"Dedicação de familiares é essencial para o tratamento do paciente, que deve ter à disposição a melhor qualidade de vida possível."
sábado, 31 de maio de 2014
ALZHEIMER - REPERCUSSÕES NA VIDA DO FAMILIAR CUIDADOR
A
necessidade de assistência permanente ao doente leva o cuidador
familiar a dedicar um número de
horas ao cuidado, que pode levá-lo à exaustão e a dispender
esforço físico além de suas possibilidades.
“É
um trabalho de 24 horas contínuo. E vai ser assim até no dia em
que ela chegar a ficar de cama, até um dia falecer. Porque daqui
pra frente ainda vai ser pior. Porque assim, como o Alzheimer vai...
é uma doença que não tem cura, ela é degenerativa, vai chegar um
ponto que ela vai ficar de cama. O médico já explicou isso, dela
voltar à posição fetal, como uma criança dentro do útero."
“Não
é mole você pegar (diz o nome do marido) e dar banho nele,
segurando ele."
“Minha
filha, estou com a saúde em pandarecos. (...) Quando
eu fiquei com essa perna assim (mostra a
perna inchada), eu chorava muito porque dizia: Meu
Deus não me deixe ficar paralítica; depois que
ele morrer, eu posso morrer até sem andar, sem nada,
mas eu tenho que ter força agora para ficar com
ele o tempo todo."
Diante
desse contexto, percebe-se que o cuidado desempenhado por uma pessoa
idosa, que já está com sua própria saúde fragilizada, compromete
também o tipo de assistência prestada ao familiar doente, uma vez
que quanto mais dependente for o paciente, maior será sua demanda
de cuidado. Ademais, devido à sua saúde ficar em segundo plano, o
cuidador pode tornar-se uma pessoa dependente, e passível de também adoecer.
Outro
aspecto relevante diz respeito a fatores que dificultam o sono do
familiar cuidador, uma vez
que os portadores de DA podem apresentar insônia ou agitação
durante a noite. Neste sentido, a pesquisa
corrobora investigação sobre os fatores que prejudicam o sono dos
familiares cuidadores, pois além da interrupção do sono para
prestar o cuidado, existe também a preocupação de que algo de
ruim aconteça com o paciente durante a noite.
“(Risos)
Eu durmo com o olho assim (mostra um olho
fechado e outro aberto) (...) Porque não tenho coragem
de pegar no sono e encontrar (diz o nome do
marido) fazendo besteira, porque ele ainda se levanta
sozinho”
“Agora
ela está mais calma. Porque quando ela não tomava
a medicação ela ficava agitada: agredia, mordia
,arranhava, ela não dormia à noite. Eu moro
em uma casa que tem escada. Eu ficava sentado
na escada, a noite todinha, para ela não subir
a escada, porque ela ficava da cozinha para a sala,
da sala para o terraço, até dar sono. Quando dava
sono, ela ia pra sala se deitava no sofá, já eram
cinco, seis horas da manhã.”
“Eu
já não durmo mais na minha cama por causa dela.
Por quê? Se ela se levantar eu vou perceber pela
cama, né? Se eu estiver no meu quarto fecho a porta
e não vejo, aí justamente estou dormindo com ela.”
Uma
das características do paciente com DA são as alterações do
ciclo sono-vigília, sendo comuns padrões
irregulares de sono, como a deambulação noturna, conforme relatou o
entrevistado . Alguns
pacientes dormem mais durante o dia e começam a se agitar ao
anoitecer, fato conhecido como
síndrome do pôr do sol ou do entardecer , que se caracteriza por
alterações no comportamento do idoso e momentos de confusão
mental. Ao entardecer, o paciente pode não reconhecer a sua própria
casa e tenta sair, ficando agressivo quando é impedido. São esses
episódios de agitação noturna que trazem mudanças no ciclo
sono-vigília e fazem com que se desregule o ritmo circadiano,
aumentando assim o tempo em que o paciente permanece acordado durante
a noite.
“(Risos)
Aí mudou tudo, porque passei a não, não ter mais tempo pra mim,
sabe? Eu esqueci de (diz o
próprio
nome) e agora só lembro de (diz os nomes dos pais), entendeu?."
“Afetou
em tudo. Até em relacionamento, porque até em
conhecer uma pessoa, em ter um relacionamento com
alguém, eu não tenho nem como ter. Afetou em tudo.
“
“Rapaz,
mudou muita coisa... Até quando eu vou para
o trabalho eu fico preocupado. Não sei o que ela
tá fazendo em casa, não sei se ela já comeu, se já
se banhou... Tem que tá sempre acompanhando ela.
E realmente mudou muita coisa. Eu era uma pessoa
que gostava muito de sair. Não estou podendo
mais sair, tenho que estar sempre com ela no
final de semana, porque agora ela tá realmente dependendo
da gente, né?".
Constata-se
que ao assumir esse papel, o familiar cuidador também alterou o
seu estilo de vida, consistindo,
entre outras coisas, numa diminuição das atividades de lazer ou
mesmo numa ruptura em
seu convívio social.
“(...)
Eu tava até pensando nisso um dia desses... Eu
esqueci de mim, sabe? Esqueci mesmo. Eu não
marco nada pra mim, eu não vou na casa de ninguém,
eu não visito ninguém. Minha vida social acabou,
acabou."
“Hoje
em dia não sou mais nada, eu só vivo pra ele.
Eu não saio pra canto nenhum minha filha."
“(...)
Mexe em tudo, mexe em tudo como um todo. Por
exemplo, no lazer, num fim de semana, num feriado,
eu ia pra outro lugar, agora não vou, fico com
ela."
