sábado, 29 de junho de 2013
Respeitando o direito de envelhecer - Pe. Fábio de Melo
sexta-feira, 28 de junho de 2013
O HOMEM QUE TINHA ALZHEIMER
"As lembranças me fazem viver.
Lembrar a infância é lembrar
aventuras.
As brincadeiras, os amiguinhos,
as danações, os carões de pais e avós.
Lembrar do colégio, dos
professores, dos colegas, das aulas enfadonhas e dos primeiros conhecimentos.
Alguns ficaram para sempre. Outros desapareceram com o passar do tempo. Quanto
se passou entre aqueles tempos e os momentos atuais? Não sei. Pedi um pouco a
noção de tempo.
São apenas recordações. É tudo
que me resta.
Às vezes me pergunto: qual minha
idade verdadeira?
Quando estou deitado e quase
sempre estou deitado, passa na minha mente histórias e estórias. Nunca sei bem
se estou dormindo e sonhando ou mesmo acordado e apenas pensando. Que coisa
intrigante.
Não gosto mais de ler. Nem livros
e nem revistas. Lembro que gostava muito de ler jornais. Mas, agora quando
tento ler, não compreendo quase nada. Falam de pessoas que nunca conheci e de
cidades que nem sabia que existiam. Ver televisão para mim é uma tortura.
Sempre alguém liga pela manhã e outro alguém desliga no início da noite. Dizem
que é bom para exercitar meu cérebro. Que nada. Só me traz desconforto em ver
pessoas bonitas, que fingem que não me conhecem e nem falam comigo.
Meus sonhos/pensamentos sempre me
levam para um mundo que me era muito mais prazeroso. Gostava muito de viajar
para lugares distantes. Hoje, nos meus sonhos, não sei se viajo para longe ou é
o longe que viaja para perto de mim.
Lembranças de cores, perfumes,
imagens, músicas e principalmente mulheres. Tive muitas, mas poucas me tiveram.
Às vezes lembro das mulheres belas e outras nem tanto. Algumas dessas estão
associadas às músicas de minha preferência. Não sei bem se lembro das músicas
que lembram as mulheres ou ao contrário. Não importa. Aliás, pouca coisa hoje
me importa.
Quase todos os dias várias
pessoas entram no meu quarto e me perguntam: Como está? Está melhor? Tem tomado
os remédios?
Não sei quem são essas pessoas.
Falam em filhos e netos. Se referem a papai e vovô. Mas quem são? Não fazem
parte das minhas recordações e sonhos. De onde apareceram na minha vida? Por
que às vezes me beijam e me abraçam? Se eu nem as conheço…
Prefiro quando elas vão embora e
eu volto aos meus pensamentos. São mais reais e me dão mais prazer.
Nos últimos dias uma pergunta não
sai de meus pensamentos.
Quem sou eu?." (Aníbal Barbalho).
A FELICIDADE - EMÍLIO SANTIAGO
A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois, de leve, oscila
E cai como uma lágrima de amor
A felicidade do pobre parece a grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira
Tristeza não tem fim
Felicidade, sim
A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor
Tristeza não tem fim
Felicidade, sim
A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
E ninho de passarinhos
Tudo de bom, ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato sempre dela muito bem
quinta-feira, 27 de junho de 2013
NÓS E O TEMPO
O tempo é infinito
E somos um recorte do
tempo
São ciclos que se
fecham para darmos passos acima
Sabemos o que somos e
o que queremos dentro desse infinito
Estágios de uma
continuidade que tem uma sutileza
Que só percebemos
quando periodizamos.
Necessitamos de
ritmo.
Distribuímos anos.
Periodizamos a vida.
O dia é um rito.
Nossas leis são
reguladas.
Dimensionamos o
tempo.
Somos regidos pelos
eventos.
Orientamos as horas,
acertamos os minutos.
Controlamos os
prazos, só não regulamos acontecimentos.
Estamos sempre em
compassos, agendando sonhos.
