domingo, 16 de junho de 2013

SHAKESPEARE: AS IDADES DO HOMEM


Sátira burlesca aos papéis e atitudes do homem, nas diferentes fases da sua vida.
O mundo inteiro é um palco, e todos os homens simples atores com as suas saídas e entradas, com múltiplos papéis em atos que abrangem sete idades:
- Primeiro, temos a criancinha, choramingando e vomitando nos braços da ama. 
- Segue-se o estudante resmungão, com a sua mochila, o brilhante rosto matinal, arrastando-se como um caracol para a detestada escola. 
- A terceira idade é a do amante, suspirando como uma fornalha, com uma horrível balada em honra da sobrancelha da amada. 
- Depois vem o soldado, cheio de estranhos juramentos, barbudo como um leopardo, zeloso da honra, brusco e ágil na luta, atrás da ilusória reputação, mesmo na boca do canhão. 
- A quinta idade é a do magistrado, com o seu belo ventre redondo, usando gorro próprio, olhar severo e barba de corte formal, cheio de sábios provérbios e modernos julgamentos, desempenhando o seu papel. 
- A sexta idade faz o homem vestir-se como um arlequim, de calças justas, óculos no nariz e algibeira ao lado; meias joviais, bem conservadas, um mundo amplo demais para as suas enfraquecidas pernas, e um vozeirão másculo a tornar-se num infantil soprano, cheio de silvos e sibilos.  

- A derradeira cena, término da memorável história da vida, é a segunda infância, a do puro esquecimento, a da falta de dentes, de visão, de paladar, rumo ao nada. (William Shakespeare).

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