um luto antecipado.

“Vem um sentimento de perda, pra mim é de perda. Porque aí eu tenho certeza de que eu tô perdendo a minha mãe, entendeu? É como se eu visse que ela está morrendo, sabe, aos pouquinhos. “

“Ontem mesmo eu tava na televisão, aí eu fiquei pensando, eu digo cá comigo, né? Jesus já está me dando esse negócio dele ir embora de mim assim vivo mesmo. “

Presente algumas vezes do sentimento de impaciência decorrente do estresse e da dificuldade para lidar com alguém que tem as suas funções cognitivas afetadas. O perigo é que daí pode decorrer a violência contra o doente.

E tem hora que eu perco até a paciência, sabe? Aí na mesma hora eu digo: se eu perder a paciência com ela, ela não tem culpa. Por que às vezes o que ela faz, que ela tenta me agredir, parece que eu quero revidar, sabe? Aí eu disse não, porque não é minha mãe que tá fazendo, é a doença."

Eu, eu... fiquei grosseira. Tinha hora que eu perdia a paciência, sabe? Aí eu sei que eu fiquei assim muito nervosa. (...) Eu fiquei sem paciência com ele, das teimosias, tá entendendo? (...) Aí eu disse: Dr. eu tô sendo agressiva com (diz o nome do marido). E quando é de noite eu tô chorando e pedindo perdão a Deus. (... ) Porque tinha hora que eu extrapolava mesmo, quando era de noite é como eu estava lhe dizendo, eu ia rezar e pedir perdão. (Risos) Mas Deus disse a mim que já estava cansado de tanto eu tá pedindo perdão e fazendo a mesma coisa.”

Se você não tiver uma cabeça boa, você acaba agredindo, você perde a paciência. Muitas vezes eu cheguei a gritar, não vou dizer que eu fui santo, né? (...) Aí quando eu via que... Que eu começava a gritar, que eu perdia a paciência, saia de junto. Chamava minha irmã e dizia: fica com ela, porque eu não quero gritar não, porque possa ser que eu perca a paciência, sem querer vou pegar nela, machuco, posso até... Sei lá, não sei o que vai passar pela minha cabeça...”

Identificou-se, em outros recortes, o sentimento de pena pelo idoso estar em um estado de dependência e de fragilidade.

Meu sentimento? (voz trêmula) Ah... Eu fico, às vezes, assim olhando pra ele, aquele olhar tão perdido, me dá uma pena...”

Olhe, eu sinto o seguinte: eu sinto pena dela. Pena dela pela.... Pelo que ela mostrava, o que ela era pra gente. Assim... de...de vigor, de saúde...(...) Aí assim, eu fico muito triste, eu fico com muita pena dela e fico imaginando a situação dela em cima de uma cama."

Constata-se que os familiares cuidadores vivenciam diversos sentimentos diante das frustrações que a doença traz. Por um lado, sentem pena por ver seu ente querido em um estado de total dependência, mas devido à pressão psicológica a que estão sendo submetidos, em alguns momentos sentem que estão perdendo o controle. Ainda relacionado a esses recortes, no processo de cuidar de um ente próximo que se torna dependente existe uma “turbulência de sentimentos”, que se originam a partir de sentimentos que envolvem defrontar-se com a fragilidade e a finitude do ser humano.

Defrontar-se com uma doença progressiva de uma pessoa tão próxima, que leva inevitavelmente a perder a sua própria identidade e sua independência funcional, faz aflorar sentimentos de medo de adoecer também e de tristeza devido à possibilidade de perder seu familiar. A verbalização abaixo confirma o que foi dito:

Eu tenho medo de ter Alzheimer, porque eu ando muito esquecida... (Risos) Eu tenho medo que eu tenha essa doença... E eu não quero nem pensar, sabe, porque eu sei que vou ficar à míngua. (...) E eu estou sentindo que eu estou ficando esquecida também. Eu leio uma coisa, às vezes quero me lembrar e eu não consigo, entendeu? Eu digo: Meu Deus será que estou com esse problema de mamãe? "

Estou de pés e mãos amarrados e sei que a doença está evoluindo, evoluindo. E assim... Às vezes eu tenho vontade de perguntar a Dr. (diz o nome do médico assistente) : Dr., quanto tempo mais ou menos?. Mas que pergunta difícil de ser feita... Mas eu sei que está chegando ao fim doutora, eu sei disso. (Chorando) E isso está me matando..."