Tempo vivido
Tempo coletivo
Tempo particular
Passado, presente e
futuro.
Não existem na linha
da vida.
O agora parece não
acabar.
Não damos conta que
ele já foi algo que acabou.
Estamos sempre
medindo o tempo.
O tempo é fluído.
O tempo é um curso.
Nós somos o tempo.
(Elisandra Villela
Gasparetto Sé)
quarta-feira, 26 de junho de 2013
APRENDA ACEITAR NA VIDA
Ao abordar o presente tema, falo
de ACEITAR no sentido de suportar, tolerar; e, não, no sentido de concordar.
Por exemplo, você pode divergir nos assuntos e na maneira de pensar de um
colega ou de um parente, não concordando com as suas opiniões a respeito,
digamos, de política ou religião. Em verdade, as pessoas podem discordar sobre
muitos outros assuntos, como diminuição ou não da idade penal, corrupção,
saúde, emprego, transporte coletivo, etc.,etc.
Todavia, diante de casos assim,
é preciso que tenhamos amadurecimento espiritual e emocional para respeitarmos
as opiniões alheias e nos elevarmos acima de nossas divergências, não fazendo
disso motivo para que não possamos conviver em harmonia, paz e compreensão.
Assim, também, seria muito mais
fácil, então, aceitar as dores e os sofrimentos que a vida nos impõe. Sei que
não é coisa fácil, mas é preciso aceitar! Na vida, nem tudo é somente
alegrias. Há, também, instantes de dor e de muitas turbulências que perturbam o
nosso coração; daí que o Mestre da vida, percebendo tudo isso, já nos advertia,
dizendo: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim”
(Jo 13:14-1).
Afinal, um coração perturbado nos
faz perder o sossego, a tranquilidade e a confiança. E, isso é ruim porque
ninguém pode viver desnorteado, desorientado e sem sossego, sendo certo que por
mais intensa que seja a dor, é preciso dar sentido à vida, procurando
reconstruí-la e encontrando a paz e a felicidade.
Das coisas ruins que acontecessem
em nossa vida, que vai da doença à morte, passando pela perda de emprego e da
briga e separação de casais, dentre muitos outros casos; achamos que essa é a
maior dor e sofrimento. Ledo engano. Mundo afora, e, muitas vezes, até mesmo
bem perto de você há alguém que também esteja sofrendo; e o sofrimento e a dor
não escolhem cor, sexo, riqueza ou pobreza.
Há inúmeras pessoas doentes
vivendo em estado terminal ou estado vegetativo persistente, seja na UTI de um
hospital ou em sua própria casa, cuja vida é prolongada à custa de aparelhos,
onde o paciente não fala, não ouve, não se alimenta de forma corriqueira e vive
entubado, com sondas e tubos de oxigênio.
Por outro lado, há aqueles outros
que, embora vivos, parecem que estão mortos. São os portadores de Alzheimer em
estado avançado, os quais acabam perdendo a memória, sendo que alguns deles
chegam ao ponto de não reconhecer os próprios filhos, ficando cada vez mais
dependente da ajuda dos outros até mesmo para rotinas básicas, como a higiene e
a alimentação.
Diante de casos assim cheios de
dor e sofrimento não é hora de saber o por quê de tudo isso. Basta somente
aceitar, recebendo com humildade tudo o que vier. Afinal, há tempo para tudo.
E, “Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo
do céu : há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de
arrancar o que se plantou ; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar
e tempo de edificar ;tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo
de saltar de alegria ;tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras ;
tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar ;tempo de buscar e tempo de
perder ; tempo de guardar e tempo de deitar fora ; tempo de estar calado e
tempo de falar ; tempo de amar e tempo de aborrecer ; tempo de guerra e tempo
de paz” (Eclesiastes,3:1-8).
