A condição de estar no corpo nos coloca diante do fato de que ele envelhece, não sendo possível sua manutenção no mesmo estado físico
indefinidamente. É uma utopia querer a juventude eterna, até porque,
ela impossibilitaria a percepção das mudanças pessoais, visto que o
desenvolvimento do corpo, não só nos condiciona a poder projetá-las,
como também nos obriga a que as façamos.
É uma arte envelhecer, aprendendo-se a passar pelas mudanças corporais com equilíbrio e maturidade. O corpo, quando visto como instrumento
de ação e de recepção do espírito, possibilita que seja aceito
independente das transformações do tempo. Seja ele jovem, seja adulto,
seja velho ou doente, será sempre um instrumento para a aquisição de
experiências e de projeção do espírito.
É importante que todas as pessoas, independente da idade, se imaginem
mais velhas fisicamente do que já são. Essa perspectiva futura deve ser
útil para que possibilite à pessoa
a tranqüilidade de encarar o processo de envelhecimento. É claro que
devemos buscar uma aparência mais agradável, o que não deve ser
confundido com querer ser sempre jovem. Este comportamento advém de um
complexo relacionado ao narcisismo, que nos coloca sempre no desejo de
nos parecer exteriormente com o Self interior.
Muitas vezes, inconscientemente, numa crescente necessidade
de ser espelhado o tempo inteiro, por incapacidade de desviar o olhar
de si mesmo e olhar o outro. Trata-se do apego excessivo à auto-imagem. É
um problema psicológico que nos impede de crescer, pois gastamos
energia na preocupação estética, desviando-a do trabalho de
transformação interna. As pessoas tornam-se, dessa forma, superficiais e
egocêntricas em suas relações.
Somos seres espirituais que utilizamos um corpo perecível, como atesta a
realidade material. O que deve ser conservado é o desejo de se
transformar e não de cristalizar uma forma.
A psiquê humana é extremamente plástica;
amolda-se às situações visando o equilíbrio da totalidade. Querer
conservar o corpo sempre jovem é não perceber aquela flexibilidade, a
serviço do aperfeiçoamento do espírito.
Há até quem afirme que é mais importante ter e conservar a alma jovem.
De certo que tem sentido a afirmações, porém deve ser levada sempre para
a motivação, isto é, deve-se sempre conservar-se determinado e otimista
quanto ao futuro. Ser jovem em espírito é confiar em si mesmo e em
Deus.
Diante das dificuldades inerentes à idade avançada, principalmente a
sensação de ser acreditar desprezado ou rejeitado, deve-se pensar em
realizações que não exijam o vigor físico característico da juventude,
nem querer estar no centro das atenções dos mais jovens. Os motivos dos
que nos são filhos ou parentes, quando chegamos à velhice, diferem dos
nossos e devemos respeitar-lhes os interesses, por mais distantes que
sejam.
As pessoas que já passaram da adultez e que entraram na chamada terceira
idade, ou 'melhor idade', devem evitar permanecer alimentando-se de
experiências passadas, que tiveram seu valor à época em que ocorreram;
de viverem relembrando o passado como se o presente e o futuro não
existissem.
O
idoso não deve esquecer que tem um presente e um futuro eternos, os
quais devem ser o palco de seus constantes atos cotidianos. O ideal é
que, o espírito que alcance a velhice, considere a continuidade da vida e
pense no que poderia fazer após a morte caso chegue noutro plano com a
energia que tinha cinqüenta anos atrás. Não que a morte do corpo promova
tal mudança repentina, mas, ao longo do tempo, sob amparo e
assist~encia adequada, o espírito vai recobrando as disposições para
ação.
Cada fase da vida tem sua importancia e colabora para aprimoramento do
espírito. Na juventude, as motivações para viver são principalmente
externas: construir a profissão, estruturar uma família, encontrar um
lugar na sociedade, afirmar sua própria identidade, resolver a situação financeira,
etc., e é importante obter êxito nesses compromissos para o
desenvolvimento de uma personalidade segura. A partir da meia idade e
com a chegada da velhice, as buscas devem ser outras. A juventude
estimula a expansão; a velhice reclama o recolhimento, a necessidade de investir no mundo interior.
A
maturidade e a velhice vêm comumente acompanhadas pela necessidade de
rever os valores que nortearam a vida até então. Estes não podem
continuar a usar o exterior como referência, o que é característica da
juventude, mas fundamentar-se na percepção da realidade essencial de si
mesmo, o espírito. Se não existissem aprendizados diretamente associados
à velhice, não precisaríamos passar por ela. As limitações biológicas e
físicas que lhe constituem são chamadas para a relativização dos
valores materiais e o abandono das ilusões do passado, convidando o ser
humano à realização de sua totalidade.
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