No caso em que um membro de um casal é o portador da demência, um sentimento também apontado foi o de solidão: Me sinto sozinha, né? Por que ele só faz dormir, não conversa mais. “

Neste aspecto, salienta-se que, das pessoas que participaram do estudo, existe apenas um cônjuge, uma senhora também idosa que residia sozinha com seu marido. Acredita-se que este fato, além da pouca atividade de lazer em seu cotidiano, contribui para seu sentimento de solidão. Os cônjuges são os que sofrem um maior impacto ao cuidar de um paciente demenciado .
( FONTE:: Revista Psicologia e Saúde).

sexta-feira, 30 de maio de 2014

SE NÃO ME LEMBRAR DE VOCÊ, POR FAVOR NÃO ME ESQUEÇA


Alzheimer Cuidados



Em todo o mundo existem cerca de 17 e 25 milhões de portadores de Alzheimer, o que representa um enorme porcertual do conjunto de doenças que afetam a população geriátrica. De acordo com o Neurologista Dr. Giorgio Fabiani, membro da Academia Brasileira e Americana de Neurologia e da Movement Disorders Society não se pode afirmar o número exato de pessoas atingidas pela doença no Brasil. "A incidência aumenta rapidamente graças ao envelhecimento da população. É uma bomba pronta para explodir! Em um futuro próximo serão milhões de brasileiros com demência que vão precisar de atendimento neurológico e gastos elevados com medicações", afirma o neurologista.

O Mal de Alzheimer deteriora algumas regiões do cérebro, que alteram o comportamento físico, mental, a linguagem, entre outros, levando a demência. Segundo Dr. Giorgio a doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, ele explica que demência é o termo usado para descrever o déficit cognitivo progressivo e irreversível que interfere nas atividades do dia a dia. "O Alzheimer é uma doença degenerativa incurável, lenta e progressiva que afeta principalmente a memória recente, há alterações de comportamento, alterações no ritmo do sono entre outros", explica o especialista. Cada paciente sofre a doença de forma única. Os primeiros sintomas são muitas vezes falsamente relacionados com o envelhecimento natural e estresse.

As causas da Doença de Alzheimer ainda não são conhecidas, mas sabe-se que existem relações com certas mudanças nas terminações nervosas e nas células cerebrais que interferem nas funções cognitivas. O sintoma primário mais notável é a perda de memória recente, "A pessoa com Alzheimer começa a esquecer nomes, senhas, nomes de objetos, compromissos, rotas a seguir, gás e água ligados. Em alguns casos ocorrem alterações no sono e no comportamento além de depressão", declara Dr. Giorgio.

Sinais de alerta
Você já ouviu alguém próximo a você dizendo frases como "Eu vivo me esquecendo...", "Não me lembro onde deixei tal coisa". São esses os tipos de queixa que se ouve, às quais geralmente os amigos e familiares reportam como "coisas da idade". Se alguma pessoa de suas relações esquecer o caminho de casa ou não se lembra de jeito algum, ou só com muito esforço, de um fato que aconteceu, procure um médico. Pode não ser algo importante, mas pode ser também um início da Doença de Alzheimer que não tem cura, mas cujo tratamento precoce atrasa o desenvolvimento da doença, produz alguma melhora na memória, torna mais compreensível as mudanças que vão ocorrer na pessoa e melhora a convivência com o doente.

Quando a suspeita recai sobre o mal de Alzheimer o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos e radiológicos. O neurologista Dr. Giorgio Fabiani explica que o diagnóstico é feito através de uma amnese do paciente. "É feita avaliação neuropsicológica, exames de sangue e tomografia ou ressonância do crânio", explica.

Com o avançar da doença aparecem sintomas como confusão mental, agressividade e irritabilidade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória e a pessoa começa a se desligar da realidade. A pessoa com Alzheimer perde a capacidade de dar atenção a algo, perde a flexibilidade de pensamento, também é notada certa desorientação de tempo e espaço. A pessoa não sabe onde está nem em que ano está, em que mês ou que dia. A doença vai-se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se não diagnosticada e assintomática durante anos.