“Não
tenho tempo de ler, de fazer um curso, de... De viver
só de meu beneficio hoje, entendeu? Que a gente
não pode parar, né? Ás vezes eu quero fazer um
curso, quero fazer alguma coisa e não tenho condições
de fazer... Porque você sabe, o cansaço bate,
né? Tem horas que você quer fazer as coisas e não aguenta, porque é muita preocupação, não é? Muita
preocupação”
Apesar
das queixas e preocupações, esse familiar mostrou certa
resignação porque está prestando cuidado a uma pessoa querida e
significativa em sua vida:
“Então
veja só, eu já perdi... Não é que perdi seis anos
da minha vida, na verdade eu não perdi, eu ganhei.
Eu ganhei porque eu aprendi a tomar conta de
uma pessoa que estava morando comigo e que está
doente. Mas assim, eu também tenho que fazer a
minha vida. Então, é difícil, é uma coisa muito difícil
assim de lhe explicar o sentimento que a gente
tem assim de... de... de... Por ela, por a gente mesmo.
É uma coisa que eu não sei daqui pra frente como
vai ser."
“Quando
ela está muito agitada eu também perco as sensações,
sabe? É como se eu estivesse vivendo o
que
ela tá vivendo, sabe? "
“Quando
eu vou pro trabalho fica aquele estresse porque
eu não sei o que ela está fazendo lá (na casa
deles), aí eu fico assim com uma tensão muito maior."
“Muito
estresse na minha vida, muito estresse, muito estresse
mesmo. Tem hora que eu não agüento, tenho
vontade de ir embora, de sumir."
Essa
sobrecarga contínua de tarefas e de pressão emocional predispõe
a que essas pessoas apresentem um elevado risco de também
adoecerem, pois não contam, em sua maioria, com o apoio necessário
que facilite o cuidado com o familiar doente.
“Tá
interferindo na minha saúde. Eu emagreci, eu era
mais forte, eu perdi peso (...) Eu estou notando que
eu estou precisando de um acompanhamento médico.
Minha necessidade maior agora é um
acompanhamento médico sabe, pra mim. “
Segundo
Diogo e Duarte (2002), nos países desenvolvidos, os familiares
cuidadores de idosos possuem preparo para a função que
desempenham, contando inclusive com a ajuda de uma equipe em
situações de crises. Além disso, estimulam situações que
promovem uma maior participação dos
familiares no cuidado aos idosos como, por exemplo, a identificação
dos pontos frágeis e fortes encontrados
no sistema familiar, além de encorajá- los a expressar seus
sentimentos.
No Brasil
os familiares carecem de um maior preparo e ainda há poucos
recursos sociais de apoio, em que pese a criação de grupos para
familiares, que tem a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ)
como incentivadora. Observa-se também que existe uma carência
para atendimentos voltados especificamente para cuidadores na rede
pública e não há como as pessoas de baixa renda recorrerem
aos profissionais da rede privada , porque os tratamentos são
muito caros (Felgar, 2004).
Diante
dessa realidade, percebe-se que os familiares cuidadores que
participaram deste estudo,
são confrontados com diversas situações que prejudicam sua
qualidade de vida, pois seu cotidiano foi totalmente alterado pela
existência da doença. Além disso, sabe-se que, com o tempo, as
demandas se tornarão maiores, uma vez que o paciente se tornará
mais dependente, precisando cada vez mais de ajuda nas suas
atividades de vida diária. Desta forma, é imprescindível que
essas pessoas recebam mais apoio e que haja uma divisão de tarefas
de forma que elas se dediquem a outras atividades, além do cuidado
ao paciente. Assim, elas poderão renovar suas energias e ter mais
condições de propiciar a atenção que o mesmo necessita. (FONTE: Revista Psicologia)
DOENÇA DE ALZHEIMER: O QUE MUDA NA VIDA DO FAMILIAR CUIDADOR?
Estudos
apontam que geralmente a função de cuidador é assumida
por uma única pessoa a quem cabe a tarefa de cuidar do idoso e, na
maioria dos casos, esse papel cabe a uma mulher que é cônjuge ou
filha. Isto reflete o padrão cultural de que prestar cuidados é uma
função feminina. Outro fator importante é que o familiar cuidador
pode chegar a dispender oito vezes mais horas por mês de dedicação
aos cuidados, ou o equivalente há 60 horas semanais, quando
comparado a um cuidador profissional.
Por
sua vez, a sobrecarga faz com que os cuidadores desempenhem funções
além de suas capacidades, resultando em uma forma de cuidado
desequilibrada, sendo freqüentemente acompanhada de resultados
insatisfatórios para o atendimento das necessidades do seu familiar. Outro aspecto importante no
processo de cuidar é que a qualidade de vida do paciente está
relacionada ao bem-estar do cuidador.
O processo de cuidar
Dentre
alguns motivos que levam a pessoa a se assumir como cuidador está a
sua história de vida ou mesmo a composição familiar. Para ilustrar esta assertiva, destacam-se as seguintes
falas:
“Minhas
irmãs têm um conceito sobre mim, que eu acho que é errado, é...
(diz o próprio nome) tem mais tempo de ficar com minha mãe, por
que (diz o próprio nome) não tem marido, entendeu? “
“O
processo se deu assim neste sentido, porque todo mundo se casou, foi
fazer sua vida. Então no caso, eu também era bem mais novo, quando
aconteceu isso. “
Pelos
relatos acima, pode-se constatar que esse lugar de cuidador não foi
uma escolha dessas pessoas, mas muitas vezes foi dado por outros
membros da família ou por condições familiares que antecederam a
própria doença. Segundo alguns autores, existem fatores que
influenciam essa decisão como: ser mulher (esposa, filha ou nora),
ser o cônjuge, mais raramente outros membros da família.
