Em todo o mundo existem cerca de 17 e 25 milhões de portadores de Alzheimer,
o que representa um enorme porcertual do conjunto de doenças que afetam
a população geriátrica. De acordo com o Neurologista Dr. Giorgio
Fabiani, membro da Academia Brasileira e Americana de Neurologia e da
Movement Disorders Society não se pode afirmar o número exato de pessoas
atingidas pela doença no Brasil. "A incidência aumenta rapidamente
graças ao envelhecimento da população. É uma bomba pronta para explodir!
Em um futuro próximo serão milhões de brasileiros com demência que vão
precisar de atendimento neurológico e gastos elevados com medicações",
afirma o neurologista.
O Mal de Alzheimer deteriora
algumas regiões do cérebro, que alteram o comportamento físico, mental,
a linguagem, entre outros, levando a demência. Segundo Dr. Giorgio a
doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, ele explica que
demência é o termo usado para descrever o déficit cognitivo progressivo e
irreversível que interfere nas atividades do dia a dia. "O Alzheimer
é uma doença degenerativa incurável, lenta e progressiva que afeta
principalmente a memória recente, há alterações de comportamento,
alterações no ritmo do sono entre outros", explica o especialista. Cada
paciente sofre a doença de forma única. Os primeiros sintomas são muitas
vezes falsamente relacionados com o envelhecimento natural e estresse.
As causas da Doença de Alzheimer
ainda não são conhecidas, mas sabe-se que existem relações com certas
mudanças nas terminações nervosas e nas células cerebrais que interferem
nas funções cognitivas. O sintoma primário mais notável é a perda de
memória recente, "A pessoa com Alzheimer começa a
esquecer nomes, senhas, nomes de objetos, compromissos, rotas a seguir,
gás e água ligados. Em alguns casos ocorrem alterações no sono e no
comportamento além de depressão", declara Dr. Giorgio.
Sinais de alerta
Você
já ouviu alguém próximo a você dizendo frases como "Eu vivo me
esquecendo...", "Não me lembro onde deixei tal coisa". São esses os
tipos de queixa que se ouve, às quais geralmente os amigos e familiares
reportam como "coisas da idade". Se alguma pessoa de suas relações
esquecer o caminho de casa ou não se lembra de jeito algum, ou só com
muito esforço, de um fato que aconteceu, procure um médico. Pode não ser
algo importante, mas pode ser também um início da Doença de Alzheimer
que não tem cura, mas cujo tratamento precoce atrasa o desenvolvimento
da doença, produz alguma melhora na memória, torna mais compreensível as
mudanças que vão ocorrer na pessoa e melhora a convivência com o
doente.
Quando a suspeita recai sobre o mal de Alzheimer
o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos e radiológicos.
O neurologista Dr. Giorgio Fabiani explica que o diagnóstico é feito
através de uma amnese do paciente. "É feita avaliação neuropsicológica,
exames de sangue e tomografia ou ressonância do crânio", explica.
Com
o avançar da doença aparecem sintomas como confusão mental,
agressividade e irritabilidade, alterações de humor, falhas na
linguagem, perda de memória e a pessoa começa a se desligar da
realidade. A pessoa com Alzheimer perde a capacidade de
dar atenção a algo, perde a flexibilidade de pensamento, também é
notada certa desorientação de tempo e espaço. A pessoa não sabe onde
está nem em que ano está, em que mês ou que dia. A doença vai-se
desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se não
diagnosticada e assintomática durante anos.
Com o passar dos
anos, conforme os neurônios morrem e a quantidade de neurotransmissores
diminuem, aumenta a dificuldade em reconhecer e identificar objetos. A
memória do paciente não é afetada toda da mesma maneira. As memórias
mais antigas, a memória semântica e a memória implícita (memória de como
fazer as coisas) não são tão afetadas como a memória a curto prazo. Os
problemas de linguagem implicam normalmente a diminuição do vocabulário e
a maior dificuldade na fala, que levam a um empobrecimento geral da
linguagem.
Fases da doença
Dr. Giorgio Fabiani diz que a doença de Alzheimer se baseia em três fases distintas. A fase leve ou inicial intermediaria ou moderada e a fase avançada ou final. Na fase inicial,
o paciente ainda consegue comunicar idéias básicas. A pessoa pode
parecer desleixada ao efetuar certas tarefas motoras simples devido a
dificuldades de coordenação.