E em meio às mais sublimes
aflições nunca devemos nos desesperar. E se a vida tem mesmo suas inevitáveis
tempestades, aprenda a aceitar na vida, pois, as tribulações e os males que nos
advém quase sempre trazem ínsitas lições que precisamos aprender.
Por mais triste e doloroso, sê
sempre forte. Antigo provérbio já dizia que o vento não quebra uma árvore que
se dobra. E, então, nunca diga a Deus que você agora tem uma grande dor. Diga à
sua dor que você tem um grande Deus e que Ele vai lhe dar forças para vencer e
superar esse momento de profunda tristeza.
Na vida é sempre assim: nada é
perfeito, e para colher rosas é preciso aceitar os espinhos. (Eldes Ivan de Souza).
http://www.jornaloeste.com.br/
Irene Ravache fala sobre o Mal de Alzheimer
Irene Ravache fala sobre sua mãe que teve Alzheimer e o sofrimento que a
doença traz para toda a família. Os sintomas que não são percebidos, a
dificuldade do convívio, a fase de negação, o desprendimento, o longo
aprendizado., o desgaste físico e psicológico do cuidador.
sábado, 22 de junho de 2013
UM AMOR PURO - DJAVAN
O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer
E a tua história, eu não sei
Mas me diga só o que for bom
Um amor tão puro que ainda nem sabe
A força que tem
é teu e de mais ninguém
Te adoro em tudo, tudo, tudo
Quero mais que tudo, tudo, tudo
Te amar sem limites
Viver uma grande história
Aqui ou noutro lugar
Que pode ser feio ou bonito
Se nós estivermos juntos
Haverá um céu azul
Um amor puro
Não sabe a força que tem
Meu amor eu juro
Ser teu e de mais ninguém
AMOR E DOR
À medida que o dia e à noite.
Como o sol e a lua. Como positivos e negativos de todas as coisas que fizeram a
vida, o amor e a dor nos acompanham ao longo do caminho dos cuidados na mesma
medida. E entre eles, que eterna questão que divide, como o nascer e o pôr do
sol: por quê?
Por que aprender o que é o
verdadeiro amor, dedicação e sacrifício, pode e deve passar por uma experiência
tão brutal? Por que eles têm e nós temos que sofrer tanta dor indescritível e
experimentar, tanto sofrimento, tanta injustiça? Que sentido faz que-suas-vidas
e nosso pessoal e emocional, elas são e ser submetido a tantas emoções
intensas?
Entre o amor ea dor nos movemos
pacientes e cuidadores. Entre a luz e a sombra. Entre quem éramos e o que nos
tornamos. Entre as lembranças e esquecimentos. Entre o oxigênio e asfixia. Entre
si e têm-nos sentir tão perdido, tão só, tão abandonado, por vezes, para nossas
famílias, nossos amigos e da sociedade desumanizada da qual somos parte e que
tão insensivelmente acostumados.
O amor incondicional que sentimos
por eles nos empurra para permanecer fiel ao seu lado, acompanhando,
orientando, servindo como eles fizeram com a gente ao longo de nossas vidas,
quando eles pareciam indestrutíveis. A dor que gosto de vê-los quebrar no final
deles nos ensina a valorizar o que é realmente importante e rejeitar o
supérfluo. Entre esses dois sentimentos que deslizou como água que atravessa o
rio de sua existência terrena.
Esse é o mundo do mal de Alzheimer. Esse é o
mundo de cuidar de alguém que sofre no corpo, mente e alma, vida e morte. Da saúde e na doença. Força e fraqueza. Fortaleza e
fragmentação. Aceitação e resignação. Luta e perdas. Início
e no final. Amor e dor. Mas acima de tudo, a satisfação e o orgulho em não
abandoná-los à própria sorte, como muitos outros fazem do egoísmo mais
repulsiva e rejeição da idade, os enfermos, os decadente. Então eu vejo isso. Sinto muito.
E esta é apenas a minha opinião pessoal.