Com
relação a esse tema, observa-se que essa
“escolha”
geralmente não se faz sem conflito,
pois com
freqüência somente um dos familiares é eleito como o “dono
do doente”, e, muitas vezes, não conta com a ajuda de outros
membros da família . O relato a
seguir sinaliza essa condição:
"Porque
é o seguinte, como ela tomou conta de todo mundo, aí você para e
analisa: Poxa, por que só eu
que tenho obrigação? Todo mundo não tem obrigação? Ela não
tomou conta dos outros? Por que é que os outros não quer? Aí
ficava um pouco de revolta!”
"E
eu gosto de cuidar, sabe? Eu sou um pouco mãe mesmo, eu sempre
gostei de cuidar, sabe, de todo mundo
de casa.”
“Olhe,
o cuidado que eu tenho é porque eu tenho consciência que a
gente... Quem não vive para servir,
não serve para viver. Você serve até um estranho, entendeu?
Quanto mais a uma mãe, quer seja
boa ou não, você tem obrigação. O cuidado é mais obrigação, a
gente tem que dizer a verdade, é obrigação...
Não é assim por amor.”
Sentimentos
que permeiam o adoecer
O
familiar cuidador pode experimentar diversos sentimentos diante das
perdas que envolvem o adoecer, mas diante da DA também vive as
inquietudes pelo fato do paciente não poder dar um feedback
adequado. Entre outras consequências da
doença, a perda da memória faz com que ela seja devastadora para a
família.
"É
muito triste, eu acho, né? Você está convivendo com uma pessoa, é
filho daquela pessoa, está convivendo com ela e chegar ao ponto
dela não conhecer você e perguntar: Quem é você? Aí você vai
responder o quê? Sou seu filho? Ela pode se lembrar no momento, mas
depois ela esquece. Aí fica
aquela coisa triste, uma angústia de ver que sua mãe esqueceu
você."
Os
familiares de pacientes com doenças degenerativas freqüentemente
utilizam a expressão “morte
em vida”, uma vez que elas
comprometem tanto psíquica como
funcionalmente o indivíduo. Dessa maneira, as famílias, ao
enfrentarem o processo de demência, experimentam muito desconforto
uma vez que a dor que os familiares vivenciam é por se tratar da
“morte antes da própria morte”. Sentimentos de perda, como se o doente morresse um
pouco a cada dia, vivendo assim um luto antecipado.
“Vem
um sentimento de perda, pra mim é de perda. Porque aí eu tenho
certeza de que eu tô perdendo a minha
mãe, entendeu? É como se eu visse que ela está morrendo, sabe,
aos pouquinhos. “
“Ontem
mesmo eu tava na televisão, aí eu fiquei pensando, eu digo cá
comigo, né? Jesus já está me dando
esse negócio dele ir embora de mim assim vivo mesmo. “
Presente algumas vezes do sentimento de
impaciência decorrente do
estresse e da dificuldade para lidar com alguém que tem as suas
funções cognitivas afetadas. O perigo é que daí pode decorrer a
violência contra o doente.
“E
tem hora que eu perco até a paciência, sabe? Aí na mesma hora eu
digo: se eu perder a paciência com ela,
ela não tem culpa. Por que às vezes o que ela faz, que ela tenta
me agredir, parece que eu quero revidar, sabe? Aí eu disse não,
porque não é minha mãe que tá fazendo, é a doença."
“Eu,
eu... fiquei grosseira. Tinha hora que eu perdia a paciência,
sabe? Aí eu sei que eu fiquei assim muito nervosa.
(...) Eu fiquei sem paciência com ele, das teimosias,
tá entendendo? (...) Aí eu disse: Dr. eu tô
sendo agressiva com (diz o nome do marido). E quando
é de noite eu tô chorando e pedindo perdão a
Deus. (... ) Porque tinha hora que eu extrapolava mesmo,
quando era de noite é como eu estava lhe dizendo,
eu ia rezar e pedir perdão. (Risos) Mas Deus
disse a mim que já estava cansado de tanto eu
tá pedindo perdão e fazendo a mesma coisa.”
“Se
você não tiver uma cabeça boa, você acaba agredindo,
você perde a paciência. Muitas vezes eu
cheguei a gritar, não vou dizer que eu fui santo, né?
(...) Aí quando eu via que... Que eu começava a
gritar, que eu perdia a paciência, saia de junto. Chamava
minha irmã e dizia: fica com ela, porque eu
não quero gritar não, porque possa ser que eu perca
a paciência, sem querer vou pegar nela, machuco,
posso até... Sei lá, não sei o que vai passar
pela minha cabeça...”
Identificou-se,
em outros recortes, o sentimento de pena pelo idoso estar em um
estado de dependência e de fragilidade.
“Meu
sentimento? (voz trêmula) Ah... Eu fico, às vezes, assim olhando
pra ele, aquele olhar tão perdido,
me dá uma pena...”
“Olhe,
eu sinto o seguinte: eu sinto pena dela. Pena dela
pela.... Pelo que ela mostrava, o que ela era pra
gente. Assim... de...de vigor, de saúde...(...) Aí assim,
eu fico muito triste, eu fico com muita pena dela
e fico imaginando a situação dela em cima de uma
cama."
Constata-se
que os familiares cuidadores vivenciam diversos sentimentos diante
das frustrações que
a doença traz. Por um lado, sentem pena por ver seu ente querido em
um estado de total dependência, mas devido à pressão psicológica
a que estão sendo submetidos, em alguns momentos sentem que estão
perdendo o controle. Ainda relacionado a esses recortes, no processo
de cuidar de um ente próximo que se torna dependente existe uma
“turbulência de sentimentos”, que se originam a partir de
sentimentos que envolvem defrontar-se com a fragilidade e a
finitude do ser humano.