Com o passar dos anos, conforme os neurônios morrem e a quantidade de neurotransmissores diminuem, aumenta a dificuldade em reconhecer e identificar objetos. A memória do paciente não é afetada toda da mesma maneira. As memórias mais antigas, a memória semântica e a memória implícita (memória de como fazer as coisas) não são tão afetadas como a memória a curto prazo. Os problemas de linguagem implicam normalmente a diminuição do vocabulário e a maior dificuldade na fala, que levam a um empobrecimento geral da linguagem.

Fases da doença
Dr. Giorgio Fabiani diz que a doença de Alzheimer se baseia em três fases distintas. A fase leve ou inicial intermediaria ou moderada e a fase avançada ou final. Na fase inicial, o paciente ainda consegue comunicar idéias básicas. A pessoa pode parecer desleixada ao efetuar certas tarefas motoras simples devido a dificuldades de coordenação.

Na fase intermediária a degeneração progressiva dificulta a independência. A dificuldade na fala torna-se evidente devido à impossibilidade de se lembrar de vocabulário. Progressivamente, o paciente vai perdendo a capacidade de ler e de escrever e deixa de conseguir fazer as mais simples tarefas diárias. Durante essa fase, os problemas de memória pioram e o paciente pode deixar de reconhecer os seus parentes e conhecidos. A memória de longo prazo vai-se perdendo e alterações de comportamento vão-se agravando. As manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de agressividade ou resistência à caridade. Aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvem ilusões e outros sintomas relacionados.

Durante a fase final do Mal de Alzheimer, o paciente está completamente dependente das pessoas que tomam conta dele. A linguagem está agora reduzida a simples frases ou até a palavras isoladas, acabando, eventualmente, em perda da fala. Apesar da perda da linguagem verbal, os pacientes podem compreender e responder com sinais emocionais. No entanto, a agressividade ainda pode estar presente, e a apatia extrema e o cansaço são resultados bastante comuns. Os pacientes vão acabar por não conseguir desempenhar as tarefas mais simples sem ajuda. A sua massa muscular e a sua mobilidade degeneram-se a tal ponto que o paciente tem de ficar deitado numa cama; perdem a capacidade de comer sozinhos. Por fim, vem a morte, que normalmente não é causada pelo Mal de Alzheimer, mas por outro fator externo.

De acordo com Dr. Giorgio o tratamento para a doença de Alzheimer consiste apenas em melhoras para transmissão neuronal. As drogas disponíveis no mercado são: Rivastigmina, Donepezila, Galantamina e Memantina. Nenhuma cura a doença e nem impede a sua progressão, apenas lentifica a velocidade de progressão da doença.

Apesar de tratar-se de uma doença predominantemente senil, essa questão deve preocupar também o público de qualquer idade porque, num futuro próximo, esses números passarão a fazer parte das perspectivas de vida daqueles que hoje são ainda jovens. Até hoje, a Doença de Alzheimer continua sendo uma síndrome de causa desconhecida e incurável. Mas, nos últimos anos as perspectivas em relação à Doença de Alzheimer têm sido abordadas com certo otimismo realista, tendo em vista as possibilidades de a ciência retardar os sintomas da enfermidade.

A medicina está começando a detectar os sinais da doença décadas antes dela surgir. Estamos muito próximos de começar ensaios clínicos dirigidos a evitar que se produzam as primeiras lesões cerebrais da doença, as quais têm início em torno dos 40 anos. Além disso, as pesquisas genéticas parecem deixar claro que, se a pessoa possui alguns genes defeituosos, poderá ter a Doença de Alzheimer no futuro. Com modernas técnicas de pesquisa genética já se vislumbra a possibilidade de saber se a pessoa vai ou não ter, desde os 20 anos de idade, a Doença de Alzheimer na senilidade. Autópsias no cérebro de pessoas que morreram de Alzheimer mostram que essas placas, ao se acumular em áreas corticais, destroem os neurônios, levando à degeneração cerebral irreversível.

O teste mais promissor, em processo de aprovação no FDA (agência americana para o controle de alimentos e remédios), consiste em injetar no sangue um contraste que, por meio de tomografia computadorizada, torna visíveis as placas da proteína beta-amiloide, que parecem desencadear a doença. Quanto menor a quantidade, maior a chance de desenvolver Alzheimer. Isso porque, na doença, a proteína migra do sangue (ou do líquido espinhal) para o cérebro.


Noticias  recentes revelam que testes prometem diagnóstico de Alzheimer mais cedo. Exames que detectam uma proteína no cérebro e no sangue, e outro que mede a largura dos vasos sanguíneos são as novas promessas para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer. Os novos métodos foram discutidos em uma conferência internacional de Alzheimer, que acontece em Paris.



