quarta-feira, 14 de maio de 2014

POR QUE PESSOAS COM DEMÊNCIA FAZEM PERGUNTAS REPETITIVAS? COMO AGIR NESTAS SITUAÇÕES?


Foto criada em 10-03-14 às 07.49

Para os cuidadores de Alzheimer, existem dois mundos para comunicação: o mundo real e o mundo do Alzheimer.
No mundo real nós nos comunicamos da mesma maneira de sempre, perguntamos uma vez, alguém responde e pronto. No mundo de quem vive a doença de Alzheimer em fases mais avançadas é diferente, há a pergunta, mas a resposta “não chega”. A resposta que não é processada, embora saibamos que tenha sido dada, pode vir acompanhada de uma reação de raiva, frustração e estresse pelos comportamentos e perguntas repetitivas. Não é fácil a comunicação entre esses dois mundos, o nosso e o deles.
Bem, o que os doentes escolheriam era permanecer no nosso mundo, usar da nossa comunicação, mas eles não conseguem mais em certa fase. O que fazer? Tentar entrar no mundo deles.
No mundo deles a memória de curto prazo está desaparecida. Como a doença de Alzheimer progride, a memória de curto prazo desaparece, não existe mais. Nestas circunstâncias, seria insensato esperar que o doente se lembre do que o familiar ou cuidador respondeu. 
Depois de aceitar e compreender que a memória de curto prazo já se foi, não motivos para se surpreender quando uma pessoa com doença de Alzheimer pergunta a mesma coisa repetidamente.
Eles não me lembram nem se fizeram uma pergunta, imagine só se vai lembrar se fez uma ou dez vezes. Você pode se lembrar porque você ainda pode funcionar no mundo real. Sua memória de curto prazo ainda está trabalhando.
Para os familiares e cuidadores que vivem entre esses os dois mundos é necessário aprender a se comunicar de forma eficaz.
A primeira lição é: quanto menos palavras, melhor. Quando o doente pergunta: “Que dia é hoje?” a resposta é “Quinta”, e não nada do tipo: “Eu já lhe disse que é quinta-feira” ou “Há 5 minutos eu respondi, hoje é quinta”.  Claro que isto não vai garantir que as perguntas cessem, mas pode favorecer seu humor, nada de irritação!! Além disso, vamos exercitar colocar-se no lugar do outro, deve ser bem desconcertante não saber o dia, o mês ou que ano é.
Uma dica que pode ajudar é colocar lembretes, como calendários que sejam compreensíveis aos doentes. Quem pode te ajudar nessa adaptação é um terapeuta ocupacional.
Pense também em todas as outras coisas que o doente já não sabe ou lembra. Coisas que não consideramos durante essa comunicação entre os 2 mundos. Quando nossa resposta a pergunta “que dia é hoje?” é “olhe no calendário ao seu lado”, além de ser longa, é uma resposta que envolve o significado de conceitos que não sabemos se a pessoa ainda tem, ou seja, será que ele liga o nome “calendário” ao objeto, ou ainda, será que ele ainda tem preservadas as questões especiais que permite ele se orientar no espaço e compreender o que está ao lado dele??
Perguntas repetitivas também podem ser um alerta, uma forma de querer comunicar algo. Diante de perguntas repetitivas, observe:
Será que a repetição ocorre em torno de certas pessoas ? O doente pode estar querendo interagir com aquela pessoa que está perto. Incentive quem estiver no mesmo ambiente que o doente a tocá-lo, falar com ele, talvez ele queira atenção.
Será que a repetição ocorrer em determinados ambientes ? Algo no ambiente pode estar incomodando o doente, fique atento ao som, a posição do cliente do assento ou às condições de higiene. Investigue!
Será que a repetição ocorrer em um determinado momento do dia? Alguns períodos podem ser confusos, como o pôr do sol. E, também pode sinalizar fome, se sempre ocorre perto da hora das refeições.
A partir dessa nova forma de entender as perguntas frequentes, vem a melhor parte. Os dois, doente e cuidador, podem se sentir melhor. O cuidador vai ter formas de reagir e de ajudar, vai se sentir mais útil e eficaz. 
Em vez de começar uma situação desagradável de impaciência, a resposta será diferente, será algo do tipo: “Eu me importo , eu estou aqui com e para você”. (fonte: alzheimer’s reading room)

Nenhum comentário:

Postar um comentário