CARTA DE PAULO DE TARSO - REFLEXÃO
MEU IDOSO E EU
“Ser o familiar e também o
cuidador do idoso é uma tarefa que exige
dedicação em tempo integral, geralmente esta tarefa acaba sendo transferida
para um dos filhos. É incrível como isto
acontece, não sei se somos nós que atraímos esta tarefa ou ela nos é delegada
pelos demais familiares por “ser o mais prático”, ou seja: você é mulher,
portanto a tarefa é sua.
Segundo pesquisa recente, as
filhas são as principais responsáveis em prover o cuidado ao idoso enquanto os
filhos são responsáveis por fornecer ajuda financeira aos seus pais.
Os membros da família apresentam
sentimentos variados e contraditórios em relação ao doente, como por exemplo,
tristeza/pena de ver seu idoso debilitado, impaciência por ter que oferecer
cuidados, abdicar de ideais e ambições para poder dedicar-se ao idoso.
Dificuldades financeiras devido ao abandono das suas atividades para dedicação
exclusiva ao idoso.
Recentemente assisti na TV uma
psicóloga dizer que no início o cuidador/familiar dedica-se de corpo e alma, tem prazer na
tarefa de cuidar do seu ente querido, mas com o passar dos anos esta pessoa “o
cuidador/familiar” passa a apresentar comprometimento na saúde física e mental,
motivado muitas vezes pelo sentimento de abandono e isolamento pela não
participação dos demais familiares, a falta de tempo para o seu lazer, o
estresse pelo desgaste físico e emocional que o “cuidar” de outro lhe impõe.
É assim que me encontro hoje,
cansada, absolutamente cansada, por isso que estou iniciando este Site com a
intenção de trocar experiências, encontrar pessoas que como eu estão passando
por esta fase difícil. Nós que somos o
“familiar/cuidador”, não podemos de forma alguma desistir e se entregar, afinal
de contas nosso idoso merece receber sempre o melhor de nós”.
http://meuidosoeeu.com.br
O AMOR QUE PERMANECE, APESAR DO ALZHEIMER
Sobre o amor, dizia Fernando Pessoa: Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga,
além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? Ou pelas palavras de Antoine de Saint-Exupéry: O verdadeiro amor
nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem.
O amor parece mesmo uma fonte
inesgotável, um reservatório de emoções e sentimentos. O Alzheimer o
consome consumido pelas mazelas do
tempo, uma mente e um corpo arrasados pela evolução da doença. As expressões
iniciais de Fernando Pessoa e Antonie,
não poderiam ter palavras mais fortes para definir os sentimentos do
companheiro de um portador de Alzheimer. Um exemplo de que quando se ama, há
entrega e liberdade para exercer o pleno direito de simplesmente amar e
entregar-se, mantendo-se íntegro e fiel à esse amor, independente de passado,
futuro e presente, ou simplesmente do fato dessas fazes não mais existirem na
mente do amado.
O amor do marido, ou da esposa e até mesmo da família
revelam um importante auxilio no trajeto entre o antes e o depois do paciente
com Alzheimer. É uma dura batalha, seguida de altos e baixos, lembranças tão
presentes e em segundos um saudosismo, acompanhado do completo esquecimento de
quem sempre foi seu mais perfeito amor.
Talvez essa fase difícil, ao qual
precisamos chamar de doença, ou patologia, ou transtorno pelos seus mais
diversos agravos a saúde psicossomática de um indivíduo, talvez seja a mais
perfeita prova de amor que alguém revela para seu companheiro. O estar junto,
perto, próximo, com você, mas estar lá, para juntos, de mães dadas, ou ao lado
seguir um caminho difícil, baseado no viver e no deixar de viver, por não saber
mais quem é, ou quem um dia foi. Quando falo de uma prova de amor, quero falar
das dificuldades que passam a existir na vida de uma família que tem um portador de Alzheimer.
