sexta-feira, 14 de junho de 2013

REPERCUSSÕES DA DOENÇA DE ALZHEIMER NA DINÂMICA FAMILIAR


No contexto sociocultural atual, a família continua a desempenhar um papel fundamental e a ser a unidade básica em que nos desenvolvemos e socializamos. É essencialmente nela e com ela que cada indivíduo procura o apoio necessário para ultrapassar os momentos de crise que surgem ao longo da sua vida. 

A doença, nomeadamente uma doença incapacitante como é o caso da Doença de Alzheimer, exige um reajustamento enorme, com implicações frequentes na dinâmica familiar, Lezaun e Salanova (2001) sublinham que não há doença crónica que requeira tanto ajuste familiar como a demência. 

Quando uma família é confrontada com a doença de um dos seus membros, todos os elementos vão sofrer de ansiedade e stress, assim, o início da doença constitui uma situação de mudança para o sistema familiar, pois implica um processo de reajustamento da estrutura, papéis, padrões de comunicação e das relações afetivas dos membros da família. 

O aparecimento de uma doença crónica, como a demência de Alzheimer, no seio de uma família altera completamente a dinâmica familiar. A perda das capacidades funcionais observadas em idosos com doença crónico-degenarativa, implicam reorganização do núcleo familiar no sentido de redefinir papéis e responsabilidades, além de desarticular a dinâmica familiar e desestabilizar as relações interpessoais experimentadas no seu quotidiano (Lezaun e Salanova, 2001).

As alterações decorrentes da doença incapacitante como a demência de Alzheimer têm repercussões a nível físico, psíquico e social e, consequentemente, diminuem a qualidade de vida não só da pessoa em causa, como do restante sistema familiar (Evans et al., 1992). Uma pessoa dependente na esfera familiar altera indiscutivelmente o movimento natural do ciclo vital familiar, podendo ocorrer mudanças a nível da individualidade e da autonomia de todos os elementos da família, como também alguns poderão ter necessidade de alterar ou de desistir de alguns projetos de vida, contribuindo tudo isto para modificar a estrutura familiar e para criar novas relações entre os seus membros (Imaginário, 2003).

De alguma maneira, a patologia individual converte-se em patologia familiar, porque todos sentem a influência negativa do sofrimento. A família, como tal, não é a mesma antes, durante e depois da doença. Esta “nova família” surgirá em função da sua estrutura anterior, mas também do momento evolutivo da história familiar, do membro afetado pela doença, da gravidade, do tipo do processo patológico e das crenças associadas a essa doença em concreto. Na perspectiva de Martins (2003), a funcionalidade conseguida vai, sem dúvida, interferir na forma como a família integra a doença e a crise subsequente, bem como na reorganização que consegue implementar.

Face às repercussões da doença, há necessidade de uma atenção integral à família, tendo em conta todas as suas necessidades biológicas, psicológicas, sociais e espirituais, e todo o seu contexto familiar. Pensamos ser necessário promover a maior colaboração de todos por forma a considerarmos a família a instituição fundamental na vida das pessoas e da sociedade. 

Como parceiros do cuidar, os familiares poderão ter um papel ativo na prestação de cuidados ao doente, assim como na tomada de decisões no cuidado ao mesmo. No que se refere à situação dos familiares como receptores de cuidados, eles requerem informação e acompanhamento por parte dos profissionais, de forma a reunirem as melhores condições para lidarem com a situação/problema.

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