Na fase intermediária
a degeneração progressiva dificulta a independência. A dificuldade na
fala torna-se evidente devido à impossibilidade de se lembrar de
vocabulário. Progressivamente, o paciente vai perdendo a capacidade de
ler e de escrever e deixa de conseguir fazer as mais simples tarefas
diárias. Durante essa fase, os problemas de memória pioram e o paciente
pode deixar de reconhecer os seus parentes e conhecidos. A memória de
longo prazo vai-se perdendo e alterações de comportamento vão-se
agravando. As manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e
instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de
agressividade ou resistência à caridade. Aproximadamente 30% dos
pacientes desenvolvem ilusões e outros sintomas relacionados.
Durante a fase final do Mal de Alzheimer,
o paciente está completamente dependente das pessoas que tomam conta
dele. A linguagem está agora reduzida a simples frases ou até a palavras
isoladas, acabando, eventualmente, em perda da fala. Apesar da perda da
linguagem verbal, os pacientes podem compreender e responder com sinais
emocionais. No entanto, a agressividade ainda pode estar presente, e a
apatia extrema e o cansaço são resultados bastante comuns. Os pacientes
vão acabar por não conseguir desempenhar as tarefas mais simples sem
ajuda. A sua massa muscular e a sua mobilidade degeneram-se a tal ponto
que o paciente tem de ficar deitado numa cama; perdem a capacidade de
comer sozinhos. Por fim, vem a morte, que normalmente não é causada pelo
Mal de Alzheimer, mas por outro fator externo.
De acordo com Dr.
Giorgio o tratamento para a doença de Alzheimer consiste apenas em
melhoras para transmissão neuronal. As drogas disponíveis no mercado
são: Rivastigmina, Donepezila, Galantamina e Memantina. Nenhuma cura a
doença e nem impede a sua progressão, apenas lentifica a velocidade de
progressão da doença.
Apesar de tratar-se de uma doença
predominantemente senil, essa questão deve preocupar também o público de
qualquer idade porque, num futuro próximo, esses números passarão a
fazer parte das perspectivas de vida daqueles que hoje são ainda jovens.
Até hoje, a Doença de Alzheimer continua sendo uma síndrome de causa desconhecida e incurável. Mas, nos últimos anos as perspectivas em relação à Doença de Alzheimer
têm sido abordadas com certo otimismo realista, tendo em vista as
possibilidades de a ciência retardar os sintomas da enfermidade.
A
medicina está começando a detectar os sinais da doença décadas antes
dela surgir. Estamos muito próximos de começar ensaios clínicos
dirigidos a evitar que se produzam as primeiras lesões cerebrais da
doença, as quais têm início em torno dos 40 anos. Além disso, as
pesquisas genéticas parecem deixar claro que, se a pessoa possui alguns
genes defeituosos, poderá ter a Doença de Alzheimer no
futuro. Com modernas técnicas de pesquisa genética já se vislumbra a
possibilidade de saber se a pessoa vai ou não ter, desde os 20 anos de
idade, a Doença de Alzheimer na senilidade. Autópsias no cérebro de pessoas que morreram de Alzheimer
mostram que essas placas, ao se acumular em áreas corticais, destroem
os neurônios, levando à degeneração cerebral irreversível.
O
teste mais promissor, em processo de aprovação no FDA (agência
americana para o controle de alimentos e remédios), consiste em injetar
no sangue um contraste que, por meio de tomografia computadorizada,
torna visíveis as placas da proteína beta-amiloide, que parecem
desencadear a doença. Quanto menor a quantidade, maior a chance de
desenvolver Alzheimer. Isso porque, na doença, a proteína migra do sangue (ou do líquido espinhal) para o cérebro.
Noticias recentes revelam que testes prometem diagnóstico de Alzheimer
mais cedo. Exames que detectam uma proteína no cérebro e no sangue, e
outro que mede a largura dos vasos sanguíneos são as novas promessas
para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer. Os novos métodos foram discutidos em uma conferência internacional de Alzheimer, que acontece em Paris.