Defrontar-se
com uma doença progressiva de uma pessoa tão próxima, que leva
inevitavelmente a perder
a sua própria identidade e sua independência funcional, faz
aflorar sentimentos de medo de adoecer também e de tristeza devido
à possibilidade de perder seu familiar. A verbalização abaixo
confirma o que foi dito:
“Eu
tenho medo de ter Alzheimer, porque eu ando muito
esquecida... (Risos) Eu tenho medo que eu tenha
essa doença... E eu não quero nem pensar, sabe,
porque eu sei que vou ficar à míngua. (...) E eu
estou sentindo que eu estou ficando esquecida também.
Eu leio uma coisa, às vezes quero me lembrar
e eu não consigo, entendeu? Eu digo: Meu Deus
será que estou com esse problema de mamãe? "
“Estou
de pés e mãos amarrados e sei que a doença está
evoluindo, evoluindo. E assim... Às vezes eu tenho
vontade de perguntar a Dr. (diz o nome do médico
assistente) : Dr., quanto tempo mais ou menos?.
Mas que pergunta difícil de ser feita... Mas
eu sei que está chegando ao fim doutora, eu sei
disso. (Chorando) E isso está me matando..."
No
caso em que um membro de um casal é o portador da demência, um
sentimento também apontado foi o de solidão: “Me
sinto sozinha, né? Por que ele só faz dormir, não conversa mais.
“
Neste
aspecto, salienta-se que, das pessoas que participaram do estudo,
existe apenas um cônjuge, uma senhora também idosa que residia
sozinha com seu marido. Acredita-se que este fato, além da pouca
atividade de lazer em seu cotidiano, contribui para seu sentimento
de solidão. Os cônjuges são os que sofrem um maior impacto ao
cuidar de um paciente demenciado .
( FONTE:: Revista Psicologia e Saúde).
sexta-feira, 30 de maio de 2014
SE NÃO ME LEMBRAR DE VOCÊ, POR FAVOR NÃO ME ESQUEÇA
Em todo o mundo existem cerca de 17 e 25 milhões de portadores de Alzheimer,
o que representa um enorme porcertual do conjunto de doenças que afetam
a população geriátrica. De acordo com o Neurologista Dr. Giorgio
Fabiani, membro da Academia Brasileira e Americana de Neurologia e da
Movement Disorders Society não se pode afirmar o número exato de pessoas
atingidas pela doença no Brasil. "A incidência aumenta rapidamente
graças ao envelhecimento da população. É uma bomba pronta para explodir!
Em um futuro próximo serão milhões de brasileiros com demência que vão
precisar de atendimento neurológico e gastos elevados com medicações",
afirma o neurologista.
O Mal de Alzheimer deteriora
algumas regiões do cérebro, que alteram o comportamento físico, mental,
a linguagem, entre outros, levando a demência. Segundo Dr. Giorgio a
doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, ele explica que
demência é o termo usado para descrever o déficit cognitivo progressivo e
irreversível que interfere nas atividades do dia a dia. "O Alzheimer
é uma doença degenerativa incurável, lenta e progressiva que afeta
principalmente a memória recente, há alterações de comportamento,
alterações no ritmo do sono entre outros", explica o especialista. Cada
paciente sofre a doença de forma única. Os primeiros sintomas são muitas
vezes falsamente relacionados com o envelhecimento natural e estresse.
As causas da Doença de Alzheimer
ainda não são conhecidas, mas sabe-se que existem relações com certas
mudanças nas terminações nervosas e nas células cerebrais que interferem
nas funções cognitivas. O sintoma primário mais notável é a perda de
memória recente, "A pessoa com Alzheimer começa a
esquecer nomes, senhas, nomes de objetos, compromissos, rotas a seguir,
gás e água ligados. Em alguns casos ocorrem alterações no sono e no
comportamento além de depressão", declara Dr. Giorgio.
Sinais de alerta
Você
já ouviu alguém próximo a você dizendo frases como "Eu vivo me
esquecendo...", "Não me lembro onde deixei tal coisa". São esses os
tipos de queixa que se ouve, às quais geralmente os amigos e familiares
reportam como "coisas da idade". Se alguma pessoa de suas relações
esquecer o caminho de casa ou não se lembra de jeito algum, ou só com
muito esforço, de um fato que aconteceu, procure um médico. Pode não ser
algo importante, mas pode ser também um início da Doença de Alzheimer
que não tem cura, mas cujo tratamento precoce atrasa o desenvolvimento
da doença, produz alguma melhora na memória, torna mais compreensível as
mudanças que vão ocorrer na pessoa e melhora a convivência com o
doente.
Quando a suspeita recai sobre o mal de Alzheimer
o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos e radiológicos.
O neurologista Dr. Giorgio Fabiani explica que o diagnóstico é feito
através de uma amnese do paciente. "É feita avaliação neuropsicológica,
exames de sangue e tomografia ou ressonância do crânio", explica.
Com
o avançar da doença aparecem sintomas como confusão mental,
agressividade e irritabilidade, alterações de humor, falhas na
linguagem, perda de memória e a pessoa começa a se desligar da
realidade. A pessoa com Alzheimer perde a capacidade de
dar atenção a algo, perde a flexibilidade de pensamento, também é
notada certa desorientação de tempo e espaço. A pessoa não sabe onde
está nem em que ano está, em que mês ou que dia. A doença vai-se
desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se não
diagnosticada e assintomática durante anos.