Um casal está
junto há 30 anos e aos poucos, aqueles pequenos e bobos esquecimentos passam a
existir no dia-dia daquela família. Em poucos meses o amado já não mais é reconhecido,
como quem sempre foi. Seu fiel companheiro e amor da vida inteira, a angústia
passa a existir no coração daquela mulher que não entende o porquê de tamanhas
falhas de memória, do porque desta vez não foi o encontrar na porta e deixar os
chinelos perto da poltrona e as deixou logo ali, ao lado da geladeira, ela já
não associa os fatos. A família percebe os lapsos, mas espera... Escondida não
se sabe, se na falta de informação, preconceito, na ausência de paciência para
lidar com o problema, ou simplesmente no descaso.
Quando escolhemos alguém para
amar, precisamos intensamente da atenção desse alguém. É preciso que ele nos
perceba que queira saber da nossa vida, que questione e imponha-se na
participação e decisões que seu coração deseja tomar.
Conviver com alguém que
simplesmente um dia acorda e não se recorda do seu rosto é um grande choque. Um
descobrimento crucial na vida do companheiro, que já não se identifica na vida
do outro e passa a se sentir “sobrando”. Mas no fundo da alma do amor que
aparenta ter morrido para o outro, ainda existem lembranças, um trecho daquela
canção especial que foi dançada a primeira vez
a décadas atrás, ou um perfume que a recorda o cheiro do cabelo desse
amor agora distante demais, que talvez nesse momento para ela, nunca tenha
existido e que para ele continua em sua alma e espera um dia poder ser
relembrado.
Esse “descobrimento especial” é algo que talvez que pode ser
visto, como uma nova chance, de todos os dias reconquistar de forma diferente
aquela pessoa que você sempre amou. “Hoje a noite eu vou conversar com você,
mas amanhã, talvez eu não me recorde do seu rosto” essa é uma afirmativa do
portador de Alzheimer, se ele entendesse e
conseguisse expressar em palavras os acontecimentos de sua mente.
Estar junto nesse momento da vida é provar, agora bem mais
que antes o tamanho do seu amor. É pegar na mão e levar o amor da sua vida
adiante, agora orientado e guiado por suas mãos... Aquelas, que há muitos anos
não se tocavam, ou que todos os dias no final da tarde passeavam pelo jardim.
http://portaldoenvelhecimento.org.br/
sexta-feira, 21 de junho de 2013
SAUDADES, SEMPRE
Sentir saudades deve ser sinal de
sorte. Indicativo de coisa que faz bem, de vida que deixa marcas, de gente que
vai e fica. Saudades é o passado presente. É o que foi e ainda está tão em nós,
latejando, queimando, doendo.
Sinto saudades dessas pegadas que
vejo no caminho atrás de mim. Do caminho, da caminhada, dos caminhantes.
Saudades da exceção e do comum. De momentos cotidianos, dos “bom dia”, de
conversas banais com pessoas que não foram simplesmente pessoas. Saudades de
dias que pareciam não ter fim, de noites que pareciam não amanhecer, de tempos
vestidos de eternidade. E que passaram.
Sinto saudades do presente. De
pessoas que ainda vejo, de cheiros que ainda sinto, de vozes que ainda falam em
meus ouvidos. Saudades antecipadas do que fará falta. Saudades que me lembram
de que isso vai passar.
Sinto saudades do horizonte
futuro. De tudo que, por mais que eu viva e me entregue, jamais será vivido o
suficiente para me satisfazer e não me deixar com gosto de quero mais. Sinto
saudades de tempos que virão e, como todos os tempos que vieram (e um dia
também foram conjugados no futuro), também passarão.
Sim, sentir saudades deve ser
sinal de sorte, mas também deve ser sinal de que algo corre pelas veias (algo
que não é apenas sangue). Deve ser indicativo de que a vida não está passando
alheia, desavisada, sem por que. Saudades é sinal de que vida está com razão de
ser, de que o outro está valendo a pena, de que a gente está vivo, lembrando,
sangrando e esperando o próximo encontro, o próximo abraço apertado, o próximo
momento para sentir saudades.
