sexta-feira, 21 de junho de 2013

SAUDADES, SEMPRE


Sentir saudades deve ser sinal de sorte. Indicativo de coisa que faz bem, de vida que deixa marcas, de gente que vai e fica. Saudades é o passado presente. É o que foi e ainda está tão em nós, latejando, queimando, doendo.

Sinto saudades dessas pegadas que vejo no caminho atrás de mim. Do caminho, da caminhada, dos caminhantes. Saudades da exceção e do comum. De momentos cotidianos, dos “bom dia”, de conversas banais com pessoas que não foram simplesmente pessoas. Saudades de dias que pareciam não ter fim, de noites que pareciam não amanhecer, de tempos vestidos de eternidade. E que passaram.

Sinto saudades do presente. De pessoas que ainda vejo, de cheiros que ainda sinto, de vozes que ainda falam em meus ouvidos. Saudades antecipadas do que fará falta. Saudades que me lembram de que isso vai passar.

Sinto saudades do horizonte futuro. De tudo que, por mais que eu viva e me entregue, jamais será vivido o suficiente para me satisfazer e não me deixar com gosto de quero mais. Sinto saudades de tempos que virão e, como todos os tempos que vieram (e um dia também foram conjugados no futuro), também passarão.

Sim, sentir saudades deve ser sinal de sorte, mas também deve ser sinal de que algo corre pelas veias (algo que não é apenas sangue). Deve ser indicativo de que a vida não está passando alheia, desavisada, sem por que. Saudades é sinal de que vida está com razão de ser, de que o outro está valendo a pena, de que a gente está vivo, lembrando, sangrando e esperando o próximo encontro, o próximo abraço apertado, o próximo momento para sentir saudades.

Se pudesse escolher, eu gostaria, sim, de sentir saudades, sempre. Quero que cada presente me deixe marcas, me doa no futuro, me faça sofrer. Às vezes, a dor não é dor, a dor é amor – e por isso dói tanto. Quero ter a sorte de encontrar gente que me cative a ponto de deixar marcas, de viver uma vida que me deixe com vontade de viver mais, de passar por tempos intensos, que acabem no exato momento em que tiverem que acabar, mas que continuem comigo.

Quero as saudades, porque são elas que me fazem crer que viver vale a pena.

http://verrumo.wordpress.com/

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