Com o passar dos
anos, conforme os neurônios morrem e a quantidade de neurotransmissores
diminuem, aumenta a dificuldade em reconhecer e identificar objetos. A
memória do paciente não é afetada toda da mesma maneira. As memórias
mais antigas, a memória semântica e a memória implícita (memória de como
fazer as coisas) não são tão afetadas como a memória a curto prazo. Os
problemas de linguagem implicam normalmente a diminuição do vocabulário e
a maior dificuldade na fala, que levam a um empobrecimento geral da
linguagem.
Fases da doença
Dr. Giorgio Fabiani diz que a doença de Alzheimer se baseia em três fases distintas. A fase leve ou inicial intermediaria ou moderada e a fase avançada ou final. Na fase inicial,
o paciente ainda consegue comunicar idéias básicas. A pessoa pode
parecer desleixada ao efetuar certas tarefas motoras simples devido a
dificuldades de coordenação.
Na fase intermediária
a degeneração progressiva dificulta a independência. A dificuldade na
fala torna-se evidente devido à impossibilidade de se lembrar de
vocabulário. Progressivamente, o paciente vai perdendo a capacidade de
ler e de escrever e deixa de conseguir fazer as mais simples tarefas
diárias. Durante essa fase, os problemas de memória pioram e o paciente
pode deixar de reconhecer os seus parentes e conhecidos. A memória de
longo prazo vai-se perdendo e alterações de comportamento vão-se
agravando. As manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e
instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de
agressividade ou resistência à caridade. Aproximadamente 30% dos
pacientes desenvolvem ilusões e outros sintomas relacionados.
Durante a fase final do Mal de Alzheimer,
o paciente está completamente dependente das pessoas que tomam conta
dele. A linguagem está agora reduzida a simples frases ou até a palavras
isoladas, acabando, eventualmente, em perda da fala. Apesar da perda da
linguagem verbal, os pacientes podem compreender e responder com sinais
emocionais. No entanto, a agressividade ainda pode estar presente, e a
apatia extrema e o cansaço são resultados bastante comuns. Os pacientes
vão acabar por não conseguir desempenhar as tarefas mais simples sem
ajuda. A sua massa muscular e a sua mobilidade degeneram-se a tal ponto
que o paciente tem de ficar deitado numa cama; perdem a capacidade de
comer sozinhos. Por fim, vem a morte, que normalmente não é causada pelo
Mal de Alzheimer, mas por outro fator externo.
De acordo com Dr.
Giorgio o tratamento para a doença de Alzheimer consiste apenas em
melhoras para transmissão neuronal. As drogas disponíveis no mercado
são: Rivastigmina, Donepezila, Galantamina e Memantina. Nenhuma cura a
doença e nem impede a sua progressão, apenas lentifica a velocidade de
progressão da doença.
Apesar de tratar-se de uma doença
predominantemente senil, essa questão deve preocupar também o público de
qualquer idade porque, num futuro próximo, esses números passarão a
fazer parte das perspectivas de vida daqueles que hoje são ainda jovens.
Até hoje, a Doença de Alzheimer continua sendo uma síndrome de causa desconhecida e incurável. Mas, nos últimos anos as perspectivas em relação à Doença de Alzheimer
têm sido abordadas com certo otimismo realista, tendo em vista as
possibilidades de a ciência retardar os sintomas da enfermidade.
A
medicina está começando a detectar os sinais da doença décadas antes
dela surgir. Estamos muito próximos de começar ensaios clínicos
dirigidos a evitar que se produzam as primeiras lesões cerebrais da
doença, as quais têm início em torno dos 40 anos. Além disso, as
pesquisas genéticas parecem deixar claro que, se a pessoa possui alguns
genes defeituosos, poderá ter a Doença de Alzheimer no
futuro. Com modernas técnicas de pesquisa genética já se vislumbra a
possibilidade de saber se a pessoa vai ou não ter, desde os 20 anos de
idade, a Doença de Alzheimer na senilidade. Autópsias no cérebro de pessoas que morreram de Alzheimer
mostram que essas placas, ao se acumular em áreas corticais, destroem
os neurônios, levando à degeneração cerebral irreversível.
O
teste mais promissor, em processo de aprovação no FDA (agência
americana para o controle de alimentos e remédios), consiste em injetar
no sangue um contraste que, por meio de tomografia computadorizada,
torna visíveis as placas da proteína beta-amiloide, que parecem
desencadear a doença. Quanto menor a quantidade, maior a chance de
desenvolver Alzheimer. Isso porque, na doença, a proteína migra do sangue (ou do líquido espinhal) para o cérebro.
Noticias recentes revelam que testes prometem diagnóstico de Alzheimer
mais cedo. Exames que detectam uma proteína no cérebro e no sangue, e
outro que mede a largura dos vasos sanguíneos são as novas promessas
para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer. Os novos métodos foram discutidos em uma conferência internacional de Alzheimer, que acontece em Paris.
Como cuidar de uma pessoa com Alzheimer
Avaliar
os perigos em potencial da casa onde vive o paciente é de fundamental
importância. Degraus, maçanetas, quinas e cantos de móveis, iluminação
de corredores e cômodos (manter luzes acesas à noite), enfim, deve ser
realizada uma verdadeira perícia. Observe cada cômodo e verifique se
existe algum perigo para alguém que está esquecido e confuso. Por outro
lado, decidindo por mudanças, não devemos esquecer que uma pessoa com a
doença de Alzheimer tem sérias dificuldades para ajustar-se às mudanças.
Fogão
e outros eletrodomésticos podem ser esquecidos ligados ou usados de
maneira errada pelos pacientes, portanto, uma checada rotineira é
importante.