Se pudesse escolher, eu gostaria,
sim, de sentir saudades, sempre. Quero que cada presente me deixe marcas, me
doa no futuro, me faça sofrer. Às vezes, a dor não é dor, a dor é amor – e por
isso dói tanto. Quero ter a sorte de encontrar gente que me cative a ponto de
deixar marcas, de viver uma vida que me deixe com vontade de viver mais, de
passar por tempos intensos, que acabem no exato momento em que tiverem que acabar,
mas que continuem comigo.
Quero as saudades, porque são
elas que me fazem crer que viver vale a pena.
http://verrumo.wordpress.com/
AMOR MADURO
O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas quase silencioso. Não é menor em
extensão.
É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações: presenteia com a
verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as
ausências significantes.
O amor maduro somente aceita viver os problemas da
felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas de
construir o bem e o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam ao amor
maduro.
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada
auto ilusão.
Basta-se com o todo do pouco.
Não precisa nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida e a sua incompletude,
por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso.
É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de
ser sublime e criança.
O amor maduro não disputa, não cobra, pouco
pergunta, menos quer saber.
Teme sim. Porém, não faz do temor argumento.
Basta-se com a própria existência.
Alimenta-se do instante presente valorizado e importante
porque redentor de todos os equívocos do passado.
O amor maduro é a regeneração de cada erro.
Ele é filho da capacidade de crer e continuar, é o
sentimento que se manteve
mais forte depois de todas as ameaças, guerras ou
inundações existenciais
com epidemias de ciúme.
O amor maduro é a valorização do melhor do outro e
a relação com a parte
salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para
depois.
Vive do que fermentou criando dimensões novas para
sentimentos antigos,
jardins abandonados cheios de sementes.
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não persegue, recebe.
Não exige, dá.
Não pergunta, adivinha.
Existe para fazer feliz.
Só teme o que cansa, machuca ou desgasta.
(Artur da Távola)
You've got a friend - James Taylor
terça-feira, 18 de junho de 2013
ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO
1. Distrair e redirecionar a atenção da pessoa
com DA.
Quando a pessoa com DA estiver
cansada, desorientada, com medo, frustrada, com desconforto por não ter alguma
necessidade sua satisfeita, ela pode responder a isso tendo comportamentos
alterados ou até reações catastróficas (atitudes explosivas) como: gritos,
tentativa de agressão, querer quebrar tudo, choro desesperado. Embora cada pessoa seja diferente
da outra, especialmente quem tem Doença de Alzheimer (DA), algumas estratégias
podem ser eficientes para ajudar o CUIDADOR a lidar melhor com isso:
- Afastar-se da pessoa com DA e
imediatamente analisar a situação: ver se ela corre algum perigo de fugir,
machucar a si ou outro alguém. Objetos cortantes, pesados e fáceis de atirar já
devem ter sido retirados do ambiente muito antes como medida de prevenção e
melhorar a segurança de todos.
- Falar com calma (de longe),
frases curtas que a acalmem ou a distraiam, que a confortem, lhe deem segurança
e que lhe sejam agradáveis, são atitudes mais indicadas. JAMAIS DISCUTIR OU
GRITAR COM ELA. Se perceber que ela não se agitou mais e que já esteja mais
calma, convide-a carinhosamente para ir a outro cômodo da casa para ajudar você
a fazer alguma coisa (que ela goste de fazer), ou tomar um lanche, um suco,
ligar para alguém que ela goste muito. Não é indicado convidá-la a passear num
momento desses.
- Caso não perceba melhora no comportamento, peça ajuda de algum
vizinho, amigo ou parente mais próximo.
- Após a situação estiver
controlada, é importante lembrar o que aconteceu antes e depois do
comportamento alterado para tentar descobrir o “gatilho”, ou seja, aquilo que
pode ter provocado reações como esta. Geralmente comportamentos difíceis ou
catastróficos provém do ambiente como:pouca iluminação, fralda suja, fome,
alguma visita que chegou, alguém que saiu, barulho, algum objeto (espelho, peça
de decoração, quadro), efeito de alguma medicação, atitude não adequada do
cuidador ou até mesmo sede, cansaço, dor, sono.