Como cuidar de uma pessoa com Alzheimer
Avaliar
os perigos em potencial da casa onde vive o paciente é de fundamental
importância. Degraus, maçanetas, quinas e cantos de móveis, iluminação
de corredores e cômodos (manter luzes acesas à noite), enfim, deve ser
realizada uma verdadeira perícia. Observe cada cômodo e verifique se
existe algum perigo para alguém que está esquecido e confuso. Por outro
lado, decidindo por mudanças, não devemos esquecer que uma pessoa com a
doença de Alzheimer tem sérias dificuldades para ajustar-se às mudanças.
Fogão
e outros eletrodomésticos podem ser esquecidos ligados ou usados de
maneira errada pelos pacientes, portanto, uma checada rotineira é
importante.
Havendo prejuízo mais severo da memória e da atenção,
os botões devem ser cobertos, o registro do gás deve ser desligado
quando o fogão estiver sem uso, da mesma forma que os aquecedores e
fornos microondas devem ser desligados da tomada quando não estiverem
sendo usados. Esse mesmo raciocínio de dificultar o uso indevido deve
ser aplicado em relação aos ferros elétricos, torradeiras,
liquidificadores, ferramentas e outros equipamentos elétricos.
Nas
casas com aquecimento de água central, é importante que a temperatura
seja regulada abaixo dos 39 graus. O paciente pode se queimar no momento
de misturar água quente e fria para o banho. Trancas e chaves pelo lado
de dentro das portas devem ser removidas para facilitar o acesso dos
familiares a esses cômodos. O acesso à banheira e piscina devem ser
fechados.
Dirigir é perigoso para pessoas com a Doença de Alzheimer,
mesmo no início do quadro. Exercícios regulares também ajudam a
diminuir a impaciência, além de ajudar dormir melhor. Caminhar é uma boa
maneira do paciente com Doença de Alzheimer se exercitar.
Ter uma programação diária e regular para as atividades do paciente com a Doença de Alzheimer
é de grande ajuda, pois ele se sente muito mais seguro e orientado com
uma rotina familiar. Desta forma, é bom ter em mente que as pessoas com
doença de Alzheimer freqüentemente se aborrecem por
querer executar atividades e não conseguir. Por causa dessa dificuldade
pragmática (para fazer as coisas), faça as tarefas junto com o paciente,
permita que ele faça o máximo que puder por conta própria, mas esteja
pronto para ajudar. Para fazer um bolo, por exemplo, escolha para ele as
atividades que envolvam várias tarefas simples, fazendo você mesmo as
tarefas mais difíceis, como por exemplo, medir os ingredientes.
Algumas
famílias costumam deixar o paciente tomar suas refeições em separado do
restante da família, mas essa não é uma boa tática. As refeições são
ótimos momentos para a socialização e permite que se tenha algum
controle sobre a quantidade e qualidade do alimento que o paciente
Quando o paciente se veste sozinho, escolher o que vestir pode ser
difícil demais para ele e pode também não conseguir escolher as roupas
que combinam.
Procure deixar as roupas que ele usará sobre a cama
diariamente e, se for o caso, entregue uma peça de cada vez, explicando
como vesti-la. O estímulo para que o paciente continue a se vestir
sozinho ou o máximo que consegue é muito importante para evitar uma
apatia por acomodação.
Assim como as refeições podem se
transformar num excelente exercício de ressocialização, também os
cuidados higiênicos com barba e cabelo podem ser mais bem aproveitados.
Havendo condições, a ida a barbeiros e cabeleireiros é sempre desejável.
A melhor maneira de ajudar a pessoa com Doença de Alzheimer é aprender tudo o que puder sobre a doença. A doença de Alzheimer
provoca mudanças nas áreas cerebrais que controlam a memória e o
raciocínio. É por este motivo que as pessoas portadoras da doença de
Alzheimer têm dificuldade para viver uma vida normal. As causas do
desenvolvimento da doença ainda não são totalmente conhecidas pela
medicina. Algumas pesquisas enfatizam um componente hereditário, outros
falam de alguma virose, enfim, não se sabe ainda ao certo qual seria a
causa dessa doença.
É importante saber que, atualmente, ela ainda não
tem cura, mas cuidados apropriados podem ajudar a pessoa com Alzheimer
viver com mais conforto. "É importante que o paciente leve uma vida
saudável com boa alimentação, atividades físicas regulares, controle do
diabetes, pressão e colesterol, que a pessoa tente manter-se
intelectualmente ativo. Isso não evita a doença Alzheimer, porém pode
retardar o seu início em vários anos", conclui o especialista.
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