Havendo prejuízo mais severo da memória e da atenção,
os botões devem ser cobertos, o registro do gás deve ser desligado
quando o fogão estiver sem uso, da mesma forma que os aquecedores e
fornos microondas devem ser desligados da tomada quando não estiverem
sendo usados. Esse mesmo raciocínio de dificultar o uso indevido deve
ser aplicado em relação aos ferros elétricos, torradeiras,
liquidificadores, ferramentas e outros equipamentos elétricos.
Nas
casas com aquecimento de água central, é importante que a temperatura
seja regulada abaixo dos 39 graus. O paciente pode se queimar no momento
de misturar água quente e fria para o banho. Trancas e chaves pelo lado
de dentro das portas devem ser removidas para facilitar o acesso dos
familiares a esses cômodos. O acesso à banheira e piscina devem ser
fechados.
Dirigir é perigoso para pessoas com a Doença de Alzheimer,
mesmo no início do quadro. Exercícios regulares também ajudam a
diminuir a impaciência, além de ajudar dormir melhor. Caminhar é uma boa
maneira do paciente com Doença de Alzheimer se exercitar.
Ter uma programação diária e regular para as atividades do paciente com a Doença de Alzheimer
é de grande ajuda, pois ele se sente muito mais seguro e orientado com
uma rotina familiar. Desta forma, é bom ter em mente que as pessoas com
doença de Alzheimer freqüentemente se aborrecem por
querer executar atividades e não conseguir. Por causa dessa dificuldade
pragmática (para fazer as coisas), faça as tarefas junto com o paciente,
permita que ele faça o máximo que puder por conta própria, mas esteja
pronto para ajudar. Para fazer um bolo, por exemplo, escolha para ele as
atividades que envolvam várias tarefas simples, fazendo você mesmo as
tarefas mais difíceis, como por exemplo, medir os ingredientes.
Algumas
famílias costumam deixar o paciente tomar suas refeições em separado do
restante da família, mas essa não é uma boa tática. As refeições são
ótimos momentos para a socialização e permite que se tenha algum
controle sobre a quantidade e qualidade do alimento que o paciente
Quando o paciente se veste sozinho, escolher o que vestir pode ser
difícil demais para ele e pode também não conseguir escolher as roupas
que combinam.
Procure deixar as roupas que ele usará sobre a cama
diariamente e, se for o caso, entregue uma peça de cada vez, explicando
como vesti-la. O estímulo para que o paciente continue a se vestir
sozinho ou o máximo que consegue é muito importante para evitar uma
apatia por acomodação.
Assim como as refeições podem se
transformar num excelente exercício de ressocialização, também os
cuidados higiênicos com barba e cabelo podem ser mais bem aproveitados.
Havendo condições, a ida a barbeiros e cabeleireiros é sempre desejável.
A melhor maneira de ajudar a pessoa com Doença de Alzheimer é aprender tudo o que puder sobre a doença. A doença de Alzheimer
provoca mudanças nas áreas cerebrais que controlam a memória e o
raciocínio. É por este motivo que as pessoas portadoras da doença de
Alzheimer têm dificuldade para viver uma vida normal. As causas do
desenvolvimento da doença ainda não são totalmente conhecidas pela
medicina. Algumas pesquisas enfatizam um componente hereditário, outros
falam de alguma virose, enfim, não se sabe ainda ao certo qual seria a
causa dessa doença.
É importante saber que, atualmente, ela ainda não
tem cura, mas cuidados apropriados podem ajudar a pessoa com Alzheimer
viver com mais conforto. "É importante que o paciente leve uma vida
saudável com boa alimentação, atividades físicas regulares, controle do
diabetes, pressão e colesterol, que a pessoa tente manter-se
intelectualmente ativo. Isso não evita a doença Alzheimer, porém pode
retardar o seu início em vários anos", conclui o especialista.
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VOCÊ POR PERTO - LIAH SOARES
Ouvir tua voz quando eu não puder falar
E vencer qualquer distancia pra te alcançar
Não vou partir mesmo quando eu me perder
Ser maior que o horizonte pensando em você
Pela verdade em mim que você enxergou
Por todas as vezes que você me mostrou que é hora de viver...
Por todo sonho a realizar
Por todo amor em seus olhos encontrar
Por todo o errado que virou o certo
Por toda a força, ter você por perto...
Não ser o fim em cada curva que chegar...
Eu atravessei desertos pra te ver passar...
Pela verdade em mim que você enxergou
Por todas as vezes que você me mostrou que é hora de viver
ALZHEIMER - SE BEM ME LEMBRO ...
Alzheimer - Se Bem Me Lembro...(Lembranças De Menos)
Um lugar parado no tempo
Cheio de lembranças empoeiradas
Avisos em neon piscando lentos
Buracos entranhados feito estradas
Um lugar velho e aconchegante
Cheio de rostos, figuras e lugares
Uma letra antiga de um hit dançante
E um prédio de cinco andares
Uma guitarra jogada num canto qualquer
Tardes com a turma no Bar Beira Rio
O primeiro beijo e a primeira mulher
O primeiro cigarro, o primeiro vício
Um lugar que hoje é só meu
Pessoas que já não reconheço
Às vezes penso que o mundo enlouqueceu
Tudo que lembro é que sempre esqueço
http://www.overmundo.com.br/
terça-feira, 27 de maio de 2014
NÃO PODE FICAR PARADO ! SOLIDÃO E SENSAÇÃO DE INUTILIDADE COMPROMETEM A SAÚDE DOS IDOSOS
A saúde dos idosos depende e muito de seu estilo de vida. E
não estamos falando de alimentação ou exercícios físicos para ter um
corpo saudável. Não basta cuidar do corpo, é preciso cuidar também da
mente. Manter uma vida social ativa se mostra fundamental para que o idoso viva mais e melhor.