- O ideal é ter um caderninho para
fazer as anotações, cada vez que isto acontecer, de maneira organizada. Então,
escreva objetivamente nele: o que aconteceu ANTES, DURANTE (é o comportamento
que teve) e DEPOIS. Isto poderá ajudá-lo, com o tempo, a descobrir o que
provocou o comportamento difícil e tentar mudar o que seja possível, na
tentativa de evitar outros episódios como este.
- Se isto se repetir com mais
frequência, é indicado conversar com o médico para ver o que é possível fazer
para evitar ou aliviar esta situação.
2. "Calce os sapatos" da pessoa que
tem DA.
Quando seu ente querido estiver
com os sentimentos à flor da pele, calce os sapatos dele. Encarar as coisas sob
seu ponto poderá dar a você mais paciência
e a ele, mais conforto e calma. Sabemos que os resultados dependem muito
de cada um, do motivo que o leva a sentir e agir desta ou daquela maneira. Pode
ser: o ambiente físico em que vive, a abordagem do cuidador, a medicação, a
própria doença... mesmo assim, voz calma, toque suave, sorriso no rosto e
palavras doces, são as melhores estratégias de alívio da dor e aumento do amor.
Pense nisso.
3. Previna fugas quando sair de casa.
Sempre que sair de casa com a
pessoa com DA, coloque uma pulseira contendo nome e telefone de contato e, se
possível, que esteja escrito a informação de que ela tem dificuldades com a
memória, ou então na roupa dela, escrito o nome e um telefone, caso aconteça de
perder-se.
É recomendado que o cuidador
sempre tenha na carteira uma foto recente de seu rosto, para facilitar no
momento da procura, caso perca-se dela. Nunca deixe a pessoa com DA sozinha,
nem por alguns poucos instantes, nem em casa e muito menos quando estão fora de
casa. Mesmo que ela nunca tenha dado motivos como fugir ou pendurar-se em
alguma janela, por exemplo.
A pessoa com DA é imprevisível.
Você está numa loja ou num shopping, vai ao banheiro e diz assim para ela: “Não
saia daí porque eu estou aqui ao lado já volto!” Só que ela já não consegue
mais lembrar informações recentes, nem sabe mais o que é perigoso, então vai
esquecer o que você disse e agir conforme seus impulsos.
4. Distrair ao invés de discutir.
Quando seu ente amado teimar em
sair de casa sozinho, não diga “você não pode sair sozinho!!” E sim: “antes de
sair, você poderia me ajudar a dobrar essas roupas?” Tente por este caminho.
Distrair é a melhor opção, pois logo a pessoa poderá esquecer sua
intenção. Negar, brigar, gritar, perder
o controle, será muito pior, tenha certeza. Então, experimente pedir ajuda em
algo que seja significativo para ele e que goste fazer (tomar um suco, comer um
doce, procurar alguma foto, cuidar de plantas ou de um animalzinho de
estimação, arrumar uma cama, enfim, algo que ainda consiga fazer e mesmo que
faça mal feito). Se der uma tarefa difícil, poderá cansá-lo e isto é muito
ruim, pois poderá levá-lo a comportar-se de maneira agitada ou agressiva.
5. Quando seu amado com Doença de Alzheimer apresentar comportamento
de ficar andando de um lado para o outro sem rumo:
1. Fique atento quanto à sua segurança,
trancando portas e janelas, pois é um momento perigoso para fugas.
2. Não deixe à vista: chaves de carro, bolsas,
sapatos, óculos de sol, bonés, que possam lembrá-lo de sair.
3.
Retire do ambiente tapetes, móveis baixos e coloque protetor naqueles
cujas quinas possam ferir.
