quarta-feira, 5 de março de 2014

LIMITES DO CONHECIMENTO


INDICADORES CEREBRAIS: a doença de Alzheimer deixa claras marcas no cérebro. O hipocampo estrutura essencial para a memória - encolhe drasticamente nos indivíduos afetados (abaixo) em comparação a pessoas saudáveis (acima)

É comum os idosos terem dificuldades de se lembrar de determinados eventos. Se esses esquecimentos se mantêm estáveis ou pioram lentamente, os médicos os consideram sintomas normais do envelhecimento. Nesses casos, métodos de imageamento revelam pequena redução do volume cerebral e certa limitação das atividades do lobo frontal. 



Os distúrbios cognitivos leves se distinguem pela recorrência dos lapsos de memória. Além disso, os pacientes têm problemas para memorizar acontecimentos atuais. O cérebro deles sofre atrofia em certas regiões, especialmente no hipocampo e no lobo temporal. A atividade do córtex cingular posterior e da região intermediária entre os lobos temporal e parietal (lobo temporoparietal) também se reduz. A evolução desse tipo de distúrbio é variável e deve ser supervisionada por um médico em intervalos regulares de tempo.

Quando os problemas de memória e alterações anatômicas do cérebro aumentam rapidamente, é quase certo que o diagnóstico seja a doença de Alzheimer. Além de não se lembrarem dos acontecimentos passados, os pacientes têm dificuldades de memorizar novas informações. 



Os primeiros indícios geralmente revelam mais de uma função cognitiva afetada, como fala e concentração. Nos estágios mais avançados, todas elas costumam ficar comprometidas. Os exames de imagens mostram nítida diminuição do tamanho do hipocampo desses pacientes, bem como do córtex cingular posterior e do lobo temporoparietal. Na fase final da doença as lesões comprometem também todo o córtex frontal.
A notícia do Alzheimer

A notícia do Alzheimer abala qualquer família, e poucas estão preparadas para a responsabilidade e a sobrecarga que é cuidar de um portador da doença. 



A Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) oferece apoio e orientação sobre tratamento e aspectos cotidianos do acompanhamento do paciente. Formada por parentes de portadores e profissionais de saúde, a Abraz está presente em 16 estados. Tel.: 0800-55-1906. Site: www.abraz.org.br
Promessas diagnósticas
Além dos testes neuropsicológicos, da ressonância magnética e da tomografia por emissão de pósitrons, os cientistas contam com uma nova ferramenta para identificar as alterações anatômicas típicas da doença de Alzheimer: o imageamento por tensor de difusão (DTI, na sigla em inglês). Trata-se de um tipo de ressonância magnética que permite a caracterização da estrutura de tecidos fibrosos (como as fibras nervosas) por meio de medidas locais da difusão de moléculas de água. 


Nos tecidos saudáveis, elas correm ao longo dos axônios; na doença de Alzheimer a membrana axonal é danificada, atrapalhando a movimentação dessas moléculas. A DTI mede essa diferença e revela lesões muito precoces. Outra inovação na área de diagnóstico por imagem foi anunciada em 2005 por pesquisadores japoneses do Instituto Riken de Pesquisas Cerebrais, em Saitama. 



Eles conseguiram tornar visíveis as placas de proteína amilóide no cérebro de ratos com Alzheimer, no qual foi injetada uma molécula capaz de ultrapassar a barreira hematoencefálica e se fixar nos depósitos de proteína. A substância injetada foi marcada com flúor-19, que aparece em destaque nas imagens de ressonância magnética e, logo, revela a localização precisa das placas amilóides. O procedimento ainda está em fase de testes em animais. 

Alterações na bioquímica cerebral também podem ser usadas para fins diagnósticos. Harald Hampel, da Universidade Ludwig-Maximillian, em Munique, aposta na proteína tau modificada. Nos pacientes com Alzheimer ela apresenta fosfato em excesso, o que compromete sua função de suporte e faz com que os neurônios percam estabilidade. Como a proteína tau é encontrada também no liquor, pode ser facilmente coletada e converter-se, no futuro, em um marcador biológico da doença de Alzheimer. 

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