É isso o que demostra uma pequisa de fevereiro de 2014, da
Universidade de Chicago (EUA). Os pesquisadores identificaram que
sentir-se totalmente sozinho pode antecipar a morte entre os idosos em
14%. De acordo com esse estudo, os idosos que mantém uma rede social e
bons relacionamentos ativos são capazes de superar problemas e situações estressantes da vida na terceira idade.
A saúde dos idosos melhora quando eles tem uma vida social ativa.
Segundo os pesquisadores problemas como a depressão, dificuldade para
dormir, aumento na pressão arterial e queda da imunidade são
consequência da sensação de solidão e inutilidade. Além disso, a visão e
a audição do idoso isolado do mundo também acaba se deteriorando com o
passar do tempo pela falta de contato social.
Sociabilizar é, então, uma palavra chave para a saúde dos idosos
O idoso que quer ser mais saudável e feliz precisa manter sua vida
social ativa, mas isso nem sempre é muito fácil. Muitos idosos decidem
mudar-se para cidades mais tranquilas quando se aposentam,
mas isso pode se transformar em algo ruim para a saúde dos idosos, já
que pode ocorrer a perda de contato com a família e os amigos. Ainda
assim, há maneiras de mudar essa situação espantar a solidão.
1. Busque centros de ajuda à idosos. Muitas cidades,
mesmo sendo pequenas, oferecem centros de auxílio ao idoso. Outras
cidades tem organizações não governamentais que prestam serviços aos
idosos. Nesses locais, o idoso encontra atividades físicas,
passeios, atelies e apoio especializado. É uma boa maneira de fazer
novos amigos pois muitos outros idosos se reúnem em busca do mesmo
objetivo.
2. Ligue para aquele antigo amigo. Faz tempo que
vocês não se veem? Busque contato com todos os seu antigos amigos. A
vida seguiu e muita coisa acontecer, com certeza vocês terão muito
assunto para conversar. Marque um jantar, convide seus amigos para irem
na sua casa. Se precisar viajar para rever amigos ou familiares, qual é o
problema? É ainda mais um divertimento para você.
3. O esporte faz bem para o corpo e alma. Para a
saúde dos idosos ir de vento e polpa, é preciso praticar alguma
atividade física. Quem sabe você encontra um club de natação, aulas de
box ou seja qual for a atividade física que te dê prazer. Nessas aula,
você poderá fazer novos amigos!
4. Porque não usar a internet? Esse novo meio de
comunicação reúne um mundo de pessoas e de possibilidades. Entrar em
contato com amigos e familiares por meio de rede sociais é uma ótima opção para manter ativa a vida social e melhorar a saúde dos idosos. Veja o vídeo abaixo.
http://doutissima.com.br/
domingo, 25 de maio de 2014
DONA CRISTINA PERDEU A MEMÓRIA
MÃE - HOMENAGEM DE VILLYN
Mãe.
Existem coisas em minha vida que eu trocaria com facilidade. Algumas
pessoas e eventos eu deixaria de lado. Mas existe algo que eu
poderia ter mais cem vidas e não abriria mão, que é ser filho do
Waldemar e da Vanina. Não escrevo porque deixei de dizer algo, escrevo por uma necessidade
existencial, escrevo pra ver se essa sede passa, escrevo para registrar,
documentar para quem quiser saber o tamanho do meu amor.
Se escrevo para todos, apesar da impossibilidade do diálogo, também
escrevo pra você mãe, não para que você saiba de algo, mas para que os
outros saibam algo sobre a pessoa mais incrível que conheci. Nossas conversas não serão mais possíveis, mas as conversas que
tivemos viverão para sempre, conversas que talharam em meu coração
valores que me conduzirão pelas estradas que tenho pela frente.
Seus olhos não brilham mais, mas o brilho dos seus olhos iluminarão meu coração nos dilemas que a vida ainda me apresentará. Bem disse o Paulinho, seu irmão: “Bem-aventurado quem viveu com
você”. É verdade, feliz de quem passou tardes sentadas naquela varanda
ao seu lado.
Lembro quando nosso Wal, já no fim da vida, andava meio esquecido das
coisas, me chamava e quando eu chegava perto ele não dizia nada, apenas
apontava pra você. Tempos depois desvendei o mistério, ele queria me
dizer que você foi maior de todas, ele queria expressar como foi bom
viver ao seu lado por 30 anos. Mas ele não conseguiu. Não tem jeito mãe,
qualquer tentativa é incompleta, com ou sem Mal de Alzheimer.
Como descrever você? Parece que o teclado do computador está
incompleto. Não, não é isso. Pessoas incríveis não cabem em letras. É
preciso conhecer para entender. Eu conheci, que bom.
Nossos anos nesse outro caminhar estão eternizados. Aqueles primeiros
dias de consultas e opiniões a respeito da doença que devorou meu pai,
me colocaram diante de uma mulher recheada dos valores do Reino. Valores
que dão coragem para enfrentar o que não queremos. Uma coisa é pregar,
outra é viver. Jamais esquecerei seu carinho, sua paciência e o brilho em seus
olhos. Você personificou a palavra “aliança”. Uma coisa é prometer amar
na doença, outra é viver.
Uma vida que valeu a pena? Não há como não pensar em você. O salmista
em sua sede pediu a Deus sabedoria para contar os dias, creio que você
orou com ele, e não tenho duvida de que Deus atendeu ao seu pedido. Vou chorar sua partida por muito tempo, me reservo ao direito de não
aceitar chavões vazios para me consolar, farei de tudo para sentir sua
vida pulsando.