4. Dê
uma tarefa agradável para ele fazer, mudando-o de ambiente e pedindo sempre
para que o ajude nisso, na tentativa de distraí-lo.
5. Procure
acalmá-lo, com voz suave e com palavras que o conforte e acalme.
6. Se
este comportamento não estiver fazendo nenhum mal a ele ou a outros, deixe-o
andar por um tempo e tente distraí-lo novamente mais tarde. Mas não o recrimine
ou brigue com ele por isto, porque pode piorar a situação.
LEMBRE que seu amado não consegue refletir
sobre seu comportamento. Você sim.
http://www.institutoalzheimerbrasil.org.br/
O AMOR NA DOENÇA: O PAPEL DA FAMÍLIA NO CUIDADO DO ALZHEIMER
De uma hora para outra um
familiar próximo, seja pai, mãe ou avós, começa a perder a memória. Com o
tempo, esquece dos próprios filhos e netos. A personalidade muda; a
agressividade, mesmo que nunca tenha se manifestado, aparece e a necessidade de
cuidados especiais se torna inevitável. A situação descrita acima é hoje vivida
por cerca de 1,2 milhão de famílias brasileiras que possuem um parente com mal
de Alzheimer. E o mais desolador é que, na maioria das vezes, os parentes não
sabem como lidar com a doença. Sem esperanças por se tratar de uma enfermidade
incurável, eles acabam adoecendo junto e, desamparados, deixam o doente
desprovidos de afeto.
“É preciso compreender que
cuidando com amor, a família consegue fazer a diferença na vida do doente e
tudo fica mais leve”, afirma a professora aposentada Yone Beraldo. Ela
conseguiu superar a dor de vivenciar o sofrimento da mãe (falecida em 2007) com
a doença durante 20 anos. “O amor que eu sentia pela minha mãe só cresceu no
tempo em que cuidei dela”, diz a aposentada. Mas compreender a nova condição da
família e aprender a lidar com a sensação de desamparo não foi tão fácil assim.
Além da ajuda de profissionais, Yone contou com o apoio de pessoas que passavam
pela mesma dificuldade. “È ótimo aprender com as experiências dos outros e
desabafar com quem sabe o que a gente passa”, diz.
Para a presidente da Associação
Brasileira de Alzheimer (Abraz), regional de São Paulo, Vera Caorvilla, acabar
com o preconceito familiar e disseminar conhecimento sobre a doença são os
principais desafios. “Geralmente, o primeiro sentimento da família é de
revolta”. Para ajudar nesse processo de entendimento, a Abraz oferece aos
familiares encontros periódicos, nos quais participam especialistas e pessoas
que estão enfrentando o mesmo problema.
Outra dificuldade apontada pelos
familiares é ter que dar assistência ao paciente durante as 24 horas do dia.
Isso porque, na maioria das vezes uma única pessoa é eleita para essa tarefa, o
que acaba a sobrecarregando. Prova disso é que são frequentes os casos de
cuidadores de pacientes com Alzheimer adoecerem com sintomas de depressão e
morrerem antes do doente. “É melhor o paciente ficar em casa para se sentir
mais seguro, mas é preciso que a família esteja preparada e organizada para
isso”, afirma a psiquiatra Rita Reis Ferreira.
Ser surpreendido com um caso de
Alzheimer na família é obviamente difícil e complexo. Mas nada como encarar a
situação, erguer a cabeça e procurar ajuda para entender a doença. Unir em vez
de desagregar. Não ter expectativas exageradas. Resgatar o amor e, assim,
tentar melhorar a qualidade de vida da pessoa doente que, na maioria dos casos,
é a grande responsável pela existência e história da família. “A pessoa doente
construiu uma história de vida e você faz parte dela. Isso precisa ser
preservado”, conclui Vera. (Mariana
Teodoro)
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segunda-feira, 17 de junho de 2013
NAQUELA MESA - ZÉLIA DUNCAN
Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
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