Alzheimer cuidados


Como cuidar de uma pessoa com Alzheimer
  
Avaliar os perigos em potencial da casa onde vive o paciente é de fundamental importância. Degraus, maçanetas, quinas e cantos de móveis, iluminação de corredores e cômodos (manter luzes acesas à noite), enfim, deve ser realizada uma verdadeira perícia. Observe cada cômodo e verifique se existe algum perigo para alguém que está esquecido e confuso. Por outro lado, decidindo por mudanças, não devemos esquecer que uma pessoa com a doença de Alzheimer tem sérias dificuldades para ajustar-se às mudanças.

Fogão e outros eletrodomésticos podem ser esquecidos ligados ou usados de maneira errada pelos pacientes, portanto, uma checada rotineira é importante.

Havendo prejuízo mais severo da memória e da atenção, os botões devem ser cobertos, o registro do gás deve ser desligado quando o fogão estiver sem uso, da mesma forma que os aquecedores e fornos microondas devem ser desligados da tomada quando não estiverem sendo usados. Esse mesmo raciocínio de dificultar o uso indevido deve ser aplicado em relação aos ferros elétricos, torradeiras, liquidificadores, ferramentas e outros equipamentos elétricos.

Nas casas com aquecimento de água central, é importante que a temperatura seja regulada abaixo dos 39 graus. O paciente pode se queimar no momento de misturar água quente e fria para o banho. Trancas e chaves pelo lado de dentro das portas devem ser removidas para facilitar o acesso dos familiares a esses cômodos. O acesso à banheira e piscina devem ser fechados.

Dirigir é perigoso para pessoas com a Doença de Alzheimer, mesmo no início do quadro. Exercícios regulares também ajudam a diminuir a impaciência, além de ajudar dormir melhor. Caminhar é uma boa maneira do paciente com Doença de Alzheimer se exercitar.

Ter uma programação diária e regular para as atividades do paciente com a Doença de Alzheimer é de grande ajuda, pois ele se sente muito mais seguro e orientado com uma rotina familiar. Desta forma, é bom ter em mente que as pessoas com doença de Alzheimer freqüentemente se aborrecem por querer executar atividades e não conseguir. Por causa dessa dificuldade pragmática (para fazer as coisas), faça as tarefas junto com o paciente, permita que ele faça o máximo que puder por conta própria, mas esteja pronto para ajudar. Para fazer um bolo, por exemplo, escolha para ele as atividades que envolvam várias tarefas simples, fazendo você mesmo as tarefas mais difíceis, como por exemplo, medir os ingredientes.

Algumas famílias costumam deixar o paciente tomar suas refeições em separado do restante da família, mas essa não é uma boa tática. As refeições são ótimos momentos para a socialização e permite que se tenha algum controle sobre a quantidade e qualidade do alimento que o paciente Quando o paciente se veste sozinho, escolher o que vestir pode ser difícil demais para ele e pode também não conseguir escolher as roupas que combinam.

Procure deixar as roupas que ele usará sobre a cama diariamente e, se for o caso, entregue uma peça de cada vez, explicando como vesti-la. O estímulo para que o paciente continue a se vestir sozinho ou o máximo que consegue é muito importante para evitar uma apatia por acomodação.

Assim como as refeições podem se transformar num excelente exercício de ressocialização, também os cuidados higiênicos com barba e cabelo podem ser mais bem aproveitados. Havendo condições, a ida a barbeiros e cabeleireiros é sempre desejável.

A melhor maneira de ajudar a pessoa com Doença de Alzheimer é aprender tudo o que puder sobre a doença. A doença de Alzheimer provoca mudanças nas áreas cerebrais que controlam a memória e o raciocínio. É por este motivo que as pessoas portadoras da doença de Alzheimer têm dificuldade para viver uma vida normal. As causas do desenvolvimento da doença ainda não são totalmente conhecidas pela medicina. Algumas pesquisas enfatizam um componente hereditário, outros falam de alguma virose, enfim, não se sabe ainda ao certo qual seria a causa dessa doença. 

