sexta-feira, 28 de março de 2014

A INUTILIDADE E O VERDADEIRO AMOR ...

A velhice é o tempo em que vivemos a doce inutilidade. Porque mais cedo ou mais tarde iremos experimentar esse território desconcertante da inutilidade. Esse é o movimento natural da vida. Perder a juventude é você perder a sua utilidade, é uma conseqüência natural da idade que chega. O sol do amanhã… Sob o olhar de uma cuidadora… Como você decide viver é o que faz a diferença no momento das provações, nos diz Padre Fábio de Melo, falando sobre a velhice… 


O que falta muitas vezes para poder resolver os nossos problemas é a simplicidade em enxergá-los. Devemos retirar os excessos. Não permitir que os nossos excessos venham obscurecer a nossa visão, ou até mesmo de nos impedir de encaminhar uma solução para aquilo que nos faz sofrer. Isso é ter fé. É a gente acreditar que Deus está ao nosso lado no momento da nossa luta, no momento da nossa dor. E que, portanto, a gente tem o direito de ser simples.

É interessante observar os movimentos de nossas mudanças interiores. Nem sempre sabemos identificar o nascimento da inadequação que gera todo o processo. O fato é que um dia a gente acorda e percebe que a roupa não nos serve mais. Como se no curto espaço do descanso de uma noite a alma sofresse dilatação, deixando de caber no espaço antigo onde antes tão bem se acomodava. É inevitável. Mais cedo ou mais tarde, os sonhos da juventude perdem o viço. O que antes nos causava gozo, aos poucos, bem ao poucos deixa de causar. Nossos valores vão se tornando mais consistentes.

Mas não precisamos necessariamente chegar à velhice extrema, para entendermos o sentido da inutilidade que leva ao amor… Perder tempo, gastar tempo, ou melhor dizendo “Ter a utilidade do seu tempo” para as coisas que nos levam aos verdadeiros sentimentos… 


Se permitir “jogar conversa fora” com seus filhos, seus amigos, fazer piqueniques e voltar a ser criança, andar na chuva, sentir o cheiro da terra molhada, passear na praça, na praia, no bosque… sentir a liberdade do rosto te acariciando a pele… jogar frescobol, voleibol, “buraco”, seja o que for, apenas com o intuito de reunir os amigos, e a família… Assim como faziam os homens das cavernas. Ascendiam a fogueira e ao seu redor conversavam, conversavam e conversavam… e assim os laços iam se tecendo, os abraços se alongavam e a vida mesmo na rusticidade daqueles tempos, era aconchegante!!!  


Tempo… sempre o tempo do Senhor a nos ensinar… Assim como na história de Alice no País das Maravilhas em que seu coelho, corria com o relógio pendurado atrás do tempo… Estamos hoje nós a fazer o mesmo… Que o tempo da inutilidade amorosa, possa ser constante no tempo de nossa utilidade existencial. Que a simplicidade faça morada em nossos corações, atitudes e sentimentos. E que nossos sentimentos estejam sempre no ritmo e no compasso do “amor inútil” aquele que traz pleno significado. 


Que saibamos respeitar a dor de cada hora, a esperança de cada momento, sendo ao mesmo tempo de Aço e de Flores… Que neste tempo de Quaresma, possamos sentir a esperança brotar de cada coração, nos fazendo pessoas melhores, menos complicadas, de aço, para enfrentar os desafios, mas sem perder a doçura de ser simplesmente humano… Um tempo para nos purificar… Primeiro consigo mesmo, pois muitas vezes somos nosso maior carrasco e depois com todas as pessoas que nos cercam.


É essa sensibilidade de enxergar cada tempo com sabedoria, que nos levará a conhecer o significado do amor…

http://fmanha.com.br/


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