O Rubem Alves diz que saudade é nosso coração desejando voltar para
um momento de felicidade. É isso mesmo, vou sempre voltar, para sempre
lembrar. Saudade é o nome que se dá quando a ausência vence. Saudade só
acontece quando valeu a pena. Dá pra imaginar o tamanho da saudade que
sentirei?
O Marcel e eu jamais esqueceremos os livros que você leu e nos deu o resumo para fazermos a prova! Sim, vou parar no Graal da Fernão Dias para comer pizza. Vou fingir que você está comigo, pois só por você eu como aquela pizza. Vou comprar quilos e quilos de morango e açucar para fazer sua
geléia, o problema é que você nunca escreveu a receita, sempre foi uma
“pitada disso”, “um tanto daquilo”. Vou ligar o fogo e deixar queimar só
para sentir o cheiro da minha infância e para que o Rafa, o Felipe e a
Gabi, seu netos, saibam que sua vida foi um perfume.
Escrevo essas poucas linhas sentado ao seu lado, provavelmente nossa
última noite juntos. Já chorei muito, as enfermeiras já devem estar
pensando em me internar também… Porque fiquei aqui? Foi meu coração que mandou, e você me ensinou que Deus mora nele, resolvi segui-lo.
Fiquei aqui para dar os últimos passos com a pessoa que me ensinou a andar.
Fiquei para te ajudar a encerrar sua vida. É pouco mãe, eu sei, mas
de alguma maneira estou tentando agradecer por todos os inícios que você
se dispôs a trilhar comigo.
Sua vida foi uma poesia, uma obra de arte, por isso nesse momento
desisto de tentar falar de você: Obras de arte foram feitas para serem
admiradas, e não explicadas. Fiquei ao seu lado essa noite, dormi por 10 minutos, você aproveitou
esse intervalo e correu para os braços do Pai. Protegendo a cria até na
hora da morte!
Continuarei minha vida com Fé e Esperança. Fé para viver com a
coragem que você viveu. Esperança de que um dia poderemos nos encontrar
em uma grande Celebração, nesse dia vou dançar com você e vou obrigá-la a
escrever a receita da geléia…
Darei para esse dia o nome de Céu, o lugar que me trará de volta as coisas que eu amo e que o tempo levou. Concordo com meu pai, você foi a maior. Minha linda, sua vida viverá em mim e nos filhos dos meus filhos. Que bom foi sua vida em minha vida. Você não morrerá jamais. Amo você, pra sempre.”
Desejamos que a beleza dos sentimentos expressos neste texto sejam reais e presentes entre filhas (os) e mães.
(Villy Fomin – texto escrito em homenagem à sua mãe Vanina Camargo Fomin, que faleceu na madrugada de 25 de Abril de 2012.)
sexta-feira, 23 de maio de 2014
UMA ASSOCIAÇÃO DEVASTADORA
Pesquisadores brasileiros descobrem por que o mal de Alzheimer e a depressão são duas doenças que estão conectadas. A conclusão do trabalho abre novas perspectivas de diagnóstico e de tratamento para ambas as enfermidades
Uma pesquisa brasileira acaba de dar uma contribuição decisiva para o
melhor entendimento de dois dos principais flagelos da saúde mental: a
depressão e o mal de Alzheimer. A depressão, que já atinge 350 milhões
de pessoas, é considerada o mal do século XXI pela Organização Mundial
da Saúde. O mal de Alzheimer atualmente aflige 36 milhões, mas espera-se
que esse número dobre até 2030. Agora, pesquisadores da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) encontraram um mecanismo bioquímico que
liga os dois distúrbios. Em um trabalho feito em animais, eles
verificaram que o acúmulo de uma neurotoxina no cérebro leva ao
desenvolvimento de sintomas de ambas as doenças. Tratadas com
antidepressivos, as cobaias apresentaram melhora com relação aos dois
quadros. O resultado do estudo, assinado pela equipe do Instituto de
Bioquímica Médica da instituição fluminense, foi divulgado na última
edição da “Molecular Psychiatry”, publicação do grupo da prestigiada
revista científica inglesa “Nature”.
Há algum tempo os cientistas observavam uma associação entre as duas
enfermidades. O mérito dos pesquisadores brasileiros foi desvendar
exatamente o que as une. O elo é feito por um composto chamado oligômero
de abeta. Trata-se de uma substância tóxica que, em pacientes com
Alzheimer, apresenta-se em maior concentração. Como se dissolve com
facilidade no líquido cerebral, vai aos poucos degenerando a capacidade
de memorização de informações – a perda gradual da memória é um dos
principais sintomas da doença.
O grupo da UFRJ descobriu que essas mesmas neurotoxinas também
provocam prejuízos no sistema cerebral que regula o humor. Ainda não se
sabe claramente o mecanismo pelo qual isso ocorre. Acredita-se que a
substância interfira na fabricação da serotonina (composto cujo
desequilíbrio está associado à depressão) ou que desencadeie um processo
inflamatório que resulte na enfermidade.
Depois de constatarem o papel da substância, os cientistas resolveram
verificar se, tratando a depressão com um antidepressivo, seria
possível também obter melhora nos sintomas de Alzheimer. As cobaias
foram então medicadas com fluoxetina, princípio ativo de muitos
antidepressivos, entre eles o Prozac. “Observamos que o remédio combatia
a depressão e, ao mesmo tempo, tinha um efeito preventivo contra os
danos do Alzheimer”, contou o pesquisador carioca José Henrique Alves da
Cunha, cuja tese de doutorado é a pesquisa.
http://www.istoe.com.br/
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