É importante saber que, atualmente, ela ainda não tem cura, mas cuidados apropriados podem ajudar a pessoa com Alzheimer viver com mais conforto. "É importante que o paciente leve uma vida saudável com boa alimentação, atividades físicas regulares, controle do diabetes, pressão e colesterol, que a pessoa tente manter-se intelectualmente ativo. Isso não evita a doença Alzheimer, porém pode retardar o seu início em vários anos", conclui o especialista.
http://revistacorpore.com.br/

VOCÊ POR PERTO - LIAH SOARES


Ouvir tua voz quando eu não puder falar
E vencer qualquer distancia pra te alcançar
Não vou partir mesmo quando eu me perder
Ser maior que o horizonte pensando em você

Pela verdade em mim que você enxergou
Por todas as vezes que você me mostrou que é hora de viver...

Por todo sonho a realizar
Por todo amor em seus olhos encontrar
Por todo o errado que virou o certo
Por toda a força, ter você por perto...

Não ser o fim em cada curva que chegar...
Eu atravessei desertos pra te ver passar...
Pela verdade em mim que você enxergou
Por todas as vezes que você me mostrou que é hora de viver

ALZHEIMER - SE BEM ME LEMBRO ...

Alzheimer - Se Bem Me Lembro...(Lembranças De Menos) 


Um lugar parado no tempo
Cheio de lembranças empoeiradas
Avisos em neon piscando lentos
Buracos entranhados feito estradas

Um lugar velho e aconchegante
Cheio de rostos, figuras e lugares
Uma letra antiga de um hit dançante
E um prédio de cinco andares

Uma guitarra jogada num canto qualquer
Tardes com a turma no Bar Beira Rio
O primeiro beijo e a primeira mulher
O primeiro cigarro, o primeiro vício

Um lugar que hoje é só meu
Pessoas que já não reconheço
Às vezes penso que o mundo enlouqueceu
Tudo que lembro é que sempre esqueço

http://www.overmundo.com.br/

terça-feira, 27 de maio de 2014

NÃO PODE FICAR PARADO ! SOLIDÃO E SENSAÇÃO DE INUTILIDADE COMPROMETEM A SAÚDE DOS IDOSOS

A saúde dos idosos depende e muito de seu estilo de vida. E não estamos falando de alimentação ou exercícios físicos para ter um corpo saudável. Não basta cuidar do corpo, é preciso cuidar também da mente. Manter uma vida social ativa se mostra fundamental para que o idoso viva mais e melhor.

saúde dos idosos

É isso o que demostra uma pequisa de fevereiro de 2014, da Universidade de Chicago (EUA). Os pesquisadores identificaram que sentir-se totalmente sozinho pode antecipar a morte entre os idosos em 14%. De acordo com esse estudo, os idosos que mantém uma rede social e bons relacionamentos ativos são capazes de superar problemas e situações estressantes da vida na terceira idade.

A saúde dos idosos melhora quando eles tem uma vida social ativa. Segundo os pesquisadores problemas como a depressão, dificuldade para dormir, aumento na pressão arterial e queda da imunidade são consequência da sensação de solidão e inutilidade. Além disso, a visão e a audição do idoso isolado do mundo também acaba se deteriorando com o passar do tempo pela falta de contato social.

Sociabilizar é, então, uma palavra chave para a saúde dos idosos

O idoso que quer ser mais saudável e feliz precisa manter sua vida social ativa, mas isso nem sempre é muito fácil. Muitos idosos decidem mudar-se para cidades mais tranquilas quando se aposentam, mas isso pode se transformar em algo ruim para a saúde dos idosos, já que pode ocorrer a perda de contato com a família e os amigos. Ainda assim, há maneiras de mudar essa situação espantar a solidão.

saúde dos idosos

1. Busque centros de ajuda à idosos. Muitas cidades, mesmo sendo pequenas, oferecem centros de auxílio ao idoso. Outras cidades tem organizações não governamentais que prestam serviços aos idosos. Nesses locais, o idoso encontra atividades físicas, passeios, atelies e apoio especializado. É uma boa maneira de fazer novos amigos pois muitos outros idosos se reúnem em busca do mesmo objetivo.

2. Ligue para aquele antigo amigo. Faz tempo que vocês não se veem? Busque contato com todos os seu antigos amigos. A vida seguiu e muita coisa acontecer, com certeza vocês terão muito assunto para conversar. Marque um jantar, convide seus amigos para irem na sua casa. Se precisar viajar para rever amigos ou familiares, qual é o problema? É ainda mais um divertimento para você.

3. O esporte faz bem para o corpo e alma. Para a saúde dos idosos ir de vento e polpa, é preciso praticar alguma atividade física. Quem sabe você encontra um club de natação, aulas de box ou seja qual for a atividade física que te dê prazer. Nessas aula, você poderá fazer novos amigos!

4. Porque não usar a internet? Esse novo meio de comunicação reúne um mundo de pessoas e de possibilidades. Entrar em contato com amigos e familiares por meio de rede sociais é uma ótima opção para manter ativa a vida social e melhorar a saúde dos idosos. Veja o vídeo abaixo.


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domingo, 25 de maio de 2014

DONA CRISTINA PERDEU A MEMÓRIA

MÃE - HOMENAGEM DE VILLYN

Mãe.

Existem coisas em minha vida que eu trocaria com facilidade. Algumas pessoas e eventos eu deixaria de lado. Mas existe algo que eu poderia ter mais cem vidas e não abriria mão, que é ser filho do Waldemar e da Vanina. Não escrevo porque deixei de dizer algo, escrevo por uma necessidade existencial, escrevo pra ver se essa sede passa, escrevo para registrar, documentar para quem quiser saber o tamanho do meu amor.

Se escrevo para todos, apesar da impossibilidade do diálogo, também escrevo pra você mãe, não para que você saiba de algo, mas para que os outros saibam algo sobre a pessoa mais incrível que conheci. Nossas conversas não serão mais possíveis, mas as conversas que tivemos viverão para sempre, conversas que talharam em meu coração valores que me conduzirão pelas estradas que tenho pela frente.

Seus olhos não brilham mais, mas o brilho dos seus olhos iluminarão meu coração nos dilemas que a vida ainda me apresentará. Bem disse o Paulinho, seu irmão: “Bem-aventurado quem viveu com você”. É verdade, feliz de quem passou tardes sentadas naquela varanda ao seu lado.

Lembro quando nosso Wal, já no fim da vida, andava meio esquecido das coisas, me chamava e quando eu chegava perto ele não dizia nada, apenas apontava pra você. Tempos depois desvendei o mistério, ele queria me dizer que você foi maior de todas, ele queria expressar como foi bom viver ao seu lado por 30 anos. Mas ele não conseguiu. Não tem jeito mãe, qualquer tentativa é incompleta, com ou sem Mal de Alzheimer.

Como descrever você? Parece que o teclado do computador está incompleto. Não, não é isso. Pessoas incríveis não cabem em letras. É preciso conhecer para entender. Eu conheci, que bom.

Nossos anos nesse outro caminhar estão eternizados. Aqueles primeiros dias de consultas e opiniões a respeito da doença que devorou meu pai, me colocaram diante de uma mulher recheada dos valores do Reino. Valores que dão coragem para enfrentar o que não queremos. Uma coisa é pregar, outra é viver. Jamais esquecerei seu carinho, sua paciência e o brilho em seus olhos. Você personificou a palavra “aliança”. Uma coisa é prometer amar na doença, outra é viver.

Uma vida que valeu a pena? Não há como não pensar em você. O salmista em sua sede pediu a Deus sabedoria para contar os dias, creio que você orou com ele, e não tenho duvida de que Deus atendeu ao seu pedido. Vou chorar sua partida por muito tempo, me reservo ao direito de não aceitar chavões vazios para me consolar, farei de tudo para sentir sua vida pulsando.

O Rubem Alves diz que saudade é nosso coração desejando voltar para um momento de felicidade. É isso mesmo, vou sempre voltar, para sempre lembrar. Saudade é o nome que se dá quando a ausência vence. Saudade só acontece quando valeu a pena. Dá pra imaginar o tamanho da saudade que sentirei?

O Marcel e eu jamais esqueceremos os livros que você leu e nos deu o resumo para fazermos a prova! Sim, vou parar no Graal da Fernão Dias para comer pizza. Vou fingir que você está comigo, pois só por você eu como aquela pizza. Vou comprar quilos e quilos de morango e açucar para fazer sua geléia, o problema é que você nunca escreveu a receita, sempre foi uma “pitada disso”, “um tanto daquilo”. Vou ligar o fogo e deixar queimar só para sentir o cheiro da minha infância e para que o Rafa, o Felipe e a Gabi, seu netos, saibam que sua vida foi um perfume.

Escrevo essas poucas linhas sentado ao seu lado, provavelmente nossa última noite juntos. Já chorei muito, as enfermeiras já devem estar pensando em me internar também… Porque fiquei aqui? Foi meu coração que mandou, e você me ensinou que Deus mora nele, resolvi segui-lo.

Fiquei aqui para dar os últimos passos com a pessoa que me ensinou a andar.
Fiquei para te ajudar a encerrar sua vida. É pouco mãe, eu sei, mas de alguma maneira estou tentando agradecer por todos os inícios que você se dispôs a trilhar comigo.

Sua vida foi uma poesia, uma obra de arte, por isso nesse momento desisto de tentar falar de você: Obras de arte foram feitas para serem admiradas, e não explicadas. Fiquei ao seu lado essa noite, dormi por 10 minutos, você aproveitou esse intervalo e correu para os braços do Pai. Protegendo a cria até na hora da morte!

Continuarei minha vida com Fé e Esperança. Fé para viver com a coragem que você viveu. Esperança de que um dia poderemos nos encontrar em uma grande Celebração, nesse dia vou dançar com você e vou obrigá-la a escrever a receita da geléia…

Darei para esse dia o nome de Céu, o lugar que me trará de volta as coisas que eu amo e que o tempo levou. Concordo com meu pai, você foi a maior. Minha linda, sua vida viverá em mim e nos filhos dos meus filhos. Que bom foi sua vida em minha vida. Você não morrerá jamais. Amo você, pra sempre.”
Desejamos que a beleza dos sentimentos expressos neste texto sejam reais e presentes entre filhas (os) e mães. 
(Villy Fomin – texto escrito em homenagem à sua mãe Vanina Camargo Fomin, que faleceu na madrugada de 25 de Abril de 2012.)

sexta-feira, 23 de maio de 2014

UMA ASSOCIAÇÃO DEVASTADORA


Pesquisadores brasileiros descobrem por que o mal de Alzheimer e a depressão são duas doenças que estão conectadas. A conclusão do trabalho abre novas perspectivas de diagnóstico e de tratamento para ambas as enfermidades

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Uma pesquisa brasileira acaba de dar uma contribuição decisiva para o melhor entendimento de dois dos principais flagelos da saúde mental: a depressão e o mal de Alzheimer. A depressão, que já atinge 350 milhões de pessoas, é considerada o mal do século XXI pela Organização Mundial da Saúde. O mal de Alzheimer atualmente aflige 36 milhões, mas espera-se que esse número dobre até 2030. Agora, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) encontraram um mecanismo bioquímico que liga os dois distúrbios. Em um trabalho feito em animais, eles verificaram que o acúmulo de uma neurotoxina no cérebro leva ao desenvolvimento de sintomas de ambas as doenças. Tratadas com antidepressivos, as cobaias apresentaram melhora com relação aos dois quadros. O resultado do estudo, assinado pela equipe do Instituto de Bioquímica Médica da instituição fluminense, foi divulgado na última edição da “Molecular Psychiatry”, publicação do grupo da prestigiada revista científica inglesa “Nature”.

Há algum tempo os cientistas observavam uma associação entre as duas enfermidades. O mérito dos pesquisadores brasileiros foi desvendar exatamente o que as une. O elo é feito por um composto chamado oligômero de abeta. Trata-se de uma substância tóxica que, em pacientes com Alzheimer, apresenta-se em maior concentração. Como se dissolve com facilidade no líquido cerebral, vai aos poucos degenerando a capacidade de memorização de informações – a perda gradual da memória é um dos principais sintomas da doença.

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O grupo da UFRJ descobriu que essas mesmas neurotoxinas também provocam prejuízos no sistema cerebral que regula o humor. Ainda não se sabe claramente o mecanismo pelo qual isso ocorre. Acredita-se que a substância interfira na fabricação da serotonina (composto cujo desequilíbrio está associado à depressão) ou que desencadeie um processo inflamatório que resulte na enfermidade.

Depois de constatarem o papel da substância, os cientistas resolveram verificar se, tratando a depressão com um antidepressivo, seria possível também obter melhora nos sintomas de Alzheimer. As cobaias foram então medicadas com fluoxetina, princípio ativo de muitos antidepressivos, entre eles o Prozac. “Observamos que o remédio combatia a depressão e, ao mesmo tempo, tinha um efeito preventivo contra os danos do Alzheimer”, contou o pesquisador carioca José Henrique Alves da Cunha, cuja tese de doutorado é